A julgar pelo trote posso concluir que o favorito do Palácio do Planalto não passa de um pangaré presunçoso e desqualificado para o páreo. Cada sucessão presidencial é única e repleta de fatos, acontecimentos, cambalachos, conchavos, acordos, comprometimentos, negociatas de toda ordem desde as mais ingênuas aquelas mais sofisticadas e inusitadas. E não importa dentro de qual processo ela se realiza (direta, indireta, por aclamação ou imposição). Ou seja, é uma briga de foice (umas enferrujadas, outras caprichosamente afiadas) em quarto escuro entre cegos possessos. Mesmo no regime militar (1964-1985) a substituição de generais na presidência da República era uma disputa acirrada nos quartéis. As diversas facções empenhavam-se com muito ardor e nenhum escrúpulo na campanha de seu favorito. Uns para não sair do poder, outros para alcançá-lo e muitos apenas para caírem nas boas graças de ambos e preservarem seus cargos, funções e privilégios. Porém, tal comportamento não é da lavra dos milicos, pois, muito antes os civis já praticavam todo tipo de torpeza para garantirem-se no poder ou que seus interesses nele prevalecessem. Em nenhum sistema presidencialista fazer o sucessor não se constitui em tarefa simples, mas fazer um sucessor “na marra” pelo voto direto e secreto é, simplesmente, uma façanha épica digna de um semideus, mas não um de origem tupiniquim. Notadamente com uma candidata do baixíssimo calibre como Dona Dilma Roussef, ex-guerrilheira/terrorista, pseudo-doutoranda, mãe do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento ou da Corrupção, tanto faz) e atual ministra da Casa Civil. Mesmo considerando a popularidade, o carisma, charme e veneno do presidente Lula, O Ignorante Desbocado, transferir voto não é nenhuma moleza ainda mais se tratando de um receptor tão ruim. Por mais otimista que nosso presidente seja a probabilidade desta senhora vir a sucedê-lo é infinitesimal, a menos que... O que me leva a desconfiar de alguma maquinação destes moleques pervertidos que se empoleiraram no poder.
Entregar o poder, após as eleições, a quem quer que seja é um dever daquele que o detinha e não uma opção como entendem as cabeças “coroadas” do Partido dos Trabalhadores que se recusam a reconhecer uma de suas fantasiosas bandeiras, ou seja, a alternância do poder. Mas o PT governo jamais desejou reconhecer o PT oposição em número, gênero e grau. Há muito que os petistas cultivam os mesmos hábitos sórdidos que condenavam. Refestelam-se no poder como seus absolutos senhores. A escolha de D.Dilma pelo presidente para sucedê-lo exige um exercício mental apurado, tendo em vista que tal senhora reúne todas as condições para ocupar o cargo, inclusive nenhuma. A ministra não é uma petista “histórica” ou pré-histórica e não provoca o menor entusiasmo na agremiação; jamais empolgou o eleitorado, mesmo aquele que venera o presidente. Seu comportamento nos transmite a imagem de uma pessoa rude, áspera, arrogante, presunçosa e muito mal-humorada. Seu passado como ativista política é nebuloso. Seu relacionamento com membros do governo não flui de maneira educada, respeitosa e dialética. Isto tudo é fato e não boato, portanto, há que se darem muitos tratos à bola para se tentar compreender os reais motivos para o presidente ter encasquetado com a idéia de fazê-la sua sucessora sendo um político experiente, inteligente, oportunista e muito intuitivo. Terá que acontecer algo espetacular para que D. Dilma Roussef tenha qualquer possibilidade de tomar conta da cadeira no Palácio do Planalto até 2014 para seu atual ocupante. Caso contrário - volto a sugerir - que abandone a vida pública e atenha-se a escrever suas “memórias” (sem romantismos ou afetação) esclarecendo-nos sobre suas atividades nas lides guerrilheiras-terroristas e de como conseguiu ser torturada por um tempo extremamente longo sem apresentar nenhuma sequela ou dedurar alguém.
Mas neste páreo para a sucessão presidencial os concorrentes são de dar dó. Será mais uma versão clássica do “se ficar o bicho pega e se correr o bicho come” tal as credenciais apresentadas pelos postulantes. Nos últimos vinte e cinco anos experimentamos governos que “representavam” a oposição ao regime militar, mas isso não quer dizer que todos os seus integrantes de fato foram opositores. O PMDB com José Sarney (1985-1990); o PSDB com Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e o PT com Luis Inácio Lula da Silva (2003-2010?, Nunca se sabe). Collor de Mello (1990-1992) foi cria do período autoritário e, portanto, não podemos classificá-lo como seu oponente. Itamar Franco (1992-1994) foi um interregno, prelúdio do governo FHC. A única corrente que falta dar o ar de sua graça (e desgraça) no Planalto é o velho, obsoleto e caduco Partido Comunista e seus correlatos, isto como agremiações, pois, seus membros há muito tempo já ocuparam os diversos escalões desta maltratada e dilapidada República. Devo dizer que os “camaradas” não se constituem, de maneira alguma, como opção por maiores que sejam os nossos problemas. Basta se correr os olhos pela História e verificar suas passagens pelo governo de diversos países. Sendo assim, no caso de considerá-los como oposição, todos tiveram sua chance de “passar o Brasil a limpo”. Alguns o fizeram em pequenas partes e outros o sujaram ainda mais. Então as possibilidades de alguma coisa nova aparecer é infinitamente improvável. Não precisamos de dogmas, pragmatismos e outras baboseiras, nossa carência sempre foi a honestidade, competência, eficácia e transparência na administração pública, entre tantas outras coisas e isso são virtudes que não se encontram na corja de politiqueiros que sempre assolaram esta nação. Dito isto já tratei de tirar o meu cavalo da chuva porque rigorosamente nada irá mudar com as eleições de outubro próximo. O máximo que vai acontecer será um rodízio entre os mesmos “cavaleiros” de sempre, correndo nas raias de areia ou grama numa corrida de pangarés.
CELSO BOTELHO
28.01.2010