sábado, 28 de janeiro de 2012

REFORMAS MINISTERIAIS NA SEXTA REPÚBLICA




Reforma ministerial


Desfile de Escola de Samba



Conversa de Botequim


Reforma ministerial, desfile de escola de samba e conversa de botequim quem já assistiu uma vez sabe que é sempre igual. Vamos nos ater a reforma ministerial (sic) que já dá muito pano para manga. Assisti várias e todas se revelam ou um fracasso ou um fiasco ou ambos. Vários presidentes conseguiram a proeza de trocar seis por nada ou menos que isso. E “a presidento” não fará diferente mesmo que assumisse sozinha a tarefa quanto mais que contará com o “auxílio luxuoso” do ex-presidente Lula, O Ignorante Desbocado. Posso entender o “pedido de ajuda” “do presidenta-faz-de-conta” ao “ex-presidente-manda-de-verdade”: primeiro: não sabe o que fazer; segundo, não tem espaço ou trânsito para fazê-lo caso soubesse e terceiro, está ciosa de sua função de guardiã da cadeira presidencial até 2014. Lula é traquejado, astuto e lambão mais que o necessário e conhece muito bem os meandros emporcalhados da prática política brasileira. Segundo consta o ex-presidente não fará indicações, apenas construirá perfis. Que desfaçatez! Mas, pensando bem, de fato não fará indicações e sim imposições como antes. E os perfis que construirá obedecerão aos seus interesses pessoais, políticos, eleitoreiros e outros inconfessáveis. A tomadora de conta de cadeira ergue a maltrapilha, rota e esfarrapada bandeira da “governabilidade” que, trocando em miúdos, significa atender os correligionários, aliados, simpatizantes, aloprados, cúmplices, asseclas, parasitas e outros demônios. Governabilidade para os politiqueiros tupiniquins significa assentar todas as tralhas e trastes em cargos e funções públicas onde possam se locupletar (e aos seus), reforçar suas bases eleitorais e praticar uma quantidade apreciável de besteiras para não usar expressão mais chula, porém bem mais próxima de suas atuações.





Como sempre digo a História pode ser destorcida, manipulada, ocultada, mas jamais negada. O nefasto governo José Sarney (1985-1990) herdou todo o ministério, o governo e o mandato de Tancredo Neves (1910-1985), caso único na República. Naquela ocasião, muito delicada por sinal porque a extrema-direita não se conformava em largar o poder, Tancredo reuniu num mesmo ministério cobras, largatos, jacarés, camaleões e lagartixas também sob a capa da “governabilidade”, porém era o eterno jogo de atendimento aos interesses políticos, eleitorais e econômicos. Para começo de conversa manteve cinco sujeitos que declararam amor e fidelidade eterna ao regime militar (1964-1985) que se encerrava e pularam a cerca fazendo a mesma jura à senhora democracia que passava acabrunhada: Aureliano Chaves (1929-2003), ministro das Minas e Energia e ex-vice-presidente do último general-presidente-de-plantão João Figueiredo (1918-1999); Olavo Sétubal (1923-2008), ministro das Relações Exteriores e pimpão proprietário do famigerado Banco Itaú; Marco Maciel (1940-), ministro da Educação (notório admirador do poeta João Cabral de Melo Neto, 1920-1999, o que já é alguma coisa, se é que isso serve de consolo); Paulo Lustosa, ministro da Desburocratização e o nosso “popular” Antonio Carlos Magalhães (1927-2007), vulgo Toninho Malvadeza, como ministro das Comunicações. Na reforma ministerial Marco Maciel foi deslocado para a Casa Civil; Celso Furtado (1920-2004) foi convocado para a Cultura, eis um intelectual de gabarito num governo desqualificado; Íris Resende (1933-) para Agricultura, condenado em 2010, pela 3ª Vara da Fazenda Pública de Goiânia por improbidade administrativa; Jorge Bornhausen (1937-) assumiu a pasta da Educação. Com a edição ao Ato Institucional nº 2 o vice-governador de Santa Catarina teve seu mandato cassado pela ditadura em 1966 e em março do ano seguinte Jorge Bornhausen assumia o cargo alegremente. Em 1975 foi nomeado presidente do Banco do Estado de Santa Catarina por seu então governador Antônio Carlos Konder Reis que, por mera coincidência, era seu primo. Deixou o cargo para ser indicado governador pelo presidente Ernesto Geisel (1907-1996) em 1978, natural essa fraternidade entre alemães (vide acordo nuclear com a Alemanha celebrado por Geisel, O Alemão). Caso formos esmiuçar o governo José Sarney correrei o risco de ser processado por falta de asseio em meu blog. No entanto, posso fazê-lo ao poucos para minimizar a catinga que dele exala.


Collor Jones, O Indiana Tupiniquim das Alagoas


Governo, quadrilha ou bando seguinte: Collor de Mello. Não se pode dizer que foi uma reforma ministerial e sim, como ficou conhecido, “ministério da salvação” que, por um triz, deixou de receber em suas hostes Fernando Henrique Cardoso (1931-), O Entreguista e Privateiro e Tasso Jereissati (1948). Este último ex-governador (por três vezes) também tem um passado nada glorioso. Ostenta processo no STF por desvio de dinheiro público, faliu o Banco do Estado do Ceará. O Banco Central, O Carimbador Maluco, fez uma auditoria e seguiu os cheques dos falsos empréstimos feitos pelo BEC, e comprovou que os beneficiários foram os financiadores da campanha de Jereissati ao senado e, segundo consta, a “brincadeira” não foi inferior a R$ 1 bilhão. Collor já estava com a cabeça cortada há muito tempo, só que se recusava a acreditar. Bernardo Cabral (da dupla Cabral-Zélia) saiu do ministério da Justiça abrindo espaço para Jarbas Passarinho (1920-), este coronel (coronel de verdade, do Exército) então é um dos mais ferrenhos e entusiastas do maldito regime militar. Em 15 de junho de 1964 foi empossado governador do Pará em lugar do deposto Aurélio do Carmo cuja presença à frente do executivo foi dispensada pelos generais que tomaram de assalto o país. Em 13 de dezembro de 1968 na reunião com o presidente-general-de-plantão Costa e Silva (1899-1969) foi colocado na mesa o Ato Institucional nº 5 o então ministro do Trabalho e Previdência Social Jarbas Passarinho disse: “às favas os escrúpulos” diante da indecisão momentânea dos presentes tomando o documento e o assinando para encorajar os demais dando início ao período mais vergonhoso de nossa História. Deixou o ministério no governo Collor antes das investigações que culminariam em sua derrocada. Foi chamado o Célio Borja (1928-), outro filhote da ditadura, que “inventou” a fusão do Estado do Rio de Janeiro e Guanabara a pedido do alemão (Ernesto Geisel) em 1973, até então candidato-general-eleito-empossado. O ministro Célio Borja, teve um encontro com o futuro presidente no centro do Rio de Janeiro e dali saiu a proposta da fusão da Guanabara com o Estado do Rio, ao ser alçado ao “posto” de líder do governo na Câmara dos Deputados o projeto foi levado a cabo. Conclusão: transformaram um estado rico num município pobre (Lei Complementar nº 20 de 1º de julho de 1974) para atender um casuísmo do regime militar. Ainda no “ministério da salvação” Collor substituiu Zélia Cardoso de Melo (da dupla Zélia-Cabral) por Marcílio Marques Moreira, este foi vice-presidente do UNIBANCO e conselheiro do BNDES, O Bondoso, banqueiro tem sempre um lugarzinho no governo, afinal alguém tem que pagar as contas, com o dinheiro alheio. Ah, ia esquecendo que este senhor foi presidente do Conselho de Ética da Presidência no governo Lula.


Itamar Franco e o  Retorno do Fusquinha


Itamar Franco (1930-2011) assumiu a presidência e juntou os cacos que sobravam para montar seu governo. Fez com que o fusquinha voltasse à linha de produção e, caso ficasse mais tempo na presidência, certamente iria reintroduzir os bondes com tração animal, os trens “Maria-Fumaça” e a televisão em preto e branco. No ministério da Fazenda foi um desfile: Gustavo Krause (1946-) ficou apenas dois meses no cargo; Paulo Roberto Haddad (1939-) ficou três meses; Eliseu Resende (1929-2011), ministro dos Transportes no governo Figueiredo e esteve na Fazenda por pouco mais de dois meses; Fernando Henrique Cardoso, O Rei da Privataria. É bom lembrar que em 24 de março de 1990 em discurso no Senado Federal o sociólogo manifestou seu apoio ao Plano Brasil Novo (Plano Collor) dizendo, textualmente: “sabe V. Exª que sou defensor do plano. Sabe V. Exª que não sou só eu, mas o meu partido.” Prova cabal de que o sociólogo, além de ser um dos muitos baba-ovo de Collor entende tanto de economia como este que vos escreve decifra hieróglifos. Mas na votação do impeachment votou pelo esquartejamento do presidente. FHC e seus correligionários, aliados, cúmplices, simpatizantes, puxa-sacos e outras tralhas afirmam e reafirmam que o sociólogo é o “Pai do Real”, posto que quando se afastara do governo em março de 1994 deixara tudo pronto (o Real foi implantado em primeiro de julho de 1994), porém, segundo o falecido ex-presidente Itamar Franco (que ainda não estava nesta condição) “Isto é uma inverdade” e o nome de FHC surgiu por exclusão (e foi mesmo). Esta pendenga ainda vai durar muito tempo e é semelhante a disputa pelo título de Campeão Brasileiro de 1987 entre o Flamengo e o Sport, ambos se dizem vencedores. Na verdade os idealizadores do Plano Real foram os economistas Pérsio Arida (1952-); André Lara Resende (1951-); Gustavo Franco (1956-); Pedro Malan (1943-); Edmar Bacha (1943-); Clóvis Carvalho (1938-); Winston Fritsch, entre outros. Este último exerceu a presidência do banco alemão Dresdner Bank. Foi chamado Rubens Ricupero (1937-) que renunciou em setembro de 1994 após o episódio que ficou conhecido como o Escândalo da Parabólica. Numa entrevista ao jornalista Carlos Monforte revelava alguns detalhes do Plano Real enquanto se preparava para a entrevista que seria ao vivo no Jornal da Globo de 01.09.1994. Acontece que o link do satélite já estava aberto e nas casas onde as antenas parabólicas já estavam sintonizadas no canal 23 captaram a conversa informal do ministro como o repórter-cunhado que disse, textualmente: "Eu não tenho escrúpulos: o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde". É um cidadão desse calibre que exerceu a função de representante permanente do Brasil junto aos órgãos da ONU (Organizações das Nações Unidas) sediados em Genebra (1987-1991) e embaixador nos Estados Unidos (1991-1993). Encerrando o desfile veio Ciro Gomes (1957-), O Mané-Bobo, começou sua carreira política como deputado federal em 1982 pelo PDS, sucessor da ARENA. Em 2003 aceitou então convite de Lula para assumir o Ministério da Integração Nacional, responsável pelo desenvolvimento regional e obras de infraestrutura. No ministério, Ciro favoreceu os repasses a prefeituras do Ceará, o que foi objeto de uma investigação sobre o possível desvio de milhões de reais dos cofres públicos. Então o Fernando Bezerra Coelho, atual ocupante da pasta, não foi nada original em beneficiar seu Estado, Pernambuco. Em 2005 defendeu Lula no Escândalo do Mensalão e o que recebeu de troco? Uma sacanagem. Lula o orientou para trocar o domicílio eleitoral para São Paulo em troca da promessa de apoiá-lo para governador. Ciro obedeceu esperançoso. Lula roeu a corda. Nem Ceará nem São Paulo. Bem feito para deixar de ser um Mané.


