Volta e meia ou meia e volta surgem movimentações sociais das mais diversas naturezas. Algumas legítimas e imprescindíveis ao desenvolvimento e aprimoramento dos grupamentos sociais. Outras provenientes da convergência de vários interesses, notadamente os de natureza econômica, que além de atender privilégios imediatos degradam os valores mergulhando toda a sociedade sob sua influência num profundo torpor impedindo-a ou reduzindo as possibilidades de toda e qualquer contestação que possa ameaçar as estruturas existentes e seus respectivos membros. Para não nos alongarmos demais iremos àqueles movimentos que, simplesmente, estão a serviço de interesses inconfessáveis e, eis o pior, contam com a simpatia de muitos, a adesão de milhares, a tolerância de uma justiça leniente e o financiamento de um Estado putrefato tal seu comprometimento com a prática sistemática de ações notoriamente nocivas aos interesses de toda sociedade. Depois da vitória do neoliberalismo em todo o planeta o único movimento a destacar-se é o MST que, volto a repetir, iniciou-se com um pleito justo sem, no entanto, aceitar seus métodos para atingi-los. Atualmente podemos classificá-lo de quase tudo, exceto de movimento dos sem-terra. Assemelha-se, em diversos aspectos, as organizações guerrilheiras e terroristas espalhadas pelo mundo e mais especificamente os modelos praticados na América do Sul após a segunda metade do século passado. Porque da maneira como agem não me parece de outra maneira. A ocupação, a depredação, o enfrentamento e o desprezo pela lei estão claramente expostos e dispensam comentários. A necessidade de uma reforma agrária no Brasil tornou-se bandeira política de sucessivos governos que pouco ou nada fizeram efetivamente sequer para iniciá-la. Porém, o Partido dos Trabalhadores soube aproveitá-la plenamente a seu favor durante anos. Agora, no governo, não sabe de fato o que fazer o mostrengo que criara e, com certeza, tornou-se um refém e, nessa condição, é extorquido de várias formas: desde o vil metal que pertence ao contribuinte, passando pela garantia de impunidade chegando a uma conivência gritantemente despudorada. Não há porque iludir-se. A estrutura criada no MST poderá permitir, no futuro e não muito distante, a derrocada da ordem institucional. O MST é uma ameaça palpável a ruptura do sistema democrático e, desta feita, provavelmente nem uma intervenção militar (que Deus nos livre) sustaria de imediato suas ações em razão de seu sucateamento e da pouca ou nenhuma expressão política que tem e, certamente, um dos fatores que corroborou para isso foi a criação do Ministério da Defesa. Este movimento formou-se e cresceu à sombra de um Estado permissivo, complacente, viciado. Agora vivemos sob a ameaça constante de um movimento que arma-se tomando posições afrontosas revelando a fraqueza de um governo que empunhou sua bandeira na ânsia de estabelecer-se. Como já disse antes esta situação não será revertida por nenhum dos partidos políticos brasileiros e muito menos com a classe política que até o presente momento conhecemos. Será necessário um movimento com lideranças genuínas da sociedade para conter essa marcha célere para anarquia e o desastre político, econômico e social.
O MST atua de maneira irresponsável quando promove invasões e depredações em terras ou em prédios públicos ou outras instalações como laboratórios e estradas de ferro. A ousadia do movimento conta com a tolerância de um Estado completamente pervertido. Há que se admitir que para cada ação existe uma reação e quando esta última ocorrer o que poderemos ter? Simplesmente rios de sangue correndo por todas as latitudes e longitudes do país.Antes mesmo de por-se em prática uma reforma agrária é fundamental que estabeleça-se parâmetros sólidos a serem observados tantos pelos movimentos rurais quanto, e principalmente, pelo Estado. Sem isso toda e qualquer discussão redundará inócua desencadeando ações radicais ambos os lados que, fatalmente, contabilizará perdas humanas e materais cada vez mais amiúdes. O MST, quer gostem ou não, e de acordo com a sua trajetória, não passa de um lugar-tenente do atual governo e contra o qual já conspira na esperança de obter dividendos políticos futuros que poderiam alçar-lhes ao topo da República moldando-a à sua imagem e semelhança o que seria, sem dúvida, um estrondoso desastre. O presidente Lula serviu-se e serve-se dessas estruturas reinvindicatórias, sindicais, patronais, religiosas, etc. com uma desenvoltura surpreendente amealhando prestígio para concretizar secretos e inconfessáveis planos políticos. O Estado assistencialista que revigorou-se a partir de 2003 não poderá contar, indefinidamente, com o suporte monetário do qual dispõe atualmente. E será ai que a porca irá torcer o rabo, presidente.
