O presidente Lula, O Ignorante, atribuiu autoria da crise econômica internacional às pessoas brancas de olhos azuis afirmando não conhecer nenhum banqueiro preto. Quis remendar o preconceito e, mais uma vez, a emenda saiu pior do que o soneto. As bobagens que emanam da boca presidencial não deveriam mais nos surpreender, pois, afinal, são mais de três décadas as ouvindo. No entanto, a partir do primeiro dia de seu governo deveria ter dois aratacas ao seu pé. Um para escrever o que deve falar e outro para impedir que fale de improviso (poderia usar um ponto eletrônico) despejando suas metáforas idiotas, alusões inconvenientes e toda uma gama de “abobrinhas”. Essas duas providências provavelmente evitariam a formulação deste preconceito que sataniza as pessoas da raça branca e humilha os da raça negra. Qualquer um com qualquer tipo de preconceito deve ser combatido, repudiado, execrado. Os contrastes estão postos e são inerentes à raça humana onde cada ser é único. Não basta convivermos com as diferenças é preciso que delas compartilhemos de alguma maneira para suprimirmos qualquer sentimento de rejeição, repulsa ou desprezo. Não podemos negar, sistematicamente ou esporadicamente, as epidermes, as culturas, as opções, as religiões. A civilização deve exigir um comportamento ético, o cumprimento irrestrito da lei, a harmonia, a tolerância e solidariedade entre seus membros e não promover, desenvolver e fomentar o preconceito. A coisa torna-se mais grave quando é dita exatamente por uma pessoa que sofreu (e sofre) os mais diversos preconceitos sendo o mais explorado o fato de não possuir formação acadêmica, por sua origem humilde do sertão, sua voz rouca, a variação lingüística, o dedo que fora amputado num acidente, suas orelhas grandes, sua cabeça chata e por ai a fora. Para uma vítima tão contumaz do preconceito é indefensável o que disse. Devo dizer aqui mais uma vez que quando outorgo o título de “O Ignorante” ao presidente Lula faço no sentido de ignorar quem ou o que, desconhecer tal como nos diz o dicionário (notadamente quando se trata de alguma patifaria como a do Mensalão, “eu não sabia”).
Além do fato de ser o presidente da República tendo, portanto, que se comportar de acordo com a “liturgia do cargo” (esta expressão é do ex-presidente e atual senador José Sarney) Lula é um fenômeno de comunicação com os brasileiros se expressa com um linguajar que aglutina e angaria muitas simpatias. Detém uma popularidade jamais registrada em toda história republicana e índices de aprovação estratosféricos. Dados que já abordei várias vezes sobre suas causas e conseqüências e que, neste momento, não cabe esmiuçar. Diante disso é inaceitável que profira qualquer fala - mesmo nas entrelinhas - que possa conter mensagem preconceituosa. Não se trata, pois, de uma gafe ou uma colocação infeliz e sim da exteriorização de preconceito, algo muito maior que um desaire. A ressonância de uma fala presidencial atravessa oceanos, especialmente se tratando de um país do nosso porte. Diante do desastre, constrangido e com uma elegância inglesa o premier Gordon Brown simplesmente fez ouvidos moucos.
O preconceito, seja ele qual for, deve ser denunciado e combatido com virulência ininterrupta. Cabe indagar qual seria a raça responsável pelas lambanças e trapalhadas patrocinadas pelo governo petista. Resposta: a “raça ruim” que tomou o poder. Como nosso presidente aprecia as metáforas futebolísticas ai vai uma: bola fora, presidente.
CELSO BOTELHO
29.03.2009