quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

AQUI ESTÁ MEU CARTÃO


A orgia com o dinheiro público no Brasil é de fazer inveja a qualquer bacanal, por mais bizarro que possa ser. Aumentar os gastos públicos é uma tara na administração petista. Aumentar sem qualquer compromisso com a honestidade e a ética é o clímax. É consenso entre os políticos brasileiros que o tamanho do Estado resultará em maior eficiência. Ledo engano. Quem assim os ensinou conseguiu enganá-los exemplarmente. Se bem que não estão nada interessados em eficiência e sim em corrupção, tenha ela a forma que tiver desde que a vantagem os contemple. Não há uma única dependência pública, seja municipal, estadual ou federal onde não se pratique toda a sorte de delitos. Nossa República está carcomida, cambaleando, a um passo do coma que, se não nos mantivermos atentos e decididos a intervir, será irreversível. Não se trata de uma postura pessimista basta lermos os jornais, ouvirmos rádio, assistirmos os telejornais e revistas eletrônicas na televisão, navegarmos por sites na Internet que noticiem e comentem os mais variados fatos ou, mais amiúde, fazermos uma retrospectiva rápida na História do Brasil, especialmente no período republicano. Certamente estaremos de acordo numa coisa: os pífios sempre estiveram no comando desta nação.


Em 2001 instituiu-se o Cartão Corporativo para dar maior agilidade aos desembolsos emergenciais e essenciais à administração pública e, como a praxe, ninguém sem importou com o quesito honestidade e transparência até porque isso é corriqueiramente ignorada pelos gestores. Então a coisa tem sido uma estupenda sacanagem. Em 01.02.2008 a ministra da Igualdade Racial (sic) Matilde Ribeiro “pede” demissão do cargo atribuindo o mau uso do cartão aos assessores, no entanto, não consegue explicar o que comprou numa “free shop”, aluguel de carros e restaurantes num total de R$ 171 mil (o número vem a calhar). O ministro Altemir Gregolin, da Pesca (sic), mandou debitar na conta dos contribuintes R$ 70,00 gastos numa choperia. A gaiatice ficou por conta do ministro dos Esportes (sic) Orlando Silva (não o cantor) pagou R$ 8,30 pela tapioca, único gasto que admitiu ter errado. Devo esclarecer ao ministro que tanto faz um tostão ou um milhão, a safadeza é a mesma. Então os ministros Paulo Bernardes, Planejamento, e Jorge Hage, CGU (Controladoria Geral da União) correram para conter o incêndio adotando restrições no uso dos Cartões Corporativos sem sucesso, o estrago já estava feito e no dia 21 de fevereiro de 2008, portanto há um ano atrás, o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) instalava a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar o uso (e abuso) dos Cartões Corporativos. Na ocasião o presidente Lula, O Ignorante, afirmou que “os Cartões Corporativos foram a coisa mais decente que foi criada, ainda no governo anterior”. Das duas uma: ou eu sou uma toupeira ou Sua Excelência deve informar-se melhor. Em junho do ano passado a CPI dos Cartões Corporativos é encerrada fazendo a alegria da cambada de pulhas envolvidos mantendo a tradição na Casa: acabou em pizza. Os “nobres” parlamentares “cpizeiros” concluíram que, no máximo, o que ocorreu foi improbidade administrativa de alguns servidores que, por sinal, são useiros e viseiros em pagar o pato, a lagosta e o caviar no lugar das “autoridades”.


Temos a notícia que os gastos nos Cartões Corporativos no mês passado espicharam 27% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram, em trinta dias, gastos R$ 8 milhões. A Presidência da República não quer largar mão de ser perdulária. Gasta protegida pelo sigilo para garantir a segurança da sociedade e do Estado. O ministério da Justiça, sob a batuta de Tarso Genro, O Lambão, ampliou em uma dúzia de vezes os gastos nesta modalidade de aliviar os cofres públicos no mesmo período. Neste caso também o contribuinte jamais saberá onde foram parar R$ 1,7 milhão do Fundo Aparelhamento e Operacionalização da Polícia Federal devidamente protegido pelo tal sigilo. A Câmara dos Deputados anunciou que vai disponibilizar os gastos dos parlamentares, mas com restrições. Serão informações distorcidas, manipuladas e inverídicas dado o espírito corporativista que reina em ambas as Casas do Congresso Nacional. Para meter a mão no bolso do contribuinte não há restrições ou sigilos, o assalto é às claras.

O recentemente criado Instituto Chico Mendes pagou pouco mais de R$ 274 mil sendo que 39% deste valor foram sacados direto no caixa em mais de cem operações de saque. Mas não pensem que o governo se omite a respeito. Não. Como sempre tem as desculpas mais esfarrapadas possíveis. Como aquelas de justificar marcas de batom na cueca. Minha preocupação está voltada para o ministério do Turismo (sic) que não gastou nada no mês passado contra R$ 422,00 no mesmo período de 2008. O que será que está acontecendo naquele balneário inútil? Penso que isso requeira uma investigação séria.


A realidade é a seguinte: tanto faz se for “Contas Tipo B” (extintas) ou Cartão Corporativo ou outra engenhoca qualquer se os homens que compõe o governo não forem probos. E disso não temos carência, temos plena ausência. E probidade não é comprada a quilo no supermercado ou no empório.

CELSO BOTELHO


18.02.2009