quinta-feira, 23 de agosto de 2012

SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO OU O DELÍRIO DE MERCADANTE, DILMA E DANIEL


Camada do Pré-Sal. Benção ou maldição?


Mais recursos para a educação serão sempre bem vindos, mas daí a delirar que o Congresso Nacional vai aprovar destinar, durante 10 anos, 100% da verba dos futuros contratos dos royalties do petróleo (a parte ainda não dividida) e do pré-sal e mais 50% do Fundo Social que receberá os recursos da exploração do petróleo na camada do pré-sal para a educação vai uma distância cavalar. Esta foi a única solução achada para cumprir a meta prevista no Plano Nacional de Educação (PNE) de investir 10% do PIB em educação. Temos então o jogo de empurra: o Executivo passando a “banana” para o Legislativo descascar. No Orçamento da União o dinheiro precisa ter sua fonte definida. O Orçamento da União por si só já é um monstrengo, uma peça de ficção, posto ser autorizativo e não impositivo, o que favorece o contingenciamento. A educação no Brasil padece mais pela ausência de compromisso do poder público do que propriamente de recursos, posto que quanto mais recursos sejam alocados mais são desperdiçados, desviados e mal aplicados. Basta ver o desempenho de nossos estudantes no Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (Ideb), no ENEM, nos vestibulares, nos concursos, nas avaliações do PISA e onde mais se queira ver. O ministro Aloísio Mercadante, economista, foi preterido pelo ex-presidente Lula, O Ignorante Desbocado, já no primeiro mandato, para ocupar o ministério da Fazenda por Antonio Palocci ou mesmo atuar como seu conselheiro por Delfim Neto. Caramba, ser trocado por gente melhor é até aceitável, mas por esses dois é uma ofensa imperdoável. Mas Mercadante é “inofendível”. Aliás, o ex-presidente jamais o convidou para qualquer ministério, nem o da Pesca. Portanto, em sua presumível especialidade nem sequer foi cogitado como poderia estar apto ao ministério da Ciência e Tecnologia e agora o da Educação? Poupem-me. Agora pousa de autoridade competente do ramo. Que desfaçatez!


Prédio da UNE em chamas


Disse o “notável” ministro que irá atuar no Congresso Nacional quase como um líder do governo para que isto seja aprovado. Caso a declaração se confirme é certo que a proposta será rejeitada com louvor. A União Nacional dos Estudantes outrora foi uma entidade respeitável e com uma atuação significativa nos grandes debates e momentos políticos no país tais como a campanha do “Petróleo é Nosso”, a “Campanha da Legalidade” liderada por Leonel Brizola (1922-2004) com vistas de cumprir-se a Constituição e empossar Jango na presidência da República, no governo João Goulart (1919-1976) defendeu mudanças sociais e a reforma universitária dentro do contexto das Reformas de Base. O golpe militar de 1964 a detonou com seu fechamento, incêndio, prisões, mortes, torturas e a Lei 4.464 de 9.11.1964 (Lei Suplicy de Lacerda, 1903-1983). Criada em 1937 sendo seu primeiro presidente o gaúcho Valdir Borges (1915-1968) em 1939. Em 1942, no calor da Segunda Guerra, os estudantes ocupam a sede da Casa Germânia na Praia do Flamengo, 132, Rio de Janeiro. Neste mesmo ano o presidente Getúlio Vargas (1882-1954) concede o prédio para ser a sede da UNE e através do Decreto-Lei 4080 de 03.02.1942 o presidente Vargas oficializou-a como entidade representativa de todos os universitários brasileiros. Em 1979 foi realizado um congresso da entidade em Salvador, BA, com vistas a reestruturá-la. No inicio dos anos 1980 tentaram retomar o prédio na Praia do Flamengo e foram rechaçados brutamente pelos militares que decidiram demoli-lo. Em 1984 a UNE participou ativamente na “Campanha das Diretas Já”, na “Campanha Fora Collor”. No governo de FHC sua posição foi opor-se ao projeto neoliberal e a privatização do patrimônio nacional. Mas a entidade só viria mostrar a que veio após o regime militar em 1999 quando realizou um congresso em Belo Horizonte, MG, com a presença de Fidel Castro. Em 2002 a entidade veste a camisa do PT e, com a eleição de Lula, vira mais um departamento do partido, situação que permanece inalterada no governo “do presidenta” Dilma Rousseff.


Novo prédio da UNE-PT



O Tribunal de Contas da União investiga irregularidades graves nos convênios da UNE e a União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) de São Paulo com o governo federal (seis da UNE e cinco da UMES). Entre os anos de 2006 e 2010 estas entidades receberam R$ 12 milhões para promoverem a capacitação de estudantes e eventos culturais e esportivos (os convênios sob suspeita somam R$ 8 milhões). O procurador do Ministério Público junto ao TCU Marinus Marsico identificou que a UNE utilizou-se de notas frias para comprovar gastos. As notas fiscais frias foram localizadas na prestação de contas que a UNE entregou ao Ministério da Saúde, referente ao convênio de número 623789, de R$ 2,8 milhões, encerrado em 2009. Parte dos recursos foram usados para compra de bebidas alcoólicas (cerveja, uísque, cachaça, vodca e vinho) e outras despesas sem vinculo com o objeto conveniado (compra de búzios, velas, celular, freezer, ventilador e tanquinho, pagamento de faturas de energia elétrica, dedetização da sede da entidade, limpeza de cisterna e impressão do jornal da UNE). O procurador não precisou procurar muito para achar uma nota fiscal no valor de R$ 91.500,00 da Gráfica e Editora Salum & Proença situada no município de Jandira, SP, que teria sido cancelada pela empresa, mas os serviços aparecem na prestação de contas da UNE. De acordo com Marinus Masico as constatações são "possíveis atentados aos princípios da moralidade, da legalidade, da legitimidade e da economicidade, além de evidenciarem possíveis danos ao Erário Público". A UNE é controlada pelo PC do B que, por acaso, faz parte da base parlamentar do ex-presidente e da atual “presidento”.


