Nove fora nada, o segundo
mandato de Dilma Rousseff começou logo após ter sido reeleita. E, de acordo com
a meteorologia, tudo indica que enfrentará chuvas fortes com direito a sonoras
trovoadas no decorrer do próximo período presidencial. Não é novidade alguma
que numerosa parcela do seu partido (sic) a rejeita desde o momento que o Lula
a fabricou. Decorridos praticamente quatro anos este contingente só fez
aumentar. Dizer que Dilma Rousseff é medíocre, incompetente, arrogante,
permissiva e mentirosa é como afirmar a esfericidade de nosso planeta. Os
políticos, veteranos e novatos, estão assanhados e muito ansiosos para que o
balcão de negócios seja reaberto em fevereiro já com os loteamentos dentro do
governo devidamente sacramentados. A história aponta inúmeros exemplos de
governantes que tentaram desvencilhar-lhe do establishment e deram com os
burros n’água. Essa conversa de “governo novo, novas ideias” é exatamente para
que tudo continue velho. Dilma não é o
que se pode chamar de pessoa agradável, boa de trato, educada e, portanto, terá
grande dificuldade com o Congresso Nacional, sempre pronto para rebelar-se e
chantagear qualquer presidente da República, exceto no caso dos generais de
plantão de 1964-1985. Segundo consta, durante todo o seu governo (?) recebeu
pouco mais de uma dúzia de parlamentares no Palácio do Planalto, porém isto não
a impediu de atender inúmeras “solicitações” da matilha apelidada de “base
aliada”, com todo respeito aos cães. O ex-presidente Collor (1990-1992) lamenta
até hoje não haver estabelecido “relações adequadas” com o Congresso Nacional.
FHC e Lula que não são bobos trataram os congressistas a pão de ló e os
“amigos” do governo também. Dilma Rousseff recebeu o esquema já pronto de Lula,
bastava mantê-lo abastecido com as “bondades” do governo, se é que me entendem.
Porém, Dilma Rousseff não conseguiu nem fazer prosperar uma lojinha
sem-vergonha em Porto Alegre quanto mais gerenciar um esquema desta magnitude e
muito menos a economia do país.
O próprio secretário-geral
da presidência da República Gilberto Carvalho, O Espião Que Veio do Nada, em
entrevista à BBC disse, textualmente: "O governo da presidenta Dilma
deixou de fazer da maneira tão intensa, como era feito no tempo do Lula, esse
diálogo de chamar os atores antes de tomar decisões. De ouvir com cuidado e
ouvir muitos diferentes, para produzir sínteses que contemplassem os interesses
diversos". Traduzindo para o português: o “dededa”, mau caráter e barbudo
“cuidava” de sua gente e de seus aliados, dentro e fora do governo, com muito
mais empenho e dedicação. O espião de Lula foi mais além: "faltou
competência e clareza" ao governo para avançar na questão indígena, e em
alguns episódios a gestão deu “tiros no pé". Segundo Gilberto Carvalho “não
faltou diálogo com os movimentos sociais, o que faltou foi o atendimento das
demandas. A reforma agrária e a questão indígena avançaram pouco. A reforma
urbana também decepcionou” e “Estamos com uma crise energética no país que não
é pequena e temos de realizar Belo Monte. Mas acho que houve erros no processo
de implantação da obra.” Os mais afoitos por certo estão boquiabertos com as
críticas deste “senhor” ao governo do qual sempre fez parte. Toda essa conversa
não passa de mais um estratégia do próprio PT. Exatamente como se deu no
escândalo do Mensalão. Neste episódio os “companheiros” foram denunciados pelos
mais variados crimes e o que o PT fez? Ofereceu os mensaleiros em sacrifício
fingindo-se traído e desonrado pelos “companheiros” criminosos enquanto davam
continuidade a crimes muito maiores como, por exemplo, o da Petrobrás. A esquerda
tem por vocação lavar-se em seus próprios dejetos. O PT já está arrumando o
terreno para as eleições de 2018. Caso se repita o desastre da “gestão” Dilma
Rousseff o PT estará preparado para jogá-la às feras sem qualquer remorso. Mas
se acontecer o contrário? Que “o presidenta” consiga algum sucesso na
administração publica e, notadamente, na economia? O PT também estará preparado
para colher os louros enaltecendo seus méritos e repetindo os chavões de
sempre. Portanto, seja qual for o desempenho de Dilma Rousseff no segundo
mandato o PT estará pronto. A esquerda sempre trabalha com duas ou mais
vertentes sempre reajustando seu discurso para atender as demandas que se
apresentem. A senadora e agora ex-ministra da Cultura (é hilário, mas é
verdade) Marta Suplicy também deixou o governo tecendo críticas a atual
presidente, textualmente: "Todos nós, brasileiros, desejamos, neste
momento, que a senhora seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho,
a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que
resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja
comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso
país. Isto é o que hoje o Brasil, ansiosamente, aguarda e espera".
