Desde 1989 os candidatos a
presidente da República têm se mostrado insossos, medíocres, velhacos,
ignorantes até a última instância e profundamente comprometidos com os
interesses políticos, econômicos, partidários. Revisitando àqueles pleitos se
pode encontrar alguma substância e consistência no discurso de alguns
candidatos se comparados com as três opções que hoje estão postas para o
eleitorado. Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos nem mesmo discurso
possuem que dirá um projeto, programa ou uma proposta para o país. Falam como
todos os demagogos: genericamente. Não apresentaram até o momento nada de
concreto. Prometem de um tudo. Todos são unânimes que urge acelerar a reforma
agrária, recuperar o salário mínimo, promover a reforma política, melhorar os
serviços públicos (transportes, saúde, educação, saneamento básico,
infraestrutura, etc.), combater a inflação, a violência no campo e nas cidades,
a corrupção, etc. No entanto, nenhum deles sabe como fazer ou, se sabem,
guardam o segredo a sete chaves. Na campanha eleitoral de 2010 a então
candidata-poste prometeu desde a construção de cinco refinarias até conter o
aquecimento global. Sequer conseguiu terminar a refinaria de Abreu e Lima (PE)
orçada inicialmente em US$ 3 bilhões e já consumiu cerca de US$ 20 bilhões sem
que esteja concluída. Nem com mágica ou despacho na encruzilhada dona Dilma não
realizaria sequer dez por cento de suas promessas. E os eleitores sabiam disso.
Uns conscientemente outros nem tanto. Sua eleição deveu-se única e
exclusivamente ao “charme e veneno” de seu criador. Mesmo um candidato bem
intencionado (coisa tão possível no Brasil quanto à existência de oceanos no
Sol), determinado e com ampla sustentação política levaria mais de uma década
ou algumas para chegar próximo aos dez por cento sem recorrer à magica ou magia
negra tal é o caos instalado no país. Mas além de não existir candidato com
este perfil nosso regime presidencialista-pluripartidário jamais poderá criar
uma situação de ampla sustentação política, pelo menos sem mensalões e
sucedâneos e, mesmo recorrendo a estes expedientes ainda assim seria incapaz de
transformar o que quer que seja. A eleição presidencial deste ano até o momento
sugere que será a mais medíocre desde que fora restabelecida nos idos de 1989.
Mas não se enganem. Nada no Brasil é tão ruim que não possa piorar.
Nas eleições brasileiras, em
todas as esferas, só se trata de miudezas. O debate político-ideológico há
muito foi substituído pela disputa de cargos. Historicamente os recursos
públicos são desviados para atender interesses políticos, econômicos,
partidários. A elite brasileira tem por hábito cultivar a ociosidade
intelectual e a ganância e por isso mesmo foi cooptada pela esquerda e aderiu
entusiasticamente aos seus pressupostos integralmente uma vez que as suas
contas bancárias jamais registraram aportes tão substanciais antes que ascendesse
ao poder. Isto não significa que os governos anteriores não tenham criado, ampliado
e mantido seus privilégios e lucros estratosféricos. Ao contrário, inúmeros
bancos e empresas somente puderam crescer com a cumplicidade de sucessivos
governos, incluindo aqueles do regime militar (1964-1985). O que essa elite
ainda não percebeu é que está sendo usada. É parte da estratégia da esquerda
para dela apoderar-se e torná-los seus meros empregados. Da mesma forma que a
esquerda lança mão dos movimentos sociais para robustecer-se e alcançar seus objetivos.
A esquerda já possui o controle político hegemônico no Brasil. Todos, disse
todos, os partidos políticos estão afinados com o discurso esquerdista. Desde o
PMDB até o PEN, último partido a ser criado, passando pelo PSDB e DEM. Suas
aparentes divergências neste ou naquele ponto não ameaçam a sua unidade. A
adoção de vias opostas e conflitantes é extremamente benéfica para a esquerda. O
movimento esquerdista revolucionário sempre encampa diversas correntes por mais
contraditórias que possam ser. Quanto mais genérico for seu discurso maior sua
suas chances de estabelecer-se porque não está engessado a pressupostos rígidos
ou tradicionais. O ex-presidente Lula, autor de inúmeras bobagens e besteiras,
a esse respeito acertou na mosca ao dizer que a esquerda não sabe que tipo de
socialismo deseja. É exatamente isso. Uma experimentação constante. Trilham por
diversos caminhos antagônicos simultaneamente sempre os avaliando,
reelaborando, robustecendo-os ou enfraquecendo-os porque qualquer resultado
será convertido em seu benefício. Sempre agiram desta forma aqui e alhures.