Os "padrinhos" da UNE


Nos últimos dez anos a UNE recebeu do Tesouro Nacional cerca de R$ 60 milhões. A primeira parcela de R$ 30 milhões foi liberada no apagar do governo Lula e o dinheiro era destinado à reconstrução da sede da entidade na Praia do Flamengo, RJ. A obra devia ter começado no primeiro semestre de 2011 e com previsão de término em 2013. Mesmo sem começar “a presidento” liberou a segunda parcela de R$ 14,6 milhões que saíram do orçamento do ministério da Justiça via Comissão da Anistia. Estes recursos são provenientes de uma indenização proposta por Lula à UNE em 2008 e aprovada pelo Congresso Nacional (Lei 12.260 de 21.06.2010). Toda essa dinheirama que aporta nos cofres da UNE se deve ao seu “bom comportamento”, ou seja, cumprir a cartilha do Partido dos Trabalhadores & Associados. De suprapartidária vê-se que a UNE não passa nem perto. Daniel Iliescu, presidente da UNE e filiado ao PC do B, seguindo o exemplo do ex-presidente por metáforas, disse "se estes recursos não forem carimbados para serem destinados à educação, amanhã poderemos vê-los em um chafariz em praça pública ou em azulejo de prefeitura". Transformados em chafariz ou azulejos ainda podemos nos dar por felizes por não terem aportado em contas bancárias pessoais. Mais os “estudantes” pleiteiam, além dos 10% do PIB para educação, um aumento expressivo de recursos destinados ao Plano Nacional de Assistência Estudantil dos atuais R$ 500 milhões para a bagatela de R$ 1,5 bilhão para construir restaurantes e alojamentos. Pois é, já não se fazem comunistas como antigamente. Não quero dizer que os comunistas de ontem eram melhores, eram menos capitalistas, pelo menos na aparência já que na essência jamais foram comunistas.


O cocheiro de vampira e a própria



Mas onde entra “a presidento” nesta história? Dando apoio incondicional à proposta. Ora, quanta grandeza! Largou a banana na mão do incompetente, incapaz, inerte e omisso Congresso Nacional e espera que a entreguem descascada. Caso aprovem a coroa de louros caberá ao seu governo e, caso contrário, a coroa de espinhos cingirá a cabeça do parlamento. Simples. “O presidenta” está tão comprometida com a educação que no Orçamento de 2012 cortou R$ 1 milhão da educação e o aportou na Bolsa-Família (ou Bolsa-Vagabundagem, dá no mesmo). Mas a coisa não será fácil, pois Dilma, Mercadante, Daniel, deputados e senadores deverão convencer os governadores e prefeitos que recebem esta verba a aderir à proposta. Enquanto isso irão dormir embalados em sonho de uma noite de verão com direito até a babar no travesseiro.



CELSO BOTELHO

23.08.2012

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

TREM-BALA. O TREM DO DESPERDÍCIO DE DINHEIRO PÚBLICO




“O presidenta” Dilma Rousseff irá abrir mais um pacote de maldades para entregar à ganância de “investidores” nacionais e internacionais um conjunto de concessões (rodovias, ferrovias, portos e aeroportos) sob o pretexto de combater o baixo investimento no país. E, mais uma vez, o Partido dos Trabalhadores se apropria do discurso e da pratica privatizante do PSDB. “A presidento” evita usar o termo privatizar, porém o que pretende fazer dá no mesmo. Entre as concessões inclui-se o inútil trem-bala ligando Rio de Janeiro-Campinas-São Paulo.




O professor da Universidade de Transportes da China Zhao Jian ao ser perguntado se fazia sentido construir um trem de alta velocidade no Brasil foi categórico: a concentração e densidade populacional são muito baixas e o custo de construção de um trem de 350 km/h é o dobro de um de 200 km/h. O débito do Ministério das Ferrovias da China está em 2 trilhões de yuans (US$ 309 bilhões) e chegará a 4 trilhões de yuans (US$ 618 bilhões) em quatro anos. Segundo este especialista "não importa quem o construa (no Brasil), o trem rápido será deficitário". Não estamos comparando uma realidade à outra, pois o professor está analisando a implantação de tal projeto em nosso país. Os recursos previstos para o trem de alta velocidade já ultrapassaram a casa dos R$ 30 bilhões e sequer saiu do papel. Segundo cálculos de especialistas o custo final poder chegar a mais de R$ 70 bilhões. O aporte de recursos necessários para este projeto significa gastar mais do que tudo o que foi investido em ferrovias entre 1999 e 2008. A recuperação de todas as rodovias do país consumiria, aproximadamente, um terço dos R$ 30 bilhões. A recuperação da malha rodoviária e a construção de ferrovias reduziriam o custo Brasil no transporte de cargas e sairia muito mais em conta. A construção de um trem de alta velocidade entre Rio e São Paulo exigirá a construção de várias pontes e túneis para que o traçado seja o mais reto possível, condição imprescindível para se alcançar grandes velocidades (um dos projetos já estudados previa que 26% do trajeto seriam feito em viadutos ou pontes e 33% em túneis). Não precisamos ser “experts” em transportes para sabermos que uma ferrovia de média velocidade que transportassem cargas e passageiros atenderia as demandas entre as duas maiores cidades brasileiras. Para dar um exemplo da sacanagem que é este trem-bala em um trecho de 61 km entre Lorena e Jacareí, em São Paulo, não se sabe ainda se será necessário fazer um aterro ou construir um viaduto. Caso seja aterro, a obra custaria R$ 264 milhões, mas se for necessário o viaduto o custo passa para R$ 4,2 bilhões.





Em abril de 2011 o Senado Federal aprovou por 44 votos a favor e dezessete contra a Medida Provisória nº 511/10 que autoriza o financiamento de até R$ 20 bilhões do BNDES, que também entrará com mais R$ 5 bilhões a fundo perdido. Antes de votarem no mérito os senadores apressaram-se para aprovarem o caráter de urgência e relevância da MP. Ora, aonde que este trem é urgente e relevante? Além do financiamento a MP autoriza a criação de uma nova estatal, a ETAV (Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade) que será sócia dos investidores privados do projeto. Em maio de 2011 “o presidenta” sancionou a lei nº 12.404/11 autorizando a União a oferecer garantia para financiamento de até R$ 20 bilhões do BNDES ao consórcio que construirá o Trem-Bala e cria a ETAV (Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade), mais uma estatal para abrigar os aloprados, desocupados, velhacos e outros meliantes.




Em 2009 o presidente do Comitê Brasileiro de Túneis Tarcísio Celestino comparou os custos do projeto com base nos estudos elaborados pelo próprio governo federal. Vejamos. Os túneis nas áreas rurais custam 46% a mais do que nas áreas urbanas, quando devia ser o contrário. A escavação de um túnel simples com apenas uma via e 7,85 metros de diâmetro utilizando-se o método NATM (com explosivos que abrem buracos e o maciço recebe concreto projetado) é 17% mais caro que o equivalente no túnel duplo com 16 metros de diâmetro, quando o oposto deveria acontecer.