FHC: O Rei da Privataria


FCH, O Pirata-Mor, promoveu uma grande rotatividade ministerial durante seu governo entreguista: em 96 meses foram 95 ministros, isso com 24 pastas, na média um ministro por mês. Algumas figuras devem ser relembradas. Luiz Carlos Bresser Pereira (1934-), que já foi presidente do Banco do Estado de São Paulo. Em 1987 editou o Plano Bresser que instituiu o congelamento dos preços, dos aluguéis, dos salários para corrigir o Plano Cruzado e a emenda saiu pior que o soneto. No governo FHC foi, deveras, um faz-tudo: ministro da Administração Federal, de Reforma do Estado e da Ciência e Tecnologia. Élcio Alvares (1932-) foi chamado para inaugurar o ministério da Defesa acusado de ter traficantes entre os clientes de seu escritório de advocacia em Vitória. FHC exigiu que ele reagisse, o que não aconteceu A demissão foi acertada com os comandantes das Forças Armadas, entre eles o general Gleuber Vieira e o almirante Sérgio Chagas Telles, que trataram de acalmar os quartéis para assegurar uma troca ministerial tranquila, sem colocar em risco a prevalência democrática do poder civil. O ministro não conseguiu responder às acusações divulgadas na imprensa de que tinha ligações com o crime organizado no Espírito Santo, foi substituído por Geraldo Magela da Cruz Quintão (1935-) que assumiu o ministério já integrando uma lista de autoridades a serem processadas pelo Ministério Público Federal pelo uso indevido de aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) quando à frente da AGU (Advocacia Geral da União). Segundo consta levantou vôo 219 vezes em aviões “chapa-branca”. Na época os comandantes militares expressavam preferência por algum militar da reserva. Geraldo Magela foi o autor do parecer favorável à venda de ações da Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) para um consórcio francês.


...E mais dez ministros


O “coronel” Gilmar Mendes lá do Mato Grosso “abrilhantou” o governo tucano com sua “dileta” figura como Advogado Geral da União (de 2000 a 2002) e ao apagar desta estrovenga de governo o sociólogo, grato por seus serviços à nação nomeou-me ministro do STF. Tal como haver fundado em 1998 (então era subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, de 1996 a 2000) com Gustavo Gonet Branco, procurador regional da República e Inocêncio Mártires Coelho, ex-procurador Geral da República um certo Instituto Brasiliense de Direito Público, instituição privada de cursos de graduação e pós-graduação em Brasília que faturou cerca de R$ 1,6 milhão em convenios com a União até 2008, segundo reportagem da revista Carta Capital (06.08.2008). De acordo ainda com a reportagem de seus dez colegas do STF seis eram professores deste instituto tendo como principais clientes a União, o STJ e o Congresso Nacional. Gilmar Mendes admite a sociedade alegando que a Lei da Magistratura permite. Entretanto, nem tudo que é legal é moral. Ao ser indicado para o STF o professor da Faculdade de Direito de São Paulo Dalmo de Abreu Dallari (1931-) declarou no Jornal Folha de São Paulo (SUBSTITUIÇÃO NO STF: Degradação do Judiciário. Opinião, Tendências e Debates, Folha de S. Paulo, 8 de maio de 2002): “Se essa indicação (de Gilmar Mendes) vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional. (…) o nome indicado está longe de preencher os requisitos necessários para que alguém seja membro da mais alta corte do país.” Na véspera de tomar posse como presidente do STF determinou, nos autos da reclamação nº 2186, o arquivamento de duas ações de improbidade administrativa contra dois dos ex-ministros do governo Fernando Henrique Cardoso, Pedro Malan e José Serra. Em 2008, a Polícia Federal efetuou a prisão do banqueiro Daniel Dantas e de várias pessoas ligadas a seu grupo na Operação Satiagraha. Antes mesmo da decretação da prisão, o banqueiro já havia impetrado Habeas Corpus no Superior Tribunal de Justiça, que foi indeferido fazendo o velhaco recorrer ao STF, O Bondoso, e Gilmar Mendes correu para deferir a liminar e permitiu o acesso aos processos.


Daniel Dantas mais feliz que pinto no lixo com o Judiciário brasileiro


O Fã-Clube de Gilmar Mendes, O Coronel


Um segundo pedido de liberdade formulado em favor de Daniel Dantas foi apresentado, após nova prisão preventiva determinada em 10 de julho de 2008 pelo Juiz Federal da 6ª Vara Criminal de São Paulo, Fausto de Sanctis (por esta atitude quase foi declarado inimigo público número 1). Em nova decisão, em 11 de julho de 2008, Gilmar Mendes, O Coronel, suspendeu os efeitos desta decisão de prisão preventiva, sob o entendimento de que sua fundamentação não se configurava suficiente para justificar a restrição do direito de ir e vir do banqueiro. Havia um precedente: Salvatore Cacciola (Banco Marka-Fonte Cidam) foi a mesma titica: soltaram o malandro e ele deu no pé. Mas Daniel Dantas não precisou fugir, pois certa vez disse, textualmente: “ tenho medo de juiz de primeira instância e Polícia Federal, porque lá em cima eu resolvo”. Em junho de 2010, concedeu efeitos suspensivos a recurso "ficha suja" Heráclito Fortes (DEM-PI), condenado por um colegiado do Tribunal de Justiça do Piauí por conduta lesiva ao patrimônio público em novembro de 2009. Seu argumento foi de que o condenado tem um recurso parado na justiça. Podemos ainda creditar a Gilmar Mendes o voto contrário a aplicação da Lei Ficha Limpa em 2010 recorrendo ao Art. 16 da Constituição Federal que estabelece o prazo de um ano de anterioridade para alterar-se o processo eleitoral. Mas, reflitamos, deixar nótorios corruptos, patifes, ordinários, larápios fora do processo eleitoral só poderiam alterá-lo, pelo menos em tese, para melhor. Gilmar Mendes tachou a lei oriunda de iniciativa popular de sandice e desatino, afirmando que "O povo não é soberano nas democracias constitucionais". Nesta ocasião, Gilmar Mendes chamou a lei Ficha Limpa de "barbárie da barbárie" e a comparou ao "nazifacismo". Mas, afinal, alguém poderia esperar outra atitude do “coronel”?




Políticos com históricos deprimentes, revoltantes e encharcados de crimes não são privilégio deste ou daquele governo. Estão presentes em todos eles. Proliferam-se como ratos e, aliás, o são. Iris Rezende (1933-), ministro da Justiça, a empreiteira Leão & Leão (a mesma do Palocci em Ribeirão Preto) teria “doado” R$ 300 mil para a campanha ao governo de Goiás, a empresa nega, mas até mesmo Pedro negou Jesus por três vezes. Andrade Vieira (1938-), último presidente do Banco Bamerindus e amigo de FHC há rolos de anos. Em 1982 o Banco Bamerindus, então o terceiro maior do país, vendeu ao empresário Alcino Oliver Perez duas fazendas em Cáceres, interior do Estado de Mato Grosso, perfazendo um total de 3.000 hectares. Terras férteis para o plantio que foram ter ao banco como ressarcimento de dívidas efetuadas por clientes e não pagas. Satisfeito com o negócio o Sr. Perez tratou de ocupar-se do registro do imóvel. A papelada adentrou pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e, imediatamente, descobriu-se que as fazendas estavam localizadas em reservas indígenas. Ora, que descuido do Banco! Recebeu as tais terras como garantia sem prestar muita atenção e vendeu-as desconhecendo que estavam localizadas em reseva indígena. Com a morte de Sergio Mota assumiu o ministério das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros (1942-) e com ele o Escândalo do Grampo no BNDES que o derrubou e o levou ao banco dos réus por improbidade administrativa. Em conversas gravadas na sede do BNDES, revelou-se um esquema de favorecimento de empresas no leilão de privatização da Telebrás, elaborado por Luiz Carlos Mendonça de Barros e André Lara Resende, então presidente do BNDES (ex-sócios no Banco Matrix), com a devida condescendência do Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, que também aparece nas gravações. Também foi denunciado pelo Ministério Público em outro processo, envolvendo a concessão irregular de empréstimos para a privatização da Eletropaulo. Em 2009 foi absolvido pela Justiça Federal das acusações de improbidade administrativa na condução da privatização das empresas criadas a partir da Telebrás feitas pelo Ministério Público, em decisão proferida pelo juiz titular da 17ª Vara Federal de Brasília, Moacir Ferreira Ramos. Em sua sentença, o magistrado deixou registrado: "Penso ser importante enfatizar que esta ação foi promovida em decorrência de representação feita por alguns políticos que, à época das privatizações do setor de telefonia, ostentavam notória oposição ao governo do Sr. Fernando Henrique Cardoso, que então administrava o país (...) Ora, se havia a preocupação com a apuração destes fatos, por que esses nobres políticos não interferiram junto ao governo atual, ao qual têm dado suporte, para que fosse feita, a fundo, a investigação dessas denúncias - sérias, enfatize-se - que apontaram na representação?" Releiam a sentença com atenção e percebam a pérola que o magistrado encontrou. E meu asco pelo Judiciário brasileiro sé faz aumentar.


