domingo, 29 de março de 2009


O presidente Lula, O Ignorante, atribuiu autoria da crise econômica internacional às pessoas brancas de olhos azuis afirmando não conhecer nenhum banqueiro preto. Quis remendar o preconceito e, mais uma vez, a emenda saiu pior do que o soneto. As bobagens que emanam da boca presidencial não deveriam mais nos surpreender, pois, afinal, são mais de três décadas as ouvindo. No entanto, a partir do primeiro dia de seu governo deveria ter dois aratacas ao seu pé. Um para escrever o que deve falar e outro para impedir que fale de improviso (poderia usar um ponto eletrônico) despejando suas metáforas idiotas, alusões inconvenientes e toda uma gama de “abobrinhas”. Essas duas providências provavelmente evitariam a formulação deste preconceito que sataniza as pessoas da raça branca e humilha os da raça negra. Qualquer um com qualquer tipo de preconceito deve ser combatido, repudiado, execrado. Os contrastes estão postos e são inerentes à raça humana onde cada ser é único. Não basta convivermos com as diferenças é preciso que delas compartilhemos de alguma maneira para suprimirmos qualquer sentimento de rejeição, repulsa ou desprezo. Não podemos negar, sistematicamente ou esporadicamente, as epidermes, as culturas, as opções, as religiões. A civilização deve exigir um comportamento ético, o cumprimento irrestrito da lei, a harmonia, a tolerância e solidariedade entre seus membros e não promover, desenvolver e fomentar o preconceito. A coisa torna-se mais grave quando é dita exatamente por uma pessoa que sofreu (e sofre) os mais diversos preconceitos sendo o mais explorado o fato de não possuir formação acadêmica, por sua origem humilde do sertão, sua voz rouca, a variação lingüística, o dedo que fora amputado num acidente, suas orelhas grandes, sua cabeça chata e por ai a fora. Para uma vítima tão contumaz do preconceito é indefensável o que disse. Devo dizer aqui mais uma vez que quando outorgo o título de “O Ignorante” ao presidente Lula faço no sentido de ignorar quem ou o que, desconhecer tal como nos diz o dicionário (notadamente quando se trata de alguma patifaria como a do Mensalão, “eu não sabia”).



Além do fato de ser o presidente da República tendo, portanto, que se comportar de acordo com a “liturgia do cargo” (esta expressão é do ex-presidente e atual senador José Sarney) Lula é um fenômeno de comunicação com os brasileiros se expressa com um linguajar que aglutina e angaria muitas simpatias. Detém uma popularidade jamais registrada em toda história republicana e índices de aprovação estratosféricos. Dados que já abordei várias vezes sobre suas causas e conseqüências e que, neste momento, não cabe esmiuçar. Diante disso é inaceitável que profira qualquer fala - mesmo nas entrelinhas - que possa conter mensagem preconceituosa. Não se trata, pois, de uma gafe ou uma colocação infeliz e sim da exteriorização de preconceito, algo muito maior que um desaire. A ressonância de uma fala presidencial atravessa oceanos, especialmente se tratando de um país do nosso porte. Diante do desastre, constrangido e com uma elegância inglesa o premier Gordon Brown simplesmente fez ouvidos moucos.



O preconceito, seja ele qual for, deve ser denunciado e combatido com virulência ininterrupta. Cabe indagar qual seria a raça responsável pelas lambanças e trapalhadas patrocinadas pelo governo petista. Resposta: a “raça ruim” que tomou o poder. Como nosso presidente aprecia as metáforas futebolísticas ai vai uma: bola fora, presidente.


CELSO BOTELHO

29.03.2009


Gostaria de ver algum “prego” da administração pública (federal, estadual ou municipal) contestar o relacionamento incestuoso com as empreiteiras de obras, mas isto seria tão possível como jogar futebol no espaço sideral. Depois da Camargo Correia é a vez da Construtora Delta que abocanha obras do famigerado PAC (Programa de Aceleração do Crescimento ou da Corrupção, tanto faz) e recursos públicos que fomentaram um crescimento de singelos quase 1.000% desde o Ano da Graça do Senhor de 2000. Naturalmente que o TCU (Tribunal de Contas da União) detectou irregularidades nos contratos, porém, a coisa permanece como dantes no quartel de Abrantes. O patrimônio desta amásia dos cofres públicos chegou à portentosa cifra de mais de meio milhão de reais. O PAC, Bolsa-Família, Luz Para Todos e outras engrenagens politiqueiras, populistas, eleitoreiras e principalmente, bilontras são mesas postas para saciar a ganância de um lado e do outro num banquete regado com o dinheiro do aviltado contribuinte. Devo admitir que os empreiteiros safados sequer se preocupam em esconder o rabo porque sempre contaram com a pronta intervenção do gracioso Instituto da Impunidade para impedir que o pisem. Rastrear e comprovar irregularidades em todas as etapas do processo que envolve a contratação de obras com o governo é fácil (o preço de um saco de cimento ou o preço da mão de obra estão explícitas no mercado ao contrario, por exemplo, dos contratos de publicidade que são marcados pela subjetividade quando na composição de seu custo), difícil – muitas vezes até impossível – é punir esta gente.


