domingo, 22 de setembro de 2013

A PULGA E O ELEFANTE


A roubalheira no ministério do Trabalho nem esfriou e a imprensa já dá conta de outro esquema de corrupção cometido dentro do Palácio do Planalto e bem embaixo das barbas, digo, saias “do presidenta” Dilma Rousseff. Mas isso não surpreende. Todos os esquemas de corrupção, desvio, desperdício e malversação dos recursos públicos e tantos outros crimes tem origem na sede do governo. Tenha sido este do PMDB, PRN, PSDB e notadamente do PT. Desta feita “o malfeitor” (como d. Dilma aprecia chamar os companheiros pegos com a boca na botija praticando crimes) era assessor da Secretaria de Relações Institucionais “comandada” por Ideli Salvati (PT-SC) e membro-fundadora da ANABOL (Associação Nacional dos Baba Ovos do Lula). Idaílson José Vilas Boas Macedo, filiado ao PT de Goiás foi nomeado para o cargo no início do ano com o aval da ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT-PR) com o salário de R$ 9,6 mil. A Operação Miqueias da Polícia Federal investiga fraudes nos fundos de pensão do Distrito Federal e mais nove estados. E o jovem mancebo era lobista do esquema que pagava propinas a prefeitos para direcionar investimentos de fundos de pensão municipais e executava esta tarefa dentro do Palácio do Planalto. Consta ter “lavado” cerca de R$ 300 milhões. A Polícia Federal pediu sua prisão, bloqueio de suas contas bancárias e a realização de buscas em sua residência, mas a Justiça, ciosa de seu dever de proteger “malfeitores” negou o pedido. Afinal, tráfico de influência, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal e até mesmo assassinato de políticos indesejáveis (como o do prefeito Celso Daniel) são apenas deslizes, travessuras, coisas de pouca monta. Pelo menos este é o entendimento do STF.



O ministro do Trabalho Manoel Dias segue ministro. A intimidação por enquanto está dando certo: “‘Se me mandar embora, tomo providências”. Indagado sobre que providências seriam essas o ministro alegou que eram impublicáveis. Manoel Dias ameaçou fazer uma devassa nos convênios do ministério desde 1990 e entregar todo mundo que esteja envolvido. “O presidenta” em processo de recuperação de popularidade e obcecada pela reeleição não se pode dar ao luxo de perder outro partido em sua base de sustentação. O PSB já caiu fora. Mesmo considerando que a permanência do ministro subtraia votos ao invés de somar ainda resta o tempo que o partido dispõe na propaganda eleitoral “gratuita” (uma excrescência). Bandido ameaçar e denunciar bandido é corriqueiro (lembrem que foi Roberto Jefferson que jogou bosta no ventilador por se sentir prejudicado e até cunhou o termo “Mensalão”), salvo algumas exceções como, por exemplo, no mesmo escândalo do Mensalão onde todos os envolvidos se recusaram a atribuir a chefia do esquema ao ex-presidente Lula blindando-o. Caso o ministro fosse um relicário de virtudes porque se pôs na defensiva atacando? Diz a sabedoria popular que quem não deve não teme. Porque temer perder um cargo cuja ascensão e permanência depende, exclusivamente, do presidente da República? Não é incomum o “malfeitor” apontar os crimes alheios para encobrir os seus. Manoel Dias, a exemplo de Carlos Lupi, está na presidência do PDT de Santa Catarina há dez anos sem disputar uma convenção sequer. É secretário-geral da Executiva Nacional e, portanto, cupincha de Lupi. É simples, Maneca (que alcunha!) redige as Atas e Carlos Lupi as assina alegremente. O PDT atualmente tem comissões provisórias em 10 estados e no Distrito Federal. Isto significa que Lupi tem o controle absoluto sobre a legenda. Maneca é tão popular, respeitado e querido pelo eleitorado catarinense que desde da década de 1960 não se elege a nenhum cargo. Os “malfeitos” no ministério do Trabalho, segundo estimativas, pode chegar a R$ 800 milhões.



Mas a Operação Miqueias também apurou que Gustavo Alberto Starling Soares Filho, auditor da Receita Federal exercendo cargo de confiança no ministério da Previdência (Diretoria do Departamento dos Serviços de Previdência no Serviço Público), pagou propinas a prefeitos para direcionar investimentos de fundos de pensão municipais. O funcionário público mantinha contatos com a Invista Investimentos Inteligentes que, ao que tudo indica, pertence ao doleiro Fayed Antoine Traboulsi. A Polícia Federal apreendeu um caderno do doleiro onde estava anotado o pagamento de R$ 10 mil a Gustavo, em dinheiro. Gustavo também repassava aos companheiros da quadrilha documentos e informações. Sábado passado o ministro Garibaldi Alves (PMDB-RN) informou que iria exonerar o meliante e saiu-se com esta pérola: “Eu mesmo fui surpreendido. Não sabia que poderia ocorrer um fato dessa natureza no ministério". É muita desfaçatez. Lula fez escola. A Previdência Social, historicamente, tem a maior concentração de ladrões por metro quadrado. O ministro vivia aonde? Em Marte? Ora, ministro vá ver se eu estou na esquina!



O ministro Manoel Dias quis inovar nas comparações ao dizer que “até provar que pulga não é elefante...” Não poderia ser mais idiota, posto que qualquer retardado saiba a diferença sem mesmo os ver. Porém, os petistas primam por minimizarem suas más ações, roubalheiras, falcatruas, etc. Lula, em 2005, afirmou que o mensalão não existiu, era “apenas” caixa dois acentuando que todo mundo fazia. Segundo o bebum de Rosemary um crime cometido por todos deixa de ser crime. Mas a comparação do indigitado ministro ainda pode ser entendida de outra forma: foi uma roubalheira do tamanho de uma pulga e não de um elefante e, por isso, não deve ser levada em conta. Para a corja política nacional de um modo geral e os petistas e adjacências em particular qualquer roubalheira é vista como uma pulga seja ela expressa em milhões, bilhões, trilhões, etc. Pulga não é elefante, barata não é crocodilo, maribondo não é rinoceronte e petistas e penduricalhos não são gente.



CELSO BOTELHO

22.09.2013