quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A MOTOQUEIRA DESVAIRADA. O TRÁFICO DE MÉDICOS. A PROBIÇÃO DE MÁSCARAS EM MANIFESTAÇÕES

A MOTOQUEIRA DESVAIRADA
 


Verdade ou não foi noticiado que “o presidenta” Dilma Rousseff acordou certo dia e não tendo o que fazer (deveria administrar o país, mas isso pode esperar) decidiu que daria um “rolé” pela Capital Federal numa motocicleta. Como ela mesma disse “sentir melhor os ares da cidade. A vida é cheia de riscos. Tudo que se faz na vida importa riscos”. É verdade. Os eleitores decidiram correr o risco e a elegeram, quebraram a cara.  Fato sabido e conhecido que entre as “habilidades” “do mandatária” pilotar este veículo não é uma delas. Por isso mesmo deduz-se que ou estava na garupa ou infringiu descaradamente o Código Nacional de Trânsito pilotando irresponsavelmente colocando em risco sua própria vida e de outros. Mas, cá entre nós, infringir a lei é o esporte predileto de onze em cada dez políticos brasileiros, com algumas exceções. Nada contra “a chefa” da nação dar um passeio de motocicleta, de carro, de bicicleta, de ônibus, de helicóptero, de avião, de charrete, de carruagem, de carroça, de cavalo ou de jegue, afinal o traseiro é dela e pode assentar-se onde bem lhe aprouver. No entanto, não foi uma ideia nada prudente considerando que sua popularidade está mais baixa que barriga de cobra e existe uma legião de brasileiros insatisfeitos com o seu desgoverno e, entre eles, muitos radicais que não se furtariam a homenageá-la atirando ovos, tomates e outras coisas de aspecto e cheiro desagradáveis. Contudo, para não dizer que tudo está perdido, “nosso presidenta” pode empreender tal aventura sem correr nenhum risco de vida (exceto se estivesse pilotando a motocicleta), posto não ser do feitio ou hábito de nosso povo mandar presidentes da República desta para melhor ou para o pior, mesmo que este desejo se revele no seu íntimo. Como ninguém presenciou o evento e mesmo que toda a capital presenciasse Dilma teria que remover o capacete e dizer algumas de suas usuais bobagens para que se acreditasse ser ela em pessoa e não uma sósia contratada pelo ministro-marqueteiro João Santana (que anda meio fraco de imaginação) para “melhorar” sua imagem tão deteriorada e repulsiva. Não demorará o ministro-marqueteiro sugerir “a presidento” que copie o “estilo Collor” e passe a fazer caminhadas matinais acompanhada por jornalistas, seguranças e baba-ovos, pilote jet-ski e os obsoletos aviões de caça da Aeronáutica, lute judô (verdade que “o presidenta” está mais para a prática de sumô) e – quem sabe? – faça visitas periódicas a comunidades carentes abrilhantando, ou melhor, obscurecendo os bailes funks com sua presença.

Será necessário mais do que umas escapulidas, se é que foi verdade, para melhorar a imagem “da presidento” que nunca foi das melhores, porém de janeiro de 2011 para cá só tem piorado. Digamos que começasse a governar (bem) o país nesta reta final de seu mandato? Isso melhoria sua imagem, porém é mais se ver um jacaré voar graciosamente pelos céus. Ela mesma já afirmou sem qualquer constrangimento que o ex-presidente Lula nunca saiu do governo. Uma declaração pública de incompetência e subserviência, mas isto não é novidade alguma. O jornalista Carlos Newton cunhou uma definição que cai como uma luva “no presidenta” Dilma Rousseff que passaria à História como “a viúva Porcina, aquela que foi sem nunca ter sido.” O Brasil onde “a presidento” vive definitivamente não é o mesmo da maioria da população sobrevive. O Brasil “rousseffiano” é feito de marketing, maquetes e computação gráfica enquanto que Brasil real carece de educação, saúde, transporte, habitação, segurança pública, empregos, salários dignos, etc.

