Quem quiser me contestar que o faça. Porém, reafirmo com todas as letras: o Estado brasileiro está se consolidando como um Estado marginal e, para que não haja dúvidas, segundo o Dicionário Aurélio marginal significa: “que vive fora do âmbito da sociedade ou a da lei, como vagabundo, mendigo ou delinqüente.” Lamentavelmente não tem sido de outra maneira nas últimas décadas. O governador do Ceará promove verdadeiras orgias com o dinheiro público; três integrantes da cúpula do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais estão indiciados, via Operação Pasárgada da Polícia Federal, em corrupção passiva, prevaricação e formação de quadrilha. As prisões de Daniel Dantas, Naji Nahas, Celso Pita e outros velhacos deflagraram um bate-boca de lavadeiras (com todo respeito à classe) entre o ministro da Justiça Tarso, O Genro, e o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes por conta da concessão de “hábeas corpus” para a quadrilha expondo as mazelas do Judiciário. Além de remover o delegado encarregado da investigação o que, deveras, não poderia ser de outra forma uma vez que se tornou perigoso para algumas pessoas e não é a primeira vez que isto acontece. E, mais uma vez, todo o imbróglio foi bater no terceiro andar do Palácio do Planalto reduto histórico de interesses inconfessáveis.
A desordem está instalada. Salvatori Cacciola antes mesmos de chegar, condenado, foragido, deportado, ao país fez exigências como não ser algemado e ser importunado pela imprensa no que foi plenamente atendido pelas solícitas autoridades e, eis o inusitado, concedeu uma entrevista coletiva tendo ao fundo um painel com o logotipo da Polícia Federal distribuindo muitos sorrisos e desenvoltura. Um show de afronta e desprezo à sociedade brasileira, pelo menos a parcela boa dela. Quem sabe se Cacciola não será chamado para participar do Programa do Jô, do Altas Horas, Como se Faz ou mais apropriadamente Trabalho Sujo?
CELSO BOTELHO
19.07.2008