O ex-presidente Luiz Inácio Lula Satanás da Silva e os integrantes da ANABOL (Associação Nacional dos Baba-Ovos do Lula) devem estar remoendo-se de inveja. Especialmente o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) autor da proposta de um terceiro mandato para seu amo e senhor que não prosperou. Hugo Chávez (1954-2013), o arremedo de ditador, bobalhão empedernido e megalomaníaco, da Venezuela, conseguiu aprovar lei que permite sucessivos mandatos, porém a moléstia o levou para o além, e bota além nisso. Rafael Correa, do Equador, emplacou o terceiro mandato presidencial consecutivo. Cristina Kirchner, da Argentina, está no segundo mandato, porém seu finado marido, Nestor Kirchner (1950-2010), fora seu antecessor, portanto tudo ficou em família. Juan Manuel Santos, da Colômbia, declarou que não vai buscar a reeleição, porém não recomendo que nisto acreditem, pois trouxe gente da FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) para integrar seu governo. José Mujica foi eleito, no Uruguai, por cinco anos e sem direito à reeleição, mas as Constituições latino-americanas sempre podem ser alteradas ou rasgadas, mesmo porque não foi Moisés quem as escreveu. No Brasil todas as Constituições jamais admitiram o instituto da reeleição. Getúlio Vargas (1882-1954) nem se deu ao trabalho de articular reeleição: tomou o governo em 1930 e só o devolveu em 1945 quando foi deposto. Juscelino Kubitscheck (1902-1976) recusou a reeleição, passou a faixa para Jânio Quadros (1917-1992) que, aliás, também tentou dar um golpe para perpetuar-se no poder, porém não tinha o respaldo necessário para isso. JK imediatamente se lançou candidato às eleições presidenciais de 1965, mas em 1964 veio o golpe civil-militar e na sequência uma ditadura que duraria vinte e um anos. O último general presidente de plantão João Figueiredo (1918-1999) recusou a prorrogação de seu mandato por mais dois anos. Tancredo Neves (1910-1985) foi eleito para um mandato de seis anos prometendo reduzi-lo para quatro. Internado às vésperas da posse e falecendo dentro de pouco mais de um mês seu vice-presidente, José Sarney, logrou obter cinco anos de mandato que foram, por sinal, desastrosos. A Constituição de 1988 estabeleceu quatro anos de mandato sem reeleição. Fernando Henrique Cardoso comprou e pagou para que o Congresso Nacional aprovasse este instituto em 1997. Naquela ocasião o Partido dos Trabalhadores fizeram o maior estardalhaço contra. No entanto, Lula a manteve e dela beneficiou-se e “o presidenta” Dilma Rousseff também se valerá desta excrescência, posto que já se encontre em campanha pela reeleição. Definitivamente e infelizmente nossa Carta Magna é o contrário do jogo do bicho onde vale o que está escrito.
E na "chicha" não vai nada?
Desta feita é o índio cocaleiro da Bolívia Evo Morales que persegue um terceiro mandato. O silvícola, seus pajés e feiticeiros alegam que a Constituição da Bolívia, promulgada em 2009, refundou o Estado boliviano e, portanto, o primeiro mandato de Evo Morales não conta. Simples assim. Seguindo este raciocínio José Sarney (PMDB-AP) poderia ter se lançado candidato à presidente da República em 1989, posto que a Constituição fosse promulgada no ano anterior. Graças ao bom Deus ninguém aventou tal possibilidade. Todos esses países acima citados estão representados no Foro de São Paulo fundado pelo Partido dos Trabalhadores e Fidel Castro em 1990. São mais de cem partidos e organizações que o integram e, entre eles, as FARC. Todos de esquerda. O projeto do Foro de São Paulo para a esquerda revolucionária dominar todo o continente realizou-se e vem se cristalizando cada vez mais. Quando o ex-presidente Lula disse ser uma “metamorfose ambulante” mesmo sem querer nos forneceu uma definição irretocável do que é a esquerda revolucionária. Mudam a embalagem, porém o conteúdo permanece ou, caso prefiram, mudam as moscas, mas a merda é a mesma. Cid Benjamin, ex-guerrilheiro do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) a quem atribui-se a ideia, bem sucedida, de sequestrar o embaixador norte-americano Charles Elbrick (1908-1983) em 1969 e um dos fundadores do PT em entrevista ao jornalista Caio Barbosa de O Dia disse textualmente “Mudei algumas concepções, mas no essencial eu continuo no mesmo lado onde estava. Hoje, dou um peso maior à democracia, até porque acho que ela não enfraquece o socialismo. Muito pelo contrário. Ela valoriza e enriquece a proposta socialista.” Traduzindo: “eu continuo sendo comunista, os meios de produção devem ser socializados (entre eles, é claro), defendo o partido único e onipresente, sou favorável a eliminação física de meus adversários, etc. Mas uso os direitos e valores burgueses para ascender ao poder e depois destruí-los seus trouxas”. O comunista é um mutante na aparência e não na essência. Outro exemplo claro de como se comportam está no episódio do impeachment do presidente do Paraguai Fernando Lugo ocorrido da maneira prevista pela Constituição daquele país, visto mostrar-se um mau presidente. Dilma Rousseff, Cristina Kirchner e José Mujica viram a oportunidade de expulsar o Paraguai do Mercosul e admitir a Venezuela cuja admissão vinha sendo negada pelo parlamento paraguaio. D. Dilma apressou-se em enviar mensagem congratulando o novo presidente do Paraguai Horácio Cartes. Este senhor é empresário, milionário, dono de banco, presidente de time de futebol e de empresa de refrigerantes e mais de duas dúzias que atuam em diversas áreas. No passado foi preso por evasão de divisas. Durante a campanha foi acusado de contrabando de cigarros para o Brasil e de lavagem de dinheiro. Em 1995 seu pai e mais quatro executivos do Banco Amambay S.A. (de propriedade da “famiglia” Cartes) criaram o Amambay Trust Bank Ltd. uma empresa offshore nas Ilhas Cook, um paraíso fiscal. A empresa produtora de cigarros de sua propriedade foi investigada recentemente pelo DEA, agência antidrogas norte-americana de acordo com os telegramas diplomáticos vazados pelo WikiLeaks em 2010. O banco nas Ilhas Cook funcionou até o ano 2000. Uma folha corrida digna do aplauso de qualquer petista.
