sexta-feira, 28 de agosto de 2009

STF: FRATERNIDADE TUPINIQUIM


Encantadora a justificativa do ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso para quebrar o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa: “quem ganhava R$ 400,00, cai na conta R$ 40.000,00 é uma obrigação legal pesquisar.” Caso o critério seja mesmo este poderemos encontrar uma vasta relação de pessoas que têm salários do porte de camundongos e cai em suas contas valores da envergadura de uma rechonchuda ratazana e aquelas que têm salários de uma rechonchuda ratazana e que cai em suas contas valores da estatura de uma capivara. No entanto, o advogado deste cidadão sustentou que não houve quebra do sigilo bancário, mesmo tendo repassado o extrato do caseiro ao ex-ministro Antonio Palocci. Segundo ele o que está em causa é a utilização pessoal desses dados o que, em outras palavras, tira o do ministro da seringa e expõe o de seu ex-assessor de imprensa. Devemos entender que só se investiga o que se contrapõem aos interesses dos investigadores.


Outra graciosidade de justificativa foi exposta pelo advogado de Marcelo Netto, ex-assessor de imprensa do ministério da Fazenda, “presumir que um assessor de imprensa não possa falar com a própria imprensa é algo infantil.” Até ai o nobre causídico tem plena e total razão, porém, temos que considerar que o extrato do humilde e incômodo caseiro não saiu voando até chegar nas redações jornalísticas. Foi uma tola tentativa de desqualificar o indício. Porém, devemos nos congratular com este bacharel quando de sua supimpa definição quanto ao uso de aparelhos celulares na Capital Federal: é igual a falar em rádio comunitária. De fato, é o lugar que tem mais arapongas (e pessoas inúteis também) por metro quadrado.


O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, O Bondoso, relator da pendenga, também justificou o arquivamento da denúncia do ex-ministro alegando que a discussão era se o ex-titular da Fazenda havia feito o pedido de quebra de sigilo bancário ao ex-presidente da Caixa Econômica Federal e isso não estava presente. Naturalmente o presidente do STF acataria a denúncia diante de um memorando, escrito de próprio punho por Antonio Palocci, recomendando o ilícito. Ora, Gilmar, pare de sonhar! Sendo assim Jorge Mattoso passa a condição de réu. Estão livres, leves e soltos Palocci e Marcelo Netto. A despeito de suas declarações de que o STF não faz distinções de condições econômicas basta fazermos um superficial levantamento das decisões ali proferidas para constatarmos exatamente o contrário. O ministro Marco Aurélio vaticinou: “a corda sempre estoura do lado mais fraco.” Positivo. Porém, neste caso, arrebentou na mão de apenas um dos três que a seguravam, se é que no futuro - e há histórico disso - o atual réu não venha a ser agraciado por alguma benevolência da legislação o que, por sinal, é fato corriqueiro.


O Palácio do Planalto, lugar onde nada se sabe, nada se vê, nada se ouve e nada se registra, comemora a “sábia” decisão da Corte Máxima fornecendo um atestado de “nada consta” que reabilita o ex-ministro e o põem de volta em seus planos ou conspirações político-eleitoreiros. O temor do presidente nacional do PPS Roberto Freire era compartilhado por mim: “só faltou ao STF decretar a prisão do Francenildo”. A fraternidade impera com as costumeiras e deploráveis ressalvas.


CELSO BOTELHO

28.08.2009

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A FALTA DE FISCALIZAÇÃO NÃO É UMA BALELA


Certamente seríamos muito estúpidos em crer que, no Brasil, se pratique um mínimo razoável de fiscalização no que quer que seja. O ministro da Fazenda Guido Mantega (ou seria manteiga ou mesmo margarina?) afirma que é uma “balela” dizer que a Receita Federal não fiscaliza os grandes contribuintes e ele não é ingênuo ou desinformado. Balela, ministro, é mascarar a economia sistematicamente com indicadores tão reais quanto Papai Noel. Os instrumentos de controle podem não ser de todo obsoletos, ineficientes, benevolentes e mais furados que peneira, porém, são perfeitamente manipulados e totalmente viciados. A complacência com os grandes devedores e contumazes sonegadores deve-se, sobretudo, ao comprometimento político dos grupos de assumem o poder com os tubarões da economia. Tanto o Banco Central, O Carimbador Maluco, quanto a Receita Federal primam pela negligência, inoperância e inércia no desempenho de suas funções. Verificamos, incontestavelmente, que não existe nenhuma predisposição em ambos de, efetivamente, cobrarem débitos dos grandes devedores e sonegadores. Esta é uma questão central e jamais é colocada na pauta por motivos políticos, partidários e eleitorais. Ao negar a existência de toda uma estrutura sórdida não oficial montada com a única finalidade de beneficiar os amigos, financiadores, fornecedores e outros agregados do governo o ministro segue, religiosamente, os mandamentos de uma cartilha, escrita há bastante tempo, porém em pleno uso: a Cartilha das Conveniências. Com essa assertiva de que a falta de fiscalização é uma balela talvez queira nos brindar com um vistoso e perfeitamente recusável diploma de asnos.


Poderia discorrer aqui inúmeros exemplos reais da ineficiência, inoperância e inércia da Receita Federal e do Banco Central sem que fosse, em nenhum momento, refutado. Qualquer idiota sabe que há ingerência política em todos os setores governamentais (estatais, autarquias, agências reguladoras). Se alguma coisa não flui de acordo com os interesses estabelecidos a primeira providência é chamar o carrasco e cabeças vão rolar a torto e a direito. Assim se sucedeu com a ex-secretária Lina Vieira e demais funcionários. O ministro ameaça também estes pelo possível vazamento de “informações sigilosas”. Gostaria de saber o que possa considerar sigiloso no trato da coisa pública, porque – segundo entendo – numa democracia, mesmo maltrapilha como a nossa, a pratica da transparência deveria ser um de seus baluartes. Será que o que é confidencial para o governo deva ser, necessariamente, oculto de toda a sociedade? As substituições de pessoas em cargo de confiança deveriam obedecer a critérios específicos e não ficarem ao sabor das “necessidades” politiqueiras de um governo que não aceita, não admite e persegue quem o contradiz, se opõe e exige um comportamento moral e ético. Outro ufanismo do ministro está em asseverar que a Receita Federal está funcionando em plena normalidade. A menos que possamos considerar a balbúrdia como estado normal de funcionabilidade daquele órgão.


O que se está promovendo descaradamente é uma blindagem safada aos interesses sempre inconfessáveis que permeiam as relações promíscuas do governo com os setores peso-pesado da economia brasileira. Não podemos encontrar outra finalidade nas exonerações. O Palácio do Planalto foi transformado num grande mercado livre onde todos podem acessar sem maiores ou menores contratempos ao admitir que não exerça nenhum controle sobre aqueles que por ali transitam para proteger sua candidata à presidência da República. Ou, em outras palavras, a sede do poder Executivo incorporou de vez o significado da expressão “casa da mãe Joana”. A competência do ministro para o exercício da cargo não podemos questionar, mesmo discordando de seus posicionamentos. O que devemos ressaltar é a sua postura subserviente que, inexoravelmente, atropela os interesses da sociedade.


