quarta-feira, 21 de outubro de 2009

EU NÃO SOU DA SUA LAIA


Para o presidente Lula não basta ser ignorante tem que ser arrogante, prepotente e presunçoso também. O fato de ser o presidente da República não o exime do cumprimento da lei, pelo contrário. Não se encontra acima dela como, aliás, nenhum cidadão. Afrontá-la como o fez descaradamente por ocasião da “vistoria” que realizou as obras de transposição do Rio São Francisco que não passou de um palanque eleitoral montado antecipadamente com a presença de dois pré-candidatos à presidência da República e desafiar a oposição (mesmo sendo notoriamente incompetente, tacanha, capenga e subserviente) demonstra cabalmente que a mantém sob controle e por mais que ladrem jamais irão mordê-lo. Caso aquilo não foi campanha antecipada então papai Noel existe e o coelhinho da Páscoa também.


Segundo o presidente quando fazia oposição não existiam estradas, pontes, escola, enfim nada. Ora, cacete, então vivíamos de que jeito? Trepados nas árvores? Nas cavernas? Ou tudo que presumíamos existir era ilusão, miragem? Seu delírio de que inventou o Brasil assumiu proporções esquizofrênicas. Eu não fico nervoso porque esteja inaugurando obras o que, por sinal, é uma de suas obrigações. Fico furioso de que elas - antes de tudo - abastecem a corrupção, o desperdício e a malversação do dinheiro público além de atenderem interesses específicos econômicos, político-partidário e coisa e tal. Ou isso não é verdade, heim? Vasculhando minha memória sinceramente não me lembro de que o Estado brasileiro tenha se ausentado da economia, pois, de alguma forma, sempre meteu seu bedelho, mesmo no inicio da República atingindo seu ápice durante o nefasto regime militar (1964-1985). Mas ou muito me engano ou o presidente birimbolou suas idéias. Vejamos: ao admitir que O Estado esteja mais presente na economia, pergunto: como pode, ao mesmo tempo, afirmar que ele não existia? Se o ente não existe ele não pode, de maneira alguma, estar mais ou menos presente. Parmênides (530 a.C. – 460 a.C.) nos ensina que “só o ser é – e que o não ser não é”. Então, ora bolas, quem desgraçou tudo foi o presidente que deveria desfazer esta confusão. E o mais ilógico ainda é o fato de que fazia, neste tempo, oposição. Se não existia Estado e, consequentemente governo, a que estava se opondo? É... Mesmo sendo um apedeuta não se justifica a incoerência, o disparate.


Que diabos será um país pensado de forma pequena na avaliação do presidente? A julgar por seu entendimento do que seja Estado e sua estupenda arrogância sou levado a entender que a afirmação tem o único objetivo de apequenar seus antecessores e suas administrações. Presidente desça deste pedestal no qual se colocou. Sua Excelência foi não ungido pelo próprio Deus, foi eleito e reeleito por seus concidadãos. Calce as sandálias da humildade. Opor-se é um direito e um dever que todos os cidadãos têm (não aquela oposição a tudo e a todos durante todo o tempo sem pé nem cabeça), no entanto, devemos reconhecer os méritos de nossos adversários e respeitá-los. Eu mesmo sou um opositor ferrenho à sua administração, porém, inúmeras vezes aqui mesmo neste espaço, reconheci as decisões e atitudes que considerei como corretas ao longo desses anos. Menosprezar quinhentos anos de história de uma nação para satisfazer seu ego é, como se diz popularmente, cuspir no prato que se está comendo.


O presidente Lula, O Ignorante, voltou a atacar a parte da sociedade que lhe faz oposição (o que é legítimo, pois, como se costuma dizer, nem Jesus Cristo conseguiu agradar a todos) afirmando que torcem por seu governo dar errado. Não é a primeira vez que diz tal asneira. Como já disse se existe alguém com este pensamento ou é um louco varrido ou muito estúpido ou irá se beneficiar de algum modo. Como imaginar, fora dessas três alternativas, que se possa torcer contra o país? As conseqüências imediatas e futuras recairão, inexoravelmente, sobre nós próprios. Este reclamo do presidente tem endereço sabido e conhecido: as pessoas que recebem algum tipo de benefício estatal que constituem a maioria avassaladora de eleitores do Partido dos Trabalhadores. A incorporação do papel de vítima do preconceito das elites reforça o apego das pessoas à figura do presidente. Não que não tenha sido ou que não seja ainda vítima de preconceitos, porém, são menos intensos e sua maior utilidade não é discriminá-lo e sim para reforçar a oposição ao seu governo. No imaginário popular persiste a idéia de que “este presidente é um dos nossos”, isto é, simples, operário, com “pouco estudo”, lutando para não ser engolido pelos tubarões, etc. tudo, aliás, que Lula deixou de ser a muito tempo, abrindo exceção para o fato de não possuir uma formação acadêmica e isto se deve a sua plena e total aversão aos livros.


Ainda de acordo com o presidente se fosse outro a ocupar o cargo e não fizesse nada ninguém cobraria, pois, são todos da mesma laia. Não tendo procuração e não a desejando não posso falar em nome de todos os que se opõem à sua administração, portanto, falarei por mim e só preciso dizer três coisas, a saber: o presidente da República é um funcionário público com mandato pré-determinado e com atribuições especificas e constantes na Constituição Federal e, portanto, deve ser cobrado quando entendemos que adota postura omissa, negligente, permissiva ou inapropriada no exercício do cargo. Segundo: cobrei de generais-presidentes, presidente-escritor, presidente-caçador-de-marajás, presidente-de-topete, presidente-sociólogo e porque deveria abster-me de cobrar de um presidente-ignorante? Terceira: se ao fazer oposição indica que pertenço a uma determinada laia que não especificou qual seja, certamente aqueles que não se lhe opõem pertencem a uma outra. Ah, o sentido pejorativo que deu a este substantivo vale para as duas laias, ou seja, situação e oposição. Então, isso é certo, eu não sou da sua laia.


CELSO BOTELHO

21.10.2009