A situação financeira e a evolução patrimonial de candidatos a cargos públicos deveriam ser amplamente difundidas para a sociedade, porém existe a conveniência (e também a conivência) da grande imprensa (dos legisladores nem se fala) em ignorar ou – no máximo – publicá-las sem destaque e muito menos com um levantamento preciso da trajetória ocupacional dos candidatos e seus patrimônios. Vejam bem, falo em ocupação porque cargo eletivo não é profissão ou não deveria ser. Olhando os números fornecidos ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) só mesmo se fosse um completo asno os tomaria por certos, verdadeiros e indiscutíveis. Existem inúmeras maneiras para esconder a riqueza e outras coisas. Possuímos exemplos notáveis de políticos que enriqueceram no exercício de cargos públicos, aqueles que omitem o patrimônio utilizando os mais variados artifícios, aqueles que desfrutam um padrão de vida muito aquém daquilo que poderiam pagar e até mesmo aqueles que são pegos com a boca na botija e negam firmemente ter surrupiado os cofres públicos como é o caso, por exemplo, do deputado federal Paulo Maluf (PPS-SP) que se recusa a admitir ser o humilde titular de contas onde aportaram mais de US$ 400 milhões. Tapear a Receita Federal não se constitui em nenhuma obra de engenharia matemática, é muito mais difícil enganar um cego quanto ao valor de uma cédula. O TSE ao receber a documentação dos candidatos presume serem as informações verdadeiras e não é de sua competência questioná-las, investigá-las e rejeitá-las. Portando, uma vez tapeada a Receita Federal, o TSE é como tirar pirulito de criança distraída ou coisa mais lamentável. Sei de um político (não é o único), ativo militante da esquerda durante o regime militar (1964-1985), que em várias ocasiões sequer dispunha do dinheiro da passagem para embarcar num ônibus, trem ou barca. Hoje possui quatro possantes e caríssimos automóveis em sua garagem, mora num condomínio de luxo, tem participações societárias e outros investimentos, viaja regularmente para o exterior, etc. plenamente convertido ao capitalismo, a democracia e aos direitos humanos, conceitos e práticas antes satanizadas agora sacralizadas. E não levou muito tempo para deixar de ser seguidor da cartilha marxista-leninista, mas isso é outra história. Mesmo o melhor e mais apurado levantamento sobre a evolução patrimonial de qualquer político brasileiro não conseguirá reproduzi-la sem que imensas lacunas se abram e se mostrem perenemente sem solução. Os números apresentados ao TSE e divulgados são tragicômicos, pura peça de ficção e de quinta categoria.
Desejo esclarecer que elaborei a seguinte ordem para os candidatos, ou seja, nenhuma ordem. Todos, sem exceção, merecem um tratamento equânime de minha parte: irritação, desprezo e indiferença. Não tenho preferência por nenhum destes postulantes. Já declarei que votarei nulo pelo simples fato que, de qualquer maneira, serei estuprado e, sendo assim, tal violência não se dará com o meu consentimento.
Rui Costa Pimenta (PCO) declarou ao TSE ser proprietário de um terço de um imóvel no valor de R$ 80.000,00. Este candidato informou que os gastos em sua campanha deverão ser de R$ 100.000,00. Ora, convenhamos “seu” Rui essa importância sequer dá para realizar uma campanha para vereador em cidades pequenas. Este cidadão (isto para eu ser minimamente elegante) declara que as idéias de Leon Trotski (1879-1940) são a forma mais atual do marxismo e o socialismo é a solução para os problemas do Brasil e do mundo e, acrescento, talvez do próprio Universo segundo sua perspectiva. E só dizer aonde esta bodega de socialismo teve sucesso. É o maltrapilho falando do esfarrapado. Oriundo do PT agora o classifica como “socialista burguês” (o que é verdade). Será que esses comunistas no poder permitiriam que os democratas participassem da vida política do país? Claro que não.