O TRÁFICO DE MÉDICOS

O governo petista não satisfeito dos mimos que já proporcionou aos irmãos Castro com o dinheiro do contribuinte brasileiro decidiu atropelar a legislação brasileira e todas as convenções das quais é signatário na Organização Internacional do Trabalho (Convenções n.º. OIT-95, OIT-98, OIT, 105, OIT-111, entre outras). O governo brasileiro desconsidera a Carta Mestra da OIT que determina que o pagamento do salário seja feito diretamente ao trabalhador e não ao intermediário. Também é proibido descontar do salário do trabalhador qualquer quantia a título de pagamento a seu agenciador, direto ou indireto. O governo cubano receberá R$ 10.000,00 por cada um dos quatro mil médicos que devem aportar em solo brasileiro devendo estipular o salario que cada um deverá receber (se receber). A julgar pelo que recebem na ilha caribenha a prestação de serviço tão relevante à população enquadra-se, perfeitamente,  em condição análoga à escravidão estabelecida por ambos os governos, com a diferença que o Brasil, pelo menos na legislação, determinar o respeito aos direitos humanos e subscreve inúmeros documentos internacionais que tratam do assunto. São inúmeros os aspectos negativos, imorais e ilegais contidos nesta “importação” de médicos. A MP 621/2013 que instituiu o Programa Mais Médicos para o Brasil é uma afronta à sociedade brasileira de um modo geral e a classe médica em particular. A MP cria a figura do médico “intercambista” (aquele formado no exterior) e o médico “participante” (formado no Brasil). Pois bem. Para cada médico “intercambista” (no caso, cubanos que, registre-se, estão dispensados da revalidação, fato que levantam suspeitas sobre sua formação) cria-se a figura do médico “supervisor” para fiscalizar sua atuação e do médico “tutor” que o orientará. Uma incoerência completa. Considerando que o governo decidiu “importar” médicos para suprir a deficiência no país (seja na área urbana ou rural) não parece lógico que tenha que deslocar dois médicos para supervisionar e tutelar um. O motivo real e subterrâneo desta “importação” é de favorecer o governo comunista e genocida dos irmãos Castro. Talvez seja uma maneira de compensá-los pelos "favores” prestados com o treinamento de guerrilheiros em solo cubano nos anos 1960 e 1970 desejosos de derrubar a ditadura militar (1964-1985) e implantar a ditadura comunista. O governo do ex-presidente Lula dispensou atenção especial a Cuba concedendo empréstimos, vendendo equipamentos, realizando construções, exportando alimentos e sabe mais lá o quê. Outra “pérola” contida na MP Mais Médicos é não criar vínculos empregatícios de qualquer natureza. Isso contraria frontalmente a Consolidação das Leis Trabalhista e a própria Constituição Federal. No Brasil, o salário médio no serviço público por 40 horas semanais oscila em torno de 3 mil a 3 mil e 500 reais. Os Castros certamente não repassarão tais valores aos médicos exportados ferindo o Artigo 5º da CLT (“A todo o trabalho de igual valor corresponderá salário igual, sem distinção de sexo”). Outra má noticia para os médicos cubanos: não poderão contribuir com a Previdência Social durante sua permanência no país (prevista de três a seis anos). Porém, nem tudo está perdido. A lei prevê que esposa e filhos de estrangeiros possa fazê-lo, no caso de encontrarem trabalho no Brasil. O governo brasileiro ao mesmo tempo em que os discriminam e hostilizam também ignoram o princípio de igualdade de tratamento. Mas a irracionalidade não para por ai. Os médicos cubanos não terão registro nos Conselhos Regionais de Medicina (CRM) e, sendo assim, não estão habilitados ao exercício da profissão o que se constitui em crime. Serão dispensados também desta “formalidade”? Mas o ministro (sic) da Saúde Alexandre Padilha declarou que os médicos cubanos trabalharão segundo as leis de Cuba. Afirmação que me leva a outorgar ao ministro o nada honroso título de Besta Quadrada do Ano. Qualquer animal sabe que a lei de um país jamais poderá vigorar num outro. Sendo possível uma aberração desta natureza os profissionais de outras nacionalidades que atuam no Brasil contaram com tal prerrogativa? Tudo é possível para favorecer o governo cubano, inclusive abrir mão de nossa precária soberania. Diante de todo este imbróglio li dia desses um articulista, tido e havido como um dos suprassumos do jornalismo (sic) brasileiro, fazer a pergunta estúpida, inútil e infantil revelando o seu total desconhecimento sobre o movimento esquerdista, disse o arataca: “onde está o PT que não berra contra esta exploração odiosa?” Como o PT poderia berrar contra o que planejou e está executando? Somente tomaria uma atitudes destas se também houvesse planejado combatê-la dentro de uma estratégia como foi no caso do Mensalão onde petistas apontavam os petistas envolvidos como traidores quando, na verdade, simplesmente agiram de acordo com tudo o que foi planejado. A Associação Médica Brasileira (AMB) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) entraram com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender o Programa Mais Médicos contestando a suspensão do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas (Revalida) para os médicos cubanos o que torna a pratica do ofício ilegal. Aguardemos o que a Suprema Corte decidirá.