Nos 510 quilômetros do traçado do trem bala 90,9 quilômetros, equivalente a 18% da obra, devem ter túneis, segundo o estudo elaborado pelo consórcio Halcrow/Sinergia, contratado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para o projeto. As obras civis, que incluem também 107,8 quilômetros de pontes e viadutos, vão custar R$ 24,5 bilhões, ou seja, 71% de todo o projetado orçado em R$ 34,6 bilhões. Celestino aponta também que o preço do metro escavado de túnel em local onde o solo é composto por rocha é somente 4% mais barato do que o mesmo serviço em local onde o solo é mole, sem interferência de rochas. Tarcísio foi incisivo: "em casos reais de rocha de boa qualidade, a diferença pode superar 50%.O metro escavado de túnel numa área rural, sem grandes interferências na superfície, foi estimado no estudo do TAV em R$ 160,9 mil, enquanto em área urbana, com todas as interferências possíveis de uma cidade, o custo é de R$ 86,7 mil o metro. Estão previstos 18.778 metros de túneis duplos de 16 metros de diâmetro em área rural em todo o traçado, além de 46.571 metros de túneis simples de 7,85 metros de diâmetro em áreas urbanas. Já o custo orçado para escavar túnel simples de 7,85 metro de diâmetro pelo método NATM é de R$ 1.380 o metro cúbico, apenas 17% mais caro que o mesmo serviço num túnel duplo com 16 metros de diâmetro, estimado em R$ 1.180 o m³, segundo o estudo da ANTT.




O último Trem de Prata, que fazia a ligação entre Rio e São Paulo, partiu na noite de 29 de novembro de 1998 da antiga estação Barra Funda (da EFSJ) chegando à estação Barão de Mauá (Leopoldina) na manhã de 30 de novembro. No início suas passagens custavam R$ 85 (cabine simples) e R$ 120 (cabine dupla), após algum tempo foram reajustadas para cabine simples, com cama de solteiro (R$ 120), cabine dupla, com beliches (R$ 240), e suíte, com cama de casal, banheiro amplo, frigobar, lavabo e armário (R$ 360). Com o trem-bala não acontecerá diferente. As passagens acabarão por terem seu preço superior as do transporte aéreo que condenará todo investimento.





Enquanto isso a educação exibe resultados pífios como demonstrou o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), mas o trem-bala na avaliação do governo é prioritário, urgente e relevante.



CELSO BOTELHO

21.08.2012


“Ói, Ói, O Trem” – 16.06.2011.

“Trem-Bala. O Expresso da Roubalheira” 20.07.2011.





sábado, 18 de agosto de 2012

MERCADANTE, O EDUCADOR ALOPRADO






Vamos resumir: Aloizio Mercadante, ministro da Educação, é tão capaz para o cargo quanto um jumento velho, cego e manco para montar. Esse cidadão não tem mesmo brios. Babou o ovo do ex-presidente Luiz Inácio Lula Satanás da Silva, O Ignorante Desbocado, desde época que o PT se arvorava como defensor intransigente da ética e moralidade e a única coisa que conseguiu foi ser desprezado e sacaneado pelo ex-presidente.





Em 2003 pensou que ia para o ministério da Fazenda, foi preterido. Palocci, o milagreiro das multiplicações (de patrimônio), foi o ungido. Em 2009 quis renunciar à liderança no Senado Federal “em caráter irrevogável” porque, num arroubo de rebeldia, discordou da postura da direção nacional do PT que orientou para o arquivamento das 11 denúncias e representações contra o presidente do Senado Federal José Sarney (PMDB-AP), O Politicossauro. Onde já se viu um senador do PT desejar ver a caveira de um cúmplice tão importante quanto o Sarney? Mas Lula o “convenceu” a voltar atrás. Na ocasião o senador Mercadante disse: “pela minha história com o Lula não posso dizer não ao meu companheiro presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.” e acrescentou: “Lula me disse muita coisa que mexe com meu coração e com minha vida.” Ah, o amor é lindo! Que par!





Foi incentivado a disputar o governo de São Paulo e quebrou a cara. No lançamento de sua candidatura disse “o que deu certo com Lula lá, vai dar certo comigo aqui”. A única coisa que deu certo com “Lula lá” foi o desvio sistemático dos recursos públicos descaradamente e, devido a extraordinária incompetência e conivência de meia dúzia de moleques que se dizem oposição, seu mandato não foi interrompido por um impeachment. Na época a então candidata Dilma Rousseff, ex-guerrilheira de meia pataca, pseudo-doutoranda e boneca de ventríloquo, disse: “hoje o Brasil é um país honrado, de cabeça erguida. O Brasil conquistou tudo isso quando acolheu o Lula como presidente.” Tão honrado que seu governo protagonizou o “mais atrevido esquema de desvio de dinheiro público” da República, de acordo com a denúncia da Ação Penal 470, vulgo Mensalão, do procurador-geral da República Roberto Gurgel. Mas isso é outra história. Lembramos que o coordenador da campanha de Mercadante para o governo de São Paulo Hamilton Lacerda, foi filmado entrando com uma mala no hotel onde seriam presos dois aloprados do que ficou conhecido como Escândalo do Dossiê em 2006. Mercadante foi tido e havido como mentor e arrecadador de dinheiro para se montar a farsa.






Como prêmio de consolação pela leal vassalagem o ex-presidente impôs seu nome (do Mercadante) a Dilma nomeando-o ministro (sic) da Ciência e Tecnologia. Em junho de 2011 após ataques cibernéticos sofridos pelo governo declarou que havia até a possibilidade de chamar os hackers responsáveis para trabalhar em projetos de transparência e sites. Na ocasião dizia o ministro: “quero chamar os hackers para eles ajudarem a construir os indicadores e a forma de transparência.” E mais “eles são jovens talentosos que mudam a tecnologia o tempo inteiro e que nós temos que dialogar.” Os “jovens talentosos” a que se refere praticaram crime e o único diálogo possível seria responsabilizá-los criminalmente e não afagá-los e lhes dar emprego e condições de praticarem mais crimes. Mas isso não impressiona, posto ser prática comum nomear-se notórios malfeitores para ocupar cargos públicos.






Os dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) alardeiam uma melhora no ensino que só existe para o ministério da Educação. Qualquer idiota sabe perfeitamente que os tais números são uma miragem. O dito cujo ministro ainda diz textualmente: “Muitas escolas públicas já atingiram até as metas para 2022.” Ai não é miragem, é pura alucinação, é muito sol na cabeça ou outras coisas. O sistema educacional brasileiro é vergonhoso e o paspalho do Mercadante diz que o problema é internacional. Ora, pouco importa se a educação vai mal em Belize, Palau ou Eritrea. De uma maneira geral os ministros de Estado no Brasil são notáveis pela incompetência, inércia, inoperância e omissão, isso sem contar ministérios completamente inúteis que são inventados para abrigar correligionários, apadrinhados, bajuladores, cúmplices e demais parasitas e bandidos de todas as ordens.





