Os fatos e os dados estão sempre sujeitos à manipulação, distorção, inúmeras interpretações e tudo quanto é patifaria. Porém, não podem ser negados. Ainda bem. O atual governo, o anterior, o anterior ao anterior, o anterior ao anterior ao anterior e assim sucessivamente são primorosos em incompetência, inércia, descaso, omissão, ineficiência, conivência com bandidos e bandalheiras de todas as ordens e, especialmente, com a prática contumaz da corrupção. Esporte preferido de onze em cada dez políticos de nosso “afufunhado” país (royalties para D. Dilma). Os dados econômicos divulgados pelo próprio governo atestam sua incapacidade, incompetência e ignorância. D. Dilma Rousseff está tão apta para governar o país quanto eu estou para receber o Prêmio Nobel de Física. A economia brasileira vai de mal a pior e seus “gurus” Alexandre Tombini do Banco Central e Guido Mantega da Fazenda prosseguem falando muita bobagem e, pior, fazendo muito mais besteiras. O primeiro declarou que o consumo não mais irá ancorar o crescimento econômico brasileiro. O que impulsionará o PIB (Produto Interno Bruto) serão os investimentos. Fiquei sem entender patavina. Segundo a lógica “da presidento” o PIB é irrelevante, posto que seu tamanho não meça a grandeza de qualquer nação. Consumo e investimentos não se excluem. Ao contrário. Mais investimentos dependerão do comportamento do mercado consumidor. Mais consumo acarreta em mais empregos e estes reclamam mais investimentos. Sem consumo não há crescimento. E a roda gira. Não é necessário ser graduado em economia para ter conhecimento de coisa tão elementar. Corroborando com a bobagem dita por Tombini o ministro da Fazenda, o genovês Guido Mantega, declarou: "nós não pretendemos fazer estímulos ao consumo. O consumo tem que se recuperar a partir do dinamismo dos investimentos." Mas, é necessário que haja investimento para a criação de empregos e salários menos aviltantes para que o consumo se recupere. Tombini e Mantega não se entendem lá muito bem, mas na hora de falar bobagens um é o eco do outro, e vice-versa. Mantega assevera-nos que “a inflação está sob controle no Brasil” e, sendo assim, devemos crer também que os terremotos, vulcões e tsunamis também se encontrem sob controle. Guido Mantega possui vasto repertório de frases imbecis como, por exemplo, “investimento em educação vai quebrar o Brasil” quando sabemos desde outros carnavais que é justamente o inverso. O não investimento em educação compromete o país de fora a fora. Porém, para a elite, é um ótimo negócio.
No Império Romano surgiu o clássico binômio de que o povo quer pão e circo. Estava inventada a fórmula mágica para controlar a população. Estes espetáculos, grosso modo, equiparam-se em importância as partidas de futebol no Brasil e em diversos países e os gladiadores eram populares e queridos como os craques de futebol dos dias atuais. Os servos do imperador jogavam pães para o povo nas arquibancadas durante os espetáculos sangrentos de gladiadores. A combinação era perfeita: diversão e comida grátis aplacavam a ira do povo diante das injustiças sofridas. Desta maneira o imperador controlava desde o povo até o Senado. Dois milênios depois a fórmula continua eficaz. Um povo ignorante é facilmente ludibriado e manipulado. Os governos (federal, estadual ou municipal) empenham-se em promover festas, shows, futebol, carnaval e, ao mesmo tempo, conceder Bolsa Família, Cheque-Cidadão e distribuição de cestas básicas. A política do pão e circo atende aos interesses imediatos da esquerda de apossar-se do poder e mantê-lo, mesmo que isto contradiga o pensamento marxista de que a caridade estatal tende a aplacar a consciência política do trabalhador porque, na verdade, não estão nem aí para o trabalhador, apenas o utilizam como meio para atingir um fim. No Brasil, o Partido dos Trabalhadores fizeram exatamente isso. Recorreram ao discurso da moralidade e da ética na política para encantar a multidão e alçarem o poder e, uma vez ali instalados, executam a mesma política neoliberal que foi alvo de suas críticas durante décadas. As cabeças pensantes da esquerda (pensam criminosamente, mas pensam bem mais do que a direita) sempre defenderam a socialização dos meios de produção, pelo menos teoricamente porque em todos os países que adotaram o comunismo sempre esteve presente alguma economia de mercado. Mas perceberam que caso não detivessem o monopólio da caridade estatal estariam em sérios apuros diante da população carente que, por sinal, é grande e eleitora. O Bolsa-Família é um instrumento poderoso para o controle efetivo da população, pois cria um vínculo muito profundo de dependência da população carente com o Estado. No mês passado assistimos o caos provocado em vários estados brasileiros pela difusão de um boato de que o benefício seria extinto. É um caso a ser muito bem examinado porque, aparentemente, tal extinção não traria benefícios políticos-eleitorais nem para a situação e nem para a (suposta) oposição. Procurando nas entrelinhas deste imbróglio a possibilidade do boato ter partido do próprio governo como balão de ensaio para futuras decisões com relação ao benefício não pode (e não deve) ser descartada. Essa relação promíscua entre o Estado e o cidadão desfavorecido não será eterna. Os efeitos nocivos desta política paternalista podem ser observados tanto nas grandes cidades como aquelas de médio e pequeno porte. O culto a indolência estimulado por este programa traz graves consequências à sociedade. Justificar o programa como sendo instrumento de distribuição de renda é de um cinismo, demagogia e canalhice monumental.