Não satisfeita com a importação de médicos a “Excelentíssima” senhora “presidento” da República Dilma Rousseff também deseja “importar” engenheiros. Provavelmente também de Cuba. Se a moda pega não demorará muito para deixarmos a língua portuguesa de lado e passarmos a falar castelhano. Ao entrarmos no consultório médico ao invés de nos queixarmos de uma coceira diremos “picazón” e quando desejarmos fazer uma medição deveremos dizer ao engenheiro “medición”.  A justificativa nominal do governo é para “dotar as administrações municipais de quadros capazes de elaborar projetos técnicos, essenciais ao repasse de verbas federais”. Ora vejam! O governo brasileiro declara publicamente que nossos engenheiros e as universidades são incapazes.

Estas e outras atitudes do governo brasileiro estão perfeitamente integradas à estratégia da esquerda de derrubar o edifício jurídico provocando a insegurança jurídica ao não obedecê-la. Caso o STF decida acolher a ação impetrada pela AMB e CFM ou a MP seja rejeitada pelo Congresso Nacional o governo irá se apresentar a população como alegando que foi impedido de proporcionar atendimento médico à população do interior do país devido a insensibilidade, má vontade e desprezo do Congresso Nacional aos brasileiros menos afortunados. De outro lado, caso a aberração da MP seja mantida o governo reclamará os louros posando de bom samaritano. De uma forma ou de outra sairá bem. Cabeça de comunista funciona como as dos demais mortais: por contradição e contraste.

PROIBIÇÃO DE MÁSCARAS EM MANIFESTAÇÕES

Outra noticia divulgada foi a proibição de máscaras em manifestações em Recife, segundo Wilson Dámazio, secretário de Defesa Social de Pernambuco, as máscaras não serão mais toleradas e as mochilas revistadas após confronto entre a polícia e os manifestantes. Resta saber se a proibição alcança os foliões durante o carnaval por que, afinal de contas, o carnaval também é uma manifestação. De alegria, irreverência e crítica, mas uma manifestação. Também seria interessante se a proibição de máscaras atingissem os políticos que não se cansam de utilizá-las para se mostrarem o oposto do que são. De acordo com o secretário os manifestantes estão seguindo o exemplo “da presidento” e importando arruaceiros, vândalos e saqueadores de São Paulo e Rio de Janeiro para prestar serviço e transferir tecnologia aos manifestantes pernambucanos. Polêmicas à parte, o fato é que tal medida não encontra apoio legal nem nas contravenções penais que proíba o uso de máscaras e nem na legislação penal que criminalize seu uso. A Constituição permite que cada cidadão se vista como quiser desde que não atente ao pudor. Facilitar a identificação dos baderneiros é a justificativa nominal, mas a real é impor mais controle social adotando e/ou modificando leis que estejam relacionadas ou não com o fato gerador. Tensionam a sociedade provocando o caos, a confusão, a baderna para justificaram mais controle sobre ela, mais instrumentos repressivos e maior poder para o governo esquerdista representado pelo PT, Foro de São Paulo e Penduricalhos. Diante de tantas evidências do planejamento, coordenação, articulação e execução destas manifestações ainda há quem creia ser tudo espontâneo. Que o povo está com o saco cheio de tanta roubalheira, incompetência, inoperância, omissão, etc. não resta a menor dúvida, mas supor que tenham e reunido espontaneamente em grande número e simultaneamente em todo país é uma imbecilidade. No entanto, todas estas reivindicações (justas, por sinal) foram canalizadas para o benefício da esquerda aconteça o que acontecer no decorrer do processo. A estratégia é sempre a mesma: trabalham com todas as possibilidades por mais absurdas e desconexas que sejam e até mesmo encampam reivindicações de grupos ou minorias que, historicamente, odeiam e desprezam, mas que num determinado momento serve aos seus propósitos. Nada, exatamente nada acontece por acaso em nenhum lugar do Universo. Hoje não há um único brasileiro que não possa ser enquadrado em alguma lei, estatuto ou portaria. Porém, ainda escapa a esquerda em muito o controle absoluto da sociedade. Ainda há muita resistência que só poderá ser quebrada com empreendimentos bem planejados, coordenados, articulados e executados como, aliás, vem fazendo nos últimos cinquenta anos. Os espaços já foram ocupados dentro da sociedade, a revolução cultural da esquerda está em curso há meio século e o governo já foi conquistado legitimamente, mas isto não basta para promover uma ruptura e estabelecer o Estado onipotente e onipresente de partido único. Registre-se que, na prática, não existe partido de oposição no Brasil. Todos foram capturados e domesticados pelo Partido dos Trabalhadores.