CELSO BOTELHO

26.08.2009

domingo, 23 de agosto de 2009

REFLEXÕES SOBRE A ANISTIA



Trinta anos após sua promulgação a Lei de Anistia ainda provoca muita polêmica. Cada um dos lados tem um posicionamento sobre sua abrangência e aplicação. Na época, segundo meu entendimento, os envolvidos na sua elaboração possuíam objetivos e interesses muito diversos, no entanto, a idéia central daquele documento era pacificar a nação e não promover uma conciliação. A proposta do “esquecimento” fora aceita de ambos os lados. Nunca considerei aquele documento capaz de redimir os pecados cometidos de parte a parte e muito menos como instrumento de aplicação da justiça diante das transgressões cometidas. Talvez houvesse alguma pressa dos milicos voltarem aos quartéis e uma avidez dos civis em ocupar-lhes o lugar o mais rápido possível. Muitos, como eu próprio, protestaram daquela forma esdrúxula de anistia, porém, fomos vozes no deserto. Aprovarem-se leis no Brasil no joelho é tão corriqueiro como piscar os olhos. Em outros países da América Latina como o Chile, Argentina que amargaram sob o rebenque dos generais como nós, foram trilhados caminhos opostos ao nosso que ficou reduzido a concessão de indenizações e pensões e, mesmo assim, de maneira completamente equivocada, distorcida e infame. Exemplo disso está no presidente Lula, O Ignorante, que embolsa uma apreciável aposentadoria na condição de “anistiado político” enquanto a maioria dos aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) recebem um cala-boca de R$ 465,00. Outra distorção se dá quando o cálculo da indenização leva em conta o tempo que determinado profissional, ao ter sua carreira interrompida pelo regime de exceção, permaneceu sem vencimentos e possíveis promoções não levando em consideração que poderia ter sido demitido, que jamais fosse promovido, que fosse acometido de moléstia ou acidente que o incapacitasse para o exercício de sua profissão, atuasse em outro profissão, etc. Esta é uma das muitas aberrações praticadas com o dinheiro dos outros.



Tão importante quanto resgatar-se do limbo autoritário os brasileiros que pereceram ou não é a abertura de todos os arquivos daquela época para que, pelo menos, possamos elucidar pontos nebulosos e transmitirmos as gerações futuras com a maior exatidão possível este período que maculou a nossa nação. Tenho acompanhado algumas decisões e o comportamento dos sucessivos governos desde 1985 permanece o mesmo. Essa gente desconhece a solidariedade e não tem compromisso algum com a pátria e sua História. Investigar, processar e punir quem praticou a tortura terá que se aplicar aos dois lados, posto que ambos a praticassem com mais e menos largueza e ai acende-se a fogueira do revanchismo, da picuinha, da difamação e tantas outras leviandades. Não encontraremos nenhum documento oficial ou de opositores do regime recomendando a tortura, assim somos remetidos para garimpar outras provas que podem ser perfeitamente manipuladas, falseadas, imaginárias, etc. Não defendo este ou aquele lado, mesmo porque não tenho e não desejo procuração de nenhum para exercer sua defesa, porém, segundo a sabedoria popular o pau que dá em Chico dá em Francisco. Portanto, toda essa conversa de punir ou não punir não passa de uma cortina de fumaça para se esconder o que de fato acontece no fundo do palco. Não vejo esta polêmica alicerçada no desejo de se esclarecer, resgatar fatos e acontecimentos, reabilitar pessoas, minimizar sofrimentos de pais, familiares e amigos e sim como um vazadouro de rancores, ódios, vaidades, arrogância e prepotência.



Segundo o ministro Tarso, O genro, “não estamos pedindo para os torturadores serem torturados”, mas eu estou. Ou os sucessivos governos pós regime militar não usaram e abusaram em torturar o povo brasileiro sob o manto (maltrapilho) da democracia?


CELSO BOTELHO

23.08.2009

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

TEMOS OU NÃO UM ENCONTRO?


Existem algumas peculiaridades na República brasileira que me deixam embasbacado. Quando dizemos que o Palácio do Planalto é uma casa da mãe Joana não estamos exagerando. Para tentar não macular ainda mais a débil reputação da ministra Dilma Roussef no episódio do encontro com a ex-secretaria da Receita Federal Lina Vieira o Gabinete de Segurança Institucional, em resposta a solicitação do presidente da Câmara dos Deputados Michel Temer (PMDB-SP) em atendimento ao líder do Partido Democratas Ronaldo Caiado (DEM-GO), saiu-se com algumas explicações estapafúrdias. Ou nós somos uns completos idiotas ou quem emitiu a nota é um perfeito jumento. Na sede do Executivo não manter-se controle rígido, por qualquer meio, das pessoas que por ali transitam é inadmissível, ingênuo e de colossal burrice. O Gabinete provou enfaticamente sua plena, total e irrestrita incompetência para cuidar de qualquer tipo de segurança. Estou convencido de que se o aparato de segurança funciona desta maneira não será surpresa alguma adentrar-se no recinto montado num elefante enfeitado precedido de uma banda de rock sem que se registre tão inusitada visita. Na sede da prefeitura da minha cidade é muito mais complexo acessar qualquer autoridade e olha que a maioria são uns caipiras.


Segundo o Gabinete as tais fitas de segurança valem somente por trinta dias, após esse período são apagadas pelas imagens recentes, o que exclui a possibilidade de existirem. Não existem registros de entrada de veículos que entram na garagem do Palácio do Planalto, pois, reconhecidos, suas placas simplesmente não são anotadas, deve ser para economizar papel e caneta. Ainda de acordo com o simplório Gabinete de Segurança Institucional não se registram as autoridades que entram pela garagem, certamente fazem parte da classe de “pessoas incomuns” identificadas pelo presidente Lula, O Ignorante. As pessoas agendadas são identificadas e credenciadas, porém, dispensa-se seu registro em qualquer parte. Para as pessoas não agendadas o procedimento é semelhante ao do porteiro de edifício de prédio residencial: são identificados, comunica-se com o gabinete do fulano que autoriza ou não, credencia-se e permite-se seu ingresso sem que nenhum registro seja feito. Mas afirma ser um procedimento normal efetuar-se o registro de pessoas que acompanham os convidados exatamente porque não participam diretamente das audiências e normalmente não tem nada a ver com o peixe. Tal desorganização, displicência e avacalhação é atestada em nota pelo próprio Gabinete ou, por outro lado, chama para si a responsabilidade de ser ineficiente e, assim, incapaz de haver produzido qualquer prova da realização do encontro entre as duas senhoras, onde supostamente uma prevaricou e a outra, com certeza, se omitiu até onde lhe foi conveniente. Podemos também especular sobre a real possibilidade do principal ocupante daquele edifício, por motivos óbvios, ordenar a blindagem à sua queridinha ministra. Todas estas opções estão corretas e respalda tudo o que escrevi no artigo postado dia 19 do corrente mês.