Nelson Jobim, O Contrabandista, brincando de general


Os professores da Universidade de Brasília, Adriano Benayon e Pedro Rezende, também consultores legislativos da Câmara e do Senado, puseram na Internet o dossiê com a pesquisa e a denuncia do estelionato praticado por Nelson Jobim depois de minuciosa pesquisa em todas as atas de todas as sessões de debates e deliberação, e das reuniões da Comissão de Sistematização na Assembleia Nacional Constituinte e descobriram onde estava o contrabando na Constituição Federal de 1988. Aprovada a matéria no plenário, o regimento da Constituinte proibia que sofresse qualquer emenda de mérito. O parágrafo 3º do art. 166 da Constituição, aprovado no plenário, não foi objeto de emenda alguma, como não podia ser. Portanto, o acréscimo ao texto, na Comissão de Sistematização, foi feito às escondidas. Quer dizer, pode ser apresentada, ao Orçamento do governo, qualquer emenda menos para “anular despesas de dotações para pessoal e encargos” e “despesas constitucionais para Estados, Municípios e Brasília”. Jobim enfiou, com mão de gato, duas palavras piratas: “b) serviço da divida”. O Congresso não pode apresentar emenda nenhuma sobre “divida” e “juros” (Sebastião Nery, Tribuna da Internet, 06.08.2011). Ganhou o ministério da Justiça, a AGU, o STF e no governo seguinte a Defesa. Que coisa!


É. Pensando bem R$ 12 mil não era uma soma tão absurda


Renan Calhorda Calheiros (1955-), PMDB-AL, foi indicado pelo senador Jader Barbalho (PMDB-PA) para ocupar o ministério da Justiça, em substituição a Íris Resende (repare quem indica quem para o lugar de quem). Renan, afinal de contas, votou a favor da emenda (ou estupro) constitucional que previa a reeleição de presidente da República, governadores e prefeitos sem desincompatibilização, pelo aumento do imposto de renda, a destinação de verbas públicas para custear campanhas eleitorais, a reforma da Previdência e à prorrogação do FEF (Fundo de Estabilização Fiscal). Em 2007 a revista Veja denunciava que a empreiteira Mendes Júnior pagava R$ 12 mil por mês à jornalista Mônica Veloso. Segundo a revista, Mônica havia sido amante de Renan e tivera um filho com ele. Isto foi o estopim para uma série de denúncias de malfeitos do senador e presidente do Senado Federal: compra de rádios em Alagoas, em sociedade com João Lyra (1931-) deputado federal PTB-AL, em nome de laranjas; o ganho com tráfico de influência junto à empresa Schincariol na compra de uma fábrica de refrigerantes, com recompensa milionária; o uso de notas fiscais frias, em nome de empresas fantasmas, para comprovar seus rendimentos; a montagem de um esquema de desvio de dinheiro público em ministérios comandados pelo PMDB e a montagem de um esquema de espionagem contra senadores da oposição ao governo Lula. Ao todo, houve seis representações no Conselho de Ética do Senado por seus pares pedindo a cassação de Renan. Sob pressão do público, Renan desistiu da presidência, embora sem abandonar o mandato. Mas há muito mais lambões e lambanças do que se possa imaginar, notadamente em se tratando do governo FHC e de seu sucessor.


Que goela larga!


O presidente Lula foi mais econômico na modalidade revezamento de ministros, mas em compensação aumentou o número de ministérios para 37, posto que caso arrendondasse o número para quarenta estaria plagiando Ali Babá. No que se refere a habilitação, capacidade, probidade e honestidade não foi diferente de seu antecessor e até mesmo pior. Fica complicado avaliarmos quem é mais trapaceiro, corrupto e ladrão. E, por falar nestes atributos, começaremos por Antonio Palocci (1960-), O Milagreiro das Multiplicações, em apenas quatro anos como deputado federal multiplicou seu patrimônio em míseras vinte vezes. O enriquecimento ilícito o tirou da Casa Civil do governo Dilma (que, na verdade, é um adendo ao governo Lula), mas isso não tem importância: já havia enricado. Em 2005, Antonio Palocci Filho se viu envolvido no escândalo do Mensalão, após ser acusado por Rogério Buratti, seu ex-secretário na primeira gestão como prefeito em Ribeirão Preto (SP), de receber entre 2001 e 2004 R$ 50 mil mensais de propina da empresa Leão & Leão, que seria favorecida em licitações da prefeitura. O dinheiro seria usado para abastecer um caixa dois de candidatos do PT. Quando prefeito foi acusado de fraudar licitação para a compra de cestas básicas, que deveria incluir a compra de uma lata de molho de tomate peneirado com ervilha, especificidade que gerou suspeita de fraude e favorecimento. O caso foi posteriormente arquivado pelo STF, O Bondoso. Buratti apareceu associado, em 2004, a uma suposta exigência feita por Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil, para a renovação de contrato entre a empresa GTech e a Caixa Econômica Federal. A GTech também acusa Buratti de extorsão, que este fazia em nome de Antonio Palocci Filho. Em 2006, Palocci foi demitido pelo presidente Lula do cargo de ministro da Fazenda. Sua situação ficou insustentável a partir da quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa, testemunha de acusação contra Palocci no caso da casa do lobby, mansão alugada pela chamada "República de Ribeirão Preto" para servir de sede para reuniões de lobistas e encontros com prostitutas, conforme investigações da CPI dos Bingos. Foi inocentado pelo STF, O Bondoso. Francenildo declarou ter visto o então ministro frequentando a mansão para reuniões de lobistas acusados de interferir em negócios de seu interesse no governo Lula, para partilhar dinheiro além de abrigar festas animadas por garotas de programa (estas festinhas em Brasília são mais comuns do que se imagina e rola de um tudo). Seu depoimento na CPI foi cancelado por uma liminar expedida pelo STF, O Bondoso, a pedido do senador Tião Viana (PT-AC), hoje governador daquele Estado semi-haitiano. Em maio de 2010, Palocci sofreu seis ações populares que atestam propaganda irregular em 2001 em sua segunda gestão na cidade de Ribeirão Preto. Após duas ações movidas pelo deputado federal Fernando Chiarelli, o juiz André Carlos de Oliveira, da 2ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto, julgou o caso, que reuniu todas as sentenças, e condenou Palocci a devolver R$ 413,2 mil aos cofres públicos, além de outros R$ 500 mil de suplementação de verba gastos com empreiteiras, valores não corrigidos monetariamente. Como os gatos e ratos são os mesmos podemos juntar o dois últimos governos num balaio só: Carlos Lupi, do Trabalho com convênios fajutos, acumulava duas funções públicas ao mesmo tempo entre 2000 e 2006 e o descarado disse que só saia à bala, e bala grande devido seu tamanho. Ora, se tamanho fosse documento o elefante haveria de ter dominado a Terra e não virar atração de circo. Alfedo Nascimento, Transportes, em julho de 2011 a revista Veja publicou uma matéria sobre um esquema de propina que estaria acontecendo dentro do ministério. O rebento deste ministro “lulaliano-dilmaniano”, um tal de Gustavo Morais Pereira, teve seu patrimônio aumentado em 86.500% no período de 2009 a 2011. A construtora de Gustavo, a Forma Construções, que foi criada com um capital social de R$ 60 mil, teve seu patrimônio aumentado para mais de R$ 50 milhões. Mas se o rebento do presidente Lula, o Lulinha, abriu uma bodega (Gamecorp) com R$ 200 mil de capital social e obteve um contrato milionário com a OI passando de funcionário de zoologico a empresário bem sucedido porque o filhote do ministro não poderia também enricar?


Celso Amorim, ao fundo, como elemento decorativo no ministério da Defesa


Celso Amorim ocupou as Relações Exteriores com Lula e está na Defesa com Dilma (com ela é sempre bom andar na defesa, de ex-guerrilheiros nunca se sabe o que têm na cachola) demonstrando sua total falta de qualificação, habilidade política ou sensibilidade para ambos os cargos. Celso Amorim que apoiou a ditadura do Sudão e Cuba; entregou a Hidroelétrica de Itaipu para o Paraguai; deu de mão beijada nossas refinarias na Bolívia; não prestou homenagem a Theodor Herzl (1860-1904), jornalista judeu austro-húngaro que se tornou fundador do moderno Sionismo político, em Israel, mas depositou flores no túmulo de Yasser Arafat (1929-2004) e apoiou o débil mental do Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã. Não parou ai. Na UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) apoiou o egípcio anti-semita Farouk Hosni que declarou não hesitar em queimar pessoalmente livros israelenses que encontrasse em qualquer biblioteca do Egito, desprezando o brasileiro Márcio Barbosa por motivos políticos e ideológicos, que contaria com o apoio dos Estados Unidos e dos países europeus. Em 2005 tentou eleger para a OMC (Organização Mundial do Comércio) Luis Felipe de Seixas Corrêa e o único país que votou no Brasil foi o Panamá. No mesmo ano tentou eleger nosso velho conhecido João Sayad para a presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e dos nove membros só quatro votaram no Brasil sendo que do Mercosul apenas a Argentina. A política externa brasileira na gestão de Celso Amorim está recheada de fracassos, concessões, conivências, conveniências, contradições e estupidez. Em 2006 o Brasil votou contra Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), porém em 2005 negou-se a condenar o governo do Sudão por proteger uma milícia genocida que praticara um massacre em Darfur (Até meados de 2006, entre 150 e 200 mil pessoas haviam sido mortas e pelo menos dois milhões haviam fugido). Em 2009 o Brasil cede sua embaixada em Honduras para abrigar sorrateiramente Manuel Zelaya ficando por lá quatro meses. O Itamaraty declarou que não toleraria governo golpista em Honduras e, logo a seguir, reuniu-se, reconheceu e confraternizou-se com os mais perversos ditadores africanos – responsáveis por inúmeros massacres étnicos. Baniu a língua inglesa como necessária para o cargo de embaixador e como eliminatória no exame de carreira. Não esqueçamos os fracassos inexplicáveis em relação às negociações de Doha. Dos 35 países que participaram o Brasil, certamente, foi o mais prejudicado. Nos últimos anos abandonou-se a formulação de acordos bilaterais apostando na multilateralidade da OMC. Em 2001 a estratégia brasileira era de que os países emergentes se unissem para pressionar os desenvolvidos. Em 2003 patrocinou a criação do G-20 que deveria agir unido para uma queda de braço com os países desenvolvidos. Em 2004 caiu a ficha que seus interesses aproximavam-se muito mais dos países desenvolvidos do que com os seus parceiros tradicionais então virou a cassaca e, com o fracasso da Rodada de Doha, ficou mal com todo mundo (MINISTÉRIO DA DEFESA: ETERNA TROCA DE LAMBÕES, krocodilus, Celso Botelho, 05.08.2011). Na Defesa só foi aceito pelos militares porque “a presidento” se comprometeu que seria apenas elemento decorativo na pasta, era e é só para constar.