Já o candidato do PRTB Levy Fidelix mostrou-se mais mão aberta ao informar que até outubro os gastos de campanha serão da ordem de R$ 10 milhões, valor ainda muito pequeno considerando-se as dimensões continentais do país. Diz possuir um patrimônio de R$ 150.000,00. O título do plano de governo é, no mínimo, curioso “Decálogo do Brasil Pra Frente” (lembra o general-presidente Médici, O Carrasco, 1905-1985). De acordo com o plano o país terá um “novo modelo de desenvolvimento nacional” e uma “mini-reforma constitucional” focando principalmente o setor bancário e financeiro com o objetivo de reduzir a carga tributária, porém não especifica coisa alguma. Desde que surgiu o Bolsa-Escola no governo FHC todos resolveram pegar uma carona. O presidente Lula, O Ignorante Desbocado, astuto, sacou de imediato ser o tal programa a “galinha dos ovos (ou votos) de ouro” reunindo todas as esmolas estatais e batizando de Bolsa-Família. Este candidato ousou mais prometendo para os beneficiários do programa o “salário-família”, hoje R$ 510,00 para cada família, ai sim a vagabundagem será institucionalizada. Confesso que não entendi porcaria nenhuma. O candidato não informa rigorosamente como há de ser as mudanças, mas não importa, pois não será mesmo eleito. Naturalmente voltará às telinhas com seu filme do aerotrem e aquele jingle sem-vergonha.
José Maria de Almeida (PSTU) abusou da modéstia ao declarar só possuir R$ 16.000,00 em patrimônio (um automóvel VW Gol 2006) e mesmo assim asseverou que os gastos serão de R$ 300.000,00, isso sim é ousadia. Sua companheira na chapa Claudia Alves Durans foi além declarando não possuir bem algum, pelo menos no seu nome e por enquanto. O candidato afirma que o “Brasil precisa de uma segunda independência”, mas quando foi que aconteceu a primeira? Quer tributar as grandes fortunas e combater a sonegação fiscal, certamente não nos explica qual é a fórmula que torna tais propostas exeqüíveis. O Zé Maria também ameaça reprisar o velho filme de terror de reajustes salariais mensais e congelamento de preços e tarifas. Mas não é só. Defende a estatização do sistema financeiro e a expropriação de grandes empresas e a reestatização das empresas privatizadas, isso não é programa de governo e sim pura falta do que fazer, dizer e pensar.
José Serra (PSDB) juntou todas as suas bugigangas e concluiu só possuir R$ 1,4 milhões, nada mal para um ex-marxista-leninista fundador e membro da Ação Popular (AP) nos idos 1960, mas... bem, deixa para lá. Os gastos na campanha presidencial tucana & Associados (DEM e PPS) deverão alcançar os R$ 180 milhões e o candidato justifica tal montante ser necessário para “se contrapor a mobilização da máquina governamental” e isso não faz sentido algum, pois, em 2002 o presidente da República era do seu partido e só não lhe foi plenamente disponibilizada por completa má vontade do sociólogo. Com uma grana dessas não desejaria nem a secretaria geral da ONU (Organização das Nações Unidas) quanto mais me aventurar numa disputa antecipadamente perdida. De qualquer maneira o candidato, não tendo programa de governo definitivo, juntou dois discursos (um feito em Brasília e outro em Salvador) e apresentou como tal ao TSE. Pois bem, o documento diz que a primeira série do ensino fundamental contará com dois professores na sala de aula e eu pergunto: para quê e por quê? Criação de um milhão de vagas em escolas técnicas não deixa de ser um alento, porém, é mero discurso. Serra propõe também criar 150 AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades) para realizar 27 milhões de consultas e 63 milhões de exames por ano. Interessante é o fato de que ocupou de 1998-2002 o ministério da Saúde e não notou que já aquela época havia esta carência. Certamente seguia a sua máxima, isto é, “finge que funciona”.
Segundo a candidata verde Marina Silva (PV) seu patrimônio está resumido em uma casa na capital do Estado, Rio Branco, no valor de R$ 60.000,00; alguns lotes avaliados em R$ 42.000,00 e R$ 46.000,00 depositados numa conta bancária. Posso imaginar três alternativas para a ex-ministra e senadora não ter avançado um pouco mais numa melhor formação de patrimônio: é perdulária, faz caridade a torto e a direito ou não sabe administrar seu dinheiro. Marina Silva informou que a pretensão de gastos será de R$ 90 milhões, sairia bem mais em conta se disputasse a reeleição (assegurada) para o Senado Federal. Gostaria de saber como a candidata pretende neutralizar as emissões de carbono na atmosfera? Qual será a fórmula mágica? Ou será feitiçaria? Aliás, é bom que se registre que nenhum dos programas de governo (se é que assim podemos chamar) é consistente. Todos são abstratos e não há nenhum projeto concreto.