Ainda acredito que uma acareação possa elucidar o episódio, caso não seja a parte que aceitou o cara-a-cara convertida pelos “convincentes” argumentos evangelizadores que o Palácio do Planalto dispõe para os céticos mais renitentes. Seria de extrema serventia para a sociedade saber, definitivamente, que um pré-postulante à presidência da República mente descaradamente todas as vezes que lhe convém. Quando afirma não ter participado da luta armada, que não foi terrorista como explica sua função de escolher o tipo de armamento a ser utilizado nas ações e onde poderiam ser roubados? E o caso do dossiê sobre os gastos pessoais do ex-presidente FHC e D. Ruth que, acuada, disse tratar-se de um “banco de dados”? A adição em seu currículo de mestrado e doutorado inexistentes, segundo a Unicamp? Agora nega categoricamente o encontro e a encantadora solicitação para “agilizar” as investigações sobre o filho do presidente do Senado Federal José Sarney (PMDB-MA). Ministra, não se iluda com o chavão de que uma mentira contada repetidas vezes se transforma numa verdade, caso tenham lhe dito isso estavam lhe sacaneando feio. É preciso esclarecê-la que os votos do presidente mostraram-se, nas eleições passadas, intransferíveis, não elegem postes. O que não quer dizer necessariamente que, no futuro, aqueles votos não possam iluminá-la considerando que as tramóias sucessórias estão apenas começando. Ocorrido ou não o tal encontro reafirmamos nossa posição sobre a imprescindível necessidade de reestruturar-se o Estado brasileiro desarticulando toda sua estrutura feudal, oligárquica, escravagista. Não há como tolerar essas tralhas no comando de nossa nação, sob pena de vê-la desaparecer enquanto tal.


CELSO BOTELHO

21.08.2009

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

JOVENS: CUMPRAM O SEU DEVER! SAIAM ÀS RUAS!


Tenho dito aqui e onde quer que vá que a única solução para que ocorra uma reestruturação do Estado brasileiro é a participação efetiva, contundente, inegociável da sociedade dando um basta nestes politiqueiros espalhados por todo território nacional praticando toda sorte de delitos. O presidente Lula, O Ignorante, conclamou os jovens a participarem da política. Muito bem. Mas o que se pratica nos três poderes desta maltrapilha República em todas as esferas é coisa muito diversa de política, é velhacaria, safadeza, casuísmo, corrupção, desvio e desperdício de dinheiro público, dilapidação, permissividade, conivência e complacência com o ilícito, atendimento a interesses pessoais ou de grupos perfeitamente identificáveis e toda uma gama de crimes. Induzir nossa juventude a participar disto que está ai é, no mínimo, apontar um caminho para corrompê-la. O voto - e o presidente sabe disso - pelo menos neste sistema eleitoral obsoleto, carcomido, viciado e imprestável não agirá como detergente para promover a limpeza ou meia limpeza de que falou, sempre restará alguma imundície. Participar disso que ai está é comprometer-se com a manutenção deste deplorável status quo e, certamente, duvido que algum brasileiro de bem, jovem ou idoso, homem ou mulher, rico ou pobre nutra tal desejo. Não se pode querer convencer alguém em viajar por uma estrada que acabe num precipício, pois, é exatamente para lá que os fatos apontam. Estamos diante de duas opções: a ruptura total e definitiva desse modelo ou uma inexorável e colossal bancarrota. O Estado brasileiro para ser pior não irá precisar de muito esforço por parte desta súcia de malfeitores que o tomaram de assalto.


Nosso presidente, uma vez mais, jogou para a torcida. E uma torcida muito suscetível aos seus desarranjos verbais. Nossos jovens (e toda sociedade) devem estar atentos às mensagens enviadas por estes politiqueiros cascudos, pois, nas entrelinhas pode-se decifrar claramente suas intenções que, aliás, estão longe de serem as melhores possíveis. Tolo é aquele que imaginar que ao cabo de seu mandato (caso não vingue o golpe da reeeleição) o presidente Lula, O Ignorante, irá acomodar-se em seu apartamento em São Bernardo em uma poltrona com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar. Minha proposta é simples: movermos uma ação nacional que possa redundar nas transformações que são necessárias, imprescindíveis, para ontem em nosso país e nossa trincheira são as suas avenidas, ruas, praças ou espaços que possamos ocupar. Pacificamente, mas com firmeza. Essa ação deve ser dirigida com todo o zelo possível para a preservação da ordem e o cumprimento irrestrito da lei. Se reclamar não adianta, segundo o presidente, votar ou participar deste “esquema político” equivale a endossar as praticas nefastas que todos os dias tomamos conhecimento e repudiamos. Não vamos iludir nossos jovens com histórias do boi tatá. O presidente da República é um exemplo espetacular da metamorfose que este “esquema político” é capaz de operar, basta dar uma rápida olhada em sua trajetória antes e depois de 2003.


Bem, podem me rotular do que quiserem (e ai quem está se lixando sou eu, não para meus leitores) exceto de conclamar para a desordem, mesmo porque balbúrdia maior está instalada em todo país por esses pífios e, afinal, mesmo que desejasse, certamente não teria um mínimo da competência dessa gente no mister de arruinar a nação. Ou alguém é suficientemente imbecil para crer que as transformações acontecerão via voto ou, por melhores que sejam os ideais, entrando neste “esquema político” pernicioso? Mais do que ridícula, considero um insulto à inteligência estimular a delegação de poder através dessa legislação eleitoral que não representa coisa alguma (com exceção de interesses inconfessáveis) e sugerir tal proposição. Não existem salvadores da pátria ou semi-deuses. Existem homens. Homens bons e maus. Apenas isso. Homens que erram buscando o acerto e aqueles que erram sem desejarem acertar. O mais é balela, populismo, demagogia, canalhice mesmo. Pelo que pude interpretar da fala presidencial foi uma grosseira tentativa de manipular jovens incautos o que, por sinal, é uma de suas especialidades. Jovens: cumpram o seu dever! Saiam às ruas! Porque os bons ventos que sopram lá jamais soprarão cá, a continuar este lastimável estado de coisas.


CELSO BOTELHO

20.08.2009

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O ENCONTRO


Pois é. Uns viram e afirmam que não aconteceu, outros não viram e afirmam que aconteceu. É esta a situação do suposto encontro entre Lina Vieira, ex-secretária da Receita Federal e Dilma Roussef, ministra da Casa Civil. Estou inclinado e, provavelmente, a maioria das pessoas a crer em Lina Vieira considerando que D. Dilma é uma notória mentirosa. O ministro da Justiça (sic) Tarso, O Genro, deu demonstração cabal de corporativismo ao dizer que uma acareação entre as duas senhoras é desnecessária, pois, segundo ele, tal procedimento só se justifica quando há algum delito grave. No meu leigo entendimento a acusação sobre a ministra nos remete ao Artigo 319 do senil Código Penal (“retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa em lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”. Pena: de três meses a um ano e multa) e o controverso ministro afirma ser coisa de pouca monta? Ora, vá ver se estou na esquina!



