
A quantidade de políticos envolvidos em escândalos sempre ocorreu. Mesmo antes da República. No entanto, nos últimos trinta anos a safadeza vem crescendo em proporções gigantescas e, de uma maneira ou de outra, com a participação do Palácio do Planalto e não preciso reavivar a memória de ninguém. O procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza expressou-se magnificamente ao dizer que “o direito de ser votado não é absoluto.” E, de fato, não é. Está condicionado a determinadas regras. A probidade e moralidade administrativa e a vida pregressa são algumas delas. Então fico sem entender, de novo, a postura de nove dos onze ministros que julgaram improcedente a ação direta de inconstitucionalidade da Associação dos Magistrados Brasileiros. O relator, Celso de Mello, para dar sustenção ao insustentável sentenciou que o veto as candidaturas daqueles que foram pegos com a boca na botija é um postulado de “mentes autoritárias.” Defendo o veto para estes ordinários e jamais poderei ser rotulado como uma mente autoritária por quem quer que seja. Não comemos o pão que o diabo amassou com o rabo e depois não quis comer durante todo o regime militar para ouvirmos semelhante coisa. A intolerância do relator com o pensamento adverso ao seu é o que posso chamar de autoritarismo. Não queira me ensinar sobre isso, por favor.
O direito de ampla defesa desses pulhas sempre deverá existir. É um direito absoluto. Mas que o exerçam fora do poder. Bem longe dos cofres públicos onde, aliás, encontram-se as digitais de uma ruma de politiqueiros. Ainda assim quero registrar que isto não abala minha convicção em eleições como o meio mais eficaz de depurar-se o Estado, mas com a nossa capenga legislação eleitoral o eleitor tem que se desdobrar na pesquisa, investigação e na busca de informações. Ponto alto do regime democrático e, como já disse antes, em algum lugar provavelmente estará escondido um candidato bom ou menos ruim. É sempre preferível viver na pior das democracias que melhor das ditaduras. Bola fora do STF.
CELSO BOTELHO
06.08.2008