sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A VIÚVA PORCINA DO PLANALTO





Nove fora nada, o segundo mandato de Dilma Rousseff começou logo após ter sido reeleita. E, de acordo com a meteorologia, tudo indica que enfrentará chuvas fortes com direito a sonoras trovoadas no decorrer do próximo período presidencial. Não é novidade alguma que numerosa parcela do seu partido (sic) a rejeita desde o momento que o Lula a fabricou. Decorridos praticamente quatro anos este contingente só fez aumentar. Dizer que Dilma Rousseff é medíocre, incompetente, arrogante, permissiva e mentirosa é como afirmar a esfericidade de nosso planeta. Os políticos, veteranos e novatos, estão assanhados e muito ansiosos para que o balcão de negócios seja reaberto em fevereiro já com os loteamentos dentro do governo devidamente sacramentados. A história aponta inúmeros exemplos de governantes que tentaram desvencilhar-lhe do establishment e deram com os burros n’água. Essa conversa de “governo novo, novas ideias” é exatamente para que tudo continue velho.  Dilma não é o que se pode chamar de pessoa agradável, boa de trato, educada e, portanto, terá grande dificuldade com o Congresso Nacional, sempre pronto para rebelar-se e chantagear qualquer presidente da República, exceto no caso dos generais de plantão de 1964-1985. Segundo consta, durante todo o seu governo (?) recebeu pouco mais de uma dúzia de parlamentares no Palácio do Planalto, porém isto não a impediu de atender inúmeras “solicitações” da matilha apelidada de “base aliada”, com todo respeito aos cães. O ex-presidente Collor (1990-1992) lamenta até hoje não haver estabelecido “relações adequadas” com o Congresso Nacional. FHC e Lula que não são bobos trataram os congressistas a pão de ló e os “amigos” do governo também. Dilma Rousseff recebeu o esquema já pronto de Lula, bastava mantê-lo abastecido com as “bondades” do governo, se é que me entendem. Porém, Dilma Rousseff não conseguiu nem fazer prosperar uma lojinha sem-vergonha em Porto Alegre quanto mais gerenciar um esquema desta magnitude e muito menos a economia do país.



O próprio secretário-geral da presidência da República Gilberto Carvalho, O Espião Que Veio do Nada, em entrevista à BBC disse, textualmente: "O governo da presidenta Dilma deixou de fazer da maneira tão intensa, como era feito no tempo do Lula, esse diálogo de chamar os atores antes de tomar decisões. De ouvir com cuidado e ouvir muitos diferentes, para produzir sínteses que contemplassem os interesses diversos". Traduzindo para o português: o “dededa”, mau caráter e barbudo “cuidava” de sua gente e de seus aliados, dentro e fora do governo, com muito mais empenho e dedicação. O espião de Lula foi mais além: "faltou competência e clareza" ao governo para avançar na questão indígena, e em alguns episódios a gestão deu “tiros no pé". Segundo Gilberto Carvalho “não faltou diálogo com os movimentos sociais, o que faltou foi o atendimento das demandas. A reforma agrária e a questão indígena avançaram pouco. A reforma urbana também decepcionou” e “Estamos com uma crise energética no país que não é pequena e temos de realizar Belo Monte. Mas acho que houve erros no processo de implantação da obra.” Os mais afoitos por certo estão boquiabertos com as críticas deste “senhor” ao governo do qual sempre fez parte. Toda essa conversa não passa de mais um estratégia do próprio PT. Exatamente como se deu no escândalo do Mensalão. Neste episódio os “companheiros” foram denunciados pelos mais variados crimes e o que o PT fez? Ofereceu os mensaleiros em sacrifício fingindo-se traído e desonrado pelos “companheiros” criminosos enquanto davam continuidade a crimes muito maiores como, por exemplo, o da Petrobrás. A esquerda tem por vocação lavar-se em seus próprios dejetos. O PT já está arrumando o terreno para as eleições de 2018. Caso se repita o desastre da “gestão” Dilma Rousseff o PT estará preparado para jogá-la às feras sem qualquer remorso. Mas se acontecer o contrário? Que “o presidenta” consiga algum sucesso na administração publica e, notadamente, na economia? O PT também estará preparado para colher os louros enaltecendo seus méritos e repetindo os chavões de sempre. Portanto, seja qual for o desempenho de Dilma Rousseff no segundo mandato o PT estará pronto. A esquerda sempre trabalha com duas ou mais vertentes sempre reajustando seu discurso para atender as demandas que se apresentem. A senadora e agora ex-ministra da Cultura (é hilário, mas é verdade) Marta Suplicy também deixou o governo tecendo críticas a atual presidente, textualmente: "Todos nós, brasileiros, desejamos, neste momento, que a senhora seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país. Isto é o que hoje o Brasil, ansiosamente, aguarda e espera". Registre-se que tanto Gilberto Carvalho quanto Marta Suplicy pertencem ao grupo do “Volta Lula”.