Erenice Guerra, já ex-ministra acusada de vários delitos, na posse de Dilma


Erenice Guerra foi ministra-chefe da Casa Civil entre abril e setembro de 2010, quando, envolvida por denúncias, acabou pedindo demissão. Em setembro de 2010, embasada por depoimento de Fábio Baracat, empresário do setor de transportes, a revista Veja acusou Israel Guerra, filho de Erenice, de participar de um esquema de tráfico de influência, em que Guerra cobraria propina de 6% (considerando o apetite dos propineiros este percentual é até modesto) para facilitar, por seu intermédio, negócios com o governo. Sua irmã Maria Euriza Carvalho, quando assessora jurídica da EPE, contratou sem licitação, um escritório de advocacia que tinha como sócio o outro irmão da ministra, Antonio Alves de Carvalho. O sócio responsável pelo escritório. Erenice não foi bem sucedida na tentativa de obter direito de resposta contra a revista Veja e seu pedido de resposta para defender sua honra (!?) foi arquivado sem análise de mérito em primeira instância. O interessante é que esta senhora é advogada especialista em Direito Sanitário, ora vejam! A inútil Comissão de Ética da Presidência da República decidiu, por unanimidade, punir Erenice Guerra com censura ética pela omissão de informações, não entregando sua Declaração de Informações Confidenciais (DCI) pena que, certamente, foi concedida fundamentada na tese do “ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”. Convidada ou não estava na posse “do presidenta” distribuindo sorrisos.


Repetindo o ministro: "Podia ser pior."


Outra “sumidade” presente nos dois últimos governos é o ministro da Educação Fernando Haddad. Para começar as falhas do ENEM 2009, 2010 e 2011. Em 2009, provas foram furtadas, levando a elaboração, reimpressão de aproximadamente 4 milhões de provas e remarcação do exame para nova data na qual 1,5 milhão de estudantes não compareceram. No total foram gastos mais R$ 131,9 milhões para aplicação de novas provas, que tiveram contratos fechados em caráter emergencial, sem a realização de licitações (que maravilha é viver! Royalties para Hélio Fernandes). Em 2010, ocorreram erros de impressão, provas com questões repetidas e fora de sequência e divulgação de gabarito errado após a realização do exame. Para realização do exame foram gastos R$ 180 milhões, dos quais R$ 150 milhões foram empenhados sem a realização de licitações (idem ao parenteses anterior). Em 2011 houve vazamentos de questões para alunos de um colégio particular de Fortaleza. No começo de 2011 foram distribuídos pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos para mais de 484 mil alunos, livros que continham erros de concordância verbal como "nós pega o peixe" e "os menino pega o peixe". Outro livro, um guia de matemática que foi distribuído para 39 mil classes de áreas rurais continha erros básicos de operações aritméticas. Em maio de 2011, foi divulgado na internet vídeos que foram produzidos pelo ministério da Educação que tratavam de questões sobre transsexualidade, bissexualidade e relações entre gays e lésbicas. Os vídeos seriam distribuídos para 6.000 escolas e se destinavam a professores e alunos na faixa etária de 14 a 18 anos. Os kits foram contestados por alguns parlamentares (especialmente pelo deputado da extrema-direita Jair Bolsonaro, O Destemperado) por estimular a prática homossexual dentro das escolas. “O presidenta” não gostou dos vídeos e determinou que não circulasse oficialmente, porém sobre extra-oficialmente não se pronunciou. Portanto, ficamos sem saber se os alunos terão acesso ao Kama-Sutra, versão petista, no mercado paralelo.



Sem legenda por questões de higiene e boa educação


Outro conhecido pulha foi José Dirceu, ministro da Casa Civil (eta lugarzinho para abrigar malfeitores dos mais variados graus!). Sua demissão ocorreu em meio à crise política que surgiu após denúncias de corrupção nos Correios e em outras empresas estatais. Em dezembro de 2005, aproximadamente à meia-noite e meia, José Dirceu teve seu mandato cassado por quebra de decoro parlamentar. Em 2006, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF), quarenta pessoas, entre políticos e empresários, participantes do esquema do mensalão (agora são 39 porque o Sivio Pereira, secretário do PT, fez um acordo e recebeu a “brutal” pena alternativa de prestação de serviço comunitário que, por sinal, não sabemos informar se cumpriu). O procurador indiciou por crimes graves (corrupção ativa, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato) os ex-ministros do governo Lula José Dirceu (Casa Civil), Anderson Adauto (ministro dos transportes), Luiz Gushiken (Comunicação Estratégica). Em 23 de fevereiro de 2010, a Folha de S.Paulo cita que Dirceu foi contratado por R$ 620 mil pela principal empresa do grupo empresarial privado beneficiado com reativação da estatal Telebrás. O dinheiro teria sido pago entre 2007 e 2009 pelo dono de uma companhia sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. Hoje despacha num hotel de luxo em Brasília recebendo autoridades, canalhas e outros safados para conspirarem contra tudo e contra todos.


Concordo de fora a fora com o Orlando Tapioca Silva


Exemplo claro de desprezo pelo povo (o que é corriqueiro entre essa raça de politiqueiros) deu a então ministra do Turismo Marta Suplicy (PT-SP) ao ser questionada em 2007 sobre a crise aérea que assolava o país: "Relaxa e goza que depois você esquece de todos os transtornos!" Dá uma baita de uma vontade de responder isto com uma grosseria cavalar, mas, assim fazendo, estaria me nivelando por baixo. No esporte tivemos o Orlando Tapioca Silva defenestrado do ministério por desvio de dinheiro publico através do Programa Segundo Tempo. Antes disso já havia sido pago com o cartão corporativo R$ 8,30 por uma tapioca, fato que lhe valeu a alcunha. O medo de perder a boca no governo era tanto que no decorrer do Escândalo Orlando Silva devolveu todo o dinheiro gasto no cartão do qual era portador, no total de R$ 30.870,38. Foram devolvidos inclusive os gastos realizados conforme a legislação. Silas Rondeau, ministro das Minas e Energia, em 2007, entregou carta de demissão ao presidente Lula devido ao seu envolvimento em esquemas de fraudes em licitações para realização de obras públicas. Segundo a investição da Polícia Federal, foram feitas gravações que comprovariam o envolvimento de Silas com a empreiteira Gautama. Denunciado na Operação Navalha, em maio de 2008, Rondeau já era alvo de outro inquérito da PF, desta vez destinado a apurar tráfico de influência em órgãos públicos e outros ilícitos, também com o envolvimento do empresário Fernando Sarney, pimpolho do presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP) que obteve uma liminar probindo o jornal O Estado de São Paulo (Estadão) de vincular em suas páginas qualquer notícia que envolvesse o “nobre” cidadão. Após o escândalo dos Atos Secretos, foi descoberto também que a filha de Silas Rondeau, a jovem Nathalie Rondeau, de 23 anos, foi nomeada em 26 de agosto de 2005, por meio de um Ato Secreto, para trabalhar no Conselho Editorial do Senado. Outro que quando ministro da Integração Nacional beneficiou seu Estado-Carnaval foi Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). Auditoria realizada pelo TCU indicou que o Estado da Bahia foi favorecido com a liberação de verbas destinada às ações de prevenções a catástrofes. Entre 2004-2009, a Bahia recebeu R$ 133,2 milhões, equivalente a 37,25% do total de recursos liberados no período para ações de prevenção a desastres. Ciro Gomes na pasta beneficiou o Ceará; Geddel Vieira a Bahia e Bezerra Coelho Pernambuco, portanto está na hora de nomear qualquer paspalho do Estado do Rio de Janeiro para que também seja beneficiado com o repasse de verbas e assim sucessivamente num rodízio. Muitos ministros ficaram de fora desta matéria não por esquecimento, proteção ou quaisquer outros tipos de relacionamentos e sim para não irritar-me e irritá-los mais ainda. Mas não poderia de citar mais algumas desas Suas Excelências: Tarso, O Genro, entre outras façanhas concedeu status de “refugiado político” ao homicída e foragido Cesare Battisti; Franklin Martins, Defensor da Mordaça, que se vangloria de ser um dos autores (o outro foi Fernando Gabeira) do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick (1908-1983) em 1969; Luis Gushiken, acusado em processos no Tribunal de Contas da União e no Supremo Tribunal Federal; Aldo Rebelo, O Comunista-Capitalista, autor do “brilhante” Projeto de Lei nº 2762/2003 destinado a criar o Dia Nacional do Saci Pererê (31 de outubro) para substituir o Halloween; Benedita da Silva, deixou o governo após usar recursos públicos em um evento religioso na Argentina. Devolveu o valor das diárias e das passagens após o caso ser divulgado pela imprensa, pois, caso contrário, tenho cá minhas dúvidas se o faria. Edison Lobão, que de Minas e Energia seus conhecimentos estão reduzidos em ligar e desligar interruptores; Matilde Ribeiro, esta fez a festa com os cartões corporativos com aluguel de carros, viagens, hotéis, compras em pet-shop, tudo no sugestivo valor de R$ 171 mil. Jaques Wagner que, como governador da Bahia, contratou uma empresa para administrar um hospital-fantasma na cidade de Seabra usando dinheiro vivo e público. E a lista é imensa.




