quinta-feira, 23 de abril de 2009

ROUPA SUJA SE LAVA NO STF?


Não é a primeira vez e, com toda a certeza deste mundo e do próximo, não será a última vez que os doutos ministros do Supremo Tribunal Federal baterão boca, trocarão ofensas e se xingarão o que, aliás, pode ser muito apropriado entre lavadeiras disputando água num bicão público, pois, a roupa lavada é a garantia de sobrevivência. Devo esclarecer que as lavadeiras devoto respeito e admiração, porém, aos ministros não. Seria lamentável se o fato ocorresse a portas fechadas como, por sinal, é corriqueiro acontecer. No entanto, registrado pela televisão para todo país é gravíssimo. Ficamos com a imprensão de estarmos assistindo o Big Brother durante a madrugada ou naqueles pacotes que vendem onde a baixaria extrapola todos os limites do imaginável e faria o próprio diabo corar.


Qualquer bordel dos anos 40 na zona portuária do Rio de Janeiro primava pela ordem e disciplina, posto que sem isso, não haveria meio de mantê-los em funcionamento. O que se pode esperar do Judiciário se na Corte Máxima acontece discussões de cunho pessoal dando vazão ao enorme ego de seus membros e não discusões constitucionais? Nada. Rigorosamente nada. O presidente do STF ministro Gilmar Mendes, O Bondoso, é useiro e viseiro em provocar polêmicas, fazer bobagens e falar besteiras, tal aquele que o nomeou. E, por falar nele, diante de uma situação constrangedora desta sai-se com mais uma de suas incontáveis parábolas futebolísticas comparando-a com uma briga acalorada entre torcedores. Tenha paciência, presidente! Ou melhor, nós é que devemos ter paciência com o eminente ”paraboleiro” de Garanhuns (PE). Não se trata de um mero arranca-rabo. São juízes de última instância da nação e não moleques peraltas discutindo sobre quem mais fez traquinagens. Parece-me que sequer têm consciência disso, quanto mais decidir sobre assuntos que afetarão a vida de todos os cidadãos.


Nós, cidadãos-contribuintes, devemos repudiar veementemente o comportamento de ambos os magistrados. Fala-se muito em decoro e nos afrontam descredenciando, uma vez mais, a Instituição como depositária da ordem constitucional. Minimizar um fato deste porte é compactuar com a anarquia e até desejá-la para fins inconfessáveis. Respeito, meus caros, não se encontra à venda no supermercado, conquista-se e, definitivamente, com integrantes deste calibre dispersos pelos três poderes da República isso não seria possível nem daqui a dez séculos ou mais. A estapafúrdia querela revelou para todo o país, segundo o ministro Joaquim Barbosa, o esporte preferido do presidente do STF em Mato Grosso: brincar de coronel e capangas e imagino que deva ser algo empolgante decidir o que pode e o que não pode sem ter que dar conta a quem quer que seja, o que lhe é vedado em Brasília.


O STF não é uma lavanderia e, portanto, as roupas sujas que precisam ser lavadas entre seus membros devem acontecer fora de seu recinto. Ai sim, vale tudo: palavrão, tapa na cara, rabo de arraia, dedo no olho porque, neste caso, são cidadãos comuns. Maus, mas comuns.


CELSO BOTELHO

23.04.2009