sábado, 27 de fevereiro de 2010

O RATO ACUADO ATACA


Alguns dizem que tanto na guerra quanto no futebol a melhor defesa é o ataque. No entanto, será que a estratégia funciona na política? Penso que não, pois, se assim fosse inúmeros políticos jamais teriam aparecido nas páginas policiais dos jornais. Contudo o ex-governador e contumaz malfeitor José Roberto Arruda tem sim munição suficiente para provocar sobressaltos em seus cúmplices, afinal era o chefe da quadrilha e dispunha de "um tudo". Suas ameaças-chantagem é uma tentativa de criar uma rede de proteção capaz de imunizá-lo com a maior abrangência possível. Mesmo que venha a jogar merda no ventilador, ar condicionado ou no abanador certamente respingará apenas nos delinquentes de menor envergadura, os boi-de-piranha. O nefasto Instituto da Impunidade socorrerá mais este membro em dificuldades.



O
presidente Lula, O Ignorante Desbocado, como de praxe, omiti-se e permite que o caos se perpetue na Capital desta maltratada República, está concentrado na candidatura da guerrilheira/terrorista, pseudo-douranda e ministra D. Dilma Roussef, codinome Estela.O STF, o Tico e Teco da Magda,* caminha a passos de tartaruga com reumatismo crônico numa questão urgente-urgentíssima, talvez esteja esperando (ou convidado a esperar) o mandato do Arruda, do Lula e do próprio diabo acabar. Ao presidente não interessa uma intervenção porque o Congresso Nacional (ou o que resta dele, se é que resta alguma coisa) ficaria impossibilitado de votar qualquer PEC e por lá negociam, trambicam e tramitem algumas delas de seu interesse, dos associados, cúmplices, simpatizantes e outros desordeiros. E - sejamos realistas - quem poderia ser nomeado? Se me perguntarem conheço um vigarista de terceira categoria plenamente habilitado a consumir o que resta do espólio brasiliense e posso sugeri-lo tranquilamente, pois iria se sair muito melhor do que os muitos candidatos enrustidos que andam por ai.



Não é só Brasília que precisa de uma intervenção, se bem que isto não terá serventia nenhuma. Todo o Brasil precisa de uma intervenção. Uma intervenção de toda a sociedade o mais rapidamente possível sob pena nos inviabilizarmos definitivamente. Uma ruptura com este modelo de Estado que possibilita bandidos de todos os níveis de periculosidade ascender o governo.



* Personagem do seriado Sai de Baixo (Rede Globo) completamente ignorante.



CELSO BOTELHO

27.02.2010





sábado, 13 de fevereiro de 2010

E QUANDO ACABAR A FOLIA?


Tenho que reconhecer que a prisão do governador José Roberto Arruda, do Distrito Federal, é um alento. Porém, insuficiente para abalar as sólidas estruturas do majestoso Instituto da Impunidade que continuará abrigando todos os tipos de malfeitores. Tenho lido muitos comentários enaltecendo o Judiciário por esta decisão e fico preocupado porque o que deveria ser uma ação corriqueira (a prisão de larápios, especialmente políticos, banqueiros, empresários e afins) tornou-se algo surpreendente, inusitado, inacreditável. Ora, diriam, o prenderam. E daí? Vamos atentar para o desenrolar dos acontecimentos futuros para verificar se a privação de liberdade do meliante não passou de mais um espetáculo pirotécnico ou se foi mesmo para valer. E exemplos não nos faltam. O presidente Lula, O Ignorante Desbocado, costumeiramente permissivo e complacente com a bandidagem sentenciou que a prisão de um governador “não era bom para o Brasil e para a política” o que significa bom para o Brasil será eleger uma assaltante de banco, ladra, suspeita de assassinato, mentora de ações criminosas, mentirosa (vide ficha no artigo “Se Pesquisa Ganhasse Eleição...”) e que político ladrão deve permanecer em seus cargos. Com isso, uma vez mais, entrou em contradição com o que havia dito anteriormente (o que não é novidade): "Imagem não fala por si. O que fala por si é todo o processo de apuração, todo o processo de investigação, sabe. Quando tiver toda a investigação, toda a apuração terminada, a Polícia Federal vai ter que apresentar, sabe, um resultado final, um processo. O presidente da República não pode ficar dando palpite, se é bom, se é ruim. Vamos aguardar a apuração". O “cumpanheiro” número 1 defende o indefensável, pois, isso lhe apetece politicamente. Realmente, nosso presidente não sabe o que diz e diz o que não sabe.