Atitudes como esta do secretário de Defesa Social de Pernambuco revelam o modus operandi desta gente (se é que assim podemos classificá-los). Aos olhos de muitos pode parecer uma medida visando preservar o patrimônio público e privado e a segurança dos cidadãos. Esta é a justificativa nominal, mas a real é impor mais controle. Não demorará muito para que qualquer um tenha sua mala, bolsa, sacola, mochila ou embrulho arbitrariamente revistado a qualquer hora, em qualquer dia e em qualquer lugar sem que se ofereça algum motivo para fazê-lo.

CELSO BOTELHO
26.08.2013

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A CAMINHO DO ESTADO ONIPOTENTE E ONIPRESENTE

Nas revoluções políticas os povos ordinariamente mudam de senhores sem mudarem de condição. (Marquês de Maricá, Mariano José Pereira da Fonseca, 1773-1848)



Há alguns dias recebi um e-mail de um dos muitos idiotas que perambulam por ai dando pitacos sobre todas as coisas sem um mínimo de conhecimento sobre coisa alguma. O sujeito é daqueles que compraram a ideia de que o comunismo ruiu junto com a União Soviética. Ou o sujeito é um tremendo de um bocó ou engrossa as fileiras de militantes histéricos da esquerda. Na primeira hipótese está prestando um serviço inestimável aos comunistas em propagar sua extinção. Não há fato mais alentador para o inimigo do que negar-lhe a existência. No segundo caso encontra-se mentalmente domesticado pelos psicopatas esquerdistas. De qualquer maneira este elemento e milhões como ele são induzidos a crer nesta grande mentira. O movimento comunista já dura mais de cento e cinquenta anos sendo o único com uma capilaridade internacional e uma estratégia dialética capaz de integrar-se em qualquer situação, em qualquer tempo e espaço. A esquerda revolucionária sempre trabalha com duas ou mais vertentes e, dependendo de como se desenvolvam e comporte-se nelas se farão presentes com maior ou menor intensidade ou visibilidade. Exatamente por isso seu discurso é ambíguo, camaleônico, contraditório. Estas condições não o compromete, não o envolve numa camisa de força. Os países, ao contrário do que se possa pensar, são apenas instrumentos para o movimento comunista internacional. Sua queda ou ruína jamais o derrotou. O discurso ambíguo lhes proporciona obter vantagens tanto da miséria como da prosperidade. Os revesses são propulsores deste movimento permitindo uma auto avaliação, atualização estratégica e uma nova engenharia política. Esta última vem a constituir-se de uma parte nominal e outra real. A primeira é revelada enquanto que a segunda é camuflada, posto ser exatamente o objetivo almejado e não enunciado. Todas as ações nominais sempre serão pensadas e coordenadas pela parte real e subterrânea.