O depoimento de Lina Vieira deixou muito a desejar. Não vejo como alguém que ocupa um cargo tão importante seja tão relaxado com sua agenda. Um encontro dessa natureza precisa ser agendado, principalmente por não haver vinculo hierárquico entre D. Dilma e D. Lina. Não posso crer que o acesso ao quarto andar do Palácio do Planalto seja franquiado a quem quer que seja sem controle algum. Mas admitamos que o encontro não esteja registrado em agenda alguma e, de acordo com a ex-secretária, existem câmeras de segurança coisa, aliás, comum até nos botequins pé-sujo, que podem ser perfeitamente adulteradas. Podemos considerar que o governo levou a melhor. A mentira vence e a impunidade fica garantida. Com respeito aos senadores presentes no depoimento reservo-me o direito de não mencioná-los por absoluta questão de higiene.



Lina Vieira tornou-se um estorvo para a administração petista no momento que foi deflagrada uma investigação na Petrobras que se utilizava de uma manobra fiscal para pagar menos imposto e aventou a possibilidade de aplicar multa aquela estatal e, sem mais delongas, foi exonerada. Acreditem, esse ardil contábil é fichinha se comparado com outras falcatruas na empresa e a tal CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobrás vai apurar tudo para, com certeza, não apurar coisa alguma e todos sairão felizes, com exceção da sociedade. Somente uma acareação torna possível esclarecer o fato e expor por inteiro (ou mais ou menos isso) a verdade. No entanto, corremos o risco de assistirmos uma sessão de amnésia de ambas as partes e cada uma delas com seus motivos que podem ser sobrevivência e conveniência. Uma coisa podemos ter certeza: as duas senhoras não se encontraram para tomar chá, jogar biriba ou colocar a fofoca em dia.



CELSO BOTELHO

19.08.2009

domingo, 16 de agosto de 2009

CARTA AO ONOFRE III


Prezado amigo Onofre devo reiterar que os dias passados ai em seu sítio foram completos em todos os sentidos. Sua hospitalidade, amizade, boa companhia, excelente conversa e, não poderia deixar de acrescentar, a inigualável comidinha e quitutes preparados pela encantadora Veridiana, aproveito para fazê-lo portador de meu abraço afetuoso reiterando minha admiração à criatura tão meiga, inteligente e de comportamento irrepreensível. Com tais palavras espero que não te metas a marido enciumado e me ponha um ralho. Sabes bem o respeito que nos devotamos ao longo destes... deixa estar quantos anos são, digamos que nossa amizade começou no século passado e pronto. Mas voltando a minha estada neste seu pedacinho de chão precioso relembro nossas conversas, após as maravilhosas iguarias preparadas e servidas por Veridiana, quando afundávamos nas espreguiçadeiras existentes na varanda e íamos, alheatoriamente, abordando este ou aquele assunto. Meu dileto amigo sempre mais radical, sem deixar de ser racional e eu pouco mais conciliador o que, decerto, não me faz mais racional. De prosa em prosa divagamos, em certos dias, madrugada adentro sob o brilho de uma lua cheia, brilhante, hirta. Pedi que avaliasse a crise no Senado Federal ao que me inquiriu de chofre: Qual? Em que gestão? Sorri. É verdade. Era necessário ser mais explícito. Então achei por bem começarmos pela atual com o senador José Sarney (PMDB-AP) e, havendo tempo, paciência e fontes acessíveis retrocederíamos até chegar – quem sabe? – ao Marquês de Santo Amaro (José Egídio Álvares de Almeida, 1767-1832), seu primeiro presidente. Certamente não iríamos tão longe então concordamos em nos ater a picaretas mais recentes como Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA, 1927-2007), Jader Barbalho (PMDB-PA), Renan Calheiros (PMDB-AL), com gestões onde as consequências de suas patifarias são mais palpáveis, ao menos para os mais imediatistas.


Onofre, meu querido amigo, frustrou-me enormemente ao não fazer uma de suas esclarecedoras preleções para melhor ambientar-me em suas perspectivas e, assim, acompanhá-lo no raciocínio. Mas, considerando o assunto, creio haver julgado desnecessária. Você bateu o martelo e sentenciou que a única alternativa, lamentavelmente, era simplesmente fechar as portas da Instituição, cassar os mandatos e punir os malfeitores com exemplar severidade. Confesso haver ficado um tanto embasbacado. Por mais radical que sempre fora não contava com uma solução tão pratica, imediata e reducionista. Levei algum tempo para assimilar a preposição, pois, certamente, haveria mais coisa além do enunciado. Então me interrompeu antes que pudesse ter qualquer reação conciliadora dizendo não ter recorrido a qualquer subterfúgio sendo o exposto exatamente o que pensava e desejava. Desta feita fiquei aparvalhado. Onofre, mesmo radicalizando, fornecia elementos que poderiam convencer ao mais cético dos homens e, naquele momento, abria mão de todo e qualquer argumento que pudesse justificar seu posicionamento. Refeito beberiquei o cafezinho que Veridiana nos servia bem a tempo. Meu amigo de longa jornada olhava-me de soslaio com um risinho irônico no canto da boca saboreando minha reação. Expressão marota, traquina e inconsequente. De fato, a amargura, o ressentimento, a desesperança haviam tomado conta de todo aquele ser. Porém, não satisfeito, quis que esmiuçasse sua sentença ao que aquiesceu.