Forças Armadas da Bolívia ocupam a refinaria da Petrobras
Não é necessário muito esforço mental para perceber as manobras, os artifícios, as jogadas desta gente. O presidente do Tribunal Constitucional da Bolívia Ruddy Flores declarou que "foi realizada a refundação do Estado como um Estado Plurinacional e essa refundação emerge de um poder constituinte que gerou uma nova Constituição Política do Estado que contempla uma nova ordem que contém a aplicação da Constituição.” Este tal Estado Plurinacional e nada mais nada menos que uma estratégia alternativa para dar conta da crise do capitalismo, dar fôlego à instituição e buscar um melhor relacionamento entre o Estado e o povo. Na prática não apresenta resultados eficazes. Como no Brasil da Era das Privatizações argumentou-se na Bolívia que as empresas públicas eram ineficientes e geravam déficits, sendo assim as empresas que exploravam os recursos naturais foram privatizadas não aumentando a arrecadação e tampouco a eficiência robustecendo a crise fiscal que obriga o Estado a recorrer a empréstimos para sustentar seu financiamento normal. Ou seja, reflexo da adoção da política neoliberal que varreu todo o continente. A ocupação da refinaria da Petrobrás em 2006 foi parte deste projeto plurinacional. O ex-presidente Lula e o lambão de seu ministro das Relações Exteriores Celso Amorim meteram o rabo entre as pernas, afinal era um presidente aliado ideologicamente e o Brasil e os brasileiros que se danem. O próprio índio cocaleiro-presidente sempre defendeu a ideia de que seu primeiro mandato (2006-2010) não devia ser computado, uma vez que a Constituição de 2009 que prevê a reeleição foi promulgada durante seu governo ou desgoverno, tanto faz. Deve-se registrar que este diploma constitucional não contou com o apoio da oposição boliviana. Historicamente a Bolívia é um dos países da América Latina mais instáveis e já enfrentou 193 golpes de Estado. O país esteve recentemente na iminência de uma guerra civil por conta de que os estados (departamentos) mais ricos (Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando) que, juntos, possuem mais de 80% das reservas de gás do país passaram a exigir maior autonomia em relação ao governo federal, defendendo mudanças na distribuição dos impostos e na escolha de seus governadores. O partido de Evo Morales (Movimiento AL Socialismo) também é membro do Foro de São Paulo e, portanto, aliado ideológico do governo petista.
A esquerda revolucionária uma vez no poder tudo fará para nele perpetuar-se lançando mão de todos os instrumentos que estiverem ao seu alcance. No entanto, não é impossível removê-la, porém reconhecemos que há de ser uma tarefa árdua e muito longa. A esquerda hoje não doutrina quem quer que seja, pois desde o ensino básico as crianças, adolescentes e jovens estão expostos aos postulados esquerdistas como sendo a única face da moeda. Vêm fazendo isto desde o governo militar (1964-1985) que, ingênuos e ignorantes, entendiam que dar tiro em guerrilheiro era combater o comunismo enquanto os comunistas ocupavam os espaços realmente importantes para tornar seu projeto político exequível, quer seja, as universidades, os sindicatos, as entidades de classe e, sobretudo, a imprensa. A despolitização da sociedade levada a cabo pela ditadura militar do Brasil e dos demais países da América Latina resultou na hegemonia da esquerda revolucionária presente hoje em todo o continente. A interpretação feita da Constituição da Bolívia pelo Tribunal Constitucional Boliviano é cínica, casuística e ignóbil.
CELSO BOTELHO
01.05.2013
Chicha: bebida fermentada e tem como ingredientes o milho, o funcho (Planta medicinal da família das umbelíferas), pau de canela e frutas cítricas.