domingo, 1 de junho de 2014

ELEIÇÕES 2014.ENTRE A CATÁSTROFE E A CATÁSTROFE





Desde 1989 os candidatos a presidente da República têm se mostrado insossos, medíocres, velhacos, ignorantes até a última instância e profundamente comprometidos com os interesses políticos, econômicos, partidários. Revisitando àqueles pleitos se pode encontrar alguma substância e consistência no discurso de alguns candidatos se comparados com as três opções que hoje estão postas para o eleitorado. Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos nem mesmo discurso possuem que dirá um projeto, programa ou uma proposta para o país. Falam como todos os demagogos: genericamente. Não apresentaram até o momento nada de concreto. Prometem de um tudo. Todos são unânimes que urge acelerar a reforma agrária, recuperar o salário mínimo, promover a reforma política, melhorar os serviços públicos (transportes, saúde, educação, saneamento básico, infraestrutura, etc.), combater a inflação, a violência no campo e nas cidades, a corrupção, etc. No entanto, nenhum deles sabe como fazer ou, se sabem, guardam o segredo a sete chaves. Na campanha eleitoral de 2010 a então candidata-poste prometeu desde a construção de cinco refinarias até conter o aquecimento global. Sequer conseguiu terminar a refinaria de Abreu e Lima (PE) orçada inicialmente em US$ 3 bilhões e já consumiu cerca de US$ 20 bilhões sem que esteja concluída. Nem com mágica ou despacho na encruzilhada dona Dilma não realizaria sequer dez por cento de suas promessas. E os eleitores sabiam disso. Uns conscientemente outros nem tanto. Sua eleição deveu-se única e exclusivamente ao “charme e veneno” de seu criador. Mesmo um candidato bem intencionado (coisa tão possível no Brasil quanto à existência de oceanos no Sol), determinado e com ampla sustentação política levaria mais de uma década ou algumas para chegar próximo aos dez por cento sem recorrer à magica ou magia negra tal é o caos instalado no país. Mas além de não existir candidato com este perfil nosso regime presidencialista-pluripartidário jamais poderá criar uma situação de ampla sustentação política, pelo menos sem mensalões e sucedâneos e, mesmo recorrendo a estes expedientes ainda assim seria incapaz de transformar o que quer que seja. A eleição presidencial deste ano até o momento sugere que será a mais medíocre desde que fora restabelecida nos idos de 1989. Mas não se enganem. Nada no Brasil é tão ruim que não possa piorar.

Nas eleições brasileiras, em todas as esferas, só se trata de miudezas. O debate político-ideológico há muito foi substituído pela disputa de cargos. Historicamente os recursos públicos são desviados para atender interesses políticos, econômicos, partidários. A elite brasileira tem por hábito cultivar a ociosidade intelectual e a ganância e por isso mesmo foi cooptada pela esquerda e aderiu entusiasticamente aos seus pressupostos integralmente uma vez que as suas contas bancárias jamais registraram aportes tão substanciais antes que ascendesse ao poder. Isto não significa que os governos anteriores não tenham criado, ampliado e mantido seus privilégios e lucros estratosféricos. Ao contrário, inúmeros bancos e empresas somente puderam crescer com a cumplicidade de sucessivos governos, incluindo aqueles do regime militar (1964-1985). O que essa elite ainda não percebeu é que está sendo usada. É parte da estratégia da esquerda para dela apoderar-se e torná-los seus meros empregados. Da mesma forma que a esquerda lança mão dos movimentos sociais para robustecer-se e alcançar seus objetivos. A esquerda já possui o controle político hegemônico no Brasil. Todos, disse todos, os partidos políticos estão afinados com o discurso esquerdista. Desde o PMDB até o PEN, último partido a ser criado, passando pelo PSDB e DEM. Suas aparentes divergências neste ou naquele ponto não ameaçam a sua unidade. A adoção de vias opostas e conflitantes é extremamente benéfica para a esquerda. O movimento esquerdista revolucionário sempre encampa diversas correntes por mais contraditórias que possam ser. Quanto mais genérico for seu discurso maior sua suas chances de estabelecer-se porque não está engessado a pressupostos rígidos ou tradicionais. O ex-presidente Lula, autor de inúmeras bobagens e besteiras, a esse respeito acertou na mosca ao dizer que a esquerda não sabe que tipo de socialismo deseja. É exatamente isso. Uma experimentação constante. Trilham por diversos caminhos antagônicos simultaneamente sempre os avaliando, reelaborando, robustecendo-os ou enfraquecendo-os porque qualquer resultado será convertido em seu benefício. Sempre agiram desta forma aqui e alhures.