O ex-ministro Fernando Haddad, hoje candidato a prefeito de São Paulo com as benções de Paulo Salim Larápio Maluf, declarou - quando ministro da Educação - que o péssimo desempenho dos estudantes brasileiros no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), “podia ser pior”. Por ai se vê o quanto estava qualificado para o cargo. Por falar neste lambão, o atual ministro da Educação declarou que se Fernando Haddad fizer na prefeitura de São Paulo (caso seja eleito) o que fez com o Enem a cidade que não pode parar andará para trás, exemplo irretocável do roto denegrindo o esfarrapado. Entre os 65 países pesquisados no estudo elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) o Brasil obteve a 53ª ficando atrás da Bulgária, Romênia e os latino-americanos México, Chile e Uruguai. O ministro usou o mesmo argumento que o ex-presidente quando estourou o escândalo do mensalão: caixa 2 todo mundo faz. Então devemos nos dar por felizes por nossos jovens não serem tão burros quanto se pensava? Outro argumento idiota do “notável” ministro foi dizer que o currículo estava sobrecarregado quando qualquer um sabe que a pobreza no ensino no Brasil não está unicamente no currículo, mas no sistema em si. Para arrematar diz o “sábio” ministro que a “grande resposta” seria as escolas de tempo integral. Leonel Brizola (1922-2004) e Darci Ribeiro (1922-1997) ao idealizarem os CIEPs o conceberam como escolas de tempo integral que foram sendo desmontadas, abandonadas e sucateadas por seus sucessores. Portanto, o ministro Mercadante está com quase três décadas de atraso ao defender as escolas em tempo integral. Qualquer dia anunciará que reinventou a roda e redescobriu o fogo. Não será subtraindo mais recursos para educação e transferindo-os para o Bolsa-Família (ou Bolsa-Vagabundagem, dá no mesmo) como “o presidenta” Dilma Rousseff fez com o Orçamento Geral da União de 2012 que podemos vislumbrar qualquer mudança para melhor no sistema educacional brasileiro.





Não podemos negar que nos últimos cinquenta anos o Brasil tenha avançado significativamente em proporcionar maior acesso ao ensino. Contudo, isto não significa que tenhamos avançado qualitativamente. O ensino fundamental e médio ao longo dos anos têm se prestado ao papel de ratos de laboratório: submetidos a experiências descontínuas (algumas descabidas, outras esdrúxulas e umas poucas inteligentes que, por assim serem foram descartadas de imediato) e, portanto, incapazes de demonstrarem algum resultado. Basta verificarmos as provas de concursos ou do Enem e constata-se um número elevado de analfabetos funcionais. Tem estudante que numa prova objetiva que pede para marcar um “x” na resposta correta fica na dúvida se “x” é ou não com “ch”. Bem, já vi professor de História usar a palavra reacionário no lugar de revolucionário. Como também já assisti os “doutos” analfabetos funcionais do Supremo Tribunal Federal julgarem considerando as palavras abortistas e aborteiros como sinônimos. Sinônimo é mijo e urina, Suas Excelências.





O Ideb é medido a partir da combinação do resultado individual obtido pelos estudantes na Prova Brasil – que avalia o desempenho em língua portuguesa e matemática - com a taxa de aprovação das escolas. Este índice mostra a eficiência do fluxo escolar. 37% das cidades brasileiras nos anos finais do Ensino Fundamental ficaram abaixo da meta estipulada pelo Ministério da Educação para 2011. O MEC esperava que as redes públicas, ao final da 8ª série, fossem capazes de atingir nota 3,7 o que, por si só, já é uma meta ridícula. Em oito estados – Amapá, Alagoas, Maranhão, Sergipe, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima e Tocantins - menos de 50% dos municípios atingiram essa nota medíocre. Em Roraima, um recorde macabro: nenhum dos 17 municípios foi capaz de chegar aos 3,7. Em Alagoas todos os municípios obtiveram notas abaixo de 3,4%. Na Região Sul do país, apenas 60% das cidades atingiu a meta. Do total de municípios do país, 73,5% tiveram notas até 4,4 isto quer dizer que mais da metade de nossos estudantes não sabem rigorosamente nada. Na ponta oposta, a da excelência, apenas 1,5% das cidades conseguiram notas superiores a 5,5 o que equivale dizer que nossos estudantes estão começando a querer aprender alguma coisa. Destas, 53 fica no Sudeste, 20 no Sul e, apenas uma no Nordeste (município de Vila Nova do Piauí. PI). É preciso dizer que as metas que o ministério proclama terem sido atingidas são diferentes para cada Estado da federação. Na Região Nordeste a nota média é de 3,5 e na Região Sudeste de 5,2. Isto quer dizer que os alunos dos Estados da Região Nordeste, na visão distorcida do MEC, são menos capazes e o por isso o governo exija pouco desempenho e o comentário que o ministro Mercadante não deixa dúvidas quanto a classificar os alunos da Região Nordeste como subcidadãos: “Eu não posso estabelecer a mesma meta para o Nordeste, que sempre teve desempenho pior, que é estabelecida para o resto do país." Apenas 674 dos 5.136 municípios do país avaliados conseguiram Ideb igual ou superior a 6, sendo que nenhum deles na região Norte. Onze estão localizados no Nordeste, 25 no Centro-Oeste, 179 no Sul e 459 no Sudeste. Mas, afinal, o que o ministério está comemorando? Ora, comemora a meta que está sempre a perseguir: quanto mais ignorantes nossos estudantes for melhor para a classe dominante.





CELSO BOTELHO

18.08.2012

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

MENSALEIROS IRÃO RECORRER Á CIDH, AO PAPA E AO DIABO



 Bandido pobre e bandido rico

A legislação é uma só. A maneira como será empregada é que difere. Resumindo: se o transgressor for rico, poderoso ou amigo destes, sua aplicação será suave, amiga, quase tenra. Porém, se o desgraçado for pobre e, portanto, sem poder algum o “pau irá comer no seu lombo”, como bem o disse o exímio causídico Delio Lins e Silva. A Procuradoria Geral da República contou com sete anos para elaborar a acusação e fornecer provas irrefutáveis da culpabilidade dos réus do Mensalão, ainda que os advogados de defesa tivessem que se desdobrar para derrubá-las, posto ser seu ofício e obrigação.