Agora a pendenga está por conta do Supremo Tribunal Federal e seus “diletos” ministros que deverão decidir se após os festejos de momo Arruda continuará preso ou será agraciado com a liberdade. Na primeira hipótese o vice-governador, também envolvido na trapalhada, permanece no governo? Liberto assumirá o governo? Caso ambos estejam impossibilitados de assumir o governo o que irá acontecer? As decisões do STF não cabe recursos, portanto, esperamos que atenda a lei e a sociedade brasileira. No caso de nomeação de um interventor federal como se dará o processo? O presidente, se as coisas acontecerem do modo que presumo, não restará alternativa senão decretar uma intervenção federal (Titulo III ‘DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO’, Capítulo VI ‘DA INTERVENÇÃO’, artigos 34 a 36 da Constituição Federal 1988) o que, por sinal, não depende só dele, pois o subserviente Senado Federal teria que aprovar. Que o palanque e os “acertos” no Distrito Federal estão perdidos não resta a menor dúvida cabe saber agora quem será o interventor que o presidente nomeará e se tal elemento reunirá as condições necessárias para limpar toda a sujeira ou se somente acomodará as coisas bem ao estilo e interesses do presidente. Mas, venhamos e convenhamos, não é só o Distrito Federal que necessita de uma intervenção saneadora resta saber, porém, quem iria promovê-la de fato.




Seria uma tola ilusão supor que a prisão de Arruda possa estabelecer o marco inicial de aplicação efetiva da legislação para punir os corruptos e corruptores contumazes desta pátria mãe gentil. Poderia citar aqui inúmeros casos de corrupção fartamente comprovados que não foram capazes de convencer a Justiça da culpabilidade de seus autores. Por que com Arruda seria diferente? Quanto à raia miúda invariavelmente sofre algum tipo de sanção e em alguns casos mais severas do que o próprio delito cometido, porque os tubarões permanecem nadando nas mesmas águas com seus apetites insaciáveis sem a necessidade de camuflarem-se. Talvez com a exceção de dois ou três membros do STF para os demais não estou inclinado a atribuir imparcialidade em toda extensão da palavra em seus julgamentos, mesmo que possuam grande discernimento. Certamente que gostaria que fosse o contrário, no entanto, a Justiça brasileira sempre nos deu provas irrefutáveis de que se utiliza de dois pesos e duas medidas. A atuação do Judiciário pode ser resumida assim (com muita boa vontade): “aos inimigos o rigor da lei, aos amigos a benevolência da lei e aos indiferentes a lei”. A prisão de Arruda & Malfeitores Associados é para valer ou tudo vai se acabar na quarta-feira de cinzas deixando a sociedade com uma bruta ressaca?