No atual governo, que ainda não disse a que veio, além de figuras tradicionais nos escândalos e outras patifarias envolvendo todo tipo de crime estrearam alguns novatos. Entre os veteranos estão Fernando Pimentel, Desenvolvimento, ganhou R$ 2 milhões em dois anos por palestras não proferidas; Guido Mantega, Fazenda, o ministro (que não cuida de conter a inflação) deveria explicar quais os assuntos que foram tratados num almoço nos fundos de um restaurante caro e refinado em São Paulo com Walter Appel, dono do Banco Fator, que, por mera coincidência, a pedido da Caixa Econômica Federal avaliou positivamente a compra de parte do Banco Panamericano de Silvio Santos. Aloizio Mercandante, Ciência e Tecnologia, Lula nunca o cogitou, em oito anos, para qualquer ministério. O manteve no Senado como “amarra-cachorro”, ameaçou até de renunciar a liderança em “cárater irrevogável”, mas o ex-presidente o fez voltar atrás na irrevogabilidade. Como prêmio pelos serviços prestados à ANABOL (Associação dos Baba-Ovo do Lula) foi imposto à Dilma e, agora, na falta de coisa pior vai para a Educação. Ideli Salvati, Relações Institucionais, antes fora imposta no ministério da Pesca que, na verdade, não “pesca” nada, se é que me entendem. Não esqueçamos que Ideli Salvati, quando senadora, foi uma das maiores expressões da ANABOL. Paulo Bernardo, Comunicações, apesar de haver cursado geologia sem concluir o curso, acredita ser um especialista em telefonia, televisão, rádio, banda larga, sinal de fumaça e mensagens enviadas por tambores. Moreira Franco, Assuntos Estratégicos (sic), este tem um currículo repleto de malfeitorias. Moreira Franco está há mais de duas décadas no Diretório Nacional do PMDB, legenda que moveu montanhas para encobrir todos os escândalos de corrupção no governo de José Sarney e sufocou todas as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) instaladas durante os oito anos de governo Lula. Participou de um dos maiores esquemas de fraude eleitoral do país em 1982, ainda durante o regime militar (é também dela filhote) quando tentaram a todo custo evitar a vitória de Leonel Brizola (1922-2004). A fraude foi comandada pelo chefe do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), general Golbery do Couto e Silva (1911-1987), O Bruxo; Rede Globo, O Diabo Veste Prata e Proconsult (empresa contratada para apurar as eleições daquele ano) e o contraventor Castor de Andrade (1926-1997), fiel aliado de Moreira e do regime militar. Os novatos são Tereza Campelo, Desenvolvimento Social; Miriam Belchior, Planejamento, que já colocou as manguinhas de fora no ano passado determinando que o governo federal não poderá convocar candidatos aprovados no número de vagas descrito no edital dos concursos. Entretanto, para o ministério que comanda as convocações de candidatos não sofreram qualquer restrição, é o clássico caso de “farinha pouca, meu pirão primeiro” ou “Mateus, primeiro os meus”. Alexandre Tombini, Banco Central; Iriny Lopes, Políticas para Mulheres e por ai vai a tropa.





Depois deste breve pincelar sobre composição de ministérios e reformas ministeriais duvido que apareça alguém que acredite que há governo no Brasil. Portanto, qualquer que seja a reforma “da presidento” Dilma Rousseff será, simplesmente, um novo arranjo político-eleitoral e econômico. Um mesmo espetáculo com outros atores. As pessoas capacitadas para integrarem o governo e dispostas a realizarem algo benéfico estão fora do jogo político ou por opção ou por exclusão dos trapaceiros que possuem dados com os cinco lados exibindo um seis. A cada eleição estamos entregando nosso país as quadrilhas cada vez mais sedentas em dilapidá-lo o mais rápido possível. O voto não irá resolver coisa alguma por mais pirotecnia que os candidatos exibam em suas campanhas. A sociedade precisa e deve se mobilizar para ocupar seu espaço no comando do país desalojando os corruptos, velhacos, patifes, calhordas e toda corja de malfeitores instalados nos três poderes da República sob pena de, num futuro próximo, nos inviabilizarmos como nação, posto que o Estado brasileiro esteja falido e podre há muito tempo. E esta exortação não é inédita neste blog. A reforma ministerial de Dilma Rousseff não mudará nem a lagoa nem os sapos, nem a toca nem os ratos.








CELSO BOTELHO

27.01.2012

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A INTEGRAÇÃO DA COELHADA

Família que se locupleta unida...

Tio Osvaldo... Coelho.

Como o coelho é um animal muito fértil nada mais natural de que surgir mais um nomeado pelo ministro lambão Fernando Bezerra Coelho. Agora foi tio Coelho, o Osvaldo, que já foi deputado federal e, segundo ele próprio, é perito em agricultura irrigada. Bem. Qualquer um pode dizer que é especialista em qualquer coisa, afinal todos mentem mesmo. O tio foi nomeado há quatro meses, pelo sobrinho, membro do comitê técnico-consultivo para o desenvolvimento da agricultura irrigada, criado dias antes por portaria do ministério. A patifaria é tão escancarada que chegam a criar comitês, conselhos, departamentos e mictórios para abrigar parentes e aderentes. De acordo com o noticiado na grande imprensa o tio Osvaldo, também Coelho, queixou-se de não estar trabalhando. Mas que criatura rara, que alma imaculada. Queixar-se por não trabalhar. O tal comitê, conselho ou cabide só se reuniu uma única para ser instalado e o tio Osvaldo desabafou: "Estou fazendo de conta de que sou conselheiro, mas não estou dando conselho nenhum. Não sei se o conselho é que está estático ou se é o ministro". É melhor que alguém o esclareça que sua função é exatamente essa: fazer de conta que é conselheiro, não dar conselho algum, até porque calado provará ser um inigualável poeta. Quanto sua dúvida sobre quem está estático não resta a menor dúvida que é o tal comitê, conselho ou brinquedinho de marmanjo desocupado criado pelo querido sobrinho-ministro, posto que este esteja dinâmico como nunca, como podemos verificar na matéria anterior deste blog (DESASTRES NATURAIS SÃO, DEVERAS MUITO NATURAIS PARA O GOVERNO, 07.01.2012) e, de mais a mais, tal bodega foi criada para permanecer estática. Mas o “distinto” ministro jura de pés juntos pela saúde de algum coelho já falecido que isto não é um caso de nepotismo com a seguinte justificativa: que o comitê, conselho ou toca não tem "personalidade jurídica". "Trata-se de um órgão colegiado, paritário, consultivo e opinativo. A função de conselheiro não é cargo em comissão ou função de confiança" e sem direito a remuneração. Mas que tio abnegado. Que cidadão exemplar. Que demonstração de patriotismo. Trabalhar sem receber. Nega veementemente também que seja um caso de nepotismo, será que o crime passou a ser chamar “tiosismo” ou “coelhismo” ou mesmo “bezerrismo”? Segundo o ministro- 90%-Pernambuco no máximo pode ser solicitada quando necessárias (e certamente tal necessidade é frequente) passagens aéreas e diárias. Mas não disse quantas passagens e para onde ou qual seria o valor das tais diárias. E, digamos que, por acaso ou má informação, chegue aos ouvidos do tio Osvaldo, sendo um perito em irrigação, que no deserto do Saara estejam desenvolvendo um formidável projeto de irrigação? Ele, naturalmente, solicitaria passagens e diárias compatíveis para o Egito.




O código de conduta da Comissão de Ética Pública, subordinado à Presidência da República (pode ser capenga, mas existe) afirma que "nomear, indicar ou influenciar, direta ou indiretamente, a contratação, por autoridade competente, de parente consanguíneo ou por afinidade para o exercício de cargo, emprego ou função pública" ofende o princípio da moralidade administrativa e compromete a gestão ética. Mas isto só no papel que, como estou farto de dizer, aceita qualquer coisa, desde obras de arte até os mais fedorentos excrementos. Ética no Brasil, pública ou privada, é tão comum quanto uma manada de elefantes voando graciosamente pelos céus.


Não é uma visão linda?


O Palácio do Planalto (leia-se Dilma Rousseff, afinal ela está presidente) tem uma encantadora justificativa para não mandar o coelho procurar outras folhagens para alimenta-se e aos seus: em ano eleitoral, não é de bom alvitre comprar briga com um aliado do porte do PSB. Mais uma prova irrefutável de que, pelo menos com essa Constituição híbrida (parlamentarista e presidencialista) o presidente é eterno refém dos partidos cada vez mais ávidos por ministérios, estatais, autarquias, departamentos, conselhos, comitês, lavabos, banheiros, etc. Nenhum presidente brasileiro conseguiu obter a maioria no Congresso Nacional e sempre foi preciso compor o que não significa abrir os cofres públicos para seus salteadores. Dilma não quer comprar briga com o PSB porque precisa do apoio do partido para as votações no Congresso Nacional e costurar acordos, conchavos e tramóias visando as eleições deste ano. Os interesses político-eleitorais e econômicos se sobrepõem a ética, a decência, a moralidade, a probidade e a vergonha na cara. O ministro afirmou estar tranqüilo, posto que “o presidenta” o apóia e nele deposita confiança e isto está explícito ao declarar que as acusações levantadas são inconsistentes. Ora, d. Dilma inconsistente é o seu preparo para ocupar este cargo. É por essas e outras que venho dizendo desde que Lula a impôs e ungiu candidata que entre nós existe um abismo moral intransponível. Segundo o noticiado na Folha de São Paulo o ministro comprou por duas vezes o mesmo terreno quando era prefeito de Petrolina utilizando-se, é claro, de verba pública. Isso é inconsistente? Intriga da oposição e da imprensa? Os desmandos no ministério também, na abalizada visão distorcida “do presidenta”, são inconsistências? Então me resta recomendar cuidar da vista e do vocabulário que utiliza.