Não se pode admitir um Estado complacente com estes movimentos reinvincatórios transformados em braços armados deste ou daquele partido, entidade ou coisa que o valha intimidando, depredando, ameaçando, assassinando e cometendo inúmeros delitos. Em Roraima apareceu outro movimento: os sem tora, especializados na devastação da floresta amazônica que , igualmente, intimidam e ameaçam para abastecem usinas siderúrgicas instaladas no norte. Caso cada segmento da sociedade resolver agir como o MST e correlatos não sobrará lá muita coisa neste país. É preciso que haja uma interferência do Estado nestes movimentos sob pena de escapar de todo e qualquer controle que ainda se possa ter deflagrando uma brutal desordem política, social e econômica. Interferência não deve ser lida como ação autoritária e repressiva à legítima manifestação, mas sim o estabelecimento de parâmetros civilizados para que as soluções sejam encontradas no menor espaço de tempo possível atendendo os interesses em questão sem violar-se direitos ou suprimirem-se deveres. Enganam-se os que defendem o enfretamento como instrumento de persuasão ou simplesmente o fazem para escamotear outros horizontes. Horizontes, por sinal, de fácil visualização MST passou da reivindicação ao terrorismo chancelado por um Estado leniente.
Os assentamentos promovidos ao longo de toda a República brasileira mostrou-se ineficáz,inconseqüente,equivocado. Num país com as dimensões do Brasil é pura demonstração de ignorância ou de atendimento a interesses escusos tratar-se deste assunto de uma única forma para todo território nacional. Muitas e várias considerações precisam ser levadas em consideração antes que se possa determinar qualquer política agrária. A prioridade deveria ser para as pequenas propriedades rurais e integrá-las à vida urbana dotando-as de toda infra-estrutura minimamente capaz de garantir-lhes o crédito, as tecnologias, a comercialização, o escoamento da produção. O estímulo à criação de cooperativas onde os pequenos produtores possam convergir seus interesses com as necessidades do mercado consumidor. Existem muitos exemplos deste modo de associação que prosperaram e ainda o fazem. Soluções relativamente simples sem a necessidade de projetos faraônicos que não contribuem significativamente para a equação da posse da terra e seu imediato aproveitamento racional. Em todas as questões que se aborde neste país logo estabelece-se a polêmica, notadamente pelos detentores de privilégios, emperrando qualquer tentativa razoável de solução.Podemos dizer que tem muito a ver com o velho chavão de "criar dificuldades para vender facilidades". Há que adequar –se as atividades rurais as vocações de cada região a fim de que se obtenha um maior aproveitamento do solo economicamente concomitantemente tomando as precauções para não exauri-lo tornando-o inútil como, aliás, aconteceu e acontece em várias regiões do país. As vastas culturas destinadas à exportação são importantes e devem ser mantidas, porém, devem primar pela racionalidade. Constata-se atualmente uma demanda cada vez maior de produtos alimentícios por todo o planeta. As imensas áreas agricultáveis de que dispomos poderá colocar-nos num patamar privilegiado como produtor de alimentos. Entretanto, para que tal ocorra será imprescindível a adoção de um elenco de medidas que possam sistematizar os meios produtores rurais implementando políticas públicas de Estado e não deste ou daquele governo posto que o primeiro é perene enquanto o segundo é efêmero, transitório. Falo da necessidade de assegurar aos pequenos proprietários os instrumentos e mecanismos apropriados para o exercício da atividade rural sem os vícios que, via de regra, os envolvem. As grandes culturas, como historicamente se sabe, ficam expostas aos altos e baixos do mercado internacional o que provoca incerteza e prejuízos colossais como, por exemplo, a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929 que levou consigo os cafeicultores brasileiros, entre outros. Portanto, o INCRASAURO jamais sequer arranhará em qualquer solução agrária para o país. Ele serve, antes de tudo, para satisfazer o apetite de políticos por cargos e aos latifundiários para manterem e até ampliarem os privilégios aos quais estão acostumados. Não recomendo a sua extinção e sim sua reformulação total ambientado ao século XXI.
CELSO BOTELHO
30.04.2008