“Dizem que os que governam são o espelho da República. Não é assim, senão o contrário. A República é o espelho dos que a governam” (Sermão da Epifânia, Padre Antonio Vieira, 1608-1697). Eis uma definição secular, porém perfeitamente aplicável a República brasileira sob a regência de dona Dilma DuCheff. Em apenas seis meses de governo “o presidenta” já negociou, capitulou, cedeu, ignorou, omitiu-se, foi permissiva, complacente, conivente, etc. Cadê a imagem que vendiam da candidata Dilma Rousseff de ótima executiva, perfeccionista, exigente, inflexível e durona? Este estereótipo criado pelos marqueteiros de plantão enganou três tipos de pessoas: os idiotas de nascença, os ingênuos por vocação e os crédulos por convicção. Tudo continua como dantes no quartel de Abrantes: a corrupção comendo solta; a incompetência campeando; o descaso e a omissão prosseguindo livre, leve e solta; o desperdício, a malversação e o desvio de dinheiro público em franca aceleração. Não posso dizer que isto seja uma surpresa, pois desde que o ex-presidente e atual presidente-coadjuvante Lula, O Ignorante Desbocado, impôs d. Dilma ao PT e a elegeu venho dizendo que “a presidento” reúne todas as condições para exercer o cargo, inclusive nenhuma. O recente episódio no ministério dos Transportes é prova cabal de que a corrupção está entranhada nos sucessivos governos, mesmo porque o que temos observado é que muda a merda, mas as moscas são sempre as mesmas.
Não há neste país em nenhum ministério, empresa estatal ou de economia mista, secretaria, diretorias, superintendências, departamentos, seções, corredores ou banheiros onde não se detecte a olho nu a velha corrupção. Do presidente da República até o mais humilde dos cidadãos não há qualquer dúvida sobre o assalto diário aos cofres públicos e, sistematicamente, o delito fica impune. Vamos dar um exemplo para que servem as leis no Brasil. A Lei do Colarinho Branco (Lei nº 7.492/86 de Improbidade Administrativa) puniu até hoje menos de 10% dos acusados e, mesmo assim, a maioria dos punidos são políticos do interior, ou seja, raia miúda. Dos “tubarões” só mesmo Paulo Maluf é acusado, julgado, condenado, mas não é punido. Leis a gente tem até de sobra, porém sua aplicação está restrita aqueles que não dispõem de recursos para contratar bons advogados. O ex-ministro Alfredo Nascimento (PR-AM) como, aliás, parte considerável senão todos os integrantes do governo DuCheff, estão no cargo por acordo, negociata, apadrinhamento, acumpliciamento, interesse político-partidário, etc. exceto, é claro, por serem competentes. No entanto, a despeito disso, façamos justiça, em todos os governos passados a coisa não foi diferente. A Revista Veja denunciou, “a presidento” Dilma demitiu Mauro Barbosa da Silva, chefe de gabinete; Luís Tito Bonvini, assessor de gabinete; Luís Antônio Pagot, diretor-geral do DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes) e José Francisco das Neves, diretor-presidente da Valec Engenharia Construções e Ferrovias S.A. e o próprio ministro lambão. Sendo que Luis Antônio Pagot recusou-se a ser demitido pela presidente da República (num país que não se cumpre decisões judiciais do próprio STF, desobedecer uma presidente fraca não é nada absurdo) e anunciou que estava de férias oferecendo-se para prestar depoimento no Congresso Nacional alegando que era da velha escola “manda quem pode e obedece quem tem juízo” e apenas cumpria o que lhe determinassem. Fico imaginando caso seu superior determinasse que cortasse o próprio pescoço se o faria. Tudo indicava que iria jogar bosta no ventilador. Após um final de semana, com a cabeça mais “arejada” desdisse tudo. Afirmou que não há corrupção no ministério dos Transportes, deve ser da mesma maneira que não há estrume numa pocilga. Diante disso, seria de se esperar que “o presidenta” Dilma readmitisse todos estes “senhores” dando o caso por encerrado. Estou a me perguntar porque Waldemar da Costa Neto, que renunciou ao mandato de deputado federal em 2005 para fugir da cassação no escândalo do Mensalão, tinha (ou ainda tem?) um gabinete no ministério dos Transportes? E fico a me responder: para planejar e gerenciar a corrupção mais de perto. Quem o colocou lá? Será que adentrou no edifício e instalou-se num gabinete por conta própria? Aquele ministério é feudo do PR (Partido da República) e este “senhor” seu presidente de honra sendo que Alfredo Nascimento reassumirá sua presidência nacional e a vaga no Senado Federal. Que República! São mais de 70 inquéritos na Polícia Federal para investigar as estripulias no ministério, mas já que não há corrupção lá recomendamos seus arquivamentos. Na CGU (Controladoria Geral da União) foi constituída uma comissão para investigar denúncias de enriquecimento ilícito de Mauro Barbosa, ex-chefe de gabinete, mas como não há corrupção no ministério dos Transportes que se desfaça a tal comissão. A exemplo do filho do ex-presidente Lula, O Ignorante Desbocado, que de simples funcionário de zoológico passou a bem sucedido empresário; da filha de José Serra (PSDB-SP), O Teimoso (perdeu para o Lula em 2002, outra vez por tabela em 2010 e está esperançoso de perder em 2014 caso Lula seja candidato e mesmo que não seja jamais ganhará de alguém, seja quem for) cuja empresa teve um crescimento de 56.000%; do filho ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP), O Caduco (afirmou que seria derrubado pelos militares se não adotasse o Plano Cruzado, será que não foi o contrário?) onde o COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) foi notificado de uma grande movimentação financeira em espécie das empresas da família Sarney às vésperas das eleições que, por acaso, Roseana Sarney (PMDB-MA) era candidata a governadora. Os filhos e filha destes “notáveis” cidadãos prosperaram assombrosamente em espaço de tempo exíguo. O filho do ex-ministro não se fez de rogado e constituiu uma empresa de meia-pataca em 2005 que teve um crescimento espetacular no período de 2009 a 2011 de 86.500%. A empresa do feliz rebento do ex-ministro possuía um capital social de R$ 60.000,00 e teve seu patrimônio aumentando para mais de R$ 50 milhões. O rapaz é um fenômeno, deveria estar no ministério da Fazenda, Banco Central, Receita Federal ou BNDES. A prole dos políticos brasileiros reúne indivíduos geniais ou... Cala-te boca! O ex-ministro Alfredo Nascimento em 2006, então candidato ao Senado Federal, declarou à Justiça Eleitoral bens no valor de R$ 594.723,82 e nas eleições de 2010, quando candidato a governador do Estado do Amazonas, seu patrimônio alcançou a marca de R$ 1.092.676,35. Isso dá para pensar. Não é só o Palocci que sabe fazer o milagre das multiplicações. Segundo consta, sua esposa e o filho pródigo chegaram a ser multados por omitir em suas declarações de Imposto de Renda um total de 7 milhões de reais.
Onde está a dureza, exigência e inflexibilidade “do presidenta”? Ora, em seis meses contabilizamos dois escândalos de peso (Escândalo do Palocci e do ministério dos Transportes) e sabem-se lá quantos mais virão até o fim do mandato. São incontáveis as quadrilhas que se sucedem, se fundem e se associam em Brasília contribuindo de maneira decisiva para que o país atinja o fundo do poço. Por mais que se denunciem estas quadrilhas são como pragas e não há inseticida, pesticida ou outro produto qualquer forte o bastante no Judiciário para eliminá-las e, caso o haja, não o aplica pelos motivos conhecidos de todos nós. Chegamos a pensar que o Brasil foi transformado em, nada mais nada menos, uma república de quadrilhas. Ao examinar a História republicana brasileira conclui-se que, de fato, a julgar por seus vários governos, são mesmo tal quais suas caras.
CELSO BOTELHO
13.07.2011