Tanto o PAC como esse tal de “Minha Casa, Minha Vida” ou qualquer outra bandalha paternalista, demagógica e feérica executada por este governo apontam um único caminho: o da corrupção, desvio e desperdício além, é claro, de tentar alavancar a candidatura falida da senhora Dilma Roussef para o cargo de fiel depositária da cadeira presidencial até 2014 (no caso do golpe do terceiro mandato não vingar). Nada contra a construção de casa populares para as pessoas de menor poder aquisitivo, pelo contrário. Porém, porque o governo, sendo detentor de mais da metade das terras, não doa os terrenos e abre uma linha especial de crédito para a construção (com aproximadamente R$ 20 mil pode-se construir uma moradia modesta, funcional e com qualidade) fornecendo orientação técnica, apoio logístico, etc.? Porque fica inviável a barganha política, as negociatas, os apadrinhamentos e toda sorte de vícios aos quais são contumazes praticantes. A meta será, sempre, a de criar dificuldades para vender facilidades. Antes mesmo de se colocar o primeiro tijolo na primeira casa que será construída já haverão inúmeras irregularidades detectadas tal como no PAC, Bolsa-Família, Luz Para Todos e outras baboseiras que até são meritórias em tese, no entanto, completamente destorcidas na prática como, aliás, convém a aos arrivistas.


Como bem disse o nosso presidente durante o escândalo do Mensalão que caixa dois era uma pratica corriqueira (isso é que respaldo para o planejamento e execução do ilícito). As empreiteiras se locupletarem com o dinheiro público também é e, segundo esta ótica, ninguém deve ser crucificado exatamente como no caso do Mensalão que, a rigor, não puniu e dificilmente punirá qualquer canalha envolvido, especialmente com este STF(Supremo Tribunal Federal) que ai está sob o (des)comando do senhor Gilmar Mendes, O Bondoso. A única defesa que posso imaginar, seja para a Camargo Correia, Delta, Guantama ou qualquer outra que se alimente do dinheiro público (em nosso país dinheiro público é sinônimo de dinheiro de ninguém ou de quem chegar primeiro) surrupiado descaradamente é que, angelicalmente, perguntem: só nós? E as outras?


CELSO BOTELHO

29.03.2009

sábado, 28 de março de 2009

AS EMPREITEIRAS SÃO "IMEXÍVEIS"


Praticamente todas (a generalização não é lá muito prudente) as atividades empresariais no Brasil que têm relações comerciais com o governo (seja municipal, estadual ou federal) são uma verdadeira e inesgotável mina de ouro desde que obedeçam, à risca, a Cartilha Nacional das Velhacarias. Entretanto, posso citar uma que alavanca o enriquecimento ilícito ao longo dos anos sendo um dos santuários da impunidade e, portanto, lugar de maior concentração de fies adeptos fervorosos do culto à rapinagem. Refiro-me a mais promissora, e talvez antiga, as empreiteiras interessadas em participar das obras públicas, sejam elas faraônicas ou não, e que sempre encontrarão uma maneira de superfaturar, manipular planilhas adulterando custos e recorrendo a adendos nos contratos (em muitos casos este trabalho de manipulação é até dispensável tal a facilidade encontrada nos contratos), utilizar materiais fora das especificações, inventarem serviços, subempreitar para empresas completamente desqualificadas e tantos outros caminhos claramente oferecidos pela patifaria sem contar, é claro, com a velha e corriqueira corrupção que, gentilmente, os agentes públicos estão sempre suscetíveis estejam em que posição estiver.