De acordo com a declaração o mais rico é José Maria Eymael (PSDC) com R$ 3,1 milhões. Uma das propostas deste candidato é a implantar o Ministério da Segurança Pública que, segundo ele, terá como foco a segurança e será ocupado por quem entenda de segurança. Seria de estranhar que tal órgão viesse a cuidar da agricultura e seus integrantes fossem Phd’s em engenharia mecânica. Qualquer cristão, ateu ou muçulmano sabe que criar um ministério desses não resolverá coissíssima alguma. O programa diz que garantirá o SUS (Sistema Único de Saúde) e, ao que me parece ele é garantido, somente não funciona ou funciona muito mal e parcamente. E a ladainha se estende na Carta 27 Brasil – Diretrizes Gerais de Governo com promessas que sabemos, de antemão, que jamais seriam cumpridas se por obra e graça do destino alcançassem o poder.
O segundo lugar em patrimônio vai para Plínio de Arruda Sampaio do PSOL com R$ 2,1 milhões. De acordo com o candidato “a reforma agrária não irá melhorar a produção agrícola, mas sim a vida do povo pobre.” Isso é desconcertante. Então para que reforma agrária? E, sem ela, qual é a mágica para melhorar a vida dos pobres? O candidato também afirma que a redução da jornada de trabalho não é apenas para gerar mais emprego e sim para que o trabalhador tenha mais tempo para o lazer e para pensar. Ora, desde quando os socialistas defendem o direito ao lazer e ao pensar? Falam no fim da criminalização da pobreza e do movimento de desindustrialização pelo qual o Brasil vem passando (na sua ótica em breve estaremos de volta aos engenhos e fazendas), reforma na saúde, educação, etc. Gostaria que me apontassem um único país que foi ou é socialista que obtiveram sucesso. Essa lengalenga pode até ser bonita, porém, sabemos, é demagogia. Este cidadão já esteve associado a FHC & Corriola que, por sinal, lhe passou uma rasteira.
Este pessoal (socialistas, comunistas, progressistas, direitista, esquerdistas, centristas e o diabo a quatro) é uma turma de reacionários, baderneiros, velhacos e gatunos de primeira ordem. Não prestam nem para alimentar fogueira.
Dilma Rousseff do PT declarou um patrimônio de R$ 1,066 milhões e, confesso, por pouco não explodi de tanto rir e de tanta ira. A terrorista/guerrilheira assaltante de banco e residência, pseudodoutoranda, ex-ministra das Minas e Energia e da Casa Civil e capacho do presidente Lula, O Ignorante Desbocado, deve imaginar que somos imbecis para crer na informação. Só para termos uma noção o assalto à casa da amante do ex-governador de São Paulo Ademar de Barros (1901-1969) em 1969 rendeu cerca de US$ 2,5 milhões o equivalente hoje a mais de US$ 20 milhões e, segundo consta, a organização guerrilheira da qual fazia parte reverteria o dinheiro em benefício do povo. Resta saber qual seria o “povo” beneficiado. Dona Dilma, conta outra. Qualquer vereador de meia-pataca consegue amealhar um milhão de reais sem muito esforço e numa cidade pequena como, aliás, conheço alguns. Naturalmente caso seja perguntada mais uma vez sobre este ou outros episódios certamente alegará, como sempre, que não se lembra. Caso eleita, o Palácio do Planalto trocará o “não sabia” pelo “não se lembra”, ora D.Dilma vá ver se estou em alguma esquina no Tibete. Certamente deve se lembrar do congresso do VAR-Palmares em Teresópolis (RJ) quando a organização se dividiu entre os que defendiam a luta armada (militaristas) e os “basistas”, isto é, os que advogavam a favor de um trabalho junto às massas (que nome) e entre estes últimos estava Dilma Rousseff (ou Estela, ou Wanda, ou Maria Lúcia, ou Vânia ou qualquer outro codinome que tivesse) e a disputa pela divisão do dinheiro do assalto e das armas foi acirrada. O grupo de Lamarca ficou no Rio de Janeiro e o de D.Dilma foi para Porto Alegre (RS). Mas o que me chamou a atenção na declaração de D.Dilma