No dia 11 deste mês o Diretório Nacional do PT divulgou uma Resolução onde está, uma vez mais, está explícita sua estratégia de denominação plena e incontestável. O documento insiste em realizar uma reforma política que irá legitimar a ditadura que sonham implantar; retoma a “necessidade” de imporem o controle social da mídia (Lei da Mordaça) que agora denominaram como sendo a “Lei da Mídia Democrática”, mais bolivariano impossível e ressuscitam o Decreto-Lei 8.243/14 que estabelecem “conselhos populares” inspirados nos sovietes criados por Stalin. No mesmo documento pode-se constatar uma velha estratégia da esquerda: acusar seus opositores de praticar os crimes que eles próprios cometeram quando afirma: “A oposição, encabeçada por Aécio Neves, além de representar o retrocesso neoliberal, incorreu nas piores práticas políticas: o machismo, o racismo, o preconceito, o ódio, a intolerância, a nostalgia da ditadura militar”. Lula e Dilma não praticaram a mesma política neoliberal? A presidente quando engajada na VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares) jamais lutou pela democracia, posto que esta organização e todas as demais visavam substituir a ditadura militar pela ditadura soviética, castrista, maoísta e outros diabos. Para a esquerda tanto faz que as acusações sejam verídicas ou não o que sempre conta são os resultados que poderão ser obtidos. A esquerda é como o diabo: existe para matar, roubar e destruir.



Passado o resultado da urna os indicadores econômicos e sociais são divulgados confirmando, como de praxe, a incompetência e mediocridade do governo da senhora Rousseff. Para começar a ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão Miriam Belchior também no ultimo dia 11 do corrente mês compareceu a Comissão Mista de Orçamento (CMO) no Congresso Nacional e demonstrou total despreparado para o cargo, apesar de sua formação acadêmica. A “professora” tentou justificar o envio de projeto de lei do Executivo que permite ao governo abandonar a meta fiscal anteriormente fixada para 2014 e prosseguir maquiando as contas públicas ou, para utilizar seu eufemismo, recorrer a “contabilidade criativa”. Belchior, a ministra não o compositor, do alto de seu mestrado em Administração Pública e Governamental quer nos convencer que a mudança na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) não é um cheque em branco nas mãos do Executivo que poderá abater integralmente os gastos das desonerações tributárias e investimentos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Caso este projeto seja aprovado ultrapassará em muito a meta deste ano de R$ 116 bilhões (cerca de R$ 150 bilhões). Com a lei vigente o governo só poderia abater R$ 67 bilhões, mas com a que está propondo o céu é o limite, não tem limite. A ministra asseverou que "o Brasil seguirá buscando fazer e fará superávit primário". Este tal de “superávit primário” tão falado é simplesmente o dinheiro que “sobra” nas contas do governo depois de pagar as despesas, exceto juros da dívida pública. Por isso ele é conhecido como a economia para pagar os juros. Não se pode esquecer que o Orçamento da União é autorizativo e não impositivo e, portanto, os recursos são corriqueiramente contingenciados. A pérola da ministra foi, textualmente:  "A alteração na LDO tem como objetivo compatibilizar a meta fiscal com o ciclo econômico atual", em outras palavras, aplicar a “contabilidade criativa” a torto e a direito.



 Os indicadores matreiramente divulgados após as eleições revela a precariedade da economia brasileira na gestão petista. Em setembro deste ano foi registrado um déficit de R$ 20,399 bilhões nas contas do governo federal, maior rombo mensal desde 1997. As contas do governo só estiveram no azul em janeiro, março e abril deste ano. No ano o que era superávit tornou-se um déficit de 15,705 bilhões (0,42% do PIB). O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que se o governo federal não tivesse utilizado a chamada “contabilidade criativa”, o resultado primário ajustado seria negativo em 0,9% do PIB em 2013, ou seja, haveria um déficit de R$ 43,3 bilhões.



Diante destes fatos é possível concluir que as chances da senhora Rousseff reverter a gravíssima situação na qual os governos petistas esmeraram-se em tornar possível são as mesmas de se encontrar água no sol. Dona Dilma já provou para a esquerda sua inutilidade como agente de ruptura e não será nenhuma surpresa ser descartada e substituída. Os primeiros sinais deste movimento estão nas declarações de Marta Suplicy e Gilberto Carvalho.  Sobre os escombros de seu desastroso governo surgirá aquele que conduzirá a ruptura institucional definitiva e sem retorno. Dilma Rousseff venceu as eleições e mais do que antes foi alijada do poder.  A senhora Rousseff lembra a personagem de Dias Gomes, a viúva Porcina, aquela que foi sem nunca ter sido.

CELSO BOTELHO
14.11.2014