Quanto mais conheço os políticos brasileiros mais admiro e respeito os jumentos, os jegues, os jericos e as mulas (com ou sem cabeça), posto que aqueles exibam uma capacidade intelectual imensamente inferior a estes. Mas elogios à parte, o desgoverno “do presidenta” Dilma Rousseff vem exibindo alvissareiros resultados, inclusive nenhum. Depois de um vergonhoso PIB em 2012, uma expansão estrondosa, estridente e estrambótica de 0,09% “a mandatário” da nação tupiniqueira comunicou em seu programa de rádio “Café com a presidenta” (programa criado para a promoção pessoal do [a] presidente com recursos públicos, tipo palanque para massagear o ego e despejar demagogia) que os impostos federais na cesta básica seriam reduzidos em até 9,25% para carne, café, manteiga e óleo e de 12,5% em cremes dentais e sabonetes. Como diria nosso saudoso Mané Garricha (1933-1983) em resposta ao técnico Vicente Feola (1909-1975) sobre a tática a ser utilizada no jogo contra a então URSS: “já combinou com os russos?” D. Dilma parece não ter combinado nada com os empresários. Nos últimos doze meses a boa e velha farinha de mandioca acumula um aumento de 141,33% e o tomate de nossa salada de cada dia registrou uma alta de 89,4% no mesmo período.
Em setembro do ano passado “o presidenta” ocupou rede nacional de televisão, rádio, tambores e sinais de fumaça para anunciar redução nas tarifas de energia elétrica na ordem de 20%, porém se esqueceu de combinar com as empresas concessionárias e, sendo assim, de pronto a Cemig, Cesp e Copel se recusaram e optaram por não prorrogar os contratos de suas hidrelétricas nos moldes propostos pela União através da MP 579 transformada na Lei 12.783/2013 publicada em janeiro deste ano (com vetos “do presidenta” que, ao contrário dos royalties do petróleo, não foram derrubados) que permite prorrogar por 30 anos as concessões de geração, transmissão e distribuição de energia hidrelétrica e por 20 anos as concessões de geração de energia termoelétrica das concessionárias que aceitaram reduzir as tarifas. A não adesão destas concessionárias melou a bravata presidencial. Estas empresas são responsáveis por 25% da energia elétrica consumida no país. “A presidento” partiu para a demagogia afirmando que mesmo diante daquela recusa a redução chegaria aos 20% via recursos do Tesouro Nacional. Ora, quem abastece o Tesouro Nacional é o contribuinte, posto que dinheiro não nasça em árvores. Para honrar a palavra presidencial que, aliás, não é merecedora de nenhum crédito, o Tesouro Nacional deverá elevar os aportes no setor elétrico acima dos R$ 3,3 bilhões previstos inicialmente. Em outras palavras, qualquer redução no final das contas somos nós que iremos pagar. Em dezembro do ano passado o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, encontrou uma solução. Sugeriu que aqueles estados renitentes deveriam reduzir a alíquota do ICMS que incide sobre as tarifas de energia denominando tal tributo estadual como “impostozinho” e que aplaudiria tal atitude (nós também aplaudiríamos caso o governo federal deixasse de nos extorquir sistematicamente). Que as alíquotas de ICMS são exorbitantes, indecentes e abusivas todos nós concordamos, mas o governo federal desejar fazer limonada com o limão alheio é muita sacanagem.
Harry Houdini
Mas voltemos à cesta básica. O governo petista aproveitou a ocasião para informar que alterou a composição desta com o objetivo de “aproximar” mais daquilo que o brasileiro consome. Vejamos a nova constituição da cesta básica: carne bovina, suína, aves e peixes, arroz, feijão, ovo, leite integral, café, açúcar, farinhas, pão, óleo, manteiga, frutas, legumes, sabonete, papel higiênico e pasta de dentes. Mesmo um ilusionista com a habilidade Harry Houdini (1874-1926) não alcançaria a façanha de fazer com que a mixaria de R$ 678,00 compre tudo isto e ainda pague as contas de aluguel, luz, água, gás, transporte, remédios, etc. e etc. D. Dilma não parece uma comediante? Muito sem graça por sinal.