foi um automóvel Fiat Tipo 1996 valendo mais R$ 30.000,00. Definitivamente a candidata está inflacionando o mercado de carros usados por mais conservado e por mais acessórios que o veículo possa ter (talvez esta carroça possa até voar ou plantar bananeira, tudo é possível em se tratando desta gente). Quem o avaliou ou é muito ignorante ou um puxa-saco muito safado. A campanha de D. Dilma deverá custar R$ 187 milhões, isso faria até Karl Marx (1818-1883) virar capitalista juramentado. O PT & Associados (PTN, PDT, PSB, PR, PC do B, PRB, PSC e PTC) entram na peleja com R$ 157 milhões e os espertalhões profissionais do PMDB com apenas R$ 30 milhões. E pensar que chamado para fundar um partido político não topei, prevendo no que poderia se transformar e, mesmo apreciando os jacarés, jamais permitiria meu nome na lama fétida que é a política partidária brasileira. Dilma Rousseff não sei em qual dos programas que apresentou ao TSE propõe “expandir o Orçamento da educação e erradicar o analfabetismo”, porém, é segredo de como fará. Criará o Fundo Constitucional de Segurança Pública (mais uma garfada no contribuinte). Resumo: seu programa é o video-tape do governo Lula só que muito piorado. E, caso não esteja muito ocupada, fará chover ouro em pó sobre ricos e pobres, claro que em maior nível pluviométrico para os primeiros.
Ivan Pinheiro (PCB) declarou possuir um patrimônio de R$ 355.000,00. Os estragos colossais que os comunistas fizeram e fazem quando assumem o controle de qualquer país não é segredo nenhum. No entanto, os dirigentes e apaniguados vivem como “burgueses” enquanto a população vai sendo escravizada. Defendem a estatização dos principais meios de produção para substituir a iniciativa privada controladas pelo Poder Popular que, trocando em miúdos, é a elite vermelha. O programa do PCB é tão consistente quanto gelatina. Só mesmo um imbecil pode crer que sua vida será um mar-de-rosas com estes “camaradas” no poder.
Por causa da verticalização imposta pelo TSE (os candidatos a presidente só podem participar de programas eleitorais quando a coligação regional reproduzir à nacional) o PHS desistiu da candidatura de Oscar Silva recomendando a sua regional do Distrito Federal que o incluísse como candidato a deputado federal e o PSL de Américo de Souza. O PT do B também desistiu de lançar a candidatura de Mario de Oliveira, representante dos órfãos e viúvas da ditadura militar, menos mal.
Contudo, juntando o patrimônio e a previsão de gastos de campanha de todos os candidatos sequer chegam perto do valor que PC Farias (1945-1996) amealhou para a campanha de Fernando Collor (1990-1992) que nem mesmo ele soube precisar. Entre os candidatos a vice-presidente destacamos apenas dois. Primeiríssimo lugar para o deputado Michel Temer, da dupla Dilma-Temer, com vistosos, mas nada espetaculares R$ 6 milhões em patrimônio e Índio da Costa, da dupla Serra-Costa, com R$ 1,4 milhões. De qualquer maneira é uma soma considerável e nela estão inclusos uma aeronave, uma embarcação e um terreno localizado num condomínio e isto é prova inconteste que se foi o tempo que índio queria apito.
E você, ilustre leitor, ainda considera a possibilidade de votar em qualquer destas figuras? Definitivamente a política brasileira está paupérrima de alguma coisa que possamos considerar, e isto vale para todos os cargos. Os postulantes à presidência da República revelam-se completamente inaptos. Todos os programas de governo são ambíguos, com discursos e debates que não mais se justificam e penduricalhos que não têm a menor importância. Não há um único e humilde projeto para a saúde, educação, segurança, transporte, habitação, criação de empregos, etc. Limitam-se ao “eu vou fazer, vou acontecer”, ou seja, mera bravata, numa cara de pau que irrita o mais crédulo dos mortais.
CELSO BOTELHO
22.07.2010