CELSO BOTELHO

14.02.2010

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

50 ANOS DE DITADURAS


Rasgar Constituições parece ser o esporte favorito na América Latina para a instauração de ditaduras civis ou militares, de esquerda ou de direita, com golpes ou revoluções, com intervenção externa ou sem. Todas, no entanto, possuem o mesmo objetivo e são nefastas a qualquer nação. O exemplo mais visível está na Venezuela com Hugo Chávez que, por incrível que pareça, encontra lá e cá respaldo. A situação daquele país é alarmante, deplorável e nos preocupa quando em nosso próprio país o presidente demonstra sua simpatia à figura tão nociva a seu povo. Todo ditador acredita-se o ungido pelo Criador para salvar sua pátria. A democracia que Chávez sustenta existir na Venezuela está baseada no terror, na tortura, no assassinato, na censura, na corrupção, na ameaça, no cerceamento, especialidades de todo aparelho repressor. Há quem defenda sua legitimidade por ter sido constitucionalmente eleito, mas isso não o autoriza (ou a qualquer um) a conspirar contra a democracia. Por outro lado ninguém, sob qualquer pretexto, está autorizado a depor um governo usando da força (como com João Goulart em 1964) ou ao arrepio da lei (como com Collor em 1992). Recentemente o presidente Zelaya de Honduras foi deposto por um golpe militar porque tentou subverter a Constituição em benefício próprio (FHC, 1995-2002, também o fez em 1997 fazendo aprovar o instituto da reeleição) e Chávez subverteu-a com a aquiescência dos militares.



Vamos rememorar, em ordem cronológica, a instabilidade política na América Latina nos últimos 50 anos.



1959 - Fidel Castro derruba Fulgêncio Batista renunciando em 2008 por estar caindo aos pedaços.



1960 - El Salvador um golpe militar e uma junta assume o poder.



1962 - Juan Bosch é destituído do poder na República Dominicana por um golpe e uma junta militar o substitui.



1963 - No Equador (hoje nas garras do aprendiz de ditador Rafael Correia) um golpe militar depôs o presidente Carlos Julio Arosemena Monroy.



1963 - Honduras, Oswaldo López Arellano assume o poder após liderar um golpe permanecendo até 1974.



1968 - O ministro da defesa general Enrique Peralta Azurdia assume o poder na Guatemala após liderar um golpe



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1964 - O marechal Humberto de Alencar Castelo Branco assume o governo brasileiro após um golpe militar que derrubou o presidente João Goulart.



1964 - Na Bolívia o vice-presidente René Barrientos e Alfredo Ovando Candía, general do Exército, derrubam o governo com um golpe militar.



1966 - Na Argentina o presidente eleito Arturo Illia é impedido de assumir por conta de um golpe militar.



1969 - No Panamá, Omar Torrijos lidera um golpe e o presidente Arnulfo Arias é obrigado a fugir para Miami (EUA).



1971 - O governo socialista da Bolívia de Juan José Torres Gonzáles derrubado por um violento golpe militar chefiado por Hugo Banzer na Bolívia e se manteve no poder como ditador de 1971-1978, quando foi derrubado por outro golpe de Estado voltando à presidência em 1997 pelo voto direto (assim como Vargas em 1950 no Brasil) renunciando em 2001. Atualmente temos naquele país o índio-ditador e ex-plantador de coca Evo Morales.



1972 - No Equador, o general Guilhermo Rodriguez Lara assume o poder após um golpe.



1972 - Em Honduras é eleito Ramón Ernesto Cruz vence as eleições de 1971 e dezoito meses depois de assumir acontece outro golpe militar liderado por Arellano.



1973 - Augusto Pinochet no Chile lidera um golpe militar depondo o presidente Salvador Allende permanecendo no poder até 1990.



1973 - Juan Maria Bodaberry, eleito em 1971, assumiu em meio a uma crise institucional e em 1973 foi “convidado” pelo Exército a participar de um golpe para não ser retirado do poder. Bodaberry aceitou e passou três anos governando por decreto após a suspensão da Constituição dando início a uma ditadura civil-militar que se estendeu até 1985.



1975 - Oswaldo López Arellano, em Honduras, é derrubado por Alberto Melgar Castro.



1976 - Jorge Rafael Videla, Roberto Eduardo Viola, Leopoldo Fortunato Galtieri e Cristino Nicolaides na Argentina revezaram-se liderando quatro “juntas militares” (1976-1983) após derrubarem a presidente Isabel Perón.



1978 - Policarpo Paz Garcia, em Honduras, derruba o também militar Juan Alberto Melgar Castro instaurando uma rígida ditadura até 1981.



1979 - Em Granada o marxista Maurice Rupert Bishop se aproveita de que o presidente Eric Gairy está fora do país e se declara primeiro-ministro implantando uma ditadura.