A mudança do ex-presidente Lula precisou de onze caminhões, inclusive um deles refrigerado
Na sequência do “reality show” radiofônico “a presidento” também asseverou que reforçará os Procons, certamente com uma robusta nomeação de mais companheiros à espera de uma “boquinha”. E aumentará a fiscalização. Quá-quá-quá-quá e quá. Ora, tradicionalmente os governos brasileiros têm aversão a todo e qualquer tipo de controle e não é o governo do PT que irá quebrar esta tradição, vocação e devoção. Mesmo porque já está no poder a dez anos primando por burlar qualquer tipo de controle e fiscalização. Um exemplo disso é o ex-presidente Lula, O Ignorante Desbocado e Fujão (recordar é viver: desde dia 23.11.2012 foge da imprensa mais do que o diabo foge da cruz, tudo por conta da Operação Porto Seguro da Polícia Federal haver desbaratado a quadrilha de venda de pareceres na qual resplandecia a figura de Rosemary Nóvoa Noronha, chefe do gabinete da presidência da República em São Paulo e companheira de viagens do ex-presidente no caso de d. Marisa Letícia não estar presente, denunciada pelos crimes de falsidade ideológica por duas vezes, tráfico de Influência, corrupção passiva e formação de quadrilha, empregou seu ex e atual marido, sua filha, os irmãos Paulo Vieira, ex-diretor de hidrologia da ANA, Agência Nacional de Águas; Rubens Vieira, diretor de infraestrutura da ANAC, Agência Nacional de Aviação Civil; José Weber Holanda Alvez, o número 2 na AGU, Advocacia-Geral da União, mas o número 1 também está enrolado o tal do Luís Inácio Adams), mas como estava dizendo, o Exu de Garanhuns deixou o Palácio do Planalto carregando em onze caminhões (um deles refrigerado) “seus objetos pessoais” tais como tapetes caríssimos, joias, obras de arte, vinhos, um crucifixo entalhado em uma única peça de madeira, etc. O saque deixou os funcionários do Palácio do Planalto constrangidos, embasbacados e impotentes. Outro exemplo de como o cidadão brasileiro é protegido por seu governo são as agências reguladoras criadas por FHC (1995-2002) e mantidas pelo governo da “moral e da ética” do Partido dos Trabalhadores que funcionam como sindicatos patronais e seus dirigentes invariavelmente recebem muitos mimos das empresas por eles “fiscalizadas”. No mesmo programa “o presidenta-candidato à reeleição” sacou sua vara de condão e anunciou que instalará em cada estado da federação (se o Brasil é uma federação eu sou o Coelhinho da Páscoa) "um moderno centro de atendimento integral à mulher com serviços de prevenção à violência doméstica e ferramentas de estímulo aos negócios.” É ou não é para “nóis” rir até se mijar todo? No site do Yahoo foi noticiado que um professor em 2010 confessou, espontaneamente, à Justiça e os peritos, que matara sua esposa usando um fio para enforcá-la e ainda tentara simular que houvera sido um suicídio. Não havendo o delito flagrante, sendo réu primário, não tendo antecedentes e, portanto, na interpretação da Justiça, não oferecendo riscos à sociedade não foi preso. Mas isto não é tudo. O assassino desde então vem recebendo a pensão da esposa e mais o seu salário de professor da rede estadual de R$ 2.509,00, mesmo encontrando-se afastado das salas de aula. D. Dilma acorda! Será preciso bem mais que um prédio bonito, um nome pomposo e uma cambada de parasitas no seu interior para tratar da violência doméstica contra a mulher e inseri-la no mercado de trabalho.