- Fomos companheiros numa causa durante muitos anos. Militamos lado a lado por aquilo em que acreditávamos. E em que acreditávamos? Estabelecer o Estado Democrático de Direito; numa redução drástica da perversa concentração de renda; numa distribuição de renda mais equitativa; na justiça social; numa reforma agrária que fixasse o homem no campo e o estimulasse a produzir; numa reestruturação da política tributária, previdenciária, eleitoral, etc.; na elaboração de um arcabouço jurídico enxuto, funcional, célere e muitas outras coisas. Comemos o pão que o diabo amassou com o rabo e depois se negou a comer para assistirmos isso que ai está? Todo aquele empenho de tantos que foram perseguidos, presos, torturados, exilados e mortos para obter-se este resultado? Até mesmo muitos que estiveram ao nosso lado praticam abertamente todo o tipo de delito que condenávamos e até mais graves. Pergunto-me frequentemente se valeu a pena, o custo ultrapassou todo e qualquer benefício que possamos ter alcançado. Após 1985 não houve um único governo comprometido de fato com a nação brasileira e sim em massacrá-la, dilapidá-la, rifá-la. Poderá você exortar-me sobre a esperança que não deve ser perdida, mas – venhamos e convenhamos – são um quarto de século dedicados à corrupção, ao desvio e desperdício de recursos públicos, fraude, roubo, engodo, nepotismo, corporativismo, fisiologismo, casuísmos, assistencialismo eleitoreiro e bandalheiras de todas as naturezas. Como manter acessa a chama da esperança? Caso nestes últimos vinte e cinco anos se cometesse erros na tentativa de acertos bem que poderia nutrir esperança de que o objetivo seria alcançado, porém, bem sabe, não se deu desta maneira. Falamos agora do Senado Federal, no entanto, os três poderes da República estão infectados consumindo-se com os mesmos vícios. Dificilmente encontrará um compatriota nas ruas que deposite fé no Executivo, Legislativo ou Judiciário porque os fatos surgem e as ações que seriam pertinentes simplesmente não acontecem. A impunidade assumiu gigantesca proporção criando no imaginário popular a ilusão de que se pode, perfeitamente, burlar a lei sem, ou com o mínimo possível, de conseqüências. E quando uma sociedade incorpora inversões de valores podemos visualizar sua eminente derrocada em todos os aspectos humanos e materiais. Portanto, fechar o Senado Federal não podemos dizer que seja uma solução reducionista, pois, não se pode reduzir o nada em coisa alguma. Fomos lesados, meu amigo, com a Nova República, com o Brasil Novo, com o Neoliberalismo e com o Brasil Um País de Todos. Estelionatos político-eleitoral-econômico-social hediondos. E o panorama atual não nos remete a melhores perspectivas para o próximo ano, mesmo porque eleições neste país valem tanto quanto um tostão furado. Dentre todos os seus membros existe um único que seja sincero? Acho difícil. Mesmo que o seja nas palavras não demonstram nas ações, foram ao longo dos anos omissos, permissivos, coniventes, perfeitos oportunistas. Então caso existam diante disso estão descartados. Este Senado Federal está carcomido desde seus alicerces o que compromete todo edifício e, assim sendo, nada mais natural que implodi-lo abrindo espaço. Assistimos seu fechamento em 1977 pelo então presidente Geisel e protestamos, a nação foi afrontada. Hoje, é um paradoxo, protestamos pela sua manutenção e a nação há de sentir-se aliviada. O Senado Federal tornou-se um fardo insuportável para a sociedade e sua necessidade de existir não se justifica. Não há proveito algum em alimentar serpentes em nossas casas, posto que algum dia vá nos morder. Caso queiramos reverter toda essa baderna só nos resta uma opção: as ruas. Ocuparmos as avenidas, ruas, praças e exigirmos as mudanças, pressionarmos ao máximo, fazer valer nossa cidadania, nossos direitos, nosso apreço a lei, a ordem, a moral e a ética. Não há outro meio para deixarmos de sermos reféns destes pífios, canalhas, ladrões que se apossaram dos recursos públicos transferindo-os para si, para parentes e aderentes e amigos. Ficarmos sentados em casa favorece grandemente estes trastes que ai estão. Precisamos defender da ação nociva desta gente algo maior do que nós próprios: o Brasil.


Não é que o meu amigo Onofre tem razão.


CELSO BOTELHO

16.08.2009

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

CORONÉIS, CANGACEIROS, JAGUNÇOS E AFINS


Os senhores senadores conseguem se superar a cada belo dia que passa. Quando não é isto, é aquilo ou aquilo outro. É lambança em cima de lambança sem a menor culpa. Agora surgiu, oficialmente, a classe dos coronéis e, consequentemente, a dos jagunços e cangaceiros, pois, coronel sem jagunço e cangaceiro é como meia sem pé. Até então tínhamos em conta apenas dois: o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) que, aliás, já se encontra no andar de cima (ou de baixo) e o senador José Sarney (PMDB-AP), os mais antigos, notórios e astutos. No STF (Supremo Tribunal Federal), segundo advertência do ministro Joaquim Barbosa durante um arranca-rabo com o presidente da Corte Gilmar Mendes transmitido ao vivo e a cores pela televisão, de que este “não estava falando com os capangas de sua fazenda”, declaração cabal de pratica de coronelismo. No entrevo entre os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Renan Calhorda Calheiros (PMDB-AL) tivemos conhecimento público de que ambos praticam ainda este tipo arcaico, obsoleto e perverso de política, isto de acordo com um e com outro. O grave no episódio não foi a troca de acusações, os xingamentos, as ameaças de parte a parte, mas sim o lugar onde se deu, o Senado Federal. Para um bate-boca entre cachaceiros num botequim qualquer podemos dizer que seria até uma forma polida de agredirem-se da forma como aconteceu. Vejo parlamentares, reiteradas vezes, reclamar da falta de respeito, da credibilidade, do desejo de muitos de ver aquela Instituição simplesmente fechada, porém, os episódios ali produzidos não podem surtir outro efeito. Na mesma semana o senador Fernando Collor (PTB-AL), destemperado, num ato de extrema grosseria recomendou ao senador Pedro Simom (PMDB-RS) que “engolisse suas palavras e as digerisse da maneira achasse mais conveniente”. O ex-presidente da República deveria, no mínimo, respeitar a Instituição, seu par e sua idade, porque a sociedade parlamentar nenhum respeita. Não bastasse o senador Renan Calhorda Calheiros fez um ataque ao mesmo senador rude e carente de confirmação. Por essas e outras que podemos dizer que qualquer casa de tolerância é muito mais decente, ordeira e honesta, pois, o cliente paga pelo prazer e o recebe.


O presidente Lula, O Ignorante, é o coronel-mor (com poderes de marechal) com direito a chapéu de abas largas, rebenque, garrucha na cinta, botas de couro de cano longo e toda parafernália que compõe sua caracterização. Porém, mais integrado com os tempos, enverga ternos de bons cortes, caneta e mandato (mantendo somente a barba, seu logotipo) e vai distribuindo seu bolsa-família, ministérios, estatais, autarquias, cargos, funções, facilidades, inverdades, ilações, vingança, casuísmos, golpes, manipulações, etc. Este coronelão quer fazer publicar no ano que vem um documento que registre todas as realizações de seus dois longos mandatos em cartório. Que bonitinho! Será uma panacéia. O Brasil, neste documento, assumirá proporções positivas “como nunca antes na história”. A mentira, o engodo, a manipulação com firma reconhecida. Podemos ficar ansiosos pela divulgação de tal relatório que, certamente, irá nos divertir ou revoltar ou – como recomenda o senador Fernando Collor – fazer o uso que mais nos convir.


Justiça se faça: não é só no decrépito Senado Federal que podemos encontrar coronéis, capangas, jagunços, cangaceiros, malfeitores de aluguel e toda a escória da sociedade. Nos três poderes da República existem latifúndios de todos os tamanhos e voltados para os mais diversos interesses de seus detentores cultivando com zelo a miséria, a dor e o sofrimento.


CELSO BOTELHO

09.08.2009

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

AMNÉSIA, SENILIDADE OU ESPERTEZA?