Desta feita a Operação Castelo de Areia (fico estupefato com tais denominações e curioso para saber o autor de tais imbecilidades, talvez o deputado federal Edmar reclame direitos autorais) culminou com a prisão de executivos e outros da Construtora Camargo Correia pelo juiz Fausto de Sanctis (o mesmo que mandou prender o sei-lá-o-que Daniel Dantas por duas vezes e o presidente do STF Gilmar Mendes, O Bondoso, mandou soltar). Mas não se alarmem, pois hoje soltam todos eles e até quem não chegou a ser preso durante a operação, eis ai uma prova irrefutável da eficácia do bom e velho Instituto da Impunidade demonstrada. Talvez possa estar vendo chifre de boi na cabeça de jumento, porém, a contratação do ex-ministro da Justiça Márcio Tomaz Bastos para defender a santa construtora e sua breve audiência de dois minutos (segundo ele) com o presidente Lula, O Ignorante, me fez suspeitar que o Palácio do Planalto tenha algum interesse em apaziguar os ânimos, minimizar os fatos, proteger interesses, enfim promover confusão para protelar qualquer desfecho, pelo menos nesta geração ou neste século. A verdade é que onde quer que se mexa fede e quanto mais se mexe maior a fedentina. A doação de empreiteiras a políticos é mais velha que andar para frente, é praxe em qualquer governo, ao menos nos governos desta maltrapilha República. Vamos rememorar a epopéia do ilustre canalha Zuleido Soares de Veras, pimpão proprietário da Construtora Guatama (Operação Navalha), empresa baiana com sede em São Paulo, Desde do governo Collor este cidadão vem aprontando sem que nada lhe aconteça e, durante o governo petista, sua empresa foi classificada como pré-qualificada para participar da construção da Hidroelétrica do Rio Madeira. O que se depreende deste exemplo? Que o Brasil é um vasto canteiro de obras onde são erguidos colossais monumentos de glorificação à pilantragem.


Os crimes de que são acusados são os mais pueris possíveis (lavagem de dinheiro, evasão de divisas, câmbio ilegal, formação de quadrilha, uso de documentos falsos e de “laranjas” e sabe mais Deus o quê). A relação promíscua entre governo e empreiteiras é antiga, forte e certamente será duradoura. Da Estrada de Ferro Mármore à construção de Brasília, a Transamazônica, os Metrôs ou a Ponte Rio - Niterói até o tal do PAC e do recém anunciado plano para a construção de um milhão de casas populares (“Minha Casa, Minha Vida” ou outra besteira parecida, desta “empreitada” escreverei posteriormente) tudo é transformado em via de escoamento fácil para o dinheiro público. Os empreiteiros brasileiros, a exemplo dos banqueiros, são, como diria o ex-ministro do Trabalho Rogério Magri de lamentável lembrança, “imexíveis”.


CELSO BOTELHO

28.03.2009

quinta-feira, 26 de março de 2009

SENADO FEDERAL: FAZEMOS QUALQUER NEGÓCIO!


As safadezas produzidas neste imprestável Senado Federal prosseguem freneticamente. Depositário de todas as imundices que se possa conceber. Os 81 parlamentares que compõem aquela Casa demonstram não exercer outro ofício senão o de velhacos. Tal constatação é plenamente válida para as demais Casas Legislativas, os Executivos e o Judiciário em todos os níveis e por todo território nacional. As Instituições há muito, caracterizam-se pelos adjetivos mais ignóbeis possíveis (corruptas, omissas, permissivas, complacentes, coniventes, mercenárias, etc. e etc.). O dito popular ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil deve ser substituído por ou a sociedade se conscientiza e acaba com esta safra de politiqueiros ou estes, indubitavelmente, acabarão com ela. Não existe um único lugar onde não exista a corrupção, o desvio e desperdício de dinheiro público. É impressionante a desfaçatez desta gente. Não há como se confiar em quem quer que seja na administração pública. Caso haja exceções certamente estas pessoas não se encontram no centro decisório do poder. Comemos o pão que o diabo amassou com o rabo durante o regime militar e o Estado Democrático de Direito foi restabelecido (mediante um acordo espúrio, mas foi) e continuamos convivendo com a ditadura. A ditadura na democracia é muito mais hedionda ao nos subtrair os mais elementares direitos, ao violarem, sistematicamente, todo e qualquer código de honra, decência e ética por mais capenga que seja. É inaceitável o que assistimos. A República brasileira está sendo conduzida à falência e, pior, a ruptura institucional e, uma vez consumada, as conseqüências são imprevisíveis, porém, com certeza, catastróficas.


