O
populismo alçou o Sr. Vargas à condição de pai dos pobres. O ex-presidente
Lula, a partir de 2003, inconformado, não poupou recursos para solapar-lhe o
título com a invenção de programas “sociais”, com destaque para a Bolsa-Família
que, segundo ele, é o “maior programa de distribuição de renda” já visto no
planeta Terra e arrabaldes. Bem, sob a ótica distorcida do Sr. Lula, qualquer
coisa pode ser qualquer coisa e, caso o favoreça, não hesitará em proclamá-la a
maior e melhor. E, em se tratando de corrupção, devemos admitir que o dois
governos petistas esmeraram-se com afinco para superar seus antecessores e
obtiveram êxito na empreitada, sem pretender minimizar a corrupção nos governos
Sarney, Collor e FHC que também muito se empenharam para ampliar sua prática. No
entanto, nossos governantes não devem ser apontados apenas como corruptos, também
excursionam com sucesso no desvio, desperdício e malversação dos recursos
públicos, entre outras práticas imorais e ilegais. Além, é claro, da colossal
incompetência, descaso, omissão, inépcia, inoperância, etc.
Fiquei
deveras chocado com a falta de sensibilidade do governo petista com os
vereadores, prefeitos, secretários e servidores municipais brasileiros. Mesmo
considerando que desfrutem de privilégios, mordomias e sinecuras imerecidas,
indevidas e indecentes recorro ao princípio da isonomia. Num governo que se
cria bolsa para tudo, para todos e sob qualquer pretexto não se justifica a
inexistência de uma bolsa que os atenda. Os “pobres diabos” são forçados a
recorrerem à Bolsa-Família para que possam viver com alguma dignidade.
Certamente que tal discriminação deve ser repudiada pela sociedade e, nas
próximas manifestações, abram espaço para prefeitos e vereadores acrescentarem
a pauta de reivindicações a criação de um programa destinado exclusivamente a
eles, seus secretários, funcionários, cúmplices, parentes e aderentes. Tal atitude não exporia nossos representantes
municipais a vexames como este que foi noticiado dando conta de que mais de
dois mil vereadores e prefeitos estavam recebendo o Bolsa-Família.
De
acordo com o ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome foram
identificados mais de dois mil beneficiários recebendo o dinheiro do programa
apesar de terem sido eleitos para prefeituras e Câmaras Municipais (10
prefeitos, 41 vice-prefeitos e 2.221 vereadores). É de supor-se que, devido aos
gastos de campanha, não poderiam abrir mão do dinheiro. Atualmente para obter o
benefício a família sem filhos deve apresentar uma renda de R$ 70,00 por cabeça
e caso tenham crianças e adolescentes o teto passa para R$ 140,00 por cabeça.
Porém,
já se passaram nove meses desde suas posses e, sendo assim, contam com outras
fontes de renda, regulares e irregulares, podendo abrir mão do mimo. Quem
imagina que este número de beneficiários é por demais assombroso ilude-se. Nas
eleições de 2004 e 2006 o TCU (Tribunal de Contas da União) cruzou a lista de
beneficiários da Bolsa Família com a relação de políticos eleitos e seus
suplentes. Foram detectados mais de vinte mil políticos classificados como
extremamente pobres recebendo a Bolsa Família. Mas o zelo do governo petista
pelos descamisados, desdentados, pés no chão e barriga na miséria é tão
profundo que em 2008 o beneficio foi pago a 3.791 famílias com pessoas já
falecidas. O PT cuida de você, aqui e no Além. Segundo o próprio ministério
hoje quase catorze mil famílias recebem o benefício o que significa cerca de cinquenta
milhões de pessoas.
Fica,
pois, registrada minha indignação com o governo “bolseiro”, “mensaleiro”,
“cuequeiro” e “maleiro” do Partido dos Trabalhadores com o desprezo pela classe
política municipal não os contemplando com um programa especifico que venha a
atender suas necessidades liberando-os de socorrerem-se na Bolsa-Família e
serem expostos como pilantras, velhacos, patifes e ordinários. Sabemos
perfeitamente que nossos políticos são exemplos irretocáveis de lisura,
probidade e competência e não merecem ser molestados pelo TSE, CGU, TCU, STF,
etc.
CELSO
BOTELHO
15.10.2013