Sobre o discurso de defesa do senador José Sarney (PMDB-AP) pronunciado na tribuna do carcomido Senado Federal nos leva a imaginar as três opções acima. Vejamos: a primeira podemos descartar de imediato, pois, tal moléstia, na maioria das vezes, é temporária e tem como causa doenças neurodegenerativas, infecções ou enfermidades que destroem os tecidos cerebrais, traumas físicos (como porradas na cabeça) e psicológicos e, por fim, o uso de álcool e drogas. A segunda não é uma doença exclusivamente de idosos como muitos acreditam, os adultos jovens também podem padecer deste mal. Os sintomas são perda da capacidade de memorizar, reter atenção, orientar-se, falar sem nexo, em alguns casos foge ao controle até o ato de urinar e defecar, sendo assim quero acreditar que também possamos descartá-la. Em ambas as situações o senador José Sarney não se enquadra, pelo menos segundo tenho conhecimento. Portanto, ficamos com a terceira e verdadeira alternativa. A Esperteza. Cabe lembrar que a sabedoria popular ensina que malandro demais se atrapalha e não aconteceu diferente com o jurássico senador. Porém, devemos considerar a existência de uma “amnésia seletiva” que acomete todo político brasileiro quando pego com as calças na mão. No escândalo do Mensalão cheguei a ficar preocupado diante do número de parlamentares, depoentes, acusados, advogados e toda súcia envolvida sofrendo desta benéfica enfermidade (“não me lembro”, “só consultando”, “verei minhas anotações”, etc.). Sim. Preocupado. E se esta doença fosse contagiosa? Toda a memória nacional iria pelo ralo e isto seria uma catástrofe apocalíptica.


O Conselho de Ética das duas Casas do Congresso Nacional são mambembes (no adjetivo de dois gêneros e não no substantivo masculino). No entanto, devemos admitir uma coisa: as decisões ali tomadas são perfeitamente acordadas entre seus membros, líderes, caciques, padrinhos, comparsas e outros malfeitores associados. Teríamos que crer que o planeta fosse quadrado ou triangular para imaginar atitude diversa da que foi tomada pelo “legendário” senador “aba da aba” Paulo Duque (PMDB-RJ) que, em certo momento do conluio, afirmou que o Regimento lhe conferia “poderes imperiais” e, assim sendo, mandou quatro representações contra o presidente da Casa senador José Sarney e uma do ex-presidente senador Renan Calheiros para a gaveta, ambos envolvidos em trapalhadas. Poderes Imperiais! Será que o senador “abeiro do abeiro” é um achado arqueológico do período imperial brasileiro? Os Conselhos de Ética no Congresso Nacional são tão úteis quanto um avião sem motor, asas e altímetro.


O senador Sarney, tal qual Pedro (o apóstolo, não o Simom), negou conhecer todos os parentes, aderentes, aliados, correligionários, comparsas, capangas, amigos, inimigos, conhecidos, desconhecidos e o que mais fosse. E, de acordo com isso, não infligira o regimento, a lei, a moral, a ética e os bons costumes e, portanto, todo o imbróglio fora concebido de caso pensado pela imprensa, oposição, adversários políticos e certamente pela bruxa malvada. Caramba! Para quem sempre alardeou “a liturgia do cargo” não me parece lá muito litúrgico as estripulias do senador, ao menos dentro dos padrões da decência. É extremamente lamentável ver o meu país entregue na mão “dessa gente” que corrompe, é corrompida, transforma o público em privado, rouba, apropria-se, humilha-nos, enfim cometem todo tipo de delito e depois vão para suas casas convictos de que representaram bem seus eleitores defendendo seus interesses e que prestaram grandes serviços a esta vilipendiada nação. É duro, gente. É duro.


CELSO BOTELHO

07.08.2009

terça-feira, 4 de agosto de 2009

BRIGA DE GANGUES


Não vejo muita diferença entre a refrega no Senado Federal e uma disputa de quadrilha de malfeitores pelo domínio de um território. Tivemos uma demonstração ontem disso. Uma “casa da mãe Joana” não é tão bagunçada quanto aquela Instituição. Ainda assim refuto a idéia de simplesmente fechá-lo como muitos defendem. Precisamos detetizá-lo o mais rapidamente possível eliminando os insetos e roedores que o infestam. Talvez as pessoas que defendem seu fechamento ou são muito jovens ou, eis o mais lamentável, não possuem uma noção nem próxima da importância desta instituição num regime democrático. Pessoas da minha geração assistiram, em 1977, o general-presidente-de-plantão Ernesto Geisel (1975-1979) cerrar-lhe as portas editando o que ficou conhecido como o “Pacote de Abril”, um retrocesso monumental. Para reconstruir-se o Senado da República serão necessárias inúmeras alterações em todo o sistema político, eleitoral, partidário, legal, regimental e, sabemos, não será com os atuais ocupantes que sequer iremos alterar o horário de servirem o cafezinho. Mas então como haveremos de promover tais transformações? Pelo voto? Definitivamente o sistema eleitoral brasileiro é obsoleto, viciado, perverso e não representa coisa alguma, exceto os interesses dos eleitos. A sociedade brasileira deverá unir-se num projeto abrangente promovendo um debate amplo e impondo (vejam bem: impondo e não sugerindo) que tais mudanças sejam postas em execução exercendo seu imenso poder de persuasão, preserverança e, sobretudo, intimidação aos indecisos, coniventes e complacentes com as atuais praticas. Sim. Atingimos um estágio no qual há que se intimidar esta turba que ai está mostrando-lhes que não estão acima do bem e do mal, do tudo podem e tudo terão, que a nação está farta e na tolera mais esta raça ruim.


No embate de ontem no Senado Federal ficou explícito tratar-se de disputa territorial entre gangs. Uma disputa que envolve um orçamento de R$ 2,7 bilhões; a manutenção dos privilégios imorais, acordos espúrios, alianças casuístas, sobrevivência política, ocultação de crimes de todas as naturezas, sustentação à administração petista, apoio partidário para as eleições de 2010, evoluções patrimoniais estratosféricas, manipulação da Justiça em favor de interesses próprios ou de associados, loteamento de estatais, autarquias, cargos e funções e é vasta a relação. O fato é que ninguém está interessado em reestruturar, reformar, transformar ou recompor uma instituição que vem se degradando ao longo dos anos numa velocidade espantosa. O Senado Federal não mais arranha o regime democrático, ele o mutila a cada dia incapacitando-o, pervertendo-o e prostituindo-o. Cabe a sociedade por um ponto final nesta mutilação chamando a si a responsabilidade de reverter essa orgia macabra. Nossa alienação, apatia, desinteresse ao longo dos anos fertilizou o solo de onde brotaram estas ervas daninhas. Quando ouvimos um compatriota dizendo “eu não gosto de política” devemos imediatamente informá-lo que está abrindo mão de sua cidadania, do surgimento de oportunidades melhores, de possibilidades futuras que garantirão às próximas gerações herdarem uma nação com menos concentração de renda e sua distribuição mais eqüitativa, de desfrutarmos maior qualidade de vida, etc. Não devemos nos iludir quanto às demonstrações de boas intenções verbalizadas por este ou aquele membro daquela Casa, pois, afinal, de boas intenções o inferno está cheio sem, contudo, encontrar-se com a lotação esgotada. Caso, de fato, ali estivessem para exercer o mandato com a dignidade, lisura e honradez necessárias as coisas não teriam chegado a este nó cego, notadamente aqueles veteranos (sem excluir os calouros, suplentes e suplentes dos suplentes e demais penduricalhos).