Vejam só a desfaçatez. Clementino Coelho, irmão do ministro, perdeu a presidência da Condevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba), uma boca e tanto. Mas, como prêmio de consolação continua como diretor de Desenvolvimento Integrado e Infraestrutura, cargo que ocupa desde 2003. O maninho do ministro permaneceu quase um ano como presidente interino gozando de todas as regalias políticas do cargo contrariando um decreto presidencial que proíbe a nomeação de familiar de ministro. Na trilha da blindagem ao ministro a Casa Civil declarou que já havia recebido um pedido para substituí-lo. A Controladoria-Geral da União (CGU) correu para dar uma “mãozinha” utilizando-se do mesmo critério que foi posto em prática para absolver a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF) flagrada em vídeo recebendo propina e do também blindado ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel, companheiro de armas “da presidento”, que ganhou milhões em “consultorias”: foi antes. Clementino ocupou a interinidade antes de o irmãozinho ser nomeado ministro então a CGU entende que o decreto não foi atacado. Fernando, O Pimentel, ganhou milhões também antes de ser nomeado. Jaqueline Roriz antes de ser eleita e lúcifer era um anjo de luz antes de se tonar diabo. E Clementino diz candidamente que sua passagem pela presidência da Condevasf foi “ética e legítima” sem saber, naturalmente, o que é uma coisa ou outra.


Jaqueline Roriz (PMN-DF) recebendo propinha e, segundo os patifes da Câmara, foi antes de ser eleita e, portanto, inocente.



Caso utilizasse a expressão que todos são “farinha do mesmo saco” estaria depreciando e denegrindo a farinha, é claro.



 


CELSO BOTELHO

11.01.2012

sábado, 7 de janeiro de 2012

DESASTRES NATURAIS SÃO, DEVERAS, MUITO NATURAIS PARA O GOVERNO

Teresópolis/RJ em janeiro de 2011

Este entendimento pelas cabeças pensantes (sic) do governo (federal, estaduais e municipais) autoriza-me a aplicar-lhes a genial frase de Roberto Campos (1917-2001): “A diferença entre a inteligência e a estupidez é que a inteligência é limitada.” No entanto, são mais do que estúpidos. São velhacos, patifes, levianos, salteadores, facínoras, omissos, inaptos e, é claro, entre outras tantas formas de degeneração, são exímios corruptos. Os desastres naturais jamais ocorreram sem que dessem um mínimo sinal. Alguns são praticamente imprevisíveis, porém, sempre fornecem alguma indicação de que ocorrerão, mais cedo ou mais tarde. As chuvas que assolam o país fazendo vítimas humanas e provocando enormes prejuízos materiais faz, mais uma vez, o governo levantar seus traseiros de suas confortáveis poltronas para alardear a locação de verbas para as sempre abstratas obras de prevenção contra os desastres naturais. Estes anúncios fazem os canalhas (leia-se senadores, deputados, governadores, prefeitos, vereadores, banqueiros, empresários e outros trastes) pulular de contentamento. Pois é fato sabido e conhecido que irão faturar muito por fora (e por dentro). Que maravilha! Exclamarão. Além da grana gorda que está rolando para a Copa do Mundo e das Olimpíadas haverá um dinheirinho disponível para meter nas suas gordas algibeiras sem muitas delongas. Caso encontrasse algum destes pulhas em meu caminho minha irritação não seria aplacada somente fazendo-os ouvir dúzias de desaforos acompanhados de um belo chute no rabo. Talvez lhes aplicando uma coça que os moesse abrandaria minha fúria.


HISTÓRICO DAS ENCHENTES NO RIO DE JANEIRO

                                              Enchente no Rio de Janeiro em janeiro de 1966

 

Na época da fundação da cidade em 1565, o solo carioca era um vasto Paul (terra alagadiça, pântano, porção de água estagnada), com o mar invadindo a planície e ilhando os morros que constituíam a parte habitável para o homem. A várzea era pantanosa, cheia de brejos e lagoas. Quando chegavam as grandes chuvas, as águas desciam vertiginosas pelas encostas dos morros alagando a parte baixa e plana do Rio de Janeiro, que se transformava num imenso lodaçal. A parte enxuta do solo carioca era coberta de exuberante vegetação tropical, nascida na terra fértil, formando no emaranhado de cipós entre as árvores seculares, verdadeira floresta povoada de animais ferozes. (Teixeira, 1965 apud Amador, 1997 p.251)


                      Largo da Carioca no Rio de Janeiro onde existia uma lagoa no início do século XX

Isto significa que com o decorrer dos anos a cidade foi aterrada (lagoas, brejos, mangues, praias) desmontaram morros e modificaram a drenagem original. Como sempre os interesses políticos e econômicos prevaleceram na ocupação do solo. Designado Governador-Geral Mem de Sá (1500-1572) tratou de derrubar a mata para construir prédio e a cidadela do Castelo para a proteção da cidade. Nesta ocasião o Rio de Janeiro contava com, aproximadamente 150 habitantes que se lançavam na busca por áreas mais planas, a orla marítima. Em 1643 foi iniciada a drenagem da Lagoa de Santo Antônio (atual Largo da Carioca), que possuía comunicação com o mar por meio de um canal, que se dirigia para a prainha (atual Praça Mauá) alargando e aprofundando o valado, escorando-o com areia e cal (rua da vala). Esse canal facilitava o escoamento das águas das enchentes cuja ocorrência era freqüente na cidade. Em 1646, foi aberta outra vala que rumava em direção a praia do Carmo (Atual Praça XV), onde se estabeleceu a Rua do Cano, (atual 7 de setembro). O conjunto de lagoas do Boqueirão, do Desterro e da Carioca e brejos no Catete também foram aterrados. Para o aterro das duas primeiras, onde foi construído posteriormente o Passeio Público, foi promovido o desmonte do Morro das Mangueiras, um prolongamento do Maciço da Carioca. A lagoa da Carioca e os brejos que a circundavam, compuseram o Largo do Machado. Em 1857, sob concessão do imperador, Barão de Mauá (Irineu Evangelista de Souza, 1813-1889) canaliza o que havia sobrado do estuário de São Diogo entre a Praça XV e a ponte dos Marinheiros, numa extensão de 1176 metros. Em 1860 o canal é inaugurado e em 1876 a obra é complementada com a colocação de comporta junto à ponte (no atual viaduto dos marinheiros), da balaustrada em ferro e o plantio de setecentas palmeiras. Sob a administração do prefeito Francisco Pereira Passos (1902-1906) o Rio de Janeiro passou por profundas transformações. O Morro do Senado foi desmontado e o que restava das antigas lagoas foi aterrado. Abriram as ruas Mem de Sá e Salvador de Sá. Na Lapa inúmeros casebres foram demolidos (o famoso “Bota Abaixo”). Abriu-se também a Avenida Central, hoje Rio Branco. Caso fossemos citar toda a bagunça promovida pelos administradores do Rio de Janeiro ao longo dos séculos certamente consumiríamos inúmeras páginas deixando de ser um artigo para tornar-se num volumoso livro. Portanto, estes exemplos ilustram o descaso, a ausência de planejamento e o atendimento aos interesses político-econômicos sempre presentes.

O "Bota Abaixo" do prefeito Francisco Pereira Passos
(1902-1906)


As políticas públicas têm que considerar os mais diversos elementos para que seja efetiva sua atuação sobre as enchentes. O conhecimento sobre as formas e processos passados e atuais contribui na indicação de causas e efeitos de intervenções já promovidas direcionando futuras intervenções. As especificidades locais, as generalidades que compõem o espaço a ser modificado também devem ser consideradas. E as políticas devem acompanhar a conjuntura na qual ela atua, adaptando-se às transformações que ocorrem no espaço e na sociedade. “A forma de uma cidade é a própria forma do tempo de uma cidade e há muitos tempos na forma da cidade. Assim como, ao longo da vida, um indivíduo é atingido por profundas transformações físicas e interiores, também o espaço urbano sofre as conseqüências das mutações impostas pelo tempo e pela ação do poder.” (Lima, 1990).


Posto Seis, Rio de Janeiro, primeira década do século XX



CRÉDITO DE R$ 482 MILHÕES PARA PREVENÇÃO DE DESASTRES


Dinheiro Público


O governo “da presidento” Dilma Rousseff decretou (D.O.U. 05.01.2012) a reabertura de crédito extraordinário, em favor dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Defesa e da Integração Nacional, no valor de R$ 482,8 milhões, para a implantação do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais, Cooperação em Ações de Defesa Civil e obras de Prevenção e Preparação para Desastres. A Medida Provisória (aliás, uma excrescência tal instituto) 553 de dezembro de 2011 estabelece o uso destes recursos. A parte do Leão (ou Bezerra ou Coelho, tudo é mesmo bicho!) foi para o Ministério da Integração Nacional cujo ministro e ministério são suspeitíssimos e acusadissímos de corrupção e favorecimento político com verbas públicas. Segundo consta 90% dos gastos com a finalidade de prevenir desastres e etc. aportou graciosamente no seu querido torrão natal, isto é, Pernambuco. Mas, o “distinto” ministro nega peremptoriamente ter utilizado critérios políticos e partidários. Talvez no fundo de seu diminuto cérebro somente o percentual de 100% poderia caracterizar o favorecimento. O tal ministério inútil com um titular não menos inútil comprou 60 mil cisternas de polietileno no valor de R$ 210,6 milhões em outubro do ano passado para serem distribuídas a famílias carentes como parte do Plano Brasil sem Miséria (um dos canais por onde flui livremente o dinheiro público) cujo cadastro único contabilizou 738, 8 famílias carentes em oito estados do Nordeste e Minas Gerais sendo que deste total 22.799 (38%) estão destinadas à cidade de Petrolina (PE) onde o feliz rebento do ministro, um tal de Fernando Filho, é candidato este ano à prefeito e o “papai coruja” achou por bem alavancar a carreira do filhote com verbas públicas, é claro. O edital do pregão para compra das cisternas foi assinado por Clementino Coelho que, por obra e graça do destino vem a ser irmão do tal ministro da Integração Nacional que, aliás, já foi prefeito de Petrolina por três vezes (não o ministro, mas seu maninho) então presidente da Condevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). Pois é. Desde mato sai ou não sai muitos coelhos? Ou os bezerras não largam as tetas. Ministro vai ver se estou vendendo limonada com gelo no deserto do Atacama. Do montante está separado R$ 139, 840 milhões para “obras preventivas de desastres”. Para as ações da Defesa Civil a soma de R$ 304, 085 milhões. O ministério da Defesa “comandado” pelo lambão do Celso Amorim (vide O SUCATEAMENTO DA FORÇA AÉREA BRASILEIRA, “Recruta Zero”, postado em 23.12.2011) receberá R$ 32, 924 milhões para cooperação em ações de defesa civil e os R$ 6 milhões do Ministério da Ciência e Tecnologia serão gastos para implantação do Centro de Alertas. Caso estes Centro de Alertas sejam idênticos a alguns instalados em Teresópolis/RJ certamente não solucionará o problema, no entanto fará um barulho infernal na cabeça das pessoas que moram em áreas de risco. Nesta cidade o simplório do prefeito instalou sirenes ensurdecedoras para que a população possa fugir do local com a recomendação que carreguem consigo em sacos plásticos seus documentos e remédios no caso das chuvas avolumarem-se. Imagine sua casa e a de seus vizinhos desabando, seus familiares e vizinhos aterrorizados, o nível da água subindo, sem energia elétrica, uma sirene estridente que mais o apavora e você procurando seus documentos e remédios e o diabo do saco plástico para protegê-los. Esta foi a “jumental” ideia do prefeito da cidade.