1979 – El Salvador o governo do general Carlos Humberto Romero é derrubado por um golpe militar e uma junta assume tendo inicio doze anos de guerra civil.



1979 - Na Nicarágua os sandinistas, amplamente apoiados pelos Estados Unidos, assumem o poder derrubando o não menos nocivo Anastácio Somoza Debayle.



1980 - No Suriname o governo Henck Arron é derrubado após proibir a instalação de sindicatos nas Forças Armadas e o líder militar Desi Bouterse torna-se o comandante do país.



1980 - Na Bolívia o general Luiz Garcia Meza Tejada derruba o governo de Lydia Gueiler e instaura uma ditadura com o apoio da ditadura argentina, a ação de um comando terrorista (Novios de la Muerte) e organizados pelo criminoso nazista Klaus Barbie (1913-1991, condenado por 177 crimes contra a humanidade à prisão perpétua).



1982 - Desi Bouterse, no Suriname, líder da Frente Popular Revolucionária dá outro golpe e se torna presidente.



1982 - Guatemala, após a vitória de Angel Aníbal Guevara nas eleições neste ano o general de Exército José Efraín Rios Montt lidera um golpe e assume o controle da junta militar que chega ao poder. Montt foi responsável pelo genocídio de diversos grupos étnicos e pela repressão que ceifou 70 mil vidas, porém em 2003 foi aceita sua inscrição para candidatar-se à presidência da República pela FRG (Frente Republicana Guatmalteca) ferindo o artigo 186 da Constituição daquele país que proibia a participação de pessoas envolvidas em golpes de estado. Não obteve sucesso, porém fez muito barulho.



1983 - Hudson Austin lidera um golpe em Granada depondo Maurice Bishop, mas uma invasão americana acaba com a revolução em apenas seis dias e Nicholas Brathwaite assume como primeiro-ministro.



1986 - O ditador Jean-Claude Duvalier, o Baby - Doc (filho e sucessor de François Duvalier, o Papa - Doc, que implantou um regime de terror na ilha de 1957-1971), no Haiti, é derrubado ficando em seu lugar o líder militar Henri Namphi.



1988 - Prosper Avril lidera um grupo de jovens militares haitianos e tira do poder Henri Namphi.



1989 - Alfredo Strossner, em 1954 no Paraguai, como general-de-divisão tirou Federico Chávez da presidência com um golpe de estado. Desconfio seriamente da inveja que o presidente Lula, O Ignorante Desbocado, deva ter do ditador paraguaio pelo fato de ter ocupado a presidência da República por sete mandatos consecutivos (fraudulentamente, mas isso para ele não importa o que conta são os sete mandatos, 1958-1989). Strossner foi derrubado e expulso para o Brasil por um golpe de estado liderado pelo general Andrés Rodríguez seu “co-sogro”, mas, afinal, que diabos vem a ser um “co-sogro”?



1990 - Alberto Fujimori no Peru, com um “Autogolpe” em 1992, suspende a Constituição, fecha o Congresso e expurga membros do Judiciário governando até 2000.



1991 - O primeiro presidente eleito do Haiti Jean-Bertrand Aristide é tirado do poder após perder um voto de confiança no Parlamento.



1991 - Foi eleito na Guatemala Jorge Antonio Serrano Elias que tenta dar um autogolpe em 1993 suspendendo a Constituição e fechando o Congresso e a Suprema Corte e é forçado pelo Exército a deixar o governo, bem feito!



1994 - Jean-Brtrand Aristide é reconduzido ao cargo após uma invasão norte-americana no Haiti.



2002 - Na Venezuela Hugo Chávez é destituído do poder por um golpe militar. O empresário Pedro Carmona assume o poder, mas alegria de pobre dura pouco e três dias depois é derrubado por um contragolpe de militares fies a Chávez.



2004 - O presidente Jean-Bertrand Aristide, do Haiti, deixa o poder em meio a uma rebelião popular não contando mais com o apoio dos EUA e da França se exila na África do Sul.