No imaginário popular o estabelecimento de um Estado socialista se dará através da tomada do poder pelas armas, numa revolução ou golpe de Estado no sentido clássico do termo. Sendo suprimidos direitos e garantias, propriedade privada e a adoção imediata da socialização dos meios de produção. Ledo engano. A extinção da propriedade privada e a total socialização dos meios de produção são impossíveis. Uma economia planificada funciona tão bem quanto um automóvel sem motor e rodas. Sempre haverá uma economia de mercado ilegal, estimulada e protegida pelo governo socialista. A china é um bom exemplo. Seu governo é comunista, porém sua economia é de mercado (um mercado estrambótico, mas mercado). O socialismo precisa do capitalismo para financiar-se uma vez que seu modelo econômico é inviável. Existe uma simbiose entre o capitalismo e o socialismo. Ambos se favorecem. Tanto o capitalismo quanto o socialismo se aproveitam da cultura esquerdista, seus signos e símbolos para ganhar dinheiro. Aliás, no capitalismo ganha-se dinheiro até mesmo quando se denigre o próprio capitalismo. Porém, quem espera uma ruptura abrupta é melhor tirar o cavalo da chuva. A implantação do regime do partido único e onipresente já está acontecendo e a maioria das pessoas não está se dando conta disso. Uns por ignorância e outros por conveniência. No Brasil, a Declaração de Março de 1958 (documento aprovado pelo Comitê Central do Partido Comunista do Brasil em 22 de março de 1958) diz, textualmente: [para estabelecer um] “governo nacionalista e democrático através da conquista de espaços, da luta pacífica e das eleições.” Portanto, a mais de meio século que a esquerda revolucionária já compreendia a impossibilidade da tomada do poder através das armas, especialmente levando-se em conta um país com tais dimensões. Ocupar espaços, luta pacífica (revolução cultural) e participar de eleições são os três elementos que possibilitaram a ascensão da esquerda ao poder. A luta armada nas décadas de 1960 e 1970 era parte integrante da estratégia da esquerda revolucionária para desviar a atenção dos militares enquanto punham em prática aqueles três elementos primordiais ocupando sindicatos, redações de jornais e revistas, emissoras de rádio e televisão, movimento editorial, universidades, entidades representativas, associações, etc. promovendo uma revolução cultural planejada, invertendo, subvertendo, suprimindo e acrescentando elementos capazes serem assimilados e cristalizarem-se determinando novos paradigmas e, participar do jogo político pelas regras estabelecidas antes, durante e depois do regime militar (1964-1985). Fizeram isto com extrema competência e total apoio da Igreja Católica, dos banqueiros e empresários, dos conservadores (estes por omissão e preguiça intelectual), dos militares (em matéria de política não passam de “vacas fardadas”, segundo o general Olímpio Mourão Filho, 1900-1972) por ingenuidade, cumplicidade ou ignorância mesmo. O regime militar nunca combateu o comunismo de fato. Poderia ter feito campanhas que revelassem à população as atrocidades que cometera mundo a fora. O comunismo produziu mais vítimas fatais do que a primeira e segunda Guerra Mundial juntas. Os generais limitaram-se a combater as organizações clandestinas convictos de que assim estavam desmantelando o comunismo. Enquanto os militares distraiam-se dando tiro, prendendo, torturando e perseguindo integrantes destas organizações que desempenhavam o ingrato papel de bois de piranha o rebanho passava tranquilamente, sem maiores sobressaltos. Infiltrados nos partidos políticos legalmente constituídos iam conquistando espaços legitimados pelo voto o que lhes permitiu a ascensão e os meios para corroer, deturpar e destruir os valores e direitos da democracia desde dentro. E é exatamente o que vêm fazendo. O fato é que ao examinarmos todo o período do regime militar constata-se esta associação da esquerda revolucionária com estas forças que, supostamente, deveria combatê-la e não afagá-la. A omissão por opção, vocação ou ignorância constitui-se num afago, num estímulo, num consentimento não declarado à esquerda revolucionária. Por outro lado não seria justo imputar somente aos militares a responsabilidade pelo sucesso da esquerda no Brasil. Outros fatores podem ser apontados. No entanto, neste período percebe-se a dilatação do movimento esquerdista revolucionário com a ocupação de espaços e a propagação da revolução cultural não somente nos meios acadêmicos, sindicais, representativos, políticos, econômicos, etc., mas alcançando toda a sociedade maquiando, invertendo e mesmo suprimindo significados. Esta foi a primeira etapa. A segunda foi a conquista do poder em 2003 com a eleição do ex-presidente Lula. A terceira está ocorrendo neste momento. A ruptura. O processo de ruptura está em pleno curso e depende apenas do rumo dos acontecimentos para que se efetive ou aguarde uma conjuntura mais propícia. O elemento fundamental nesta etapa é deficitário: uma militância numerosa e unívoca para respaldar a ruptura. Não do dia para a noite e sim de forma gradual e segura (para a esquerda) por que, mesmo dispondo desta militância em número apreciável, encontramos um vasto número de cidadãos que resistirá ao estabelecimento de um regime de partido único e onipresente formal. Esta é a principal dificuldade. Porém, não é intransponível, posto que lancem mão de inúmeros artifícios para aliciar e arregimentar parcelas significativas em todas as camadas sociais. Mesmo instaurado o processo de ruptura a esquerda forçosamente continuaria equilibrando-se entre manter-se obediente a legislação que rege o país e o atendimento as suas premissas. É um equilíbrio muito delicado e sensível que só pode ser levado a cabo por um político muito habilidoso, astuto e carismático. E Dilma Rousseff não se enquadra neste perfil.