Entre tantas coisas – morais, éticas e legais - que faltam ao caráter dos politiqueiros brasileiros a coerência não é nem de longe uma pratica esporádica. Tudo funciona de acordo com os interesses do momento, sejam os deles sejam daqueles que os subvencionam ou de outros comparsas. Já vi muitos “adversários” de ontem irem para a cama no dia seguinte numa paixão arrebatadora. Não me surpreende deparar-me com Lula, Collor e Sarney no mesmo lado, o lado deles. O candidato Lula, na campanha de 1989, classificou o presidente José Sarney de ladrão. O candidato Collor, na mesma campanha, foi mais especifico ao dizer que era batedor de carteira. E os dois candidatos desfiaram um rosário de acusações, ilações, insultos, conjecturas, previsões um contra o outro, a baixaria atingiu seu clímax quando o candidato Collor apresentou no horário gratuito a senhora Miriam Cordeiro, ex-mulher do candidato Lula, acusando-o de haver tentado induzi-la a praticar o aborto da filha de ambos, oferecido dinheiro para isso e fomentando o preconceito contra a raça negra. Esta estratégia contribuiu grandemente para consolidar a vitória de Collor, um golpe sujo, ignóbil. Sem terreno partidário, ideológico, pragmático restava, sem dúvida, a agressão, ofensa, a calúnia, a difamação, a ilação. Este trio, vinte anos depois, trocam beijos, carícias e presentes (e que presentes!). No entanto, é muito corriqueiro durante as campanhas eleitorais atacarem-se a vida pessoal um do outro e o outro de um e tudo fica exatamente igual a fuxicos de comadres. Raramente vemos um candidato defendendo um programa ou um projeto consistente, viável e de interesse da sociedade sem escamotear os verdadeiros objetivos e, quando aparecem, ou não são eleitos ou são “convencidos” a reformulá-los. Coerência é exigível até quando se defende o indefensável. Não pode se constituir em surpresa ver Lula, Sarney, Collor, Renan Calheiros et catverna no mesmo palanque o que é incompreensível e inaceitável é a sociedade brasileira tolerar esse (e outros) comportamento numa pacificidade que só alimenta sua destruição enquanto povo e nação.


CELSO BOTELHO

04.08.2009


segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A MORDAÇA ESTÁ VOLTANDO?


Não considero lá muito relevante a participação ou não do senador José Sarney (PMDB-AP) na decisão do desembargador Décio Vieira em censurar o jornal O Estado de São Paulo, O “Estadão”, em publicar matéria relativa as acusações que pesam sobre seu rebento que, inclusive, encontra-se devidamente indiciado. Também ponho em segundo plano o fato do magistrado possuir vínculos com os Sarney, posto que desempenhou a função de consultor jurídico da gráfica do Senado (uma praia exclusiva do senador Sarney) nos anos 90 e, segundo consta, efetivara na ocasião pouco mais de oitenta estagiários sem concurso público e ter sido padrinho de casamento da filha do ex-diretor-geral do Senado Federal Agaciel Maia, notório fabricante de Atos Secretos. Tudo isso é abusivo, sórdido, inaceitável e deve ser investigado e os responsáveis enquadrados de acordo com a legislação. Porém, o grave mesmo foi a decisão de censura. Hoje foi o “Estadão” e amanhã? Que se exiga responsabilidade dos profissionais e dos veículos de comunicação estou de pleno acordo, no entanto, tolher a imprensa é pratica usual dos regimes de exceção. Será que estão conspirando contra o Estado Democrático de Direito? Bom, o presidente Lula, O Ignorante, nos dá provas cabais de seu espírito ditatorial, vingativo, rancoroso e repressor. Para quem não gosta de críticas nada mais conveniente do que uma ditadura. Caso esta prática não seja repudiada pela sociedade em pouco tempo nos jornais estarão publicando na primeira página receitas culinárias como durante o regime militar (1964-1985) e notícias ufanistas da desastrosa administração petista e teremos novamente a sentença do general-presidente-de-plantão Médici (1969-1974): “O Brasil é um mar de tranqüilidade”, talvez no termo mais à gosto do atual presidente: “O Brasil é um espetáculo de crescimento como nunca antes na história” ou outra bobagem semelhante. Sem imprensa livre não há democracia e ponto.


O governo Lula vira e mexe acena com a mordaça para a imprensa. Talvez esteja encantado com o fechamento de 34 emissoras de rádio na Venezuela pelo bobalhão empedernido, megalomaníaco e arremedo de ditador Hugo Chávez, uma vez que o Itamaraty permanece calado e quem cala consente. Cacete! Com uma imprensa livre os politiqueiros deitam e rolam em todo tipo de ilícito, misturam o público com o privado, “se lixam” para a opinião pública ou dizem que ela é “volúvel” ou são classificados como “pessoas incomuns” ou, mais recentemente, “que o Congresso Nacional faz mais coisas boas do que más” como se aquela bodega (porque não passa disso: uma armazém de secos e molhados) existisse para praticar coisas boas e más (depois os críticos da velhacaria do Bolsa-Família são ignorantes e imbecis, ora, ora, ora!). Esse negócio de “segredo de justiça”, “fórum privilegiado” e outras prerrogativas só prestam para favorecer os ricos e poderosos. A decisão do juiz foi lamentável, inaceitável e, sobretudo, perigosa para a democracia que, capenga ou não, ainda não inventaram um sistema melhor. Apeou-se um presidente da República do cargo (devo dizer ao arrepio da lei atropelando-se prazos e ritos negando-se, portanto, o direito de ampla defesa) a partir de denúncias publicadas na imprensa e este mesmo partido que hoje está no poder usou e abusou da imprensa para manipular a opinião pública que, desde 2003, despreza e tenta cassar-lhe o direito a informação.