2005 - No Equador Lucio Gutiérrez perde o apoio dos militares sendo obrigado a deixar o poder assumindo Alfredo Palácio.



2009 - Jose Manuel Zelaya tenta em Honduras realizar um referendo sem o apoio do Judiciário e do Exército é destituído e obrigado a exilar-se na Costa Rica, porém, logo retorna à capital hondurenha como convidado especial do presidente Lula, O ignorante Desbocado, sem conseguir reaver o emprego de presidente. Temos então meio século de rupturas com ditadores para todos os gostos e desgostos.



As causas e as conseqüências de todas essas rupturas são sobejamente conhecidas, analisadas, discutidas pelas mais variadas correntes, mas – em todos os casos – verificamos um elemento essencial: a ambição pelo poder, independente de qualquer justificativa que os homens envolvidos possam apresentar. Prova disso é examinar os indicadores políticos, sociais e econômicos que apresentam estes países e será fácil constatar que a única e verdadeira motivação latente em todos os episódios fora a ambição, nas mais variadas formas com a qual se mostra. Ao longo desses 50 anos (período muito pequeno) centenas de milhares de vidas foram perdidas e mutiladas, física e psicologicamente. Profissionais impedidos de exercerem seus ofícios. Os direitos civis sistematicamente negados e tantas outras mazelas que todos nós sabemos. Depois de tantos golpes, contragolpes, revoluções, guerrilhas, eleições fraudulentas ou impostas pergunto: a América Latina melhorou em quê? O contingente de miseráveis, desabrigados, desasistidos, enfim excluídos de uma maneira geral só faz prosperar a cada ano. Nos últimos anos, políticos de orientação esquerdista têm assumido o poder na região imprimindo em seus governos um matiz inequivocamente populista, paternalista, demagógica em detrimento de todo o tecido social. Não devemos nos iludir quando nos apresentam indicadores favoráveis nestas administrações, pois, diante de um exame mais apurado não resistiriam. Seriam desmontados, desmascarados, pulverizados. Todas as estruturas governamentais (e isto se aplicada em todos os regimes até hoje concebidos) são viciadas e concorrem para o atendimento dos interesses do poder, seja político ou econômico. Portanto, para chegarmos a qualquer resultado próximo a realidade ao examinarmos as ações do governo devemos ter em mente que, inexoravelmente, estaremos nos lançando à uma empreitada colossal sem qualquer garantia de sermos bem sucedido tal a omissão, manipulação e distorção das informações que são colocadas à nossa disposição. Sendo assim posso recomendar como premissa num trabalho investigativo deste nível o cruzamento das informações disponíveis (preferencialmente as não-governamentais e assim mesmo com muita cautela) e um trabalho de campo minucioso.



Durante muitos anos havia no imaginário que a esquerda e a direita eram as representações do diabo e de Deus num duelo titânico para conquistar os homens, suas mentes e corações. A coisa toda jamais passou de ideologias diferentes e, tanto numa quanto na outra, existem virtudes e vícios e, neste caso, não podemos aplicar a concepção ternária de Aristóteles (Virtude, Meio-Termo e Vício). Na condução de uma nação só poderá ser objetivo a virtude, pois os vícios devem e precisam ser expurgados com o máximo empenho possível. Não vejo, portanto, necessidade de esquerda ou direita e sim comportamentos éticos e morais impecáveis ou uma sincera busca por eles. Elementos raros nos genes humanos, porém não impossíveis.



Não será com um passado envolvido em guerrilhas e atos de terrorismo que fornecerá as respostas adequadas aos problemas brasileiros, alguns recentes outros seculares. Temos sido enfeitiçados durante anos a fio pelo canto de sereias diabólicas que nos seduzem induzindo-nos a acompanhá-las até o fundo do oceano e, como não somos animas aquáticos, inevitavelmente nos afogamos.


Este texto revela minha preocupação (e em se tratando de quem é podemos dizer que é mínima, porém não desprezível) quanto a realização de uma campanha bilionária e usando de todos os mecanismos e instrumentos disponíveis e teoricamente indisponíveis para alcançar o poder em nosso país. Notadamente um postulante completamente desconectado da sociedade e, portanto, insensível às suas aspirações.


