sexta-feira, 13 de novembro de 2009

APAGUEM O APAGÃO!


Ou muito me engano ou o presidente Lula, O Ignorante, perdeu mais uma vez a oportunidade de ficar calado feito uma múmia qualquer. De fato, o arrogante mandatário não é adepto do “achismo” e por várias razões, prefere o “estou convencido” (estou convencido de que nada sabia, de que faço excepcional governo, que promovo a distribuição de renda, enfim que tudo nesta pátria mãe gentil funciona maravilhosamente bem sob sua batuta e outras balelas) Desta vez preferiu usar o termo “acreditamos” (não me lembro de autorizá-lo a falar por mim, mas que seja). “Acreditamos que o sistema elétrico seja robusto e estruturado”, disse. O que me leva a concluir que o presidente deve acreditar em papai Noel, Mula Sem Cabeça e Saci Pererê. A fragilidade do sistema elétrico brasileiro é tão óbvia como a soma de dois e dois (exceto se algum idiota já declarou como resultado 3,8 ou 3,9). Só mesmo um imbecil pode acreditar em sua eficiência. De mais a mais, mesmo que gerasse energia para jogar fora iríamos nos deparar com sua maltrapilha, insuficiente e com pouca ou nenhuma manutenção rede de transmissão.


O ministro (sic) Edison Lobão, que de minas só conhece aquela dos sete anões e de energia seus conhecimentos começam e terminam em ligar e desligar um interruptor simples saiu esbaforido declarando, oficialmente, a responsabilidade da mãe Natureza pelo apagão que se instalou em 18 estados do país na última terça-feira (dia 10) elegendo descargas na atmosfera e ventos fortes como causas do curto-circuito em três sistemas. Sua rapidez em detectar a falha é tão precisa quanto alguma certeza sobre os limites do Universo, pois, imagino que nem o mais “expert” no assunto não seria tão ligeiro em determinar as causas de evento de tal magnitude. Fazendo coro ao Edison Lambão estava quem? Ora, nada mais nada menos que a ministra da Casa Civil, pseudo-doutoranda, ex-guerilheira, mãe do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), candidata do presidente à sucessão (pelo menos por enquanto) Dilma Roussef declarando o caso encerrado, isto é, como diria Vinicius de Morais: “que se dane o mundo que eu não me chamo Raimundo.” Mas o presidente achou por bem fazer uma média com a sociedade e determinar ao ministro lambão que proceda a uma investigação, preferencialmente do tipo que não apura nada e enquadre um ou uns bodes expiatórios que sirvam de consolo.


O Edison Lambão numa tentativa desesperada de safar-se tentou desqualificar um pesquisador do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), porém o estrago já estava feito. Não sou “expert” no assunto, no entanto, recuso-me terminantemente em dizer bobagens, mas não seria tão estúpido em tentar desqualificar um profissional da área como este arremedo de ministro fez. Segundo o próprio Instituto através de seu Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos as descargas mais próximas do sistema elétrico estavam cerca de 30 km de distância da subestação e 10 km distantes de uma das quatro linhas de Furnas de 750 kV e a 2 km de uma das outras linhas de 600 kV, que saem de Itaipu em direção a São Paulo. Ainda segundo os especialistas do ELAT (Grupo de Eletricidade Atmosférica) a baixa intensidade da descarga registrada (menos que 20kV) não seria capaz de produzir um desligamento da linha, mesmo que incidisse diretamente sobre ela. Apenas descargas com intensidade maior que 100 kV atingindo diretamente a linha poderiam causar um desligamento de linhas de transmissão operando com tensões tão elevadas como as linhas de Itaipu (duas de 600 kV e duas de 750 kV). Não é a primeira vez que o governo tenta desqualificar uma entidade do próprio governo (lembram do IPEA, foi aparelhado).


Há muitos e muitos anos que o sistema elétrico possui carências ignoradas por sucessivos governos. Os investimentos são pífios comparados com a demanda presente e aquela projetada para o futuro. A prosseguir este descaso os apagões serão rotineiros e suas conseqüências desastrosas para a sociedade. As prioridades governamentais estão costumeiramente direcionadas aos interesses políticos e econômicos sempre inconfessáveis. A declaração do presidente Lula, O Ignorante, é evasiva: a do ministro das Minas e Energia ridícula e da ministra da Casa Civil é a palavra de ordem: caso encerrado. Apaguem o apagão!


CELSO BOTELHO

14.11.2009