terça-feira, 15 de outubro de 2013

BOLSA POLÍTICO MUNICIPAL


O populismo alçou o Sr. Vargas à condição de pai dos pobres. O ex-presidente Lula, a partir de 2003, inconformado, não poupou recursos para solapar-lhe o título com a invenção de programas “sociais”, com destaque para a Bolsa-Família que, segundo ele, é o “maior programa de distribuição de renda” já visto no planeta Terra e arrabaldes. Bem, sob a ótica distorcida do Sr. Lula, qualquer coisa pode ser qualquer coisa e, caso o favoreça, não hesitará em proclamá-la a maior e melhor. E, em se tratando de corrupção, devemos admitir que o dois governos petistas esmeraram-se com afinco para superar seus antecessores e obtiveram êxito na empreitada, sem pretender minimizar a corrupção nos governos Sarney, Collor e FHC que também muito se empenharam para ampliar sua prática. No entanto, nossos governantes não devem ser apontados apenas como corruptos, também excursionam com sucesso no desvio, desperdício e malversação dos recursos públicos, entre outras práticas imorais e ilegais. Além, é claro, da colossal incompetência, descaso, omissão, inépcia, inoperância, etc.


Fiquei deveras chocado com a falta de sensibilidade do governo petista com os vereadores, prefeitos, secretários e servidores municipais brasileiros. Mesmo considerando que desfrutem de privilégios, mordomias e sinecuras imerecidas, indevidas e indecentes recorro ao princípio da isonomia. Num governo que se cria bolsa para tudo, para todos e sob qualquer pretexto não se justifica a inexistência de uma bolsa que os atenda. Os “pobres diabos” são forçados a recorrerem à Bolsa-Família para que possam viver com alguma dignidade. Certamente que tal discriminação deve ser repudiada pela sociedade e, nas próximas manifestações, abram espaço para prefeitos e vereadores acrescentarem a pauta de reivindicações a criação de um programa destinado exclusivamente a eles, seus secretários, funcionários, cúmplices, parentes e aderentes.  Tal atitude não exporia nossos representantes municipais a vexames como este que foi noticiado dando conta de que mais de dois mil vereadores e prefeitos estavam recebendo o Bolsa-Família.



De acordo com o ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome foram identificados mais de dois mil beneficiários recebendo o dinheiro do programa apesar de terem sido eleitos para prefeituras e Câmaras Municipais (10 prefeitos, 41 vice-prefeitos e 2.221 vereadores). É de supor-se que, devido aos gastos de campanha, não poderiam abrir mão do dinheiro. Atualmente para obter o benefício a família sem filhos deve apresentar uma renda de R$ 70,00 por cabeça e caso tenham crianças e adolescentes o teto passa para R$ 140,00 por cabeça.


Porém, já se passaram nove meses desde suas posses e, sendo assim, contam com outras fontes de renda, regulares e irregulares, podendo abrir mão do mimo. Quem imagina que este número de beneficiários é por demais assombroso ilude-se. Nas eleições de 2004 e 2006 o TCU (Tribunal de Contas da União) cruzou a lista de beneficiários da Bolsa Família com a relação de políticos eleitos e seus suplentes. Foram detectados mais de vinte mil políticos classificados como extremamente pobres recebendo a Bolsa Família. Mas o zelo do governo petista pelos descamisados, desdentados, pés no chão e barriga na miséria é tão profundo que em 2008 o beneficio foi pago a 3.791 famílias com pessoas já falecidas. O PT cuida de você, aqui e no Além. Segundo o próprio ministério hoje quase catorze mil famílias recebem o benefício o que significa cerca de cinquenta milhões de pessoas.


Fica, pois, registrada minha indignação com o governo “bolseiro”, “mensaleiro”, “cuequeiro” e “maleiro” do Partido dos Trabalhadores com o desprezo pela classe política municipal não os contemplando com um programa especifico que venha a atender suas necessidades liberando-os de socorrerem-se na Bolsa-Família e serem expostos como pilantras, velhacos, patifes e ordinários. Sabemos perfeitamente que nossos políticos são exemplos irretocáveis de lisura, probidade e competência e não merecem ser molestados pelo TSE, CGU, TCU, STF, etc.




CELSO BOTELHO

15.10.2013