Como todos já sabiam a CPI
da Petrobrás, como tantas outras, foram criadas para não apurar coisa alguma.
Não pode ser classificada somente de “chapa branca” é, antes disso, uma
retumbante fraude como, aliás, são todas as CPIs e o próprio Congresso Nacional
que só não foi desonrado mais uma vez devido ao singelo fato de que não possui
honra alguma para ser atingida. As duas Casas estão infestadas de jirigotes e,
para fazer justiça, o Executivo e o Judiciário também. Uma CPI comandada e
relatada pelo PMDB e PT, respectivamente, com uma maioria governista não
poderia mesmo apurar coisa alguma. A “oposição” fez beicinho e “decidiu”
boicotar os trabalhos. Boicotar o que? Dos treze integrantes dez estão
alinhados com o desgoverno petista e há muito venderam suas almas ao diabo a
preço módico e em várias parcelas mensais, iguais e sucessivas. O governo ficou
penhoradamente grato diante de tanta generosidade. Existe tanta oposição ao
governo petista quanto existe oceanos no sol. O PSDB exibiu, mais uma vez, sua
condição de apêndice do PT, a “direita” da esquerda, a “direita” que a esquerda
ama, venera e alimenta. Em dois depoimentos dona Graça Foster, presidente da
Petrobras, foi contraditória “no que se refere” (royalties para Dilma Rousseff)
à operação lesa-pátria da refinaria de Pasadena. No primeiro, declarou que foi
um mau negócio. Chamada às falas pela presidente do Clube da Luluzinha e,
eventualmente, da República Dilma Rousseff, no segundo depoimento assegurou que
o “negócio” pode ser recuperado. No próximo depoimento, no próximo dia 27, o
que disser não fará diferença alguma.
José Sergio Gabrielli,
ex-presidente da estatal, que havia declarado em abril, textualmente “dona
Dilma tem que assumir suas responsabilidades”. Em seu depoimento se contradisse
“não considero a presidenta responsável pela compra de Pasadena. A
responsabilidade é da diretoria do Conselho de Administração”. Então, tal como
Nestor Cerveró, admite que todos são responsáveis pela operação lesa-pátria e,
portanto, criminosos confessos. Gabrielli afirmou que a refinaria de Pasadena
era bem localizada e com preço atraente. O barraco do Zé Espinha no alto do
morro do Vidigal também é bem localizado (vista panorâmica) e pode ser comprado
por uma ninharia e nem por isso é um negócio atraente, posto ficar próximo ao
crematório dos traficantes e está permanentemente exalando um cheiro de pneu e
carne humana queimada. E isso lá é critério para realizar um “negócio” desta
envergadura? Segundo ele “era uma refinaria barata”. Cacete, mais um motivo
para que fosse realizado um estudo mais cuidadoso antes de efetivar-se a
compra. Ou este vigarista nunca ouviu a canção que diz “laranja madura na beira
da estrada está bichada Zé ou tem marimbondo no pé”? Gabrielli disse que era um
“bom negócio” quando a refinaria foi adquirida (pelo menos para a Astra Oil
foi, sem dúvida) a partir de 2008 passou a ser um “mau negócio” (certamente
para a Astra Oil que correu para ver aplicada a clausula de put option) e, em
2014, depois das denúncias da roubalheira voltou a ser um “bom negócio”. O
“distinto” ex-presidente da Petrobrás não informou para quem. Encerrando seu
depoimento afirma categoricamente que a estatal tem sido vítima de campanha
política da oposição. Com seiscentos diabos aonde este velhaco foi arranjar
oposição ao desgoverno do PT? Em Marte? Tal conclusão é ridícula e nem um débil
mental cogitaria dizer tal absurdo. O PT institucionaliza a corrupção, o
desvio, o desperdício e a malversação dos recursos públicos e inventa uma
oposição para persegui-lo. Vão tomar vergonha na cara, seus moleques.