       Nos bairros do Fischer, Vale da Revolta, Caleme, Perpétuo e Rosário em Teresópolis/RJ foram instaladas as geringonças 


CAUSAS DOS DESASTRES NATURAIS, SEGUNDO O NOBRE


Áreas de risco


Áreas de Risco


Em julho do ano passado aconteceu na sede da UNESCO/União Européia em Brasília um Ciclo de Seminários para se discutir a prevenção de desastres naturais e chegou-se à conclusão que o Brasil precisa e deve avançar mais também neste quesito, posto que não consiga avançar com um mínimo de razoabilidade na maioria deles (segurança pública, educação, saúde, transportes, habitação, etc.). De acordo com o Secretário de Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência e Tecnologia, Carlos Nobre, há três causas relacionadas às catástrofes no país. “A primeira é o aumento do número de moradores em locais de risco. A segunda vem das mudanças dos usos da terra e a terceira são as mudanças climáticas”. Este senhor é um profissional qualificado, uma larga experiência, especialização em Ciência da Terra, professor, detentor de vários prêmios e obras publicadas, etc. No entanto, as causas por ele elencadas dispensam tanta formação acadêmica e extensiva, posto que qualquer iletrado as conheça tão bem quanto ele. O que me deixou assombrado (ou embasbacado) foi o fato deste cidadão possuir tanta especialização para dizer o óbvio ululante e que a Terra é azul. Caso Noé contasse com tão sábia criatura para assessorá-lo talvez tivesse tempo para construir uma arca maior possibilitando-lhe resguardar outras coisas além dos animais como, por exemplo, monumentos históricos, tesouros reais e diversos documentos históricos que se perderam para sempre. Meu nobre (entendam como um trocadilho), as pessoas constroem em locais de risco por inúmeras razões e, dentre elas, a principal é a inoperância do Estado brasileiro com políticas habitacionais que não atenderiam nem um cupinzeiro. Os recursos são aviltantes, direcionados para grandes empreiteiras com projetos fora do alcance da maioria dos trabalhadores ou quando os alcançam são por critérios políticos, mormente via propinas. Os recursos alocados são sistematicamente desviados, mal gerenciados, desperdiçados, roubados, etc. Quanto às mudanças do uso do solo no parágrafo anterior dei uma pincelada de quem é o responsável pela mudança do relevo cometendo erros primários que desencadearam uma série de eventos catastróficos. O Estado é o primeiro e único responsável pela ocupação inadequada do solo, quer por interesse político, financeiro ou econômico As mudanças climáticas só foram possíveis devido às intervenções inescrupulosas, descabidas, políticas e descaradas dos governos, e isso vale para a maioria deles mundo a fora. Mas, neste evento na Capital Federal regado com excelentes comes e bebes por conta do contribuinte, o governo brasileiro somente foi capaz de informar que até o final de 2011 inauguraria um centro nacional de previsão de desastres naturais. Depois da tragédia na Região Serrana há um ano a previsão já estava pronta o que não se viu foram as ações que deveriam acontecer. Em Teresópolis/RJ um dos bairros mais afetados pelas chuvas de janeiro de 2011 foi criado por um ex-prefeito da cidade por interesse político, eleitoral e financeiro sem que houvesse um mínimo de preocupação com infraestrutura e com a segurança das pessoas. Portanto, seus apontamentos só indicam que o governo do qual faz parte tem-nos em conta de verdadeiros asnos.


NORDESTE EM ALTA


Mas a realidade é esta


Das duas uma: ou “o presidenta” Dilma Rousseff perdeu uma grande oportunidade de manter-se calada ou os muquiranas dos seus assessores estão lhe vendendo gato por lebre ou cão por lobo. De qualquer maneira a Chefe da Nação falou bobagem o que, aliás, era corriqueiro com seu padinho-mentor-inventor o ex-presidente Lula. A pantomima aconteceu no município de Curupira (PE) com a lembrança do desastre natural acontecido no ano passado. Disse “a presidento” que “acompanhou” o drama dos moradores no local e pela TV led do Palácio do Planalto, naturalmente. Porque também esteve na Região Serrana na má companhia do governador Sérgio Cabral andando na lama de galocha e tudo o mais (na ocasião, após testemunharam os horrores na região, receberam uma camisa oficial do Fluminense em Laranjeiras sorrindo para os repórteres com se houvessem chegado da Disneylândia e terem sido recebidos pelo Pateta para aconselharem-se). Quando o sol voltou a brilhar tudo permaneceu com dantes no quartel de Abrantes. Sobre a prevenção de deslizamentos, Dilma disse que a questão é de ocupação inadequada do solo, é ou não é uma supimpa “especialista”? Fico com a impressão que para “o presidenta”, seus auxiliares, puxa-sacos, correligionários, simpatizantes, cúmplices, aloprados, parasitas e toda ordem de desarranjados mentais a única ocupação adequada do solo para a população é uma cova rasa no cemitério e por tempo limitado. Para o Estado de Pernambuco assegurou que há R$ 11 bilhões para obras de contenção de encostas e retirada da população dos morros. Nada contra. Nossos irmãozinhos de Pernambuco merecem e devem ser socorridos, porém, o Estado do Rio de Janeiro também faz parte da Federação e, por sinal, é o segundo maior. Segundo Dilma Rousseff os nove estados da Região Nordeste são muito importantes no desenvolvimento econômico do país e que a região apresenta crescimento a taxas superiores das verificadas em outras localidades e afirmou que Pernambuco vive um momento bastante especial, citando como exemplo as obras da transposição do rio São Francisco e da Refinaria Abreu e Lima. Sinto muito, mas vou contrariar “o presidento”, uma vez que o dito não corresponde à verdade. A transposição do Rio São Francisco é um fiasco (vide postagem “O SERTÃO VAI VIRAR MAR E O MAR VIRAR SERTÃO? II” de 30.11.2011 e “O SERTÃO VAI VIRAR MAR E O MAR VIRAR SERTÃO? III” de 05.12.2011). Quanto a Refinaria Abreu Lima encontra-se atualmente sob forte suspeita do Tribunal de Contas da União (TCU), ficará pronta somente em 2016, com seis anos de atraso e quase uma década depois de iniciada sua construção. Constam até duas datas para a inauguração da refinaria: uma para o "início da operação", com previsão para junho de 2013. A outra é para a "data de conclusão", para junho de 2016. A construção de uma espaçonave para chegar até Marte e verificar se existe ou não marcianos no planeta vermelho pode demorar bem mais do que isso, porém, é justificável, explicável e aceitável. A refinaria é o maior investimento já realizado em Pernambuco, mas a Petrobras não sabe, até hoje, informar com precisão quanto ela custará. O orçamento, que começou em US$ 2 bilhões, hoje já é de US$ 14 bilhões. Que a Petrobrás não saiba quanto custe um quilo de farinha de mandioca é perfeitamente compreensível, porém não saber quanto vai custar uma refinaria é pura canalhice.


O fiasco da Transposição do Rio São Francisco


A Refinaria Abreu Lima com duas datas para ser inaugurada


Não negamos que nos últimos anos os nove estados do Nordeste vêm se desenvolvendo acima das expectativas. Em 2004 e 2005, por exemplo, a região cresceu acima do PIB nacional (US$ 93,6 bilhões) crescimento superior de países como o Chile e Argentina. Entretanto, a região mantém problemas históricos: agricultura atrasada e pouco diversificada, grandes latifundiários, concentração de renda e uma indústria pouco diversificada e de baixa produtividade; além do fenômeno natural de secas constantes (Polígono das Secas). As distintas características entre o nordeste e outras regiões do país, além de acentuar as desigualdades regionais, formaram um cenário propício à migração nordestina, em especial às áreas urbanas. Apesar de apresentar grande melhora nos últimos anos no que tange à qualidade de vida de sua população ainda possui os mais baixos indicadores socioeconômicos do país, tais como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Outros dados positivos da região são muito significativos e merecem uma análise mais amiúde. Contudo, por mais otimismo que se queira ter, o Nordeste do Brasil está muito distante ainda da realidade que o governo do PT alardeia aos quatro ventos.


O ESTADO DO RIO DE JANEIRO


"O Presidenta" esteve lá, assinou ordem de serviço e agora quer impor limites?


