sábado, 26 de novembro de 2011

LAMBÃO, CHORÃO, MAL EDUCADO E BRAVATEIRO



Além de lambão o ministro das Cidades Mario Negromonte é mal educado. Quando se trata de patifaria 99,99% dos políticos são, de fato, culpados até que se prove sua inocência o que, por sinal, não é difícil considerando a leniência, conivência e complacência do Judiciário. Não saber o que acontece na pasta que diz comandar é usar do artifício “lulaliano” do “eu não sabia” que está mais do que batido e somente aqueles que se deixaram imbecializar pelo lulismo podem aceitar e, lamentavelmente, não são poucos. Esta atitude do ministro só reforça o que todos sabem desde outros carnavais: na Esplanada dos Ministérios da Terra do Nunca (nunca nos livraremos dessas tralhas?) está repleta de ministros que são inúteis, irresponsáveis, quadrilheiros, larápios, oportunistas, velhacos e patifes. Encerrou uma entrevista, por telefone, chamando um repórter de mentiroso e, em seguida, desligou alegando que o governador da Bahia Jaques Wagner (PT-BA) o esperava para uma solenidade do programa Minha Casa, Minha Vida (ou Minha Empreiteira, Minha Vida, dá no mesmo) em Salvador onde foi defendido por este governador que diz ser seu padrinho e recebeu apoio dos aliados (leia-se cupinchas) desfazendo-se em lágrimas crocodilianas. Já que é dado a chorar poderia também bater o pé e fazer beicinho, ficaria bem na foto, porém não iria sensibilizar o mais abestalhado dos seres humanos. Bom, caso tivesse que ter um padrinho certamente não seria Jaques Wagner, pois estaria em melhor posição caso permanecesse pagão, herege e ateu. Querem saber por quê? Durante o escândalo do mensalão Jaques Wagner foi envolvido com a empresa GDK, a empreiteira que presenteou o ex-secretário nacional do PT Silvio Pereira com um automóvel da marca Land Rover (seu nome foi extinto do processo do mensalão no STF em troca de cumprimento de pena alternativa. Uma molezinha: 750 horas de trabalho comunitário e apresentar-se todos os meses à Justiça, mesmo assim não a cumpriu, pelo menos integralmente, senão o ministro do STF Joaquim Barbosa não se daria ao trabalho de pedir-lhe explicações sobre sua ausência). Nesta mesma ocasião o ex-deputado federal e réu no STF Roberto Jefferson (PTB-RJ) foi taxativo: “a ex-ministra Benedita da Silva e o ex-ministro Jaques Wagner brigam de se matar por dinheiro”. Caso desejem há um vídeo na Internet com o senhor governador numa entrevista durante o carnaval completamente embriagado. Esta “filantrópica” empresa também custeou a campanha deste governador em 2002 e, de roldão, ofertava uma mesada para uma das filhas do governador a economista Mônica Wagner, mesmo sem que lhe prestasse quaisquer serviços. Zuleiko Veras, dono da empreiteira, proporcionou passeio inesquecível ao governador da Bahia em sua milionária lancha para espairecer. O jornalista Claudio Humberto em seu site noticiou que Francisco Mendonça, o Mendoncinha, e Claudio Monteiro, o Caco, deviam ser cirurgiões muito requisitados, pois só eram citados como “operadores”, até ai tudo bem. O diabo é que nenhum dos dois eram médicos e o governador jamais explicou o que operavam. Sabemos, entretanto, que o Mendoncinha é o cunhado, “cunhadoso” e “cunhadissímo” do governador. Duas semanas antes de parte da arquibancada do estádio da Ponte Nova desabar matando sete pessoas o governador baiano declarava que o estádio estava capacitado para abrigar 100% de sua lotação e depois do desabamento declarou: “nós nunca recebemos nenhum relatório que falasse de comprometimento estrutural.” Enfim, como é corriqueiro entre os políticos, podemos constatar corrupção, prevaricação, omissão, negligência, irresponsabilidade, falta de decoro, negociata e até homicídio culposo. O ministro Negromonte está muito mal de padrinho. Isso não é um padrinho, é uma maldição das brabas.



