Sobre o discurso de defesa do senador José Sarney (PMDB-AP) pronunciado na tribuna do carcomido Senado Federal nos leva a imaginar as três opções acima. Vejamos: a primeira podemos descartar de imediato, pois, tal moléstia, na maioria das vezes, é temporária e tem como causa doenças neurodegenerativas, infecções ou enfermidades que destroem os tecidos cerebrais, traumas físicos (como porradas na cabeça) e psicológicos e, por fim, o uso de álcool e drogas. A segunda não é uma doença exclusivamente de idosos como muitos acreditam, os adultos jovens também podem padecer deste mal. Os sintomas são perda da capacidade de memorizar, reter atenção, orientar-se, falar sem nexo, em alguns casos foge ao controle até o ato de urinar e defecar, sendo assim quero acreditar que também possamos descartá-la. Em ambas as situações o senador José Sarney não se enquadra, pelo menos segundo tenho conhecimento. Portanto, ficamos com a terceira e verdadeira alternativa. A Esperteza. Cabe lembrar que a sabedoria popular ensina que malandro demais se atrapalha e não aconteceu diferente com o jurássico senador. Porém, devemos considerar a existência de uma “amnésia seletiva” que acomete todo político brasileiro quando pego com as calças na mão. No escândalo do Mensalão cheguei a ficar preocupado diante do número de parlamentares, depoentes, acusados, advogados e toda súcia envolvida sofrendo desta benéfica enfermidade (“não me lembro”, “só consultando”, “verei minhas anotações”, etc.). Sim. Preocupado. E se esta doença fosse contagiosa? Toda a memória nacional iria pelo ralo e isto seria uma catástrofe apocalíptica.
O Conselho de Ética das duas Casas do Congresso Nacional são mambembes (no adjetivo de dois gêneros e não no substantivo masculino). No entanto, devemos admitir uma coisa: as decisões ali tomadas são perfeitamente acordadas entre seus membros, líderes, caciques, padrinhos, comparsas e outros malfeitores associados. Teríamos que crer que o planeta fosse quadrado ou triangular para imaginar atitude diversa da que foi tomada pelo “legendário” senador “aba da aba” Paulo Duque (PMDB-RJ) que, em certo momento do conluio, afirmou que o Regimento lhe conferia “poderes imperiais” e, assim sendo, mandou quatro representações contra o presidente da Casa senador José Sarney e uma do ex-presidente senador Renan Calheiros para a gaveta, ambos envolvidos
O senador Sarney, tal qual Pedro (o apóstolo, não o Simom), negou conhecer todos os parentes, aderentes, aliados, correligionários, comparsas, capangas, amigos, inimigos, conhecidos, desconhecidos e o que mais fosse. E, de acordo com isso, não infligira o regimento, a lei, a moral, a ética e os bons costumes e, portanto, todo o imbróglio fora concebido de caso pensado pela imprensa, oposição, adversários políticos e certamente pela bruxa malvada. Caramba! Para quem sempre alardeou “a liturgia do cargo” não me parece lá muito litúrgico as estripulias do senador, ao menos dentro dos padrões da decência. É extremamente lamentável ver o meu país entregue na mão “dessa gente” que corrompe, é corrompida, transforma o público em privado, rouba, apropria-se, humilha-nos, enfim cometem todo tipo de delito e depois vão para suas casas convictos de que representaram bem seus eleitores defendendo seus interesses e que prestaram grandes serviços a esta vilipendiada nação. É duro, gente. É duro.
CELSO BOTELHO
07.08.2009