Finalmente “o presidenta” Dilma Rousseff saiu da toca e fez pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão. Extraordinário o que não se consegue dizer em dez minutos, ou melhor, o que se consegue mentir neste exíguo tempo. Como era de se esperar já começa mentindo ao dizer que o Brasil (leia-se principalmente sob o domínio do Partido dos Trabalhadores) muito deixou de fazer por causa das limitações políticas e econômicas. É notória a hegemonia política do PT que cooptou, anulou e humilhou todo e qualquer tipo de oposição. Alegar limitações econômicas no Brasil de hoje é tão verdadeiro quanto afirmar que o padrão de vida da população de Serra Leoa nada fica a dever ao sueco ou dinamarquês. Limitações econômicas com um Estado paquidérmico, omisso, inoperante e ineficiente? Com gastos astronômicos em eventos esportivos que não trarão benefício algum ao país? Com perdões de dívidas de outros países? Com projetos faraônicos e desnecessários como o trem-bala que sem sair do papel está orçado em R$ 30 bilhões? Com o desperdício de dinheiro público nas obras de transposição do rio São Francisco e da ferrovia Transnordestina que já consumiram cerca de R$ 10 bilhões cada e ainda não ficaram prontas? Ora, é muita desfaçatez. Mais adiante chama para si a obrigação de ouvir a voz das ruas e dialogar com todos os segmentos. Disse isso como quem houvesse descoberto a forma esférica do nosso planeta. D. Dilma jamais foi afeita ao diálogo e muito menos a negociação. É arrogante e prepotente e extremamente centralizadora. Disse também “a mandatário maior” que o Brasil lutou muito pela democracia, mas esqueceu-se de dizer que não foi graças a ela, José Dirceu, José Genoíno, Tarso Genro, Aldo Rebelo, Fernando Pimentel, Franklin Martins, Fernando Gabeira, José Serra, etc. Todos eles adeptos da cartilha comunista com as suas diversas ramificações (leninista, stalinista, castrista, maoista). Falou em manifestação ordeira e pacifica que só existe em sonhos e, de mais a mais, não consta de que assim pensasse quando era membro da organização subversiva VAR-Palmares. E nem poderia. D.Dilma participou da luta armada para derrubar a ditadura militar (1964-1985) com o objetivo de substituí-la pela ditadura comunista. Os manifestantes de hoje estão exigindo o fim da violência institucional. Não querem derrubar o regime, o governo, o Congresso Nacional e nem o Judiciário, mas deveriam. Exigem mudanças. A lista de reivindicações dos manifestantes é bastante clara: corrupção, impunidade, saúde, educação, segurança pública, transportes, modelo econômico excludente, etc. Ao contrário do que afirmou, a violência maior não está nos manifestantes provocarem o caos causando transtornos ou saqueando e depredando patrimônio público e privado, se bem que isto se constitua em crime. A maior violência é praticada pelo Estado brasileiro em não atender as necessidades mais primárias de seus cidadãos. Milhões de brasileiros são empurrados para a pobreza, ignorância, moléstias, criminalidade para que uma minoria possa viver na opulência. “A presidento” fala em democracia, porém compactua com um modelo econômico nefasto e genocida. O desmantelamento da saúde, da educação e da justiça já são suficientes para caracterizar nossa República de genocida.