As manifestações que vem acontecendo no país desde o mês de junho são um balão de ensaio dos agentes da ruptura. É uma tolice pensar que as manifestações ocorrem espontaneamente. São planejadas, coordenadas e executadas por gente que sabe o que está fazendo. Até os vândalos, depredadores e saqueadores fazem parte da estratégia. Por certo que muitos bandidos e oportunistas aproveitam-se da situação. A baderna é um meio da esquerda por à prova o governo Dilma Rousseff e avaliar sua capacidade para atuar como agente da ruptura ou se deve ser substituída. Tudo indica a segunda opção, posto ser óbvia a incompetência “do presidenta” em debelar, acomodar e gerenciar a situação a que foi submetida. Nesses meses que nos separam da eleição não é impossível que d. Dilma possa se recuperar e manter-se no cargo, porém creio ser pouco provável. Vale a pena relembrar o ex-governador de Minas Gerais Magalhães Pinto (1909-1996) quando dizia que política é igual às nuvens, muda de forma toda hora. Provocar um tensionamento na sociedade para avaliar a estratégia esquerdista em curso, determinar onde e como impor mais controle social legal aumentando seu poder de repressão não se constitui em novidade dentro da estratégia da esquerda revolucionária. Para aqueles que ainda pensam que a descrição deste processo não passa de teoria da conspiração ofereço como prova irrefutável a participação de cinco funcionários públicos federais detidos durante a manifestação que ocorreu em Brasília no dia 14 de junho deste ano quando uma avenida foi interditada com a queima de pneus (o motorista em depoimento afirmou haver recebido R$ 250,00 para transportá-los). São eles: Mayra Cotta Cardozo de Souza, assessora especial da Secretaria Executiva da presidência da República; Daniel Gobbi Fraga da Silva, especialista na Assessoria Internacional do Gabinete da Secretaria-geral da presidência da República; João Vitor Rodrigues Loureiro, assessor da Subchefia para Assuntos Jurídicos da presidência da República; Gustavo Moreira Capela, assessor do Gabinete da Subprocuradoria-geral da República e Gabriel Santos Elias que até maio deste ano desempenhou a função de assessor técnico da Subchefia de Assuntos Parlamentares da Secretaria de Relações Institucionais da presidência da República. Dia 27 de junho em Fortaleza os vereadores Ronivaldo Maia (PT) e João Alfredo (PSOL) estiveram presentes no 16º Distrito Policial ao término da partida entre Espanha e Itália pela Copa das Confederações e pagaram R$ 2 mil para que os presos em flagrante durante o protesto em Fortaleza fossem liberados pela Polícia. Dia 28 de junho a Polícia Militar deteve um grupo de manifestantes e com eles três coquetéis Molotov sendo um dos detidos filho do vereador Marcos do Psol. São inúmeros os integrantes do governo e parlamentares envolvidos com as manifestações em todas as esferas e por todo o país. De acordo com o serviço secreto da Polícia Militar de São Paulo o PSOL recrutava punks para atuarem nos protestos. Somente esses casos são suficientes para detonar qualquer insinuação de teoria da conspiração.



