Na visão do presidente Lula, O Ignorante, pode até ser muito chique emprestar dinheiro ao FMI (Fundo Monetário Internacional, parido na conferência de Bretton Woods em 1944). Esta instituição, a grosso modo, não passa de uma “caixinha” da qual o Brasil participa como cotista (1,7%, qualquer coisa próximo a US$ 4,5 bilhões), o governo atrapalhado do Partido dos Trabalhadores sacará a bagatela de US$ 10 bilhões de nossas reservas (que só Deus sabe o montante exato). Caso exista alguma dúvida do presidente Lula, O Ignorante, em entrar para a História devo dizer, para sossegar-lhe o espírito, que nela está inserido há mais de trinta anos. Há que se notar que, após tornar-se presidente, sempre esteve buscando um diferencial de porte que o distinguisse dos demais presidentes, especialmente de seu antecessor. As políticas populistas não atendem ao seu super ego com plenitude, faz-se necessário a descoberta de alguma coisa inédita, inusitada, impensável. Eis que a reunião do G-20 proporcionou-lhe a oportunidade de fazer constar em sua biografia como primeiro mandatário a “emprestar dinheiro para o FMI”, “como nunca antes na história deste país”, como gosta de arrematar seus “feitos” (e desfeitos). Melhor do que isso só mesmo se reinventasse a roda ou revogasse a lei da gravidade. O ilustre filho de Garanhuns (PE) é um dos exemplos mais contundentes de vira-casacas que já vi. Devo reconhecer que algumas vezes a mudança de sua postura mostrou-se benéfica. Mesmo porque o Lula bravateiro e irresponsável foi desmontado na essência ficando, apenas, resquícios (grandemente maléficos) dos delírios da doutrinação que lhe foi oferecida e aceita. O governo Lula é igual ao Hino Nacional Brasileiro: música velha com uma letra nova que, aliás, já nasceu rococó.
O presidente condicionou sua ajuda à necessidade de monitorarem-se os países que seriam “socorridos” pelo FMI tais como sua dívida pública, déficit fiscal e investimentos. Ora, só pode ser piada de sacanagem, pois, não consegue dar conta destes itens no país que governa (com o luxuoso auxílio de Sarney, Collor & Outros Detratores da Pátria). O Estado brasileiro não possui sequer uma noção próxima da realidade de a quanto anda suas contas. Prova disso foi que recentemente engendrou-se um “perdão” para as entidades filantrópicas (ou pilantrópicas, tanto faz) de suas dívidas (não prestavam contas, o governo – como é praxe – não fiscalizava coisa alguma e, portanto sequer sabia quanto havia indo pelo ralo) e este é apenas um dos muitos segmentos da patifaria com o dinheiro público.
A solidariedade entre as nações deve existir e ser cultivada, disto não se pode ter dúvida alguma. No entanto, farinha pouca meu pirão primeiro. Posso assegurar que os US$ 10 bilhões não irão sequer minimizar os efeitos negativos desta crise, notadamente nos países pobres, subdesenvolvidos, emergentes ou qualquer outra nomenclatura que se queira dar. Como também posso assegurar que os mais de R$ 11 bilhões distribuídos pela Bolsa-Família não diminuem em coisa alguma a desigualdade na distribuição de renda por mais que o governo populista do PT afirme ser este engodo político-eleitoreiro uma “transferência de renda”. Naturalmente irão querer classificar-me como egoísta, mesquinho, sovina, etc. Não é assim, senão ao contrário. Com tantos e graves problemas que assolam este país vem o governo com a idéia de gerico de lançar mão de reservas construídas a partir do sacrifício imposto ao povo brasileiro para fazer caridade. Sacrifício sim. Uma carga tributária escorchante, a corrupção, o desperdício e o desvio admitidos e dispersos pelos três poderes da República, o descaso flagrante pela educação, saúde, habitação, segurança pública, etc. e mil etecéteras. Os meus compatriotas do extremo norte sobrevivem de modo desumano dentro das selvas. Outros, no sertão, morrem de sede enquanto um presidente nordestino faz um discurso demagógico. Na região sudeste há uma guerra entre facções criminosas dispondo de técnicas e armamentos cada vez mais sofisticados impingindo humilhação às forças legais e terror à população. Por todo o país registram-se invasões de terra capitaneadas por um movimento subversivo, terrorista e homicida que conta com a complacência e as benesses do governo ai instalado. E a lista de degradações sociais e econômicas é imensa. Então, ora, é um absurdo disponibilizar um numerário que, em primeiro lugar, não lhe pertence e, segundo lugar, há muito mais precisão de que aqui seja aplicado do que em qualquer outra parte do mundo para satisfazer o ego de um presidente deslumbrado e de seu governo de lambões.
Chique, presidente poderá ser o dia no qual o povo brasileiro for atendido em suas necessidades básicas com uma eficiência acima do razoável. Chique será irradicar o trabalho escravo (especialmente o infantil) que persiste no interior e na cidade. Chique serão as pessoas viverem com dignidade humana. Chique será quando nossos jovens não ficarem expostos ao aliciamento pelos traficantes de drogas para o seu consumo. Chique será quando não contarmos com a sorte para não sermos atingidos por uma bala perdida. Chique será quando os Legislativos pararem de produzirem aves de rapina, quando o Judiciário deixar de ser parcial e seletivo e o Executivo um ditador travestido de democrata. Chique será ver nossos aposentados e pensionistas serem respeitados. Ser chique não é, definitivamente, posar de benemérito da humanidade em detrimento de seu próprio povo. O seu chique só pode chocar.
CELSO BOTELHO
04.04.2009