Nestor Cerveró, que poderia
explodir com o governo petista, acabou por esvaziar a já esvaziada e inútil CPI
da Petrobrás. Presentes ao depoimento somente três integrantes da mesa.
Declarou o pulha: "A presidenta Dilma não foi responsável porque as
decisões são colegiadas e aprovadas por unanimidade. O responsável pela compra
somos todos nós. Foi uma compra acertada. Foi um acerto coletivo, colegiado. E
eu sou coparticipante dessa decisão". Então seria o caso de instalar-se um
inquérito para apurar o grau de participação de cada membro da quadrilha, uma
vez que o crime já está tipificado e confessado. Esqueceu-se de dizer que
quando disse “foi uma compra acertada” não se referia as ótimas condições da
compra da refinaria, sua qualidade, produtividade, rentabilidade, etc. e sim
dos “acertos” efetivados entre o comprador e o vendedor, se é que me entendem.
Cerveró também negou que houvesse preparado um resumo do contrato para enganar
dona Dilma, então presidente do Conselho de Administração, defendendo-se
candidamente "para fazer isso, eu teria de enganar todo o conselho".
Ora, isso não era necessário, posto que todos os “acertos” já haviam sido
propostos e aceitos. Para que o senhor Cerveró iria aborrecer dona Dilma e os
conselheiros com detalhes tão insignificantes mencionando as cláusulas Marlim
(assegurando à Astra Oil, sócia da Petrobras no negócio, uma rentabilidade
mínima de 6,9% ao ano, mesmo em condições adversas do mercado) e Put Option (obrigava
a Petrobras a comprar a participação da Astra Oil em caso de conflito entre os
sócios)? O ex-diretor confessou: “eu conhecia o contrato e os detalhes do
parecer jurídico”. E o desgraçado omitiu esses “pequenos” detalhes? Um dos
conselheiros, Jorge Gerdau, apressou-se em dizer logo que a trapaça veio a
público, que o Conselho foi contra o negócio. Caso isso seja verdade a
responsabilidade recai sobre Dilma Rousseff. O cargo lhe conferia poder tão
vasto para decidir sozinha sobre um negócio envolvendo tão elevadas cifras?
Caso sim, a existência de um Conselho era inútil. Depois da nota da presidência
da República, em março deste ano, com a confissão de dona Dilma Rousseff de que
aprovara e avalizara o negócio mediante um parecer “técnica e juridicamente
falho” não restou nenhuma dúvida de que cometera crime de lesa-pátria junto com
os demais. Segundo a nota da Presidência da República, o resumo executivo
preparado pela diretoria da Área Internacional na época "omitia"
informações como a cláusula "put option", que levou a Petrobras a
pagar valores muito maiores pela refinaria do que os 360 milhões de dólares
desembolsados inicialmente por 50% da unidade. Os “valores muito maiores”
montam US$ 1, 2 bilhões. Dona Dilma Rousseff deve ser imediatamente removida do cargo que
jamais deveria ter ocupado, processada e presa. Foi negligente, omissa e
permissiva com a má utilização dos recursos públicos. Motivos é que não faltam para aplicar-se a Lei
1.079/1950 (Lei do Impeachment) na senhora Rousseff.
Por mais água que ponham na
lagoa para refrescar a senhora Rousseff não poderá convencer ao mais tolo dos
cidadãos que a “chefa” do desgoverno está isenta de responsabilidade. Qualquer
dirigente de empresa responsável, honesto e zeloso recusaria o negócio ao
detectar falha técnica e jurídica. Porém, dona Dilma estava e está pouco se
lixando para a Petrobrás, para o Brasil e para os brasileiros. Só pensa em
reeleger-se para dar continuidade ao seu desgoverno, sua desadministração, ao
favorecimento de correligionários, aliados, cúmplices e comparsas. Mas quem já
viu um esquerdista, comunista, petista e sucedâneos responsável, honesto e
zeloso? Zelosos sempre são, porém para com seus interesses. Interesses escusos
e torpes, diga-se.
CELSO BOTELHO
23.05.2014