As manifestações não refluíram como apostou muito analista por ai. E nem poderia. Somente tomaram direções diferentes daquelas que a deflagraram. É óbvio que o processo, uma vez desencadeado, tende a sair do controle e produzir resultados que foram calculados e que não foram. Porém, isto não perturba a estratégia como um todo. Pelo contrário, sinaliza e aponta os ajustes que devem ser feitos. Todas as direções são avaliadas e selecionadas numa ordem de prioridades indicando quais as que precisam ser robustecidas e quais a ser aplacadas. As reivindicações nominais (saúde, educação, transportes, etc.) são meras alegorias e podem ser substituídas a qualquer momento dependendo do rumo dos acontecimentos. A insatisfação generalizada põe em xeque o moribundo Estado brasileiro. Este é o objetivo. A esquerda deseja substituí-lo pelo Estado onipotente e onipresente do partido único. Na prática isto já acontece tendo em vista não haver nada no Congresso Nacional que se pareça com oposição. Provocar o caos, confusão e desorientação baixando os critérios de julgamento moral da sociedade mutilando toda e qualquer escala de valores. E a maneira como instrumentalizam estes propósitos é facilmente reconhecida dentro da estratégia da esquerda revolucionária. Não se trata, portanto, de teoria da conspiração, vidência ou mágica. Basta uma análise um pouco mais apurada a partir da década de 1950 para se constatar que a esquerda brasileira vem ocupando espaços cada vez maiores e posições estratégicas que facilitam grandemente sua atuação. Com a criação do Foro de São Paulo, na década de 1990 por Lula e Fidel Castro, que reúne toda a esquerda latina americana e organizações criminosas como as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) foi possível dominar praticamente todo o continente sul americano. Esta entidade planeja, coordena e executa as ações a serem desencadeadas no Brasil e nos países vizinhos com toda desenvoltura sem ser questionada ou investigada. Mesmo sendo público e notório seu envolvimento com narcotraficantes, sequestradores, homicidas, etc. Existem provas contundentes acerca desta entidade criminosa, porém “as autoridades” (policiais, fazendárias, etc.), a grande mídia e outros jumentos insistem em classificá-la como um clube onde a esquerda se reúne para jogar gamão e beber cachaça e nunca para conspirar contra a democracia, o Estado e o cidadão. Mas ainda vagueiam por ai “iluminados” imbecis que, incapazes de uma leitura analítica da situação, tentam desqualificar quem procura estudar e compreender o processo com o único argumento que possuem: um “há, há, há, há” de desdém, o que já denuncia uma bagagem intelectual paupérrima, chegando aos píncaros da ignorância em contemplar-me com o rótulo de “extrema esquerda”. Só mesmo uma vistosa besta quadrada pode supor que eu seja um militante da “extrema esquerda” ou coisa pior. Não há nada nos textos que já escrevi que indique qualquer possibilidade de pertencer a extrema esquerda, extrema direita, extremo centro, extrema do extremo ou outra porcaria qualquer. Nem eu sei em qual corrente integrar-me que dirá um sujeito que sequer assinou a baboseira que escreveu, detalhe que demonstra seu despreparo e covardia.



Nas estratégias da esquerda revolucionária devem-se privilegiar suas essências em detrimento das aparências ou, como já disse os objetivos reais e não os nominais. Estimular, financiar e proteger movimentos de todas as ordens, contra e a favor, aparentemente desconexos, esdrúxulos e até irracionais fazem parte da estratégia e se presta para ajustá-la, corrigir direções, substituir agentes, torná-la mais palatável. Rigorosamente nada é executado sem planejamento, coordenação e um acompanhamento atento e ininterrupto. Há muito profissionalismo no movimento esquerdista. Ressalte-se que um profissionalismo voltado para a destruição de direitos e valores. O Estado brasileiro há muito se encontra em acelerado processo de deterioração e sua ruína total já não é mais uma questão de como e sim de quando. Quisera possuir a fórmula para reverter todo este caos em nosso país. No entanto, descrevendo mesmo que superficialmente a situação proponho que se avalie, reflita, identifique-se, questione-se e rejeite-se as intervenções que mostrem-se nocivas à sociedade e a nação removendo camada por camada dos discursos que as envolvem.



CELSO BOTELHO

14.08.2013

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

REFORMA POLÍTICA: MUDAR PARA QUE NADA MUDE




Só mesmo um sujeito muito tolo não enxerga que a Comissão de Reforma Política é uma fraude. O principal objetivo desta “Comissão” é exatamente o de não mudar coisa alguma. A organização criminosa que se encontra no poder (também conhecida por Partido dos Trabalhadores) imediatamente assumiu a direção dos trabalhos. Primeiro com Henrique Fontana (PT-RS) que já vinha “trabalhando” no assunto, porém atendendo determinação do ex-presidente Lula o presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) convocou o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) que já se pronunciou sobre a impossibilidade de que qualquer mudança possa ser aplicada na próxima eleição. Acrescenta-se que para as eleições futuras qualquer mudança deverá resultar na manutenção e quiçá ampliação dos privilégios de Suas Excrescências, digo, Excelências.  A celeuma provocou racha entre os quadrilheiros do PT, também conhecidos como deputados. Mas não comemorem o racha. A esquerda tem uma capacidade ilimitada de flagelarem-se (como no caso do mensalão onde petistas apontavam os mensaleiros como traidores quando, na verdade, agiram rigorosamente de acordo com o planejado) e reciclarem-se. Bem verdade que ao reciclarmos merda só se pode obter mais merda.

