Ora vejam, depois ainda consigo encontrar quem me chame de ácido crítico do presidente Lula, O Ignorante, ou mesmo que não tente sequer ter um pouquinho de boa vontade com Sua Excelência. Ontem mesmo disse que o presidente poderia ser o quisesse: torneiro-mecânico, estadista, articulista político, sindicalista, atleta, papai-noel, coelhinho da páscoa, magnâmino, insubstituível. E não é que hoje na puxação de saco realizada na Bolsa de Valores de São Paulo onde os banqueiros se regojizaram pelo deleite que vêem experimentando “como nunca antes na história deste país” resolveu ser também governo, trabalhador, expert do mercado de ações e empresário? Olá - lá! Não é pouca porcaria. Enquanto o mundo está preocupado com o avanço da inflação, a pressão por aumento de juros e a crise de alimentos o nosso presidente afirma ser a inflação “um pequeno problema” e, aproveitando também seus conhecimentos sobre ótica, recomenda-nos a não ver a crise mundial de alimentos como tal. É só um desafio que o mundo está fazendo para nos sacanear. Já os dotes atléticos do ilustre mandatário número um do país obrigam-o a ser categórico ao sentenciar que possuímos condições para dar um salto de qualidade. Modalidade que, por sinal, estamos treinando há anos sem obter resultados significativos. Começo a desconfiar que os números sobre o comportamento da economia brasileira que estão à disposição do presidente não são os mesmos divulgados ou, talvez, é provável, estar comparando com qualquer coisa do gênero que, por ventura, tenha sido publicado durante a monarquia, ou antes. Apesar de que, devo reconhecer, demonstrou grande conhecimento econômico ao declarar que “se a gente continuar consumindo mais do que a gente produz, o resultado é que a gente tenha uma inflação” (tanto a gente. Será agente da CIA., KGB ou ABIN?). “Estou convencido”, para usar o mesmo bordão, que a prioridade neste governo é tomar de assalto o bolso dos contribuintes; produzir escândalos (além de dossiês); fabricar ministérios inúteis; empregar petistas, aliados e simpatizantes; gastar adoidado, desperdiçar sem constrangimentos; desviar recursos na maior cara-de-pau e a lista é enorme.
Registro também que o ministro Guido Mantega (não seria manteiga ou margarina?) foi de um brilhantismo intelectual econômico que faria corar Adam Smith (1723-1790) seguindo o Pequeno Dicionário de Metáforas do chefe ao proclamar que “a economia americana (EUA) sofre de uma pneumonia, a brasileira passa por um resfriado”. É bom lembrar ao ministro, para não sair das metáforas, quem trata da pneunomia do Tio Sam são especialistas dotados de instrumentos corretos e respaldados numa sólida economia. Aqui quem trata do resfriado do Jeca Tatu é o SUS (Sistema Único de Saúde) então, por favor, guardem-se as proporções.
É inaceitável que qualquer governante, seja ele de que matiz for, ignorar a realidade na qual vive a sociedade e suas necessidades. Porém, em se tratando do presidente Lula esta posição é inadmissível pelo simples fato de que conheceu, pessoalmente, o outro lado da moeda. Portanto, jamais poderia permitir deixar-se envolver com o deslumbre do poder assumindo, ou revelando, uma personalidade presunçosa e arrogante.
CELSO BOTELHO
16.06.2008