Bandido togado e bandido "doutor honoris causa"

Desde que o escândalo veio a público a sociedade tomou conhecimento do maior esquema de corrupção já montado na capenga e maltrapilha República brasileira. E, eis o mais grave, o ex-presidente Lula, O Ignorante Desbocado, não só sabia de tudo como teria sido impossível sua existência sem a sua participação. Prova cabal de que sabia de tudo está no fato de haver se reunido, “casualmente”, com o ministro Gilmar Mendes, O Coronel, no escritório do ex-ministro da Defesa e General de Araque Nelson Jobim e, na oportunidade, segundo o coronel mato-grossense, chantageou-o para que atuasse no sentido de adiar o julgamento do Mensalão para após as eleições deste ano em troca de uma blindagem na CPI do Cachoeira. O ex-presidente, na ocasião que o escândalo tomou conta do noticiário, disse que não sabia (caso caísse na besteira de dizer que sabia estaria incurso no crime de responsabilidade), depois mudou para a versão de que o esquema jamais existiu e, finalmente, desesperado, tenta chantagear um ministro do Supremo Tribunal Federal a favor de seus cúmplices. Caso de fato não soubesse por que iria negar sua existência e, mais ainda, porque iria se dar ao trabalho de voar para Brasília para chantagear? Mesmo considerando que goste de voar, mentir, construir metáforas idiotas e beber uma pinga e não vir a público explicar como amealhou US$ 2 bilhões de dólares em patrimônio, segundo a revista Forbes.


Pelo menos um está faltando neste quadro


Em qualquer processo é admissível falha ou descuido durante sua tramitação, porém um processo desta relevância não poderia apresentar falhas e descuidos grosseiros, posto que isto abra brecha para que o advogado de defesa salve seu cliente das acusações que lhes são imputadas. E é exatamente o que está acontecendo no julgamento da Ação Penal 470 além, é óbvio, de todos culparem todos. A negligência do Ministério Público em montar uma acusação que fosse capaz de fechar todas as brechas possíveis para a defesa dos mensaleiros é notória. Isto certamente poderá redundar na absolvição de um número expressivo de acusados. O ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, logo no primeiro dia e com o auxílio luxuoso do ministro Ricardo Lewandowski (continuo achando que isso não é nome de gente), arguiu sobre a incompetência do STF para julgar os 38 acusados, posto que apenas três detivesse mandato parlamentar o que remeteria os outros 35 à primeira instância e começaria tudo da estaca zero e só terminaria um século após o Dia do Juízo Final. A manobra não deu certo pela quarta vez com um placar de 9 x 2.



Os advogados de defesa agora partem para a ameaça de apresentar reclamação junto à Corte Internacional dos Direitos Humanos (CIDH) da OEA (Organização dos Estados Americanos) alegando que seus clientes poderão sofrer perseguição política no caso de serem condenados. Buscarão respaldo afirmando que seus clientes não tiveram as garantias básicas asseguradas no processo e no julgamento. Os distintos advogados de defesa recorrerão ao Pacto de San José da Costa Rica (22 de novembro de 1969, entrando em vigor no Brasil em 25.09.1992, Decreto nº 678 de 06.11.1992) que estabelece garantias como, por exemplo, direito do réu recorrer à instância superior da Justiça caso condenado. Tal denúncia não tem efeito sobre a decisão do julgamento, apenas constrangerá o país e o STF. Ao julgar réus sem foro privilegiado o STF está negando-lhes o acesso a recursos em instâncias superiores, o que contraria o Pacto. Os advogados também poderão alegar que o ministro relator Joaquim Barbosa leu apenas o resumo do relatório e que não interrogou pessoalmente os réus que por ele serão julgados. Outro fato que já foi questionado na CIDH é a decisão de que o STF não ouvirá os réus no fim do processo. Outros dois pontos que servirá para reclamarem na CIDH está por acontecer: o primeiro será no caso do relator dar o seu voto de forma resumida e o segundo é o voto antecipado do ministro Cesar Peluso que deverá deixar o STF por haver atingido a idade limite (70 anos).





Não será surpresa caso os causídicos recorram ao Papa para livrar a cara de seus angelicais clientes. Caso o pontífice não resolva ainda restará a alternativa de recorrerem ao diabo, mesmo duvidando de sua adesão à causa. No artigo anterior propus a exoneração do procurador-geral da República e sua imediata prisão por haver acusado figuras tão “decentes” e de “reputação ilibada”. Vou mais adiante: fechem o STF e ponham fogo em todos os processos que por lá se encontrem. A Instituição é, sem dúvida, importante. Isto num Estado Democrático de Direito, não numa ditadura da corrupção como a implantada no Brasil. O STF, através dos anos, tem demonstrado de maneira irretocável sua imprestabilidade. Aliás, todas as instituições republicanas estão apodrecidas, viciadas e a serviço de interesses inconfessáveis, interesses que passam longe dos anseios e necessidades da sociedade. Em nosso país, lamentavelmente, não há governos e sim quadrilhas de bandidos especializadas em dilapidar e roubar os cofres públicos amparados pelo sólido Instituto da Impunidade. Não creio que o julgamento do Mensalão possa servir de exemplo, a não ser para reafirmar que o crime compensa e que dinheiro público é, sem dúvida, tal e qual o dinheiro da pensão da viúva que se pode fazer dele o que quiser sem que o finado saia do túmulo para reclamar. Como um julgamento que flagrou o maior esquema de corrupção envolvendo a compra do poder Legislativo pelo poder Executivo poderá servir de exemplo se a prática continua sendo uma constante, menos pela forma e mais pelo conteúdo?



Entre 1979 e 1981, durante o governo Figueiredo, último da ditadura militar, o Brasil ficou sabendo do Escândalo da Mandioca. O golpe aconteceu na cidade de Floresta, PE, e foram desviados do Banco do Brasil Cr$ 1,5 bilhões (aproximadamente R$ 20 milhões). A fraude era comandada pelo gerente do Banco do Brasil e envolvia comerciantes, pequenos e grandes agricultores, políticos, um ex-major da Polícia e funcionários públicos. O esquema funcionava assim: os envolvidos obtinham documentos falsos, com cadastros frios, propriedades inexistentes e agricultores fantasmas e solicitavam crédito agrícola no Banco do Brasil para o plantio de mandioca, feijão, cebola, melão e melancia. O empréstimo era concedido pelo gerente do Banco do Brasil Edmílson Soares Lins. A operação também incluía indenizações do Programa de Garantia da Atividade Pecuária (Proagro), sob a alegação de que a seca havia impossibilitado a colheita da suposta safra. O golpe só foi descoberto porque dois empresários envolvidos se desentenderam, mas o que agravou foi o assassinato do procurador da República Pedro Jorge de Melo e Souza que denunciou a fraude (foi morto quando saia de uma padaria em companhia de uma de suas filhas). Resumo: o processo levou 18 anos para chegar ao julgamento de 26 acusados. A Justiça condenou 22 dos 26 réus. Dois réus foram liberados do processo por contarem mais de 70 anos de idade. Dois morreram durante o processo. Vinte réus foram condenados com penas de até oito anos de prisão, mas elas já estavam prescritas. E apenas dois réus foram para cadeia (Edmílson Soares Lins, condenado a 11 anos e três meses e o fazendeiro Antonio Oliveira da Silva, o Antonio Rico, que pegou 8 anos e dois meses). Este caso tem mais de trinta anos e quantos escândalos já foram descobertos depois? Centenas. A Justiça brasileira não prima por dar exemplo de coisíssima alguma. Os mecanismos de controle não servem para porcaria alguma e os políticos representam apenas seus interesses (ilícitos) ou de seus patrões nacionais e/ou estrangeiros.