Os números divulgados sobre a economia brasileira não são nada alvissareiros. De janeiro a abril deste ano, o superávit primário chegou a R$ 41.058 bilhões, contra R$ 60.212 bilhões de igual período de 2012. Em 12 meses encerrados em abril, o superávit primário ficou em R$ 85.797 bilhões, o que corresponde a 1,89% do Produto Interno Bruto (PIB). A meta para este ano é R$ 155.9 bilhões, mas o governo poderá abater investimentos previstos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento ou da Corrupção) e também desonerações. O PAC é a menina dos olhos do governo e das empreiteiras “amigas” e abastecedoras dos políticos. Mas, para tranquilizá-las, “a presidento” deu um pulinho na Etiópia e perdoou a dívida de doze países africanos escancarando suas portas aos empresários e empreiteiros “parceiros”. De janeiro a abril do corrente ano o governo federal (Banco Central, O Carimbador Maluco; o Tesouro Nacional, A Viúva Alegre e a Previdência Social, o Carrasco dos Aposentados, Pensionistas e Segurados) registrou um superávit primário (economia do governo para pagar juros da dívida interna) de R$ 27.069 bilhões. Neste mesmo período os governos estaduais apresentaram superávit de R$ 11.374 bilhões e os governos municipais R$ 2.638 bilhões. Na outra ponta as empresas estatais amargaram um déficit primário de R$ 22 milhões. Nos quatro meses de 2013 as despesas com juros ficaram em R$ 80.276 bilhões. Em 12 meses encerrados em abril, esses gastos chegaram a R$ 217.947 bilhões, ou seja, 4,81% do PIB. Sendo assim o setor público registrou déficit nominal, composto pelo resultado primário e as despesas com juros, de R$ 39.218 bilhões somente nos quatro primeiros meses do ano e de R$ 132.151 bilhões (2,92% do PIB), em 12 meses encerrados em abril. O Carimbador Maluco, digo, Banco Central apurou que a dívida líquida do setor público atingiu “simplórios” R$ 1.602 trilhão em abril próximo passado. Isto significa 35,4% do PIB que D. Dilma Rousseff desqualificou como índice da medição da grandeza do país. Outra informação oriunda do Banco Central é que a dívida bruta dos governos federal, estaduais e municipais, onde não são considerados os ativos em moedas estrangeiras e apenas os passivos, em abril atingia a cifra de R$ 2.682 trilhões que corresponde a 59,2% do mesmo PIB que D.Dilma tanto menospreza. São dados oficiais de fontes oficiais e, portanto, teoricamente, deveriam refletir a verdade. Mesmo considerando que são manipulados, distorcidos, maquiados, etc. estes números depõem contra tudo que “o presidenta” e sua “equipe econômica” alardeiam. Descrevi-os para reforçar a incompetência do governo. Incompetência dupla. Tanto para distorcer números como também para mentir. Um mentiroso deve ser corente senão não convence. No ano passado ficou registrado um PIB abaixo do abaixo de medíocre e para este ano os “analistas” ocupam espaços na mídia prevendo um PIB de 1,5% a 2,0%. Em economia e política pode-se, no máximo e com muita prudência, se construir hipóteses dependentes de inúmeros fatores imprevisíveis que, por sua vez, são dependentes de outros tantos fatores também imprevisíveis e assim sucessivamente. A História nos mostra isso com uma fartura de exemplos. Como tudo nas atividades humanas o planejamento é a chave para se alcançar objetivos, porém ele não garante os resultados desejados. A dinâmica econômica demanda soluções que invertam processos degeneradores permanentemente e não tratamentos paliativos incapazes de alcançarem a origem da degeneração. A dívida interna brasileira é brutal, imoral e ilegal e compromete o país em pequeno, médio e longo prazo. Está fora de controle por parte do governo que vai drenando recursos públicos de outras áreas vitais (saúde, educação, infraestrutura, transporte, habitação, segurança pública, agropecuária, Forças Armadas, etc.) para os cofres de banqueiros inescrupulosos cuja ganância não tem limites. A divida interna brasileira carece, há muitos anos, de uma auditoria independente e idônea. Porém, a possibilidade disto acontecer é a mesma de encontrarmos um dinossauro em nosso quintal.
CELSO BOTELHO
06.06.2013