Depois que elegeram os governos anteriores como bode expiatório para todas as mazelas as administrações seguintes passaram à condição de imaculadas. Caso todos os governos que já passaram por estas terras além de atribuírem as malfeitorias aos seus antecessores tivessem procurado fazer algo para corrigi-las e/ou suprimi-las em, pelo menos, 10% haveria um ganho substancial para a sociedade. Porém, no caso das benfeitorias recusam reconhecer a autoria dos predecessores incorporando-as descaradamente como mérito unicamente de sua administração. É a velha história “filho feio não tem pai ou não sou eu”. É muito comum os governos - seja municipal, estadual ou federal – abandonarem, postergarem, interromperem, remanejarem, reduzirem e mesmo suspenderem recursos, moldarem às suas conveniências obras e projetos que tenham a marca da administração anterior. Apesar de haver uma legislação pertinente sempre se encontra uma maneira de burlar, manipular ou em alguns casos ignorar. Caso clássico disso se deu com os CIEP’s (Centro Integrado de Educação Pública) no Estado do Rio de Janeiro que engoliu o Estado da Guanabara numa manobra politiqueira atendendo os interesses do regime militar (1964-1985) teve somente um governador que administrou com lucidez e voltado para o futuro: Carlos Lacerda (1914-1977) de quem, por sinal, também tenho minhas ressalvas no modo e no temperamento para fazer política, mas isso é outra história. Daí para frente foi uma sucessão de incompetência, omissão, complacência e flagelos. Esta prática vai muito além da simples tentativa de justificar a impotência, inoperância, descaso, eximir-se de responsabilidades ela remete para algo mais concreto que são os interesses políticos e econômicos aos quais os governos encontram-se atrelados. Não há uma única atitude governamental que não os beneficie em detrimento de toda a sociedade mesmo que não aparente. Só não enxerga isso sob duas situações: ou se é um tolo inveterado ou está sendo beneficiado pelo sistema. De outra maneira é fácil perceber os engodos e não se precisa ler nas entrelinhas.
A administração petista se reconhece como a única eficaz, transformadora, uma verdadeira benção divina e devido a isso entendem que devem permanecer no comando enquanto durar a eternidade e um pouco mais. É óbvio que sob a batuta do presidente Lula, O Ignorante Desbocado, mesmo porque ninguém dentro da agremiação petista ousaria dizer o contrário sob pena de ser sumariamente defenestrado. Contagiados (ou contaminados) pelos delírios esquizofrênicos do “cumpanheiro-mor” foram obrigados a engolir Dilma Roussef (PT-SP), ex-assaltante de bancos, ex-guerrilheira/terrorista, pseudo-doutoranda, ex-chefe do Gabinete Civil e atual desocupada, mesmo sob o risco de uma intoxicação. Uma última pesquisa (sic) dá vantagem ao ex-governador José Serra (PSDB-SP) e mesmo que fosse digna de crédito é muito cedo para se dizer alguma coisa mais concreta. Estamos - como já disse - mais uma vez irremediavelmente entre a catástrofe e o desastre. Amigo meu, pouco afeito a termos elegantes, saiu-se com uma metáfora obscena para expressar-se a cerca da vitória nas urnas de um ou de outro candidato: “se a curra é inevitável...” Devo dizer que a sociedade brasileira não tem feito outra coisa. Não por gosto e sim por falta de opção. E caso permaneça alienada esta situação não será alterada de modo algum. Eleição após eleição estamos concedendo permissão para nos violentarem e, eis o pior, não tomamos providência alguma para que os abusos cessem. Somos violentados sistematicamente moral e fisicamente, a fórmula milenar para efetivar-se a dominação. A pobreza moral e intelectual é ovacionada como atributos magníficos aqueles que se propõem a governar este país e, de fato, vêm a governá-lo.
Jose Serra é oriundo do governo anterior e, portanto, segundo a avaliação do presidente, responsável por todas as agruras da sociedade brasileira. Dilma Roussef é, segundo a mesma avaliação, a certeza na continuidade do fenomenal governo que se instalou nos idos de 2003. No Brasil jamais se pensou em políticas de Estado, mas sim de governos, ou seja, personagens com conveniências bem delineadas (às vezes pitorescos, outras grosseiros e na maioria das vezes desleixados, omissos e negligentes com os negócios públicos). Aliás, sequer se pensou seriamente na formação e condução de um Estado eficiente. De forma que, diante do “se correr o bicho pega e se ficar o bicho come”, recomendo o voto nulo. Certamente que alguém será eleito, porém, sem a nossa permissão para a consumação de mais um estupro à nação.
CELSO BOTELHO
19.04.2010