CELSO BOTELHO

13.08.2012













sábado, 11 de agosto de 2012

A PGR E O GARÇOM SÃO OS CULPADOS



Roberto Gurgel, O Acusador sem provas

Bom, que todos são inocentes até que se prove o contrário todo mundo sabe. No entanto, pretender transformar culpados em inocentes é obrigação do advogado de defesa. E têm demonstrado isso no julgamento do Mensalão ou, como os causídicos preferem dizer, Ação Penal 470. A defesa oral está se empenhando ao extremo para convencer os “honoráveis” ministros e a sociedade de que o diabo do Mensalão não existiu e se existiu seus clientes dele não participaram sendo vítimas de uma conspiração orquestrada por seus inimigos e que o Ministério Público está de sacanagem em acusá-los. Portanto, sugiro que devam se unir e deflagrar um movimento nacional para a remoção do procurador-geral da República do cargo e sua prisão sumária por apresentar acusações de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha a pessoas tão idôneas como José Dirceu, Valdemar Costa Neto, Roberto Jefferson, Marcos Valério, Duda Mendonça, Delúbio Soares, Jacinto Lamas, João Paulo Cunha e outros baluartes da decência e honestidade. Não será surpresa que convençam os ministros do STF de que estes mensaleiros “juramentados” são inocentes e ainda venham a pleitear robustas indenizações por danos morais, materiais e espirituais. O julgamento no STF é um festival de um acusar o outro e outro acusar um. Cada um quer porque quer tirar o seu (o deles) da reta. Todos os advogados estão empenhados em desqualificar os crimes, as autorias e as provas. Mas quadrilha é assim mesmo: na hora de praticar os crimes estão unidos por um só sentimento de pilhagem, mas quando são descobertos a delação é geral. Teve um advogado que disse estar intrigado pelo fato do ex-presidente Lula, O Ignorante Desbocado, não ter sido investigado e denunciado pelo Ministério Público, uma vez que existe depoimento judicial onde se afirma que sabia de tudo. Ora, não se mata a galinha dos ovos de ouro, meu caro e velho causídico.


Roberto Jefferson, O Delator


Valdemar da Costa Neto, O...



Marcos Valério e Valdemar da Costa Neto foram eleitos pela defesa de todos os réus, exceto os deles, para a crucificação. Não que sejam inocentes, mas, afinal, alguém tem que ser punido, mesmo que a pena não seja executada. Com o publicitário descobriu-se que a propaganda era muito mais que a alma do negócio, era um meio seguro para se realizar transações espúrias o que, aliás, não se constitui em novidade. A publicidade tem um custo muito subjetivo e seu preço varia em função de muitos fatores e, assim, podem-se encobrir muitas falcatruas. O que Valério não contava é que um integrante do bando viesse por tudo a perder quando se sentiu ameaçado pelos demais comparsas. Cristo teve Judas (que se deu mal), Tiradentes teve Joaquim Silvério dos Reis (que se deu muito bem com a delação) e a quadrilha de mensaleiros teve Roberto Jefferson (que continua presidente do PTB e recebendo aposentadoria como ex-deputado federal, portanto, não está mal). Volto a dizer que apenas 36 réus são um número ridículo perto da magnitude do esquema e que o principal responsável não figura entre os acusados e alega ter mais o que fazer do que assistir ao julgamento do qual, por sinal, foi poupado apenas por declarar candidamente que de nada sabia.



Marcos Valério, O Operador...





Uma sonequinha não faz mal a ninguém



De qualquer maneira este julgamento servirá como divisor de águas. Ou se começa a desarticular e punir os grupos criminosos que assaltam com frequência os cofres públicos ou se incorpora definitivamente a impunidade para crimes desta natureza. Existem muitos interesses em jogo neste julgamento. Interesses pessoais, políticos, partidários e econômicos que, com certeza, irão influir na decisão do tribunal. Só mesmo um idiota pode acreditar que haverá imparcialidade e que a justiça será feita de forma impecável, posto que em casos desta natureza a balança sempre pende para o lado dos ricos e poderosos. Como confiar num Judiciário que mantém em sua estrutura supersalários injustificáveis, magistrados blindados por magistrados, juízes vendendo sentenças e a alma para o diabo, envolvidos em fraudes (Nestor Nascimento, Nicolau Lalau, etc.), ex-ministro defendendo um notório criminoso com honorários altíssimos e outras bandalheiras? Um Judiciário que prende uma mulher por causa de um pote de margarina furtado em num supermercado e concede habeas corpus para banqueiros sabidamente pilantras como Daniel Dantas e Salvatore Cacciola. Um Judiciário aparelhado pelo Partido dos Trabalhadores. Este ano “o presidenta” deverá indicar mais dois membros para o STF para a alegria dos petistas e associados.


A Justiça PPP


A Justiça brasileira é muito eficaz quando o delinquente é pobre, preto e puta no que concerne a aplicação rigorosa da lei para puni-lo. Mas quando se trata de político, poderoso e petista fica de cócoras, ajoelha-se e reza em seus hinários de louvor ao belzebu. O STF jamais colocou atrás das grades um único político (não por falta de políticos safados ou provas contundentes) da mesma forma que jamais encontraremos crocodilos na Lua. Os advogados dos réus do Mensalão me fazem lembrar aquele advogado que defendia um camarada por haver disparado seis tiros contra o vizinho à queima roupa e estava em dificuldades para elaborar a defesa então teve a brilhante ideia de responsabilizar a invenção da pólvora e da metalurgia. Não convenceu o júri. Mas poderiam convencer perfeitamente os membros do STF, com destaque para Gilmar Mendes, O Coronel. Na Ação Penal 470, segundo os advogados dos supostos mensaleiros, o crime não existiu, portanto, não houve autorias e muito menos provas. Então, pergunto: está se julgando o que no STF? Nada? Uma miragem? Uma calúnia? Quanto trabalho e dinheiro do contribuinte foram gastos com um processo que simplesmente não apurou nada, não identificou autorias e não reuniu provas. A PGR inventou tudo isso porque não tinha nada para fazer e precisava aporrinhar os petistas e malfeitores associados? Ora, o direito à defesa não pode, de maneira alguma, supor que a sociedade seja formada por imbecis ou retardados. O Mensalão foi tão real quanto são os oceanos. Mas todo réu ou condenado tem duas obrigações: afirmar que é inocente, mesmo que o tenham apanhado em flagrante matando a própria mãe à facadas e tentar fugir da penitenciária na qual estiver hospedado, seja cavando túnel ou evadindo-se a bordo de um helicóptero ou, simplesmente, saindo pela porta da frente com a anuência de seus carcereiros. Por enquanto, quem está mal na fita é o procurador-geral da República que fez a caveira de pessoas tão honradas e dedicadas em promover o bem-estar público. Então prenda-se o procurador.


Não havendo modormo, o garçom serve





Caso fosse uma história de suspense policial poderia sugerir o mordomo como culpado e tudo estaria resolvido. Mas como se trata do caso mais atrevido de desvio de recursos da República e alguém tenha que pagar o pato, o marreco e o ganso, sugiro que o garçom que troca os copos de água durante o julgamento seja convidado para o inglório papel de bode expiatório ou boi de piranha, posto que sua eficiência e solicitude seja suspeita.


Os Bons "Cumpanheiros"



CELSO BOTELHO

11.08.2012



quarta-feira, 8 de agosto de 2012

ESTÁ FALTANDO ALGUÉM NA AÇÃO PENAL 470, VULGO MENSALÃO



As palavras preferidas de Lula

Por maior esforço e boa vontade que possa ter é impossível compreender o escândalo do Mensalão sem a figura de seu principal responsável: o ex-presidente Lula, O Ignorante Desbocado. Na denúncia constavam 40 ladrões e nenhum Ali Baba. O deputado José Janene, PP, morreu. Suspeito de haver recebido do esquema de corrupção R$ 4,1 milhões. Em 2006 safou-se da cassação de seu mandato por insuficiência de votos a favor. Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT, fez acordo com a Justiça e cumpriu 750 horas de trabalho comunitário, exercia atividades administrativas na subprefeitura do Butantã, SP, ou seja, não beneficiava em nada a comunidade, era “pena” para inglês ver. Sobram, portanto, 38 réus dos quais a Procuradoria Geral da República (PGR) pede absolvição de dois por falta de provas, ora vejam! Luiz Gushiken, ex-chefe da Secretaria de Comunicação no governo Lula, ex-bancário, ex-trotskista, ex-sindicalista, ex-deputado, ex-budista e réu-absolvido, segundo recomendação da PGR. Em 2007 foi multado em R$ 30.000,00 pelo Tribunal de Contas da União (TCU) que considerou os contratos publicitários firmados por Gushiken como irregulares e que não fiscalizara sua execução. Ao sair do governo – a exemplo de tantos outros, como Palocci e Fernando Pimentel – abriu uma empresa de “consultoria em gestão empresarial” e em novembro de 2010 teve uma participação no negócio que resultou na associação entre o Banco Pan-americano e a Caixa Econômica Federal onde o contribuinte foi chamado a arcar com a bandalheira contra sua vontade como, aliás, é usual. Sem fazer alarde prestou uma “consultoria informal” ao banco de Silvio Santos. Virou réu do Mensalão ou, caso prefiram, Ação Penal 470, por peculato (Artigo 312 do Código Penal), mas a PGR não encontrou provas. Que coisa, heim!? E, por último, Antonio Lamas, ex-assessor da Liderança do Partido Liberal (hoje PR, Partido da República, as moscas são as mesmas), acusado de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, mas por não ter conseguido reunir provas o procurador-geral pediu sua absolvição. O dito cujo é irmão de Jacinto Lamas (nome apropriado, é réu por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e formação de quadrilha), ex-tesoureiro do PL, sacou R$ 1,65 milhões do valerioduto ou PTduto. Portanto restaram 36 mensaleiros desfigurando a história das mil e uma noites, a versão brasileira fica, pois, sendo Ali Lula Não Sabia Baba e os 36 Mensaleiros. Os advogados de defesa estão se esforçando para transformá-los em criaturas angelicais, mesmo convictos que não passam de criaturas diabólicas. Afinal, são regiamente pagos para isso.


Qualquer semelhança é a mais absoluta semelhança

Caso o ex-presidente seja inocente devemos beatificar e canonizar Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, o mais depressa possível. Isso para ficarmos em seu estado natal. Lula sempre controlou o PT com mão de ferro. Não caía um palito de fósforo no chão sem que ele soubesse. É impossível que uma organização criminosa funcionasse embaixo de sua barba, ou melhor, ao lado de sua barba sem que dela tivesse conhecimento. O ex-procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza ao elaborar o organograma da quadrilha deixou em branco o lugar acima de José Dirceu que foi confirmado como “chefe da quadrilha” sem, na verdade, o ser. Podemos dizer que José Dirceu (ou Carlos Henrique Gouveia de Mello, nome que adotou quando voltou de Cuba após operação plástica) era um lugar-tenente, aquele que provisoriamente desempenha a função de outro, posto que fosse o candidato natural à sucessão de 2010. Dilma Rousseff precisou ser inventada, lapidada, embalada e oferecida ao eleitor. Sem o apoio de Lula dificilmente se elegeria sequer vereadora. Mas, voltando a José Dirceu, O ex-guerrilheiro de um terço de uma pataca furada, possuía um chefe ou, como dizem na máfia, um padrinho, o chefe da “famiglia”. Naquela ocasião o próprio José Dirceu declarara que não fazia nada sem a ordem do presidente. Então? A farta distribuição de doces e malas de dinheiro se inclui na afirmação do ex-chefe da Casa Civil. Porque a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a ABI (Associação Brasileira de Imprensa), a Polícia Federal, o Congresso Nacional, o Ministério Público Federal, a Procuradoria-Geral da República e o botequim do “seu” Manoel conformaram-se com o simplório “eu não sabia” do ex-presidente? Porque são casas de tolerância, com todo respeito ao botequim do “seu” Manoel. E, caso não sejam, desempenham muito bem este papel.



 
Antes da votação que cassou seu mandato Roberto Jefferson (PTB-RJ), em sua defesa, traçou um perfil do ex-presidente Lula: "O presidente Lula é uma espécie de Genoíno na Presidência da República, não sabe o que lê, não sabe o que assina, não sabe o que faz. S.Exa. é o Genoíno do Planalto, e deu a mãos erradas, a Luiz Gushiken e José Dirceu, a confiança que o povo do Brasil depositou nele. S.Exa. errou. O meu conceito do Presidente Lula é que ele é malandro, preguiçoso... O negócio dele é passear de avião. Governar que é bom ele não gosta." Isso de não gostar de trabalhar é fato mais do que sabido desde 27 de outubro de 1945, mas será que o ex-deputado não se esqueceu de acrescentar que além de gostar de passear de avião o ex-presidente sempre apreciou uma pinga? Qualquer um sabe que o presidente da República dispõe de um aparato de informantes que o mantém a par de tudo que acontece, desde mexericos até assuntos de alta complexidade. Portanto, alegar ignorância sobre o mensalão foi desejar outorgar um vistoso diploma de asno para a sociedade. Caso houvesse de fato uma oposição ao governo do PT o ex-presidente teria sofrido um impeachment e muito bem merecido. Lula conseguiu, sem implantar uma ditadura ou derramar sangue, neutralizar toda e qualquer oposição que, por ventura, desse o ar de sua graça. Pôs preço e comprou tanto quanto pode e ainda roubou-lhes o discurso.


