segunda-feira, 6 de setembro de 2010

ARAPONGAS, DILMA, SERRA, ANARQUISTAS...


A “arapongagem”, espionagem, bisbilhotice, invasão de privacidade ou outro nome que se queira dar não é uma atividade recente na sociedade humana, sempre existiu, seja no Império Assírio, Persa, Romano, Russo, Chinês, Inglês, Norte-Americano ou em Serra Leoa. Então porque este carnaval todo pela violação de informações fiscais da filha do candidato Serra ou de alguns “ilustres” - e nem tanto – contribuintes na Receita Federal? Agente público envolvido com o ilícito é mais corriqueiro que andar para frente. Ora, pipoca! O caseiro Francenildo teve seu sigilo bancário violado, porque o da alta e baixa “nobreza” desta maltrapilha República não pode ser? E é exatamente o sigilo (fiscal, bancário, telefônico) destes últimos que servem aos propósitos velhacos do governo. Será que ainda existe algum camarada suficientemente idiota para acreditar no sigilo (qualquer um deles) quando as informações estão com o governo e pode utilizá-las da maneira que mais lhe aprouver que, por sinal, invariavelmente, são as mais sórdidas e safadas possíveis. Não estou defendendo esta prática, muito pelo contrário, apenas estou surpreendido com a reação desses paquidermes politiqueiros e penduricalhos que são useiros e viseiros em lançar mão dos serviços prestados pelos arapongas e congêneres, às vezes por décadas a fio. Tanto o Dilmão quanto o Serrão sabem perfeitamente o valor de uma informação de cocheira. A primeira foi membro da organização Colina (Comando de Libertação Nacional) e do Var-Palmares (Vanguarda Revolucionária Palmares) e o segundo foi um dos fundadores da AP (Ação Popular, responsável pelo atentado à bomba no aeroporto de Guararapes em Recife em 1966 matando duas pessoas, um almirante e um jornalista e ferindo outras). Portanto, não poderiam ter quaisquer escrúpulos para obter as informações que norteavam suas ações. Pois é, então não estamos lidando com anjos, mas com demônios.


Essas tralhas presidenciáveis estão encenando uma pantomima que devíamos atirar tomates e ovos, podres é claro. Não é a primeira vez, e nem será a última, que Dilma & Corriola fuçam a vida alheia em proveito próprio. Alguém, por acaso, está iludido que na vida pública brasileira exista a menor chance de encontrar-se um único valor moral integralmente aplicado? Caso encontremos pessoa assim devemos interná-la urgentemente no manicômio mais próximo, circundá-lo com um fosso repleto de crocodilos e jogar as chaves fora. Tanto o PSDB (Podemos Surrupiar Do Brasil) quanto o PT (Para Trapacear) são inescrupulosos, chavequeiros (meu saudoso pai assim se referia aos trapaceiros), moleques e salteadores, entre outras coisas. Para não me rotularem de injusto não excluo nenhum outro partido político desses adjetivos e até de outros mais depreciativos, principalmente o tal do PMDB (Para Me Dar Bem). De todas as eleições para presidente da República depois de 1985 certamente esta é a pior a começar pelos dois candidatos principais (os demais sugiro procurar uma obra para virar concreto ou uma pedreira para quebrar pedra com os dentes e se dêm por satisfeitos porque estou bem-humorado senão indicaria outros lugares). Nem contornos de que se transformasse num plebiscito entre o governo do sociólogo e do metalúrgico delinearam-se. O PSDB teve oito anos para construir uma candidatura e o melhor que consegue é José Serra e Geraldo Alckmin? Então não desejavam retornar ao poder. No dia 3 de outubro os eleitores deverão referendar o governo petista: aprovado. Jose Serra não empolga, não tem programa, não tem discurso e não tem o que fazer nesta campanha (como não teve na anterior). Dilmão também não empolga, mas tem a tiracolo um cabo eleitoral com – segundo consta – 80% de aprovação da população brasileira (“me inclua fora destes”) e com uma bagagem muita sortida que atendeu o varejo (Bolsa-Família e penduricalhos) e o atacado (banqueiros, empresários e outros ordinários). O programa da “queridinha presidencial” registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) teve que ser substituído à última hora por outro que não é para valer e, diga-se de passagem, nenhum deles é para valer mesmo. No PT para valer só mesmo as “alfaces” (dólar). O discurso “dilmistico” não passa de uma repetição de papagaio de pirata e ainda por cima fanho. Por formação e convicção sempre considerei imprescindível a existência do Estado, um “mal necessário” como disse Voltaire. Porém, examinando bem a realidade brasileira esse mal não é tão necessário assim dado o seu desmantelamento, inércia, incompetência e impotência. Talvez – e só talvez – deva analisar melhor a proposta anarquista, pode ser que traga algum alento as minhas esperanças de mudanças. Quem sabe se eliminando o Estado brasileiro a ordem e progresso estampado em nossa bandeira possa realizar-se porque pior não pode ficar.


Como o mundo inteiro já sabe o Dilmão leva esta, e só esta porque não terá direito a reeleição, pois sua principal função será tomar conta da cadeira para seu Criador-Chefe-Padrinho-Protetor em 2014. Contudo, a prudência nos ensina que urna é igual bolsa de mulher e cabeça de juiz, nunca se sabe o que está dentro. Bem se a tendência se confirmar o PT volta ao governo, ou melhor, não sai. José Serra vai chorar na cama que é lugar quente. Os Dilmistas-Lulistas devem segurar o grito de já ganhou, afinal não se chuta cachorro morto. Quanto a mim continuo convicto em anular o meu voto porque a curra será cruel e inevitável, acontecimento nada corriqueiro quando se trata da relação governo-povo ou tarado-vítima, dá no mesmo.


CELSO BOTELHO

02.09.2010