Vamos voltar ao “afilhado” para tentar compreender o imbróglio. O ministro das Cidades, Mário Negromonte, admitiu ter havido mudança no projeto de mobilidade urbana de Mato Grosso para implementar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá, cuja execução foi reprovada pela Controladoria-Geral da União (CGU). A seguir em entrevista ao jornal Estadão negou que a alteração no projeto tivesse sido feita de forma fraudulenta afirmando que o que houve foram divergências entre os técnicos. Dentro de um mesmo ministério os técnicos não se entendem é um bom sinal de que a pasta guarda inequívocas semelhanças com as casas de tolerância. Negromonte disse ainda desconhecer o relatório da CGU, que alertou que o VLT não deve ficar pronto até a Copa do Mundo de 2014. Pausa. Vamos pensar: um ministro de Estado desconhecer um relatório da CGU endereçado à sua pasta é o cúmulo da negligência, inércia e omissão. De acordo com o documento, o governo de Mato Grosso omitiu informações sobre o gasto com a obra, orçada em pelo menos R$ 1,2 bilhão, R$ 700 milhões a mais do que a proposta original, da linha rápida de ônibus.







Segundo o ministro “estão querendo colar chifre em cabeça de jumento”. Não percebo a intenção da imprensa de promover tão drástica mudança no herói nacional que Luiz Gonzaga (1912-1989) imortalizou na música “Apologia ao Jumento” (O Jumento É Nosso Irmão). Em se tratando dos políticos brasileiros só há chifres e nunca nenhum outro animal para colocá-los. O ministro também acusa a imprensa de preconceituosa com os nordestinos e com as mulheres. Negromonte é acusado de tráfico de influência para ajudar na Festa do Bode e reclamou que se fosse a Festa da Uva ou da Maçã ninguém o discriminaria. Mas o chorão do ministro deve explicar à sociedade brasileira que a 11ª Festa do Bode na cidade baiana de Paulo Afonso exibia cartazes publicitários com o nome e o cargo ocupado pelo ministro e o do seu rebento (Mário Filho) deputado estadual. De acordo com a legislação brasileira é proibida a promoção pessoal no exercício de cargos públicos. Portanto o nome de ambos nos cartazes de uma festa paga com verbas oficiais materializa a infração da lei e, sendo assim, não está caracterizada nenhuma discriminação por ser nordestino, pernambucano ou baiano. Negromonte soube que Delmiro Alves de Matos, o Delmiro do Bode, ex-vereador do PP, não conseguia patrocínio para a Festa do Bode então ligou para a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) e dias depois foram liberados R$ 70 mil para a realização do evento, segundo o Diário do Comércio/Agências, 22/11/11. O que me deixou, deveras, embasbacado foi a Carta Aberta da Cooperativa Agropecuária dos Criadores de Caprinos e Ovinos do Sertão Baiano, COOMAB, assinada pelo seu presidente o nada mais e nada menos Delmiro do Bode dizendo textualmente: “Que nunca recebeu apoio “patrocínio” da Petrobrás, Governo do Estado da Bahia, Secretaria Estadual de Agricultura, EBDA, ADAB, Ministro Mário Negromonte e Deputado Estadual Mário Negromonte Júnior, embora tenha solicitado várias vezes.” E, para irritar-me um pouco mais, acrescenta no mesmo documento: “Que colocou a logomarca da Petrobrás, do Governo do Estado da Bahia, da Secretaria de Agricultura da Bahia, da EBDA, da ADAB, do Banco do Nordeste e os nomes do Ministro Mário Negromonte e do Deputado Estadual, Mário Júnior, sem a autorização dos mesmos, pois buscávamos a parceria para a realização do evento e esperávamos o apoio, o que não aconteceu em tempo hábil para cancelarmos a impressão das peças publicitárias onde constavam tais logomarcas e nomes, deixando claro que a única participação do Ministro Mário Negromonte foi solicitar ao setor competente da CHESF para analisar o pleito do Projeto Festa do Bode, que já tinha sido protocolizado, na empresa.” Ora, descobrimos um meio ótimo de incriminar nossos adversários políticos: solicitamos à gráfica que confeccionam cartazes sobre eventos informando a participação de nossos desafetos como patrocinadores e até que prove o contrário o estrago já terá sido feito. Delmiro, que falta de imaginação! Aliás, segundