sábado, 7 de dezembro de 2013

LULA VIDENTE, FHC ATRASADO E OMISSO, PT E O DESAGRAVO A JOSÉ DIRCEU E AÉCIO NEVES “DECENTE E SÉRIO”

O ex-presidente Lula declarou que o objetivo do Partido dos Trabalhadores é permanecer no governo até o Ano da Graça do Senhor de 2022. Em se tratando de objetivo é pura modéstia e tolice do ex-presidente, posto que seja fato sabido e conhecido que a esquerda tanto nestas terras como noutras jamais cogitou a alternância no poder, notadamente quando o detém. Adolf Hitler também tinha por objetivo mil anos de domínio nazista e deu com os burros n’água pelo simples fato que não se pode controlar o processo histórico. O ex-presidente Collor e a República de Alagoas também declararam que ficariam no poder pelo menos duas décadas. Não conseguiram nem terminar o mandato de quatro anos. FHC & Corriola também objetivavam manter a tucanada empoleirada no poder por duas décadas. Conseguiram oito anos. O PT & Camarilha inicialmente proclamara que trinta anos de governo estaria de bom tamanho. Salvo chuvas e trovoadas no decorrer do período conseguirão doze anos (oito de Lula e quatro de Dilma) com grande chance de tornarem-se dezesseis. Não se pode atribuir ao ex-presidente ter sido pretensioso ao fazer tal declaração e sim um tolo, imbecil e fanfarrão. Devia saber que política é como as nuvens: mudam de lugar e forma a toda hora. Hoje não há sequer garantia de que o candidato à presidência da República pelo PT seja Dilma Rousseff quanto mais o que poderá ou não acontecer até o ano de 2022. Juscelino Kubitscheck procurado por Castelo Branco para apoiá-lo no Congresso Nacional para elegê-lo presidente da República após o golpe civil-militar de 1964 dera sua palavra que manteria o calendário eleitoral de 1965 (o marechal queria entrar para a História como presidente e não como golpista, interventor ou usurpador, mesmo sendo tudo isso). JK o apoiou, Castelo foi eleito e o calendário eleitoral foi rasgado. Havia um contratempo chamado Costa e Silva e a linha dura do Exército Brasileiro. O dia seguinte é uma incógnita, exceto para o Senhor Deus.




Desde o governo de FHC que vem se promovendo transformações no Estado brasileiro em consonância com os objetivos da esquerda. Classificam-no como neoliberal, democrata e capitalista. Bobagem. FHC sempre foi homem de esquerda. Acontece que desde o início do século XX os comunistas sabem de cor e salteado que uma economia planificada é impossível. O comunismo só consegue sobreviver com uma economia de mercado. Tai a China que não me deixa mentir. Como estudante FHC foi membro de um grupo de leitura e discussão sobre a obra O Capital de Karl Marx. Em todos os Estados que adotaram o socialismo havia uma economia de mercado subterrânea, estimulada, viçosa. Prova disso foi que quando a União Soviética se desintegrou surgiram de seus “escombros” vários milionários. No dia 02.12.2013 o vaidoso e entreguista sociólogo escreveu um artigo para o jornal O Globo sob o título de “Sinais Alarmantes” que diz, textualmente: “A hegemonia de um partido que não consegue se deslindar de crenças salvacionistas e autoritárias, o acovardamento de outros e a impotência das oposições estão permitindo a montagem de um sistema de poder que, se duradouro, acarretará riscos de regressão irreversível”. O diagnóstico é perfeito, porém FHC está atrasado em sua conclusão e omite o fato de que em muito colaborou para que este sistema de poder fosse articulado, montado e executado. O famigerado Bolsa-Família teve origem em seu governo. Lula simplesmente dele se apropriou e ampliou criando outros “programas sociais” que garantem ao PT um eleitorado cativo, fiel e plenamente imbecilizado. O desmantelamento do Estado começou no governo Sarney, tomou fôlego no curto governo Collor, ficou meio esquecido no governo Itamar Franco, prosperou no governo FHC, continuou no governo Lula e prossegue alegre e fagueiro no governo Dilma Rousseff. Nas eleições de 2010 foram as Regiões Norte e Nordeste que proporcionaram a Dilma Rousseff uma vitória com boa margem. FHC e Lula diferem na aparência e não na essência. Antes das eleições de 2002 o candidato Lula foi recebido no Palácio do Planalto por FHC que, em certo momento, apontou-lhe a cadeira de presidente da República dizendo que ele sabia que ela lhe pertencia. Prova contundente de cumplicidade. Durante a campanha de 2002 o candidato do PSDB José Serra desempenhou o ingrato papel de saco de pancadas do Partido dos Trabalhadores sem esboçar a mais tênue reação. Pelo contrário, esmerara-se em não criar embaraços ao candidato Lula e seu partido. Caso FHC esteja tentando convencer o público (seus eleitores já entraram em extinção) de que a alternativa é eleger o neto de Tancredo Neves está perdendo seu tempo. Dificilmente Aécio Neves poderá eleger-se a presidente da República, salvo algum imprevisto muito inusitado, avassalador e irreversível. Afinal, como já disse, ninguém pode controlar o processo histórico.