Volto a dizer: o Brasil não precisa de uma reforma política e sim de um novo modelo político amplamente discutido que possa viabilizá-lo como nação porque, por enquanto, este conceito está muito aquém de nossa realidade. Neste novo modelo não deve existir ou se abrir qualquer possibilidade de se criar espaços políticos que possam ser ocupados por bandidos, notórios ou não. Um expurgo, ou melhor, uma higienização radical no sistema representativo é a palavra de ordem. Com esta corja que ai está é improvável, impossível e utópica qualquer mudança de rumo. Os senadores assemelham-se aos mercadores que iam de porta em porta vender suas bugigangas e, diante de recusa, regateavam dizendo: fazemos qualquer negócio!


CELSO BOTELHO

26.03.2009

quinta-feira, 12 de março de 2009

MOVIMENTOS SOCIAIS: UMA MINA DE OURO


É uma verdadeira barbada roubar-se dinheiro público em nosso país. Não há um único órgão da administração pública (municipal, estadual ou federal) que não compactue com as falcatruas. O Brasil, de fato, é uma nação muita rica, pois, caso contrário, já teria ido à bancarrota há muito tempo. As sucessivas gangs que tomam de assalto o poder por mais especializadas que sejam no mister de dilapidar o patrimônio público não atingem seu maléfico objetivo que é exauri-lo. Os movimentos sociais, ONGs, entidades filantrópicas e outras porcarias ocupam-se de muitas safadezas e, devido isso, não lhes sobra tempo para mais nada. A proliferação dessas ervas daninhas nas últimas décadas deu-se de forma catastrófica estimuladas, naturalmente, por aqueles que ocupam o poder ou sobre ele exercem influência de uma forma ou de outra. Não há um único “movimento social” que não abrigue em suas hostes, visíveis ou não, agentes públicos ocupando cargos em todos os escalões. O MST (MOVIMENTO DOS SEM TERRA) é o mais organizado, mais ativo, mais velhaco, mais predador e outros mais e sempre contou com as benções da xavecada que se autodenomina “esquerda”, “socialista” ou outro diabo qualquer que, uma vez no poder, passou das benções às ofertas, preferencialmente aquelas em dinheiro. O MST é uma versão tupiniquim das FARCS colombiana com a diferença que não produzimos cocaína, para ela servirmos de entreposto. E não considero isso alarmismo. Basta acompanharmos a movimentação do MST para percebermos no que poderá tornar-se dentro de pouco tempo e os estragos que infringirá ao país comprometendo ou até mesmo derrubando todo o conceito de Estado Democrático de Direito a continuar essa cumplicidade do Estado e a permissividade da sociedade.

O MLST (MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO DOS SEM TERRA) cria do famigerado MST, invadiu o Congresso Nacional depredando suas instalações e ferindo pessoas. Posso concordar que o Congresso Nacional seja um covil de ladrões, pulhas e pífios, porém, não será agindo desta forma que iremos saneá-lo. O TCU TRIBNAL DE CONTAS DA UNIÃO), tal qual marido enganado, descobriu repasse de verbas públicas para estes baderneiros e pretende reaver mais de R$ 3 milhões os quais foram disponibilizados pelo generoso governo do presidente Lula, O Ignorante. O responsável pela quadrilha é um tal de Bruno Maranhão, feliz e pimpão proprietário de – no mínimo – duas fazendas que se recusa a receber a notificação. A pilantragem é tão descarada que a sede deste movimento é um estacionamento público em Brasília, não se deram sequer ao trabalho de fornecer o endereço de um botequim.

Esses “movimentos sociais” são uma mina de ouro onde não se precisa garimpar coisa alguma. Os lingotes estão à disposição dos velhacos no bom e velho cofre público brasileiro.

CELSO BOTELHO
12.03.2009

quarta-feira, 4 de março de 2009

MEU AMIGO ESTÁ ERRADO


Amigo meu de longa data e esporádicos encontros surpreeendeu-me dia desses. Estávamos nós a conversar amenidades e, de repente, não sei quem inseriu o tema e também não importa, passamos a discutir a parcialidade, as distorções deliberadas, as informações incompletas, as análises sob medida com fins inconfessáveis e outras tantas mazelas de larga utilização na imprensa, pelo menos daquela classificada como grande. É sabido e conhecido que alguns veículos de comunicação (impressos, televisivos, radiofônicos ou digitais), certamente a maioria, se prestam a desempenhar o papel que seus patrocinadores decidem. E isso é feito às claras, sem subterfúgios. Caso decidisse exemplificar afianço-lhes que poderia dispor de milhares de casos. No momento não o farei por questões de higiene. Sendo assim é imprescindível que todos nós ao recebermos qualquer informação cuidarmos de verificá-la para que possemos processá-la. Caso contrário corremos o sério risco de fazermos juízo de valor baseado em informações maltrapilhas. Filtrar a informação e confrontá-la é indispensável para não absorvermos as baboseiras que despejam por ai. Dentro de minhas limitações sempre agi desta maneira, mesmo porque não conheço quem quer que seja que goste de ser enganado, exceto aqueles que possam levar alguma vantagem nisso.