O controle da economia é uma etapa fundamental, porém não essencial. E não é essencial por dois motivos. Primeiro, o socialismo não sobrevive sem uma economia de mercado. Segundo, este controle demanda um longo tempo e ao longo do percurso terão que ir atendendo algumas exigências, reelaborando seu modo operar, ajustando-se às situações e circunstâncias e, consequentemente, renovando-se para não perder espaço. Nunca existiu nenhuma disputa entre o socialismo e capitalismo na área econômica. O primeiro não sobrevive sem o segundo e este tem a capacidade de gerar riqueza até mesmo denegrindo-se e usando os símbolos do socialismo. O movimento editorial, por exemplo, fatura milhões publicando autores esquerdistas, a imagem de Chê Guevara estampada em camisetas é vendida quase cinquenta anos após a sua morte. Suprimir o capitalismo só faz sentido na imaginação dos histéricos. Não há a mais mínima possibilidade disso acontecer, mas o movimento esquerdista não tem qualquer interesse em derrubar esta fantasia, posto que ainda atenda seus interesses. Para muitos brasileiros a implantação do socialismo implica automaticamente em total estatização dos meios de produção, supressão da propriedade privada, etc. Isso jamais irá ocorrer. Os esquerdistas atuam no sentido de controlar toda a economia e não sufocá-la. O controle político favorece a criação de mecanismos e a utilização dos meios legais para desencadear e manter o processo de controle econômico. A agenda de dez pontos do Consenso de Washington não deixa a menor dúvida que o processo está adiantado. Uma elite ignorante como a nossa aplaude e se associa a um esquema que se no primeiro momento os afaga e enriquece no momento seguinte a destituirá assumindo seu papel. Esta estratégia não é inédita. A China é governada por um partido comunista e sua economia é de mercado, porém quem controla tudo é o Estado. Em contraste temos a ilha de Cuba. Os revolucionários de 1959 decidiram apoderar-se do controle político e econômico do país ao mesmo tempo. Foi catastrófico. Cuba é um país pobre, atrasado, sem perspectivas. O discurso oficial sobre as privatizações ou concessões não se sustenta. Desmantelar o Estado é “clausula pétrea” na cartilha socialista, notadamente nas áreas mais sensíveis como energia, mineração, comunicações, serviços de infraestrutura, deixando-o vulnerável, incapaz e subserviente a interesses estranhos a sociedade. Basta investigar-se a fonte do dinheiro que é movimentado nestas operações para se constatar a presença da elite globalista, dos socialistas Fabiano. Realizar esta conexão não é nenhum bicho de sete cabeças. Porém, no Brasil a preguiça intelectual impede que se estude o assunto. É bem mais fácil dar um sorrisinho sarcástico, olhar com desdém e proclamar que tudo isto é teoria da conspiração. Enquanto isso o país vai sendo destruído, espoliado e engolido.


Os marqueteiros remunerados a peso de ouro deverão esmerar-se ao extremo para transformar Dilma, Aécio e Eduardo Campos em algo que possa contagiar o eleitor, posto que para entusiasmá-los precisariam de um milagre, e dos grandes. Dilma já se mostrou inapta, incompetente e medíocre na chefia do Estado e do governo. Aécio está fadado a desempenhar o mesmo papel de Geraldo Alckmin e José Serra: saco de pancadas do PT. Mas a função do PSDB é exatamente a de se apresentar como oposição sem criar embaraços ou constrangimentos para o candidato petista.  Eduardo Campos até bem pouco tempo atrás seu partido (PSB) era aliado do (des) governo Rousseff e, portanto, cúmplice e comparsa de todos os crimes e bandalheiras cometidas nos governos petistas. Mesmo não o sendo de fato o foi de direito, posto que a ele estivesse associado e compactuava de seus mandos e desmandos. De qualquer forma é responsável. Na última eleição presidencial encontramo-nos entre o desastre e a catástrofe. Nesta estamos diante somente da catástrofe, seja qual for o eleito. O pior de tudo é constatar que o Brasil caminha aceleradamente para uma derrocada política, social e econômica irreversível. Persistindo a omissão, o desinteresse e o individualismo serão eleitos governos cada vez mais catastróficos até que não reste mais nada para ser devastado.  


CELSO BOTELHO
30.04.2014