“O presidenta” afirmou (cada um afirma o que se bem lhe aprouver, é de graça) "A redução dos impostos da cesta básica é muito boa porque diminui a inflação e melhora a renda dos assalariados e de qualquer brasileiro, porque permite que ele compre o mesmo produto por um preço menor". Então recorremos à indagação do mestre Garrincha: “já combinou com os empresários?” O ministro da Fazenda (sic) Guido Mantega (está mais para margarina) recebeu um grupo de empresários do ramo de supermercados e da indústria de alimentos e “pediu” para que reduzam seus preços repassando a redução dos impostos para a população, também conhecida como burro de carga do paquidérmico Estado brasileiro. Bem, pedir qualquer cristão, judeu, islâmico, budista, hinduísta ou ateu pode pedir, o diabo é ser atendido. D. Dilma trata esta desoneração como se fosse uma renuncia fiscal (o governo deixará de arrecadar tanto e mais tanto e o correto seria o governo deixará de surrupiar do maltratado cidadão-contribuinte tanto e mais tanto). Ora, só pode haver renuncia fiscal quando há fisco e, no Brasil, o que há é confisco, extorsão e roubo. Num país que salário é tido e havido como renda; salário-mínimo é considerado o máximo em grandeza aritmética, poder de compra e justiça social; copa do mundo é prioridade nacional; o ex-presidente Lula é doutor honoris causa e o Congresso Nacional uma instituição que representa a população tudo é possível, inclusive jumento voar graciosamente por entre as nuvens. E, por falar em nuvens, há muito mais coisas entre o céu e a terra do que sonha “a presidento”. Decisões como esta, no máximo e com muito esforço, são meros paliativos e que não surtirão os efeitos pretendidos pelas “cabeças pensantes” de um governo inoperante e medíocre como o petista. Mas o que esperar de governos que não têm qualquer projeto para o país? Respondo: mais corrupção, desperdício, desvio, malversação dos recursos públicos, dilapidação do patrimônio público, mais concentração de renda, maior desigualdade social, mais miséria, sofrimento e dor. Enquanto persistir o modelo econômico neoliberal que premia a especulação e pune o trabalho, não se pode ter qualquer esperança. Mais do que qualquer conjuntura nacional ou internacional que possa se apresentar nossos problemas residem na estrutura e, neste caso, não cabe reformas, remendos ou reorganização e sim de uma nova concepção estrutural e tal empreitada não se faz por Medida Provisória ou Projeto de Emenda à Constituição. Demanda tempo, capacidade e honestidade intelectual, diálogo amplo com a sociedade, coragem, determinação, espírito público, probidade, responsabilidade, etc. atributos que, com certeza, não estão presentes nos políticos brasileiros, resguardando-se as raríssimas exceções, vozes solitárias e sem eco num deserto de quaisquer virtudes. Tanto o governo dos tucanos quanto o governo dos companheiros, associados a banqueiros, empresários e demais tralhas, não fizeram outra coisa senão arruinar o país e, desgraçadamente, a numerosa parte da sociedade desprotegida, humilhada, espinafrada e ao relento desde 1500. No golpe de 1964 os militares não possuíam qualquer projeto para o país ou programa de governo, mesmo por que o objetivo do movimento foi apear João Goulart (1919-1976) do governo e reprimir os comunistas. O primeiro objetivo foi cumprido integralmente, mas o segundo não foi atingido nem ideologicamente nem fisicamente, tai d. Dilma, Fernando Gabeira, Franklin Martins, José Dirceu, José Genoíno e muitos outros que não me deixam mentir. Porém, deve-se reconhecer que deixaram legados importantes em obras de infraestrutura, o preço foi excessivo para o país e a população, mas isto é outra história. Após vinte e oito anos de governos civis não podemos apontar nenhuma obra de infraestrutura de porte, apenas demagogia e roubalheira como a ferrovia Transnordestina (um trem descarrilou por falta de dormentes), a transposição do rio São Francisco (o concreto está rachado e o mato floresce no canal), o programa Minha Casa Minha Vida (imóveis construídos com materiais sem qualquer controle de qualidade comprometendo suas estruturas) ou o tal do Trem-Bala que, sem sair do papel, já está orçado em mais de R$ 30 bilhões que certamente duplicará ou triplicará assim que se abrir o primeiro canteiro de obras. Um desperdício de recursos que acabará como o Trem de Prata que fazia a ligação Rio-São Paulo desativado em novembro de 1998 devido a má conservação da via férrea que o obrigava a trafegar em baixa velocidade provocando atrasos e a concorrência da ponte aérea.
Bafo de boca...
...não ferve leite.
Portanto, “Sua Excelência” “a presidento” deveria saber que bafo de boca não ferve leite. Com mais da metade do mandato cumprido não é necessário esforço algum em concluir que está em campanha para reeleger-se e comandar mais quatro anos de mediocridades, dilapidação do patrimônio público (como a Petrobrás, por exemplo, que atravessa sua pior crise por conta de seu aparelhamento político), mentiras, demagogias, inoperância, inércia, incompetência, permissividade, fisiologismos, casuísmos, complacência e conivência com o ilegal ou imoral. Isto não significa que seus possíveis adversários (pelos menos os que já estão se apresentando) reúnam condições minimamente melhores que possam despertar qualquer esperança para este país e sua população (por população, neste caso, entenda-se que falo da maioria excluída, aviltada, vilipendiada, injustiçada e, sobretudo, tratada como seres humanos e cidadãos de segunda classe ou coisa pior).
CELSO BOTELHO
14.03.2013