CELSO BOTELHO

09.02.2010

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

SE PESQUISA GANHASSE ELEIÇÃO...


Em ano de eleições os institutos de pesquisa ficam alvoroçados, irrequietos e muito felizes com o volume de dinheiro que aportam em seus cofres (ou contas). Eu, por meu turno, quando delas tomo conhecimento, tenho duas reações: uma é ficar irritado e a outra é ficar furioso. Irritado diante de tanto descaramento, manipulação, distorção e falsidade e furioso porque não se faz rigorosamente nada para conter essa gente. As pesquisas de opinião no Brasil oscilam entre ridículas e cômicas, porém, sempre subservientes aos interesses de quem as encomenda e patrocina. A última pesquisa para a corrida (de pangarés) à presidência da República do Instituto Sensus é prova cabal de indiscutível manipulação pelos resultados ali aferidos. Não é necessário ser um especialista para se constatar a má-fé presente nestas pesquisas. Nesta última versão o referido Instituto declara que José Serra (PSDB-SP) tem 33,2% das intenções de voto, Dilma Roussef (PT-SP) 27,8% e Ciro Gomes (PSB, SP ou CE?) 11,9%, números paridos de 25 a 29 de janeiro deste ano em 5 regiões do país, 24 Estados, 136 municípios e 2000 entrevistados com uma margem de erro de + ou – 3 pontos. Não vou aqui fazer uma explanação técnica sobre a pesquisa, mesmo porque não estou habilitado para tal, no entanto, encontro-me devidamente credenciado a tecer alguns comentários.



A pesquisa divulgada, como é comum, trata-se de amostragem por cotas (região, município, urbano/rural, sexo, idade, escolaridade, renda) que é mais barata e rápida e, portanto, uma caixinha de surpresas, pois, nunca se sabe o que dela irá sair uma vez que os estimadores são arbitrários e injustificados o que nos leva a concluir que as margens de erro declaradas não tem fundamento. Os outros tipos de pesquisa, que também possui suas distorções, manipulações e vícios e merece tanta credibilidade quanto e não é de uso comum por ser mais cara e demorada são a Amostragem Aleatória Simples (aquela que qualquer elemento da população tem a mesma probabilidade de ser escolhido) ou a Amostragem Aleatória Sistemática (os itens ou indivíduos da população são ordenados de alguma forma e um ponto de partida aleatório é sorteado e a cada k-ésimo da população é selecionado para a amostra). Para começar eu teria que ter concluído com louvor o curso de asnotologia para aceitar tal imbróglio: 136 municípios contra mais de 5.500 e 2000 pessoas contra um universo de quase 200 milhões delas. Só este fato é o bastante para desqualificar a pesquisa, porém, ela vai além. No município de Saubara (BA) o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contabiliza 8.776 eleitores dos quais o tal Instituto entrevistou 15 deles. Em Porto Alegre (RS) temos 1.043.389 eleitores e entrevistaram o mesmo número de 15 eleitores. Em Florianópolis (SC) o TSE diz haver 306.040 eleitores e o Sensus encontrou 4 deles para engrossar a pesquisa. Porém, o inusitado deu-se no município de Afogados da Ingazeira (PE) com apenas 26.195 eleitores foram consultados 16. Com esses dados tal pesquisa demonstra sua inutilidade. No entanto, seu papel é fornecer subsídios aos interessados (governos, partidos, políticos, banqueiros, empresários, latifundiárias, parias e toda súcia de malfeitores) para fortalecerem suas posições, suas aspirações, suas ambições, seus conchavos espúrios e toda sorte de velhacarias que estão habituados a praticar.



