segunda-feira, 10 de agosto de 2009

CORONÉIS, CANGACEIROS, JAGUNÇOS E AFINS


Os senhores senadores conseguem se superar a cada belo dia que passa. Quando não é isto, é aquilo ou aquilo outro. É lambança em cima de lambança sem a menor culpa. Agora surgiu, oficialmente, a classe dos coronéis e, consequentemente, a dos jagunços e cangaceiros, pois, coronel sem jagunço e cangaceiro é como meia sem pé. Até então tínhamos em conta apenas dois: o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) que, aliás, já se encontra no andar de cima (ou de baixo) e o senador José Sarney (PMDB-AP), os mais antigos, notórios e astutos. No STF (Supremo Tribunal Federal), segundo advertência do ministro Joaquim Barbosa durante um arranca-rabo com o presidente da Corte Gilmar Mendes transmitido ao vivo e a cores pela televisão, de que este “não estava falando com os capangas de sua fazenda”, declaração cabal de pratica de coronelismo. No entrevo entre os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Renan Calhorda Calheiros (PMDB-AL) tivemos conhecimento público de que ambos praticam ainda este tipo arcaico, obsoleto e perverso de política, isto de acordo com um e com outro. O grave no episódio não foi a troca de acusações, os xingamentos, as ameaças de parte a parte, mas sim o lugar onde se deu, o Senado Federal. Para um bate-boca entre cachaceiros num botequim qualquer podemos dizer que seria até uma forma polida de agredirem-se da forma como aconteceu. Vejo parlamentares, reiteradas vezes, reclamar da falta de respeito, da credibilidade, do desejo de muitos de ver aquela Instituição simplesmente fechada, porém, os episódios ali produzidos não podem surtir outro efeito. Na mesma semana o senador Fernando Collor (PTB-AL), destemperado, num ato de extrema grosseria recomendou ao senador Pedro Simom (PMDB-RS) que “engolisse suas palavras e as digerisse da maneira achasse mais conveniente”. O ex-presidente da República deveria, no mínimo, respeitar a Instituição, seu par e sua idade, porque a sociedade parlamentar nenhum respeita. Não bastasse o senador Renan Calhorda Calheiros fez um ataque ao mesmo senador rude e carente de confirmação. Por essas e outras que podemos dizer que qualquer casa de tolerância é muito mais decente, ordeira e honesta, pois, o cliente paga pelo prazer e o recebe.


O presidente Lula, O Ignorante, é o coronel-mor (com poderes de marechal) com direito a chapéu de abas largas, rebenque, garrucha na cinta, botas de couro de cano longo e toda parafernália que compõe sua caracterização. Porém, mais integrado com os tempos, enverga ternos de bons cortes, caneta e mandato (mantendo somente a barba, seu logotipo) e vai distribuindo seu bolsa-família, ministérios, estatais, autarquias, cargos, funções, facilidades, inverdades, ilações, vingança, casuísmos, golpes, manipulações, etc. Este coronelão quer fazer publicar no ano que vem um documento que registre todas as realizações de seus dois longos mandatos em cartório. Que bonitinho! Será uma panacéia. O Brasil, neste documento, assumirá proporções positivas “como nunca antes na história”. A mentira, o engodo, a manipulação com firma reconhecida. Podemos ficar ansiosos pela divulgação de tal relatório que, certamente, irá nos divertir ou revoltar ou – como recomenda o senador Fernando Collor – fazer o uso que mais nos convir.


Justiça se faça: não é só no decrépito Senado Federal que podemos encontrar coronéis, capangas, jagunços, cangaceiros, malfeitores de aluguel e toda a escória da sociedade. Nos três poderes da República existem latifúndios de todos os tamanhos e voltados para os mais diversos interesses de seus detentores cultivando com zelo a miséria, a dor e o sofrimento.


CELSO BOTELHO

09.08.2009