A lista dos municípios prioritários para a prevenção de desastres foi divulgada recentemente pelo Ministério da Integração Nacional. Os 56 municípios sob risco mais extremo fazem parte de uma lista maior, com 251 municípios, aqueles que registraram o maior número de desastres naturais com mortes nos últimos anos. O Estado do Rio de Janeiro tem 12 municípios em situação de risco extremo. Dos 56 municípios apenas Florianópolis recebeu R$ 308 mil e São Paulo, R$ 156 mil. Os valores representam, respectivamente, 1% e 0,5% do total pago neste ano do Orçamento de 2011 para a prevenção de desastres. Os demais 54 municípios prioritários não receberam nenhum centavo de obras autorizadas neste ano. Por quê? Porque o “consultor” e dublê de ministro Fernando Bezerra Coelho (o que surgiria se juntássemos os genes dos dois animais, a bezerra e o coelho, que bicho daria? Um bezoelho? Estaria unido o grande porte e a agilidade) desviou 90% dos recursos para o seu Estado Natal-Carnaval. Com a construção de cinco novas barragens em Pernambuco, o Ministério da Integração espera investir R$ 500 milhões nos próximos anos. Os gastos elevados em 2011, decorrentes do início das obras das barragens de Panelas 2 e dos Gatos, cujo custo é estimado em R$ 50 milhões, foram apenas o começo do complexo planejado em parceria com o governador Eduardo Campos (PSB), padrinho político de Bezerra Coelho, o Fernando (Bezerra Coelho parece nome de casa comercial para exportação de café em fins do século XIX). Em Pernambuco, nos últimos oito anos, os gastos com respostas a desastres foram oito vezes maiores do que com prevenção. As obras milionárias em Pernambuco nem sequer haviam sido autorizadas pela lei orçamentária de 2011, mas consumiram quase 90% dos pagamentos feitos no programa de prevenção de desastres. A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, informou que coube ao Ministério da Integração definir o destino dos gastos extraordinários anunciados em meio aos efeitos da tragédia da Região Serrana do Rio de Janeiro, no início do ano passado. Então, como se diz, Mateus, primeiro os meus. Mas, com seiscentos ou mais diabos, o que faz esta “ilustre” senhora no Planejamento, Orçamento e Gestão? Tricô, crochê ou fofoca? A Medida Provisória (versão moderninha do safado do Decreto-Lei) editada pela presidente Dilma Rousseff em 12 de janeiro passado o Ministério da Integração Nacional ficou autorizado a gastar R$ 700 milhões extras para enfrentar desastres provocados "por fortes chuvas e inundações" no Sudeste e no Sul, e pela estiagem no Nordeste. Em nenhum momento, a MP menciona as chuvas do ano anterior (2010) no Nordeste. Apenas 18 dias antes desta Medida Provisória perder a validade por falta de votação no Congresso, o Ministério da Integração Nacional se comprometeu a investir R$ 50 milhões em duas barragens em Pernambuco, a de Panelas 2, em Cupira, e a de Gatos, no município de Lagoa dos Gatos. O compromisso de gastos (tecnicamente, uma nota de empenho) foi registrado pelo Tesouro Nacional no dia 3 de maio, ocasião em que Dilma Rousseff recebeu em seu gabinete o governador Eduardo Campos e Fernando Bezerra, também Coelho, para tratar dos projetos de Pernambuco. Outro lambão que ocupou este ministério, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), mais modesto, destinou 60% para seu torrão também Natal-Carnaval. “O presidenta” quer dar “limites” à prática dos titulares dos ministérios de distribuírem os recursos que abençoe suas bases eleitorais. Isso seria o mesmo que pedir ao estuprador que não violentasse suas vítimas. A própria Dilma assinou, em agosto de 2011, duas ordens de serviço em Curupira e agora quer fantasiar? Impor limites que nem ela própria respeitou?


Mansão de Sérgio Cabral em Mangaratiba/RJ


Dilma Rousseff e Sérgio Cabral em janeiro de 2011 após testemunharem a tragédia na Região Serrana


Mas o velhaco do governador Sergio Cabral que sem jamais ter trabalhado amealhou um patrimônio invejável e possui uma mansão em Mangaratiba e não no bairro do Caleme ou Campo Grande em Teresópolis/RJ até hoje sem qualquer obra declarou, textualmente: "Não tenho o que reclamar do ministro Fernando Bezerra", isto comentando a aplicação dos recursos do ministério da Integração Nacional no Estado de Pernambuco como se este pulha de lá fosse o governador. Disse mais o “pacificador de favelas de araque”: "A presidente Dilma está completamente comprometida com essa reconstrução. Não temos o que falar do governo federal, a não ser agradecer" Ora, agradecer por não liberar um centavo sequer para o Estado que presumivelmente governa? É muito descaramento, babação de ovo ou pirou o cabeção de vez e, sem dúvida, é mais pífio do que aparenta ser. O secretário de Obras do Estado, Hudson Braga, disse que o ministério da Integração Nacional liberou no ano passado R$ 80 milhões para socorro às vítimas da tragédia na Região Serrana e R$ 70 milhões para reconstrução de uma ponte destruída pela enxurrada. Cacete. Que raio de ponte será esta que consumiu tanto dinheiro? Será a Ponte do Rio Kwai (The Bridge on the River Kwai, filme anglo-americano de 1957). R$ 10 milhões foram para a Minha Casa Minha Vida que, pelo menos em Teresópolis, não há um único beneficiário deste programa simplesmente porque jamais saiu do papel que galhardamente aceita qualquer besteira. Em Teresópolis não foi entregue uma única unidade do tal Minha Casa Minha Vida porque ninguém se interessou em construir bodega nenhuma. É pago um “aluguel-social” também concedido através de critérios políticos e muitos moradores sequer o receberam uma única vez sequer. Ainda segundo o assecla do governador. "Temos aqui em curso R$ 1,1 bilhão em obras, sendo que metade já contratamos. Tudo o que pedimos ao ministério da Integração e ao governo federal foi liberado. Temos a perspectiva de ter mais liberações." Devo estar muito mal informado ou secretário está tendo terríveis alucinações provocadas não se sabe com o que. Secretário enumere as obras, foram contratadas de que forma? Sem licitação? Diga o que pediu e recebeu do bondoso governo federal. Mostre alguns canteiros de obras (não vale aquelas virtuais que estão acostumados a apresentar). Que perspectivas são essas? Ora, vá lamber sabão na porta de algum hospício.


Ponte do Rio Kwai


AI DE TI TEREÓPOLIS


Manifestação em Teresópolis/RJ pelo afastamento do prefeito Jorge Mário


A CGU (Controladoria Geral da União) detectou desvio de recursos repassados pelo governo federal ao município de Teresópolis/RJ, na Região Serrana do Rio de Janeiro, em função dos estragos causados pelas fortes chuvas de janeiro do ano passado. Para a CGU, boa parte dos R$ 7 milhões destinados ao município, por intermédio do Ministério da Integração Nacional, teriam sido usados por empresas de fachada ou fantasmas. O prefeito Jorge Mário Sedlacek (sem partido, mas que era do PT) foi afastado e posteriormente cassado. Segundo o Ministério Público, houve pagamento de propina a funcionários públicos, desvios de verba, obstrução de Justiça, entre outras irregularidades. A prova mais contundente das safadezas do ex-prefeito está evidente logo em seu primeiro ano de mandato, 2009, o então procurador do município, Antônio Geraldo, publicou no Diário Oficial a contratação de um colega de profissão, o advogado André Koslowski, por R$ 50 mil. Para justificar a dispensa de licitação, o contratado era descrito como “especialista notável”, o que em tese permitiria a inexigibilidade. No entanto, uma semana depois, o valor do serviço aumentou para R$ 500 mil, um “aumentozinho” de 1.000%. A correção foi registrada no rodapé de página do Diário Oficial (“onde se lê 50 mil, leia-se 500 mil”). Koslowski acabou perdendo o caso para o qual foi contratado (evitar que a Justiça sequestrasse uma quantia em torno de R$ 7 milhões referentes a precatórios vencidos havia quatro anos) e recebeu da prefeitura cerca de R$ 363 mil por 45 dias de trabalho, já descontado o Imposto de Renda. O ex-prefeito foi condenado pelo Tribunal de Contas, posto que as despesas fossem pagas antes de serem empenhadas (Lei 4.320 de 17/03/1964)


Sem alternativa moradores voltam para suas antigas residências em Teresópolis/RJ


                                                      Arlei Rosa, prefeito de Teresópolis/RJ

Rigorosamente nada se fez durante o ano passado para prevenir ou minimizar os efeitos das chuvas que já estão acontecendo na Região Serrana. O prefeito foi afastado em definitivo, seu vice faleceu menos de quarenta e oito horas após ter assumido e seu substituto, o presidente da Câmara Municipal, Arlei de Oliveira Rosa certamente deve estar contando com outra tragédia para abocanhar mais recursos. Volto a repetir: o cidadão que fosse acusado, indiciado ou estivesse sendo processado por qualquer motivo (até por jogar papel de bala na calçada) sequer deveria ser-lhe facultada uma filiação partidária para disputar ou não cargos eletivos, indicação a cargo público e em hipótese alguma nomeação. Mas no Brasil quanto mais calhorda mais prestígio o delinqüente possui. O atual prefeito de Teresópolis/RJ desde 2008 responde na Justiça por haver vendido um automóvel Chevette com dívidas de IPVA e multas. A concessionária de energia elétrica Ampla também move ação contra o prefeito pleiteando a reintegração de posse de parte do terreno ocupado pelo anexo de sua empresa. O alcaide-mor simploriamente diz estar sendo vítima de perseguição política. Tal alegação é, no mínimo, ridícula uma vez não possui vida pública nem um pouco expressiva que possa ter atraído arraigados desafetos, muito menos se envolveu em disputas que pudessem lhe render ferozes adversários ou tenha se apresentado com paladino dos fracos e oprimidos contra os interesses econômicos locais. Ou seja, Arlei Rosa, politicamente, é o nada vezes nada elevado ao nada menos nada, mas alega que está “governando com o coração”, uma vez que lhe falta cérebro ou a quantidade minimamente adequada de neurônios para fazê-lo funcionar. As perspectivas para as eleições municipais em Teresópolis/RJ este ano são tão promissoras quanto o destino do Titanic ao romper o casco num iceberg. Como não devemos e nem podemos generalizar nada certamente pelo caminho haverá de surgir um ou outro candidato que se proponha sinceramente a desenvolver um trabalho sério, decente, coerente. No entanto, ou se perderão ao longo da caminhada engolidos pelas campanhas milionárias, pela apatia e desinteresse e manipulação do eleitor e pela perversa legislação eleitoral ou serão devidamente mantidos em estado de hibernação por conta do sistema.





CELSO BOTELHO

07.01.2012


Enchente no Rio de Janeiro em 2011