O texto-base para o 5º Congresso do PT e, portanto, não definitivo foi elaborado por dois áulicos do Partido dos Trabalhadores. Um é o secretário especial da presidência da República Marco Aurélio Garcia (um verdadeiro aspone), um dos fundadores do PT e ex-presidente do Foro de São Paulo, ambas organizações criminosas. O outro é o Ricardo Berzoini, afastado do comitê para reeleição do ex-presidente Lula em função das denúncias de participação no que ficou conhecido como o escândalo dos aloprados. O caso foi arquivado por falta de provas, ora que coisa! Um trecho diz, textualmente: “[o sistema eleitoral] favorece a corrupção e corrói o conteúdo programático da ação governamental". Desde quando o PT está interessado em desfavorecer a corrupção ou em que momento possuiu algum conteúdo programático? Ora, “meninos endiabrados” isso é pieguice vossa. Mais adiante deixam explicita sua estratégia de ocupação plena do poder com a adoção do regime de partido único e onipresente mediante a supressão de leis, subversão e inversão de valores éticos e morais e repressão a quem se apresente como opositor. "Desde 2003, sobretudo, temos enfrentado dificuldades em mudar o sistema político brasileiro, verdadeira camisa de força que impede transformações mais profundas e impõe um 'presidencialismo de coalizão', que corrói o conteúdo programático da ação governamental". Não é preciso remover camada alguma do discurso. O objetivo da esquerda está dito com todas as letras. Mas ainda existem os ingênuos - por índole, convicção ou devoção - que se recusa a crer no que está acontecendo há décadas. O PT, desde que o Mensalão veio à tona, não se empenhou em apoiar abertamente os mensaleiros petistas. Atitude natural da esquerda. Designados para desempenharem “tarefas” (segundo Rui Falcão, presidente do partido) sabiam perfeitamente que, descoberta a operação, publicamente não poderiam contar com o apoio da agremiação partidária e principalmente do seu proprietário, o “Sr.” Lula, mesmo porque este deveria ser preservado a todo custo. Mas o partido não os abandonara a própria sorte, não. Houve e há um esforço nos bastidores para socorrer tão “préstimosos” servidores da legenda. Não aplicar-lhes nenhuma sanção disciplinar demonstrou cabalmente a solidariedade do partido. Mas esta tolerância com seus mensaleiros não se aplicou aos três deputados petistas que votaram em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral em 1984 que foram sumariamente expulsos (Beth Mendes, Aírton Soares e José Eudes). Reparem a escala de valores da esquerda. Para criminosos a solidariedade, complacência e nem sequer um ralho. Para deputados que exerceram seu direito de manifestarem-se de acordo com o seu entendimento e consciência a expulsão. O ato de desagravo a José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares há de se dar durante o 5º Congresso do partido em Brasília entre os dias 12 e 14 deste mês e deverá ter o singelo título de “Solidariedade aos Companheiros Injustiçados”. Na ótica distorcida e degenerada dos petistas os canalhas foram injustiçados, mesmo considerando um comboio lotado de provas.



Outra declaração do pré-candidato à presidência da República o senador e presidente do PSDB Aécio Neves deixou-me, pois, embasbacado e irritado. Diz o cabloco que "Chegou a hora da decência e da seriedade". Deve estar de sacanagem ao falar de decência e seriedade. Em 2009 agrediu a namorada no Hotel Fasano no Rio de Janeiro diante de várias testemunhas. Em 2011 foi parado numa blitz da Polícia Militar do Estado do Rio com a carteira de habilitação vencida há mais de um ano e negou-se a fazer o teste do bafômetro. Em 2013 o Tribunal de Justiça de Minas Gerais decidiu, por três votos a zero, que o senador continue réu em ação civil por improbidade administrativa movida contra ele pelo Ministério Público Estadual pelo desvio de R$ 4,3 bilhões da área da saúde em Minas Gerais e pelo não cumprimento do financiamento público de saúde no período de 2003 a 2008 quando era governador. Caso o julgamento ocorra ainda este ano o neto do Dr. Tancredo ficará inelegível. Está ou não está de sacanagem? O “probo” senador estendeu a pilhéria: "dentro de muito pouco tempo a decência e a dignidade vão voltar a governar o Brasil" e, caso eleito, “levarei comigo, se couber a mim essa responsabilidade, os valores de Mário Covas, os valores do PSDB de Fernando Henrique, a decência e a generosidade que marcaram alguns dos mais importantes dos homens públicos desse país". Nesta última oração devo admitir que não estivesse só de sacanagem. Também estava delirando e acreditando piamente no quadrado redondo de seis lados. O delírio do senador chegou às raias da loucura quando afirmou "me façam vencer as eleições em São Paulo que eu venço as eleições no Brasil". Por certo São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais são os colégios eleitorais mais importantes do Brasil. Leonel Brizola deixou de ir para o segundo turno das eleições de 1989 por não ter dado a devida atenção ao estado de São Paulo, faltou 0,5%). Mas isso não significa que ganhando lá ganhará no restante do país. Em disputa eleitoral alguma é prudente que até o candidato mais favorito não a considere favas contadas. Notadamente a que se realizará no próximo ano que pode trazer algumas surpresas como, por exemplo, Lula e Joaquim Barbosa. Tudo é possível. Decência em políticos brasileiros é discutível, mas generosidade só se for com relação a eles próprios, seus parentes, amigos, financiadores, apaniguados, associados, cúmplices e simpatizantes.



CELSO BOTELHO

07.12.2013