É necessário que saibamos (ou procuremos saber) distinguir entre aquilo que podemos escrever (ou falar) daquilo que não devemos. Notadamente quando dispomos de um espaço na mídia, seja ela qual for. Não defendo, e jamais o faria, uma lei de imprensa, pelo menos nos moldes que se nos apresentam. Sei perfeitamente o que significa a censura na imprensa e os danos por ela causados cujas conseqüências ainda podemos encontrar. Numa ditadura o controle dos meios de comunicação é vital para que sobreviva disseminando sua doutrina que embrutece, aliena e subjuga. No Estado Democrático de Direito dá-se exatamente o oposto: a liberdade de expressão proporciona o esclarecimento, a informação, a denuncia, a investigação, fornecendo elementos nos quais a sociedade possa desenvolver-se. A imprensa livre é, sem dúvida, o quarto poder da República. Não posso deixar de admitir que haja excessos de todas as ordens e, para eles, deve-se aplicar as penalidades previstas na legislação vigente. De outra forma a maldita confusão entre liberdade e libertinagem na imprensa continuará prosperando e os resultados podem mostrar-se desastrosos, catastróficos mesmo. Os limites para quem atua na imprensa devem ser regidos pelo bom senso, responsabilidade, ética, respeito e verdade. Dito isto desejo registrar meu inconformismo com matéria publicada no jornal “A Folha de São Paulo” do dia 27.11.2009 sob o título de “Os Filhos do Brasil” assinada por César Benjamin que, sem quaisquer provas, atribui ao cidadão Luiz Inácio Lula da Silva, em 1994, hoje presidente da República, ter comportamento grosseiro durante um almoço com relação a ficar anos presos (como o autor da matéria) sem a possibilidade de contato com o sexo feminino e de haver narrado que durante os trinta dias nos quais permaneceu preso tentou subjugar um menino preso pertencente ao MEP (Movimento de Emancipação do Proletariado). Ambas as afirmações não encontraram respaldo nos participantes de tal almoço (negaram ou disseram que não aconteceu nada do que foi publicado). Fantasia ou não é deplorável, ignóbil e sórdida e só pode causar repulsa a quem dela tome conhecimento. São profissionais (?) deste calibre que põem a liberdade de imprensa
Basta uma breve olhada neste blog para ter-se a certeza de que sou um dos mais ácidos críticos do presidente Lula, O Ignorante e de sua administração. Contudo, jamais me esquivei de aplaudir as atitudes e decisões que julguei corretas, necessárias, urgentes e inadiáveis desde sua posse. Os erros e os acertos de qualquer governo me interessam em muito pelo simples fato de que esta é a minha pátria e, ao contrário do que já disse o nosso presidente, não torço para que “quebre a cara” porque a minha seria quebrada primeiro, só mesmo um débil mental torceria contra seu próprio país. Podemos (e quando necessário devemos) divergir do administrador público, porém, isso não pode misturar-se com a figura do cidadão que exerce tal função. Gostando ou não o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva ocupa, pela segunda vez, a presidência da República Federativa do Brasil constitucionalmente eleito, portanto chefe do Governo e de Estado; detém o maior índice de popularidade entre seus compatriotas e tem amealhado um prestígio internacional incontestável. Sempre dizem que o papel aceita tudo, no entanto, só mesmo um canalha o faria aceitar tamanha leviandade. Em várias matérias que escrevi classifiquei comportamentos do presidente que se encaixavam plenamente em adjetivos como arrogante, prepotente, presunçoso, narcisista, megalomaníaco, preconceituoso, semideus e por ai a fora. Sendo o mais comum a ele referir-me como O Ignorante (e já expliquei o motivo muitas vezes) pelo fato que, por ocasião do escândalo do Mensalão, afirmou diversas vezes que “não sabia” e, segundo o Dicionário Aurélio significa “que ou quem ignora”. Reporto como gravíssima a matéria que atinge a honra do cidadão e presidente da República e seu autor deve responder perante a Justiça por tamanho desatino cuja única finalidade foi denegrir, achincalhar e pôr o chefe do Executivo Federal sob suspeição de haver cometido aliciamento de menor e tentativa de estupro. Fique claro que não tenho e não desejo procuração para defender o presidente Lula, O Ignorante, porém, não há como manter-me calado diante deste descomunal insulto ao cidadão e ao presidente.
Fica, pois, registrado meu protesto contra o arrivista e meu pesar pela negligência (ou conivência) do jornal paulista em publicar a matéria (se é que assim podemos chamar). Ninguém precisa se babar de amores por qualquer governante, porém, devemos respeitá-lo como ser humano, cidadão e – neste caso – como presidente da República legitimamente eleito e reeleito. Divergir é uma coisa, escrever e publicar sandices é outra. Por muito menos o jornal "O Estado de São Paulo" encontra-se sob censura há exatos 128 dias. O episódio é deplorável. A suposta conversa relatada é inconsistente e não se sustenta e pode ser entendida como rancor pessoal por inúmeros motivos, especialmente políticos e partidários.
CELSO BOTELHO
06.12.2009