Registre-se que tanto Gilberto Carvalho quanto Marta Suplicy pertencem ao grupo
do “Volta Lula”.
No dia 11 deste mês o
Diretório Nacional do PT divulgou uma Resolução onde está, uma vez mais, está explícita
sua estratégia de denominação plena e incontestável. O documento insiste em
realizar uma reforma política que irá legitimar a ditadura que sonham
implantar; retoma a “necessidade” de imporem o controle social da mídia (Lei da
Mordaça) que agora denominaram como sendo a “Lei da Mídia Democrática”, mais
bolivariano impossível e ressuscitam o Decreto-Lei 8.243/14 que estabelecem
“conselhos populares” inspirados nos sovietes criados por Stalin. No mesmo
documento pode-se constatar uma velha estratégia da esquerda: acusar seus
opositores de praticar os crimes que eles próprios cometeram quando afirma: “A
oposição, encabeçada por Aécio Neves, além de representar o retrocesso
neoliberal, incorreu nas piores práticas políticas: o machismo, o racismo, o
preconceito, o ódio, a intolerância, a nostalgia da ditadura militar”. Lula e
Dilma não praticaram a mesma política neoliberal? A presidente quando engajada
na VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares) jamais lutou pela
democracia, posto que esta organização e todas as demais visavam substituir a
ditadura militar pela ditadura soviética, castrista, maoísta e outros diabos.
Para a esquerda tanto faz que as acusações sejam verídicas ou não o que sempre
conta são os resultados que poderão ser obtidos. A esquerda é como o diabo:
existe para matar, roubar e destruir.
Passado o resultado da urna
os indicadores econômicos e sociais são divulgados confirmando, como de praxe,
a incompetência e mediocridade do governo da senhora Rousseff. Para começar a
ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão Miriam Belchior também no ultimo
dia 11 do corrente mês compareceu a Comissão Mista de Orçamento (CMO) no
Congresso Nacional e demonstrou total despreparado para o cargo, apesar de sua
formação acadêmica. A “professora” tentou justificar o envio de projeto de lei
do Executivo que permite ao governo abandonar a meta fiscal anteriormente
fixada para 2014 e prosseguir maquiando as contas públicas ou, para utilizar
seu eufemismo, recorrer a “contabilidade criativa”. Belchior, a ministra não o
compositor, do alto de seu mestrado em Administração Pública e Governamental
quer nos convencer que a mudança na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) não é
um cheque em branco nas mãos do Executivo que poderá abater integralmente os
gastos das desonerações tributárias e investimentos no PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento). Caso este projeto seja aprovado ultrapassará em
muito a meta deste ano de R$ 116 bilhões (cerca de R$ 150 bilhões). Com a lei
vigente o governo só poderia abater R$ 67 bilhões, mas com a que está propondo
o céu é o limite, não tem limite. A ministra asseverou que "o Brasil
seguirá buscando fazer e fará superávit primário". Este tal de “superávit
primário” tão falado é simplesmente o dinheiro que “sobra” nas contas do
governo depois de pagar as despesas, exceto juros da dívida pública. Por isso
ele é conhecido como a economia para pagar os juros. Não se pode esquecer que o
Orçamento da União é autorizativo e não impositivo e, portanto, os recursos são
corriqueiramente contingenciados. A pérola da ministra foi, textualmente: "A alteração na LDO tem como objetivo
compatibilizar a meta fiscal com o ciclo econômico atual", em outras
palavras, aplicar a “contabilidade criativa” a torto e a direito.
Os indicadores matreiramente
divulgados após as eleições revela a precariedade da economia brasileira na
gestão petista. Em setembro deste ano foi registrado um déficit de R$ 20,399
bilhões nas contas do governo federal, maior rombo mensal desde 1997. As contas
do governo só estiveram no azul em janeiro, março e abril deste ano. No ano o
que era superávit tornou-se um déficit de 15,705 bilhões (0,42% do PIB). O Tribunal
de Contas da União (TCU) apontou que se o governo federal não tivesse utilizado
a chamada “contabilidade criativa”, o resultado primário ajustado seria
negativo em 0,9% do PIB em 2013, ou seja, haveria um déficit de R$ 43,3
bilhões.
Diante destes fatos é
possível concluir que as chances da senhora Rousseff reverter a gravíssima
situação na qual os governos petistas esmeraram-se em tornar possível são as
mesmas de se encontrar água no sol. Dona Dilma já provou para a esquerda sua
inutilidade como agente de ruptura e não será nenhuma surpresa ser descartada e
substituída. Os primeiros sinais deste movimento estão nas declarações de Marta
Suplicy e Gilberto Carvalho. Sobre os
escombros de seu desastroso governo surgirá aquele que conduzirá a ruptura
institucional definitiva e sem retorno. Dilma Rousseff venceu as eleições e mais
do que antes foi alijada do poder. A
senhora Rousseff lembra a personagem de Dias Gomes, a viúva Porcina, aquela que
foi sem nunca ter sido.
CELSO BOTELHO
14.11.2014