Desde a primeira pesquisa de opinião realizada em maio de 1945 pelo IBOPE em São Paulo com 1000 eleitores sobre a disputa presidencial entre o brigadeiro Eduardo Gomes (1896-1981) e o marechal Eurico Gaspar Dutra (1883-1974) e a partir do governo Juscelino Kubitschek (1902-1976) a indústria da pesquisa eleitoral - notadamente as disputas presidenciais - decolou alcançando todas as esferas de governo, exceção para o período militar (1964-1985) onde foi obrigada a hibernar por absoluta falta de eleições presidenciais. A pesquisa de opinião, mesmo que realizada dentro de uma metodologia impecável em todos os sentidos, não é fator de suma importância para o eleitor decidir seu voto. Na verdade outros itens estão à sua frente tais como as conversas com amigos, colegas e familiares, as notícias e os debates na televisão, as notícias vinculadas nos jornais, a propaganda eleitoral gratuita nas rádios e televisões, informações de líderes sindicais, comunitários e religiosos sendo que estes últimos tem crescido em influência nos últimos anos substancialmente. A manipulação do eleitorado pelos meios de comunicação não possui a eficácia que a maioria deseja atribuir ou que outrora pudesse ter tido (e, em alguns casos, teve). O poder de persuasão que a mídia detém não pode e não deve ser subestimado ou sobreestimado, é preciso cautela e exame especifico de cada contexto no qual está inserida uma candidatura presidencial. Citaremos dois exemplos recentes de tentativa de manipulação da vontade do eleitor que foram frustrados. De acordo com a nossa fonte no que dependesse da Rede Globo o presidente Lula, O Ignorante Desbocado, não teria sido eleito em 2002 ou reeleito em 2006. A professora e pesquisadora Flora Neves da Universidade Estadual de Londrina publicou em 2008 um livro-documento cujo título é “Telejornalismo e Poder nas Eleições Presidenciais” (Summus Editorial, São Paulo, 2008) onde analisou 199 edições do Jornal Nacional transmitido por aquela emissora chegando aos seguintes resultados: em 2002 o tempo favorável concedido a Jose Serra (PSDB), no segundo turno, foi de 66,66% e apenas 20% a Lula (PT). Em 2006 foi distribuído da seguinte maneira: Alckmin (PSDB) com 68,57%; Cristóvão Buarque (PDT) com 52,94% e Lula (PT) com 16,43%. Porém, mesmo diante do fracasso, não só a Rede Globo como inúmeros outros segmentos persistem em querer fabricar presidentes da República e D. Dilma Roussef parece encaixar-se perfeitamente nos propósitos das elites que sempre comandaram o Brasil, ou seja, manter-se no poder para conservar seus privilégios.



Para finalizar devo dizer que para se pensar em levar em conta qualquer coisa que diga qualquer pesquisa deve-se ter as seguintes informações, de acordo com a Resolução do TSE nº. 21.576 a partir de janeiro de 2004 decorrente do Artigo 33 da Lei nº. 9.504/97, que deverão ser registradas em até 5 dias antes de sua divulgação: 1) quem contratou a pesquisa; 2) o valor e a origem dos recursos despendidos no trabalho; 3) a metodologia e o período de realização do trabalho; 4) o plano amostral e a ponderação quanto ao sexo, idade, grau de instrução, nível econômico e área física de realização do trabalho, intervalo de confiança e margem de erro; 5) o sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da coleta de dados e do campo de trabalho; 6) o questionário completo aplicado ou a ser aplicado e 7) o nome de quem pagou pela realização do trabalho. O não cumprimento destas normas implica em detenção de seis meses a um ano e multa que variam de R$ 53.205,00 a R$ 106.410,00. A partir dessas informações poderemos elaborar uma análise mais consistente sobre a pesquisa e seus verdadeiros objetivos. As pesquisas de opinião, em especial para as dirigidas à sucessão presidencial, são similares a máxima de Neném Prancha (Antonio Franco de Oliveira, 1906-1976, suas mãos mediam 23 cm. e calçava sapatos número 44) “se macumba ganhasse jogo, o Campeonato Baiano terminava empatado.” Se pesquisa ganhasse eleição que maravilha é viver! Não é D. Dilma?



CELSO BOTELHO

05.02.2010