O controle da economia é uma
etapa fundamental, porém não essencial. E não é essencial por dois motivos.
Primeiro, o socialismo não sobrevive sem uma economia de mercado. Segundo, este
controle demanda um longo tempo e ao longo do percurso terão que ir atendendo
algumas exigências, reelaborando seu modo operar, ajustando-se às situações e
circunstâncias e, consequentemente, renovando-se para não perder espaço. Nunca
existiu nenhuma disputa entre o socialismo e capitalismo na área econômica. O
primeiro não sobrevive sem o segundo e este tem a capacidade de gerar riqueza
até mesmo denegrindo-se e usando os símbolos do socialismo. O movimento
editorial, por exemplo, fatura milhões publicando autores esquerdistas, a
imagem de Chê Guevara estampada em camisetas é vendida quase cinquenta anos
após a sua morte. Suprimir o capitalismo só faz sentido na imaginação dos
histéricos. Não há a mais mínima possibilidade disso acontecer, mas o movimento
esquerdista não tem qualquer interesse em derrubar esta fantasia, posto que
ainda atenda seus interesses. Para muitos brasileiros a implantação do
socialismo implica automaticamente em total estatização dos meios de produção,
supressão da propriedade privada, etc. Isso jamais irá ocorrer. Os esquerdistas
atuam no sentido de controlar toda a economia e não sufocá-la. O controle
político favorece a criação de mecanismos e a utilização dos meios legais para
desencadear e manter o processo de controle econômico. A agenda de dez pontos
do Consenso de Washington não deixa a menor dúvida que o processo está
adiantado. Uma elite ignorante como a nossa aplaude e se associa a um esquema
que se no primeiro momento os afaga e enriquece no momento seguinte a
destituirá assumindo seu papel. Esta estratégia não é inédita. A China é
governada por um partido comunista e sua economia é de mercado, porém quem
controla tudo é o Estado. Em contraste temos a ilha de Cuba. Os revolucionários
de 1959 decidiram apoderar-se do controle político e econômico do país ao mesmo
tempo. Foi catastrófico. Cuba é um país pobre, atrasado, sem perspectivas. O
discurso oficial sobre as privatizações ou concessões não se sustenta. Desmantelar
o Estado é “clausula pétrea” na cartilha socialista, notadamente nas áreas mais
sensíveis como energia, mineração, comunicações, serviços de infraestrutura,
deixando-o vulnerável, incapaz e subserviente a interesses estranhos a sociedade.
Basta investigar-se a fonte do dinheiro que é movimentado nestas operações para
se constatar a presença da elite globalista, dos socialistas Fabiano. Realizar
esta conexão não é nenhum bicho de sete cabeças. Porém, no Brasil a preguiça
intelectual impede que se estude o assunto. É bem mais fácil dar um sorrisinho
sarcástico, olhar com desdém e proclamar que tudo isto é teoria da conspiração.
Enquanto isso o país vai sendo destruído, espoliado e engolido.
Os marqueteiros remunerados
a peso de ouro deverão esmerar-se ao extremo para transformar Dilma, Aécio e
Eduardo Campos em algo que possa contagiar o eleitor, posto que para
entusiasmá-los precisariam de um milagre, e dos grandes. Dilma já se mostrou
inapta, incompetente e medíocre na chefia do Estado e do governo. Aécio está
fadado a desempenhar o mesmo papel de Geraldo Alckmin e José Serra: saco de
pancadas do PT. Mas a função do PSDB é exatamente a de se apresentar como
oposição sem criar embaraços ou constrangimentos para o candidato petista. Eduardo Campos até bem pouco tempo atrás seu
partido (PSB) era aliado do (des) governo Rousseff e, portanto, cúmplice e
comparsa de todos os crimes e bandalheiras cometidas nos governos petistas.
Mesmo não o sendo de fato o foi de direito, posto que a ele estivesse associado
e compactuava de seus mandos e desmandos. De qualquer forma é responsável. Na
última eleição presidencial encontramo-nos entre o desastre e a catástrofe.
Nesta estamos diante somente da catástrofe, seja qual for o eleito. O pior de
tudo é constatar que o Brasil caminha aceleradamente para uma derrocada
política, social e econômica irreversível. Persistindo a omissão, o
desinteresse e o individualismo serão eleitos governos cada vez mais
catastróficos até que não reste mais nada para ser devastado.
CELSO BOTELHO
30.04.2014