Está parecendo um anexo ao Palácio do Planalto


Tribunal de Nuremberg


O título deste artigo faz alusão ao livro de David Nasser (1917-1980) “Falta Alguém em Nuremberg” que traça o perfil dos subordinados escolhidos por Filinto Müller (1900-1973) para conduzir a sua polícia política na Era Vargas. Indivíduos cujo servilismo ao governo e brutalidade com os presos contribuíram para as violações dos direitos humanos ocorridas na época. Dos vinte e quatro principais criminosos de guerra na Segunda Guerra Mundial o tribunal de Nuremberg decretou doze condenações à morte (apenas dez foram executadas), três prisões perpétuas, duas condenações a 20 anos de prisão, uma a 15 e outra a 10 anos, três absolvidos, dois suicidaram-se e um teve as acusações canceladas por motivo de saúde debilitada. Nada é perfeito. O tribunal que decidirá sobre o destino mensaleiros possui em seu histórico, desde sua criação em 1824, jamais haver condenado um político entre outras centenas de milhares de coisas no mínimo, para usar de elegância, polêmicas. A lista do que o STF já fez, faz, deixa de fazer ou simplesmente se omite é imensa. Que sairão alguns condenados isto não resta a menor dúvida (caso contrário podemos partir para a bagunça ampla, geral e irrestrita, pois o Brasil deixará de ser oficialmente uma nação), mas perguntamos: será que as punições serão executadas? E afirmamos: falta alguém no banco dos réus. Alguém que transformou o maltrapilho Estado brasileiro num departamento do Partido dos Trabalhadores.





CELSO BOTELHO

07.08.2012

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

UMA NOVA ARENA





Que tem maluco para tudo não é novidade alguma. Mas a estudante de Direito de Caxias do Sul (RS) Cibele Bumbel Baginski extrapolou toda e qualquer expectativa. Das duas uma: ou está atrás de seus quinze minutos de fama ou é doida varrida mesmo. Não é que a menina está articulando uma rede para coletar 500 mil assinaturas para refundar o partido que dava sustentação (sic) ao regime militar (1964-1985), a ARENA (Aliança Renovadora Nacional). Segundo esta biruta, 12 Estados apoiam sua iniciativa. Na página no Facebook (onde esconde seu rosto, mas natural ou não é loira), a ideia conta com 400 apoiadores e 70 pessoas desejam constar como fundadores da sigla. Quando perguntada sobre a participação daquele partido em crimes simplesmente disse que também aconteceram coisas boas. Mas não elenca nenhuma dessas “coisas boas” e nem pode. Por ai já podemos ter uma ideia do grau de maluquice que a estudante se encontra. Quando esta moça nasceu (1990) a ditadura militar já havia acabado e, portanto, se conhece alguma coisa é porque lhe contaram ou leu somente os livros escritos por militares e simpatizantes do regime. Antes que dê prosseguimento a esta aberração sugiro que acesse o acervo sobre o período da ditadura completamente disponibilizado no Arquivo Nacional, no Itamaraty, nos Arquivos Estaduais.





Segundo consta esta estudante é fã do “heavy metal” que, aliás, surgiu em fins da década de 1960 e inicio da década de 1970 como um gênero do rock caracterizado por altas distorções amplificadas, prolongados solos de guitarra e batidas enfáticas. Não há nada errado em apreciar tal gênero, porém, no caso, fornece uma pista irrefutável do perfil do apreciador. A mocinha também expressou ser fã de “cultura gótica”. Vamos informá-la. Não é “cultura gótica” e sim subcultura gótica que surgiu no Reino Unido no final da década de 1970 e inicio da década de 1980. A subcultura gótica compreende um “estilo de vida” que não discutiremos por dois motivos: primeiro é um assunto muito abrangente e reclamaria um tratamento acadêmico extenso e, segundo, fundiria a cuca de Cibele de modo irreversível. Para simplificar, esta tal subcultura gótica encampa formas não convencionais de visual, moda e vestuário com maquiagem e penteados alternativos como cabelos desfiados, dessarumados e desgrenhados. Portanto, suas preferências por “heavy metal” e subcultura gótica justificam plenamente sua pretensão para ressuscitar a famigerada ARENA.






Caso a mocinha queria apenas seus quinze minutos de fama já os obteve e, sendo assim, deve parar com a sandice e voltar-se para seus estudos, que não é pouca coisa. A pessoa que não assina o que escreve ou esconde seu rosto não me merece qualquer respeito, pois não se assume. Certos ou errados devemos defender nossas convicções, nossas posturas, nossas atitudes. O anônimo é, sem dúvida, um covarde, um fraudador, um pulha. Jamais procurei o anonimato ou os pseudônimos para externar meu pensamento ou minhas convicções.



Querem outra prova de que tem débil mental de todas as ordens no Brasil? Os movimentos neonazistas. Como é que estes palhaços podem defender a Eugênia, a raça ariana, a perseguição aos negros, homossexuais e o diabo a quatro num país cabloco, miscigenado e repleto de culturas distintas uma das outras que, guardando-se as devidas e necessárias proporções, se respeitam ou se toleram? Os adeptos de tal movimento deviam estar quebrando pedras... com os dentes. Minha geração teve como causa o retorno do país ao Estado Democrático de Direito e esta e as futuras gerações devem abraçar causas que o fortaleçam e aprimorem e que exijam do Estado o atendimento as necessidades tão básicas da sociedade que são ignoradas ou negligenciadas como a educação, a saúde, os transportes, a habitação, a segurança pública, a criação de empregos e os salários dignos. Enfim, a causa pela melhor distribuição de renda e o extermínio das gritantes desigualdades sociais. Mocinha, reviver um partido político do qual esta nação deve sempre se envergonhar é um insulto a todos aqueles que, verdadeiramente, lutaram pelo restabelecimento do Estado Democrático de Direito e, entre estes, não se encontram os ex-guerrilheiros de meia-pataca (como José Dirceu, José Genoíno, Dilma Rousseff, Fernando Gabeira, etc.) ou os opositores faz de conta (do tipo Tancredo Neves que não fazia, não deixava fazer e tinha raiva de quem fizesse) que assumiram o poder e vêm dilapidando e desintegrando este país.






É lamentável assistirmos uma jovem com uma pretensão tão descabida como esta quando poderia empregar todo seu vigor, sua inteligência e conhecimentos em causas mais nobres e úteis.




CELSO BOTELHO


03.08.2012