Que o presidente Lula, O Ignorante Desbocado, entre outras coisas, é um inveterado demagogo não se constitui em novidade alguma. Porém, faz demagogia com o dinheiro público como se este fosse de sua conta bancária e tal prática é inaceitável. A cara de pau não poderia ser mais lustrosa, o que dispensa o uso de óleo de peroba. Desde que assumiu incorporou o espírito do bom samaritano para vários países que contraíram dívidas com o Brasil reduzindo-as ou pura e simplesmente as perdoando como se o numerário lhe pertencesse amparado pela Lei nº. 9.665 de19 de junho de 1998 promulgada pelo sociólogo. Quando ocorreu a primeira crise do petróleo em 1973 e a nossa dívida externa passou a estratosfera não apareceu nenhuma alma caridosa para nos aliviar, pelo contrário. O FMI (Fundo Monetário Internacional) do qual somos sócio-fundadores (o Brasil possui 1,7%, são 181 países) desempenhava com esmero o macabro papel de nosso coveiro maior ao ditar cartilhas absurdas onde só podiam-se ler apertos fiscais, monetários, cambiais, quer seja, cortes colossais nos investimentos, na saúde, na educação, transporte, habitação, etc.etc. e mais etc. Os presidentes-generais-de-plantão curvavam-se às exigências dos burocratas e financistas com uma doçura indescritível, impatriótica e devastadora. A sociedade foi intimada, mais uma vez, para pagar a conta do esbulho chamado “milagre brasileiro”. O presidente - como eu - é testemunha ocular e naquela época sequer era presidente de sindicato (só foi eleito em 1975 para o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo) e, portanto, imagino, ter sofrido alguma conseqüência daquelas intervenções. E por falar em sindicato surgiu um pagamento de R$ 3,3 milhões nos últimos sete anos para um sindicato que em vez de representar os trabalhadores atua como empresa de terceirização de mão de obra. Apregoa que pagou a dívida externa. Mentira. Ela está hoje na casa dos US$ 230 bilhões. O que foi pago, em 2005, foram dois anos de parcelas de juros adiantados, algo em torno de US$ 15,5 bilhões ao FMI e ao Banco Mundial economizando apenas US$ 900 milhões. O FMI que outrora montava acampamento em Brasília e nos dizia o que fazer ou não é o mesmo que o presidente emprestou US$ 10 bilhões conforme compromisso que assumira com o G20 e, pasmem, a diretoria do Fundo é que irá decidir quanto pagará de juros por este empréstimo. O presidente empresta um dinheiro que não é seu e não sabe quanto irá ganhar e numa entrevista pergunta para um jornalista: “você não acha chique emprestar dinheiro ao FMI?” Ora, presidente, porque não vai catar coquinhos? Tirar do maltratado povo brasileiro para exibir-se, satisfazer seu ego e posar de benemérito não é chique, é chocante, revoltante, insano. O Clube de Paris também nunca nos deu um refresco e os banqueiros americanos nem se fala. A dívida é paga tostão por tostão, ou melhor, bilhão por bilhão sem choro nem vela a custa do empobrecimento, da miséria e do sofrimento da população e o presidente sabe disso ou por acaso o poder trouxe-lhe uma amnésia profunda? Não. Não há qualquer indicio de tal enfermidade no presidente e sim uma conveniente ignorância, deslumbramento e arrogância.
Agora, admitido na elite, sai por ai fazendo caridade com o dinheiro de uma sociedade extorquida por uma política tributária que herdou e jamais se mexeu para reduzi-la empenhando-se
Não vejo nada de errado em renegociar as dívidas dos países beneficiados com a compaixão presidencial. Seria contra a minha natureza e formação a radicalização, a intransigência ou a arrogância, contudo, negociar não é me dispor de um numerário que não me pertence. Nosso presidente colocou no mesmo saco o Estado, o governo e ele próprio e a coisa não funciona desta maneira. O governo, sendo transitório, tem por obrigação defender os interesses do Estado, que é perene. Esses perdões podem encontrar respaldo legal, o que é uma aberração e foi apresentado pelo deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP) o Projeto de Lei nº. 4.128/04 alterando o caput do Artigo 1º da Lei nº. 9.665/98 que obriga o Executivo a obter autorização expressa e especifica do Congresso Nacional para conceder a remissão parcial de créditos externos da União em relação a outros países, negociar valor de mercado seus títulos representativos ou receber em pagamento títulos da dívida externa do Brasil ou de outros países, ainda sem solução. Moralmente é uma atitude que afronta a sociedade brasileira. Falo de uma sociedade onde as suas necessidades mais elementares que o Estado deveria proporcionar direta ou indiretamente sobrevivem com as migalhas choradas que lhes são atiçadas. Migalhas vindas do fausto banquete que é obrigada a patrocinar com seus impostos. Segundo Lula não deseja que o Brasil seja rotulado como imperialista como os norte-americanos e de acordo com este pensamento tenta fazer-se benemérito do mundo pobre. A questão não é ser ou deixar de ser imperialista e sim atender aos nossos legítimos interesses. Cobrar dívidas de outros países, negociando-as ou não, não me parece ser uma atitude imperialista e sim direito estabelecido num contrato celebrado e reconhecido por ambas as partes como verdadeiro e legal.
A benevolência do presidente alcançou países comunistas, com ditaduras, com presidentes eleitos de comportamento arbitrário e antidemocrático e, fundamentalmente, que nos impõe prejuízos todas as vezes que vislumbram uma possibilidade. Moçambique foi agraciada com um perdão de 95% de sua dívida de US$ 315 milhões. Da Nigéria nosso país vai receber US$ 67,3 milhões de uma dívida de US$ 150,4 milhões contraída há mais de vinte anos em financiamentos e seguros de exportação, US$ 81,1 milhões serão cancelados. O Gabão foi aquinhoado com um perdão de US$ 36 milhões. A Bolívia, presidida pelo cocaleiro Evo Morales que invadiu a refinaria da Petrobrás com seu exército e hasteou sua bandeira acintosamente e nosso presidente e seu chanceler Celso Amorim enfiaram o rabo entre as pernas, após conceder-lhes um perdão de US$ 52 milhões ainda determinou a abertura de uma linha de crédito no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para que construam uma rodovia ligando Puerto Suares a Santa Cruz de
E um salário mínimo e o reajuste das aposentadorias para aqueles que recebem acima dele e contribuíram durante toda a vida para a Previdência irá quebrá-la? Conta outra presidente, aloprados, cupinchas, cúmplices & associados. Repito aqui o levantamento da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip) de
O presidente cumprimenta com o chapéu alheio ou, para ficar nas metáforas futebolísticas tão de seu agrado, joga para a galera e, por sinal, muito mal. Não há como encobrir o desastre que foi e é a administração petista (com isto não quero dizer que a tucana tenha sido melhor). Prorrogar e piorar este estado de coisas por mais quatro anos é puro suicídio. Com o dinheiro dos outros suponho que seja fácil ser benemérito, perdulário, irresponsável, inconseqüente, prepotente e arrogante.
CELSO BOTELHO
06.07.2010