Os governos recuaram do aumento das tarifas nos transportes e isto nos leva a concluir que ao aumentá-las não havia necessidade. Os manifestantes não conquistaram coisa alguma no final das contas. Os preços continuam exorbitantes, os serviços ineficientes, os empresários obtiveram isenções ou favorecimentos do poder público que irá incidir no bolso dos próprios manifestantes. Uma vez mais o governo está enganando a população descaradamente. Ambos os lados sabem que passe livre é tão possível quanto uma mangueira dar belos cachos de banana. A revogação dos aumentos não eliminará a péssima qualidade dos serviços de mobilidade urbana. Mas devemos atentar que desmoralizou governadores e prefeitos. D. Dilma, num acesso de amnésia, alegou que sua geração lutou muito para que a voz das ruas fosse ouvida e que muitos foram perseguidos, torturados e mortos. Vamos examinar. Faço parte desta geração e desconheço algum regime comunista que prime pelo respeito e atenção às vozes das ruas. Então dizer que lutou para que as vozes das ruas fossem ouvidas é uma mentira deslavada. Grande número de pessoas da minha geração de fato lutou pelo Estado de Democrático de Direito, mas D. Dilma Rousseff e muitos outros hoje empoleirados no poder ou dele servindo-se não estão entre eles. A menos que assaltar bancos e residências, sequestrar, saquear, depredar, assassinar e torturar possa ser entendido como instrumentos para estabelecer o Estado Democrático de Direito. Não importa se a subversiva Dilma Rousseff foi presa portando ou não armas, se participou ou não pessoalmente nas ações empreendidas pelas organizações que pertenceu, porque para ter as mãos sujas de sangue bastava sua participação nestas organizações terroristas. Em 2010, ainda candidata, sua assessoria divulgou uma nota afirmando categoricamente “a candidata do PT nunca participou de ação armada”. Que coisa feia, D. Dilma! Renegando seu passado de “glórias”.
Eu quero morar na maquete
Dilma propôs um pacto para a melhoria dos serviços públicos. Elaborar um Plano Nacional de Mobilidade Urbana que ninguém sabe o que é, nem mesmo ela. O que sabemos sobejamente que esta ideia empregará algumas dúzias de tecnocratas e apaniguados do poder. De qualquer maneira espero que atente para as especificidades de cada cidade. Segundo ponto é destinar cem por cento do pré-sal para a educação. Os recursos destinados a educação são historicamente insuficientes, porém, mais do que isso, está sua má aplicação, desvio, desperdício e um currículo escolar deplorável que produz milhões de semi-letrados e zumbis intelectuais. Não se trata somente de colocar mais dinheiro na educação, na saúde, na segurança pública, etc. Sem políticas públicas eficazes será roubado, desviado e desperdiçado da mesma forma. O terceiro foco apontado “pela presidento” está em trazer médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Esta opção foi posta para atender mais aos interesses ideológicos e menos para fornecer à população um atendimento médico. Existem outras possibilidades de proporcionar um sistema de saúde eficiente com a “prata da casa” eliminando a importação destes profissionais. O sistema de saúde em Cuba é tão bom que seus médicos trabalham como guias turísticos para não morrerem de fome.
Ao contrário do que afirmou Dilma o dinheiro público foi para a construção de estádios
Dilma falou em oxigenar o sistema político. ”Encontrar mecanismos que tornem nossas instituições mais transparentes, mais resistentes aos malfeitos...” Malfeitos? Os crimes cometidos pela classe política brasileira podem ser considerados como malfeitos? Malfeitos é coisa de criança. O que os políticos praticam são crimes hediondos. Dizer que são malfeitos é compactuar e acobertar todo tipo de ilicitudes. Prova contundente “da presidento” ignorar a corrupção e, portanto, mostrar-se conivente está no fato de que em seu primeiro ano de mandato só demitiu seus ministros corruptos após a imprensa divulgar provas irrefutáveis das rapinagens e pressionar muito o governo. Mesmo assim Carlos Lupi, ex-ministro do Trabalho e Alfredo Nascimento, ex-ministro dos Transportes, já estão de volta ao jogo político. Sem falar no Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento e ex-companheiro de armas “do presidenta”, que recebeu milhões por palestras não realizadas e pagas com o dinheiro público. Sobre os gastos com a construção dos estádios asseverou que não permitiria que os recursos saíssem do orçamento federal. Quanta cara de pau! Os incentivos fiscais, subsídios em empréstimos e até participação em arenas a União já comprometeu cerca de R$ 1,1 bilhão com os locais para jogos da Copa de 2014. Os empréstimos para as obras das arenas foram concedidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) com juros subsidiados. O TCU (Tribunal de Contas da União) identificou que as isenções de impostos federais concedidas pelo governo às construtoras responsáveis pelas obras dos estádios da Copa somam R$ 329 milhões. Em dezembro de 2010, no apagar das luzes de seu governo, o ex-presidente Lula assinou a Lei 12.350 concedendo isenções fiscais às empreiteiras que construíam os estádios. Os empreiteiros ficaram desobrigados de pagar PIS/Pasep, Cofins, Imposto sobre Produção Industrial, e taxas de importação sobre às construções de arenas da Copa. O Orçamento Geral da União de 2013 aponta que os incentivos fiscais somarão R$ 123 milhões. O Tribunal de Contas do Distrito Federal informou que o Estádio Nacional de Brasília já custou R$ 1,7 bilhões. A Terracap, empresa gestora do Estádio é constituída de 51% do governo do Distrito Federal e 49% do governo federal. Como não há dinheiro público? Segundo informou a Receita Federal a FIFA e suas parceiras já foram contempladas com R$ 559 milhões em isenções fiscais. E D.Dilma diz que não há dinheiro público nesta bodega? Quer saber, D. Dilma? Vai ver se estou na esquina.