Não se constitui novidade alguma minha acidez quando se trata do dinheiro público. Não há como negociar comigo uma crítica menos contundente diante da malversação, desvio, desperdício e da conhecida e nefasta corrupção entranhada em todos os governos de todos os tempos, mas isso não isenta o governo petista ou de qualquer outra sopinha de letras destas asquerosas práticas. Em nossa conversa abordamos a atuação do BNDES, um santuário para as mais escabrosas maracutaias desde sempre. Segundo meu amigo alguns textos que produzi e fiz publicar neste espaço abordando a infinita bondade do banco estatal com empresários e pseudo-empresários, políticos e banqueiros e sua incontestável vocação para desperdiçar recursos públicos revela apenas um lado. O lado podre. Mas, pergunto, será que esta instituição ou qualquer outra foi criada para ter dois lados? Certamente que não. Não se trata, portanto, fazer abordagens seletivas, focar desmandos e outras bandalheiras, pois, é uma obrigação o bom funcionamento do Estado e quando isso não acontece é essencial que se denuncie e se exiga as reparações devidas sistematicamente. Não vejo mérito algum no agente público gabar-se de sua lisura no trato da coisa pública. Honestidade não é uma virtude do ser humano e sim uma obrigação. Informou-me, naquela ocasião, que a imprensa fez um escarcéu quando o presidente do Equador anunciou em alto e bom som que daria um calote no Brasil e tal não aconteceu. Muito bem. Que favor terá nos feito? Nenhum. Um contrato foi celebrado onde estavam definidos direitos e deveres aceitos por ambas as partes. Então não vejo razão alguma para contestar a dívida e, caso uma das partes levante quaisquer dúvidas, sempre haverá as instâncias competentes e eleitas para dirimi-las. Posso concluir que meu prezado amigo, por razões outras e sem fazer qualquer menção num retumbante equívoco, colocou-me naquela posição do “hay gobierno? Hay, pero que so contra”. Senti-me rotulado. Lamentei profundamente que tenha tido a intenção de ter-me em conta como um rebelde inconseqüente, um contestador inveterado, um inconformado ou, na mais elegante das hipóteses, um Dom Quixote à procura de um moinho de vento para lutar.


Mas isso não me afrontou ou sequer chateou. A livre expressão é algo caríssimo e pela qual tenho imenso apreço. Talvez, em alguns momentos, possa ter me exacerbado no calor do meu protesto contra a roubalheira oficial e, assim, meu amigo foi de grande valia ao alertar-me quanto a cautela em aferir credibilidade e pureza nas fontes que são a base do meu pensamento. De fato, jamais podemos nos descuidar disso sob pena de alcançarmos resultados desastrosos. Posso arriscar dizer que ao referir-se aos insatisfeitos com o atual governo de “a esquerda mal informada” pecou duas vezes. Uma porque esta discussão é inócua (ao menos para mim) e outra que se ela (a esquerda) existe podemos ter absoluta certeza de que está no governo a começar pelo seu Chefe máximo.


A grande imprensa, de fato, tem o péssimo hábito que denunciar e alongar as matérias que a interessam de um jeito ou de outro. O bondoso BNDES vendeu para o HSBC, sem concorrência, uma carteira de créditos pendentes do extinto Banco Bamerindus avaliada em R$ 650 milhões por apenas R$ 8,3 milhões o que representa 1,28% do montante. Isso é um exemplo sólido de patifaria e cumplicidade dos veículos de informação em obscurecer o fato. Não há meio disponível ao meu alcance para amenizar a safadeza, meu caro amigo. Não me parece justo ou minimamente aceitável, caso teve a intenção, rotular-me como rebelde inconseqüente, contestador inveterado, inconformado, esquerda mal informada ou qualquer outra coisa. E, afinal, quem refresca rabo de pato é lagoa.


CELSO BOTELHO

04.03.2009