terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O CASTELO DE DUAS CUIAS E SEUS FANTASMAS


A prática do ilícito no Congresso Nacional é tão corriqueira quanto discutir-se futebol nos botequins da esquina. Aliás, seria muita maldade minha em incluir só o Congresso Nacional, pois, afinal, a desprezível prática está presente em todas as Instituições nos Três Poderes da República das mais variadas formas. Há algum tempo postei aqui um artigo intitulado “A DELEGACIA DE DUAS CUIAS” (talvez brevemente escreva alguma coisa sobre “O CIRCO DE DUAS CUIAS”, com todo o respeito aos artistas circenses). O Brasil pode até não ser o país mais corrupto do mundo, mas certamente é onde há mais impunidade, a despeito das “trocentas” leis que tipificam os mais variados delitos. De qualquer maneira o Congresso Nacional, além das duas cuias, também possui duas torres.


A Operação Boi Barrica (gostaria de saber quem é o “autor” de tão “criativas” denominações) investiga o clã Sarney, cujo patriarca foi eleito (de raspão, mas foi) presidente do tal Senado Federal. A Polícia Federal do Maranhão acusa Fernando Sarney, rebento do ex-presidente, de tráfico de influência no ministério das Minas e Energia, na Eletrobrás, Eletronorte, Valec (estatal do ministério dos Transportes responsável pela construção da ferrovia Norte-Sul, a menina dos olhos do então presidente José Sarney – 1985-1990) e da Caixa Econômica Federal para favorecimento em negócios privados. Sua prisão preventiva chegou a ser solicitada pela Polícia Federal, porém, o bom e velho Superior Tribunal de Justiça lhe concedeu um hábeas corpus preventivo que o livrou das aconchegantes acomodações carcerárias. No imbróglio encontraremos o ex-ministro Silas Rondeau e o atual Edison Lobão, das Minas e Energia e outros personagens. Segundo a Polícia Federal a Abyara Planejamento Imobiliário S.A. teria movimentado cerca de R$ 10 milhões nos últimos três anos, lavando dinheiro e usando “laranjas”. É o poder a serviço da ganância inescrupulosa, incontrolável, intolerável. Há muitos anos escrevi que o “poder das Estrelas” (regime militar, 1964-1985) era catastrófico, porém, o “poder sem estrelas” (período posterior, 1985 até os dias atuais) revelou-se desastroso, menos pelo regime e mais pelos homens e com estes que ai estão...


O Congresso Nacional é um castelo por onde vagueiam os mais perversos fantasmas que assombram a vida do país com a conivência, complacência, permissividade, fisiologismo, corporativismo, etc. Não há uma única Instituição que não esteja vulnerável à ação predatória das aves de rapina infestam a República.



CELSO BOTELHO
10.02.2009