Caso houvesse algum interesse em atender as reivindicações da sociedade brasileira “o presidenta” dispõe de dois instrumentos legais de efeito imediato. As Medidas Provisórias (MP) e os Projetos de Emenda Constitucional (PEC). Ao invés de utilizá-los transfere para o Congresso Nacional a tarefa na tentativa de eximir-se da responsabilidade. Poderia começar por reduzir drasticamente o número de ministérios que somam hoje 39 oficiais e mais dois extraoficiais (o marqueteiro João Santana e o conselheiro Franklin Martins) e muitas outras medidas que independem dos “senhores” congressistas. Mas d. Dilma está obcecada pela reeleição. Uma reeleição que fica cada vez mais distante a medida que os dias se passam. Responder com ações efetivas ao clamor das ruas implica inevitavelmente em confrontar-se com a base aliada (ou mancomunada), desagradar ainda mais membros de seu próprio partido que integram ou não seu governo que ostensivamente conspiram para o retorno do ex-presidente Lula em 2014. Mesmo considerando que “a presidento” tem, por enquanto, adversários frágeis eleitoralmente está muito claro para a esquerda que, persistindo sua candidatura, seu projeto de manter-se no poder fica seriamente ameaçado tendo em vista sua caótica administração. Será preciso mais do que um bom marqueteiro e um palpiteiro para reverter os índices de rejeição que as pesquisas lhe têm atribuído. D. Dilma encontra-se, portanto, numa situação que se correr o bicho pega e se ficar o bicho come.
Desde que foi apontada como candidata do Partido dos Trabalhadores não foi difícil concluir que sua administração seria desastrosa em parte pela herança de seu antecessor e em parte por sua própria arrogância, prepotência, inabilidade e incompetência. Caso a situação complique-se ainda mais a esquerda só poderá apelar para o ex-presidente Lula, posto ser o único que dispõe de capital político capaz de mantê-los no poder. Mesmo Lula não é, por si só e na atual conjuntura, garantia sólida, inquestionável e “inderrotável”. Nesses quatorzes meses que nos separam das eleições muita água vai correr por baixo da ponte. Por enquanto o ex-presidente se finge de morto para assaltar o coveiro e d. Dilma está praticamente morta (eleitoralmente) aguardando apenas o coveiro. “O presidenta” está desesperada e seu marqueteiro ou está perdendo a mão ou é um asno mesmo. Sendo uma coisa ou outra deveria ser demitido porque o governo petista vive de marketing. Mas, como disse Abraham Lincoln (1809-1865) “Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo.”

Esta “Comissão” ou qualquer outra que acene com reformas não passará de uma fraude, uma pantomima. Os encarregados de “reformarem” (deputados e senadores) jamais irão cometer suicídio político e atirar contra o próprio patrimônio. O Estado brasileiro já nasceu deformado (na forma e no conteúdo) e a classe política, ao longo dos anos, contribuiu ostensivamente para que, cada vez mais, se tornasse num gigantesco e horripilante monstro devorador, insaciável, obeso, omisso, injusto e preguiçoso. Mas dizer que os políticos brasileiros formam uma classe é uma maneira educada para referir-se a este bando de aves de rapina. Como não podemos revogar o Estado o único instrumento disponível para que entre nos eixos é a reforma (política, tributária, agrária, previdenciária, etc.). No entanto, as reformas precisam ir além desmontando estruturas apodrecidas ou contaminadas que atuam contra a sociedade ao invés de servi-la. Mas com esta corja de pilantras, velhacos e trambiqueiros com assento no Congresso Nacional, no Executivo e no Judiciário isto só acontecerá no dia que pudermos caminhar sobre as águas ou voar graciosamente utilizando apenas nossos corpos.

CELSO BOTELHO
27.07.2013