quarta-feira, 30 de julho de 2008

DOHA A QUEM DOHER



Arbitrei razão para os ministros Reinhold Stephanes, da Agricultura, e Celso Amorim, das Relações Exteriores, por ocasião da briga de lavadeiras que protagonizaram (com todo respeito à classe) quando o primeiro afirmou que a Rodada de Doha não ia dar em nada e o segundo rebateu perguntando se lá se encontrava para divertir-se. De fato não deu em nada a não ser num belo passeio pela Suíça durante dias por conta do Erário. Todos sabiam, de antemão, que a coisa toda seria um estrondoso fiasco porque, simplesmente, os países desenvolvidos assim desejavam só não contaram para o Brasil que, desde 2001, aguardava este acontecimento para acertar-se no mundo globalizado como se o fato em si iria, de pronto, fornecer-lhe toda a solução que precisa. Alguns países, como o Chile, vinham fazendo acordos bilaterais ao longo dos anos. Mais uma vez perdeu-se o bonde da História o que, por sinal já é de praxe. Dificilmente acordos como este poderão satisfazer a gregos e troianos e, eis o pior, só podem valer no todo o que favorece os países desenvolvidos. O Brasil além de engordar o bloco dos perdedores ainda conseguiu indispor-se com a Índia, a China e com seu parceiro comercial no MERCOSUL a Argentina que outorgou-nos título de traidores. A atuação brasileira foi pusilâmine, incompetente, desastrosa.

Se a vaca foi para o brejo o melhor a fazer será ir a seu encalço para recuperá-la. No entanto, não será com esse comportamento político-administrativo que iremos conseguir. Este governo está atrelado a compromissos que não atendem as necessidades do país e da sociedade. Navegou num mar de rosas de uma economia mundial estável que agora começa a alvoroçar-se anunciando terríveis tempestades para as quais não se preparou e que não poderá evitar com discursos e atitudes populistas. A Rodada de Doha é passado então são necessárias a adoção de mecanismos e instrumentos que possam nos oferecer ganhos reais. Não basta viajar no areolula pelos quatro cantos do planeta sem que se tenha debaixo do braço alguma proposta séria, inteligente e em perfeita sintonia com a sociedade.

Urge um entendimento amplo com todos os setores produtivos e demais segmentos da sociedade para que se possa ter um mínimo de consenso e, a partir daí, elaborar e executar políticas que possam impulsionar o desenvolvimento do país. Enquanto o governo estiver teimando em ficar no varejo seremos alvejados no atacado.

CELSO BOTELHO

30.07.2008