Finalmente “o presidenta” afirmou que não vai transigir com a violência e arruaça. Em outras palavras: vai colocar a policia nas ruas para agirem com mais truculência. Os manifestantes também não devem transigir com a violência institucional. Permanecer nas ruas, praças e avenidas até quando se faça necessário. A abundância de analistas nos meios de comunicação oscila entre imbecis, ignorantes, oportunistas, candidatos a vidente, áulicos do governo, representantes de interesses políticos e econômicos, entre outros menos cotados. Porém, o que irrita mesmo são jornalistas, âncoras de telejornais, apresentadores de programas e similares que sequer conseguem distinguir a localização do manifesto exibido nos monitores, recorrem a situações passadas que nada têm a ver com o que está ocorrendo agora. Contextos históricos completamente diversos avançando no terreno especulativo sem qualquer pudor. Desconhecem por completo a mecânica das engrenagens políticas, econômicas e sociais. No entanto, preciso admitir, a faculdade que frequentaram soube ensinar com eficiência como vestir-se com elegância para aparecer nas telinhas.
Realizada as manifestações, demonstrada a força das ruas, a classe política encurralada e se borrando de medo, o governo forçado a dialogar e oferecer soluções porque os protestos não se dão por encerrados? Porque ninguém em são consciência deposita confiança em nossos governantes. Assim que as manifestações refluírem tudo será como dantes no quartel de Abrantes ou pior. Haverá mais tempo para os “iluminados” da esquerda conceberem meios mais eficazes para impedirem essas concentrações, notadamente por causa da Copa de 2014. Não se pode desprezar a capacidade dessa gente de organizar manifestações e contê-las, de acordo com seus interesses. No momento só dispõe do aparato policial, da truculência e covardia explicita. Caso o governo não forneça elementos concretos para efetivar as reivindicações da sociedade não há motivo algum para desmobilizarem-se. Não se pode dar trégua para um inimigo sabidamente astucioso, mal intencionado e cruel. Li matéria de um jornalista que, por sinal, tenho em boa conta, pedindo aos manifestantes que “chega e basta”, no entanto, não teve a mesma disposição para dirigir-se ao governo para pedir a mesma coisa. Chega e basta de tanta corrupção, impunidade, incompetência, omissão, descaso, permissividade, conivência com o ilícito, etc. O capital amealhado pelas manifestações não pode ser diluído em promessas fictícias ou destinadas a maquiar as reivindicações. Como estas manifestações apontam para problemas crônicos do Brasil e não se trata de derrubar o regime, o governo e o parlamento são amplas as possibilidades de diálogo e construção de soluções. Afinal, os manifestantes não poderão estar indefinidamente nas ruas protagonizando enfrentamentos e, por outro lado, a economia do país que patina também não pode parar. Seja quem for que vá sentar-se à mesa com o governo deve apresentar uma pauta muito bem definida, propostas que sejam exequíveis a curto, médio e longo prazo e exigir garantias de que o acordado seja realizado, mas – seguro morreu de velho – a sociedade precisa estar atenta, em prontidão. Esta é a oportunidade de por a classe política em seu devido lugar: o de representar a sociedade e não seus interesses pessoais ou corporativos. D. Dilma, tal qual o ex-presidente Lula seu criador, é uma poetisa estando de boca fechada.
CELSO BOTELHO
24.06.2013