A decisão macula o regime democrático e afronta a sociedade brasileira. Quem os petistas e congêneres pensam que são? O presidente Lula, O Ignorante, está convicto de que é o alfa e o ômega. Se Fernando Sarney não desejasse que seu nome aparecesse nas páginas policias não deveria fazer lambanças. Outro detalhe importante é que esse cidadão é superintendente do Sistema Mirante e Comunicações da família Sarney o que é um paradoxo. Provavelmente essas empresas não divulgaram que após décadas de mandos e desmandos dos Sarney & Associados o Estado do Maranhão com uma população de 6,3 milhões de habitantes 3,2 milhões (metade) são beneficiários do Bolsa-Família. A taxa de mortalidade infantil neste Estado, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2007, foi a segunda maior do país, de cada mil crianças nascidas 39 não sobreviverão ao primeiro ano de vida, fato que se deve muito a falta de acesso pela metade da população a rede de esgotos e 40% a água tratada. O Estado do Maranhão também tem o maior número de crianças entre 8 e 9 anos de idade analfabetas e também a segunda menor expectativa de vida entre os brasileiros. Certamente que tais dados não fazem parte da pauta jornalística do Sistema Mirante de Comunicações. Então, Fernandão? Vai entrar na Justiça contra o IBGE por infâmia?


CELSO BOTELHO

03.08.2009

sábado, 1 de agosto de 2009

QUAL É O TOM? NO MESMO TOM.


Bom, se o negócio é partir para a ofensa pessoal, vamos lá. Até então tenho me referido ao presidente Lula como ignorante no sentido explícito da palavra de desconhecer alguma coisa por conta de sua insistência durante o escândalo do Mensalão em afirmar diversas vezes que “não sabia” (como se algo com aquela dimensão pudesse ser ignorado dentro do Palácio do Planalto) e não com a conotonação de burro, brutalizado ou coisa que o valha. Devo informar ao presidente Lula, O Ignorante, que ninguém em parte alguma deste país está obrigado a dizer amém as suas ladainhas e muito menos as suas ações, notadamente aquelas que nos vilipendiam, nos massacram, roubam e matam. Isso mesmo, mata sim. Quantos brasileiros não morrem em decorrência do caos instalado na saúde, nas rodovias, nas cidades sem um mínimo de segurança? O presidente não suporta críticas e, sendo assim, penso que jamais deveria ter abraçado a vida pública, poderia ter permanecido atrás de um torno até a aposentadoria. É bom que se diga que até Jesus Cristo foi alvo delas por seus contemporâneos. Desta vez o pernambucano deslumbrado não se limitou a atacar a imprensa (da qual se serviu por décadas), foi mais abrangente qualificando todos os críticos da safadeza do Bolsa-Família de ignorantes e imbecis e, entre estes, me encontro. Portanto, sinto-me ofendido e no pleno direito de responder no mesmo tom, quer goste ou não e aí quem está “se lixando” sou eu.


As bobagens que o presidente fala além de não me surpreenderem, não provocam nenhum efeito nocivo sobre mim, mas as besteiras que faz na presidência da República têm um efeito devastador sobre todos nós. Segundo o Dicionário Aurélio a palavra imbecil significa: “retardo mental em que o nível intelectual do indivíduo não ultrapassa o de uma criança de sete anos”. É. Talvez sejamos mesmos uns imbecis ao elegermos e mantermos no posto máximo da nação uma pessoa que reúne todas as condições necessárias para tal, inclusive nenhuma. Talvez sejamos um bando de retardos ao aceitarmos, em menos de oito anos, mais de cem escândalos de corrupção, desvio de verbas, malversação do dinheiro público, entreguismo, dilapidação, conivência com o ilícito e outras velhacarias. Para demonstrar a eficácia da bolsa-vagabundagem apresentou – orgulhoso - uma pessoa que se formou através do Planseq (Programa de Qualificação dos Beneficiários do Bolsa-família). Realmente um sucesso tal programa: desde 2003 que esta porcaria de “transferência de renda” (segundo o entendimento do presidente) é feita e o presidente tem a cara de pau de apresentar um único formando. Ora, isso sim é atitude de imbecil. Para inglês ver. Porque nem na imprensa petista encontra-se notícia sobre tal programa. Como crítico do Bolsa-Família e outras baboseiras, como pobre, como cidadão, como ser humano, repudio todo e qualquer tipo de preconceito. Ao contrário de Sua Excelência que foi vítima (e é) contumaz de preconceitos e em diversas ocasiões já os manifestou explicitamente (“a crise foi criada por gente branca de olhos azuis”, para ficar só em um). Agora aproveitar-se da pobreza, da miséria, da dor e sofrimento de parcela considerável da população para fazer populismo, demagogia, maquinações político-eleitorais, se auto-promover num narcisismo escancarado, abrir canais para o escoamento fácil do dinheiro público é pura e simples canalhice. O presidente também estabeleceu uma divisão no país entre os que tiveram oportunidade e os que não tiveram reduzindo a secular concentração de renda (a qual fomenta) a uma proporção ínfima. Diabos, não me parece que será com este famigerado Bolsa-Família que as oportunidades aparecerão como um passe de mágica. Ué, quem tem a caneta? Quem atropelou a própria biografia (para se dizer o mínimo) para alçar a presidência da República propagando que possuía todas as soluções? Certamente que não foi este que ora escreve, portanto, já dizia os mais antigos: quem não tem... não faz trato com...


Segundo consta, o presidente foi às lágrimas dizendo que o país “dá uma lição ao mundo” ao levar à Presidência um presidente e um vice-presidente que não tem diploma universitário. Esta situação deixou de ser um empecilho na vida de Lula há muitos anos, ao contrário, foi transformado numa bandeira político-eleitoral, um apelo demagógico sem-vergonha. Poderia citar aqui vários chefes de Estado devidamente registrados na História na mesma situação e que foram exemplares no desempenho de suas funções. O senhor não é o único a não possuir diploma, mas pode perfeitamente candidatar-se ao grupo dos piores chefes de Estado a não possuí-lo. O fato dos dois maiores cargos do país estarem ocupados por pessoas sem formação acadêmica não é “convocação” para ninguém deixar de estudar, mesmo porque não acredito que tal coisa deverá repetir-se nos próximos quinhentos anos ou mais, afinal, toda regra tem uma exceção. Seríamos imbecis caso não percebêssemos que esses reajustes no Bolsa-Família são por conta do ano eleitoral que se avizinha e é fator essencial na manutenção de sua popularidade sendo combustível imprescindível para tentar decolar com a candidatura da Dona Dilma Roussef (ex-guerrilheira, ministra e pseudo-doutoranda-mestranda), no caso do golpe de terceiro mandato não vingar.


O presidente Lula, O Ignorante, desde que ocupa o cargo, vem dando demonstrações irrefutáveis de sua arrogância, prepotência, presunção, falta de preparo e educação, espírito rancoroso, vingativo e repressor como se encontra em qualquer ditador em qualquer parte do mundo. As duas décadas de ditadura no país não o tornaram avesso aos seus processos e sim simpatizante deles. O “enquadramento” do Partido dos Trabalhadores no Senado Federal é um bom exemplo de autoritarismo. Não há um único argumento no qual possa o presidente refugiar-se em sua defesa para justificar a ofensa proferida contra seus críticos. Num regime de exceção, presidente, não há críticos, então porque não tenta rasgar a Constituição Federal para ver o bicho que vai dar? Não será a primeira vez que esta nação será humilhada. Porém, devo advertir, os tempos são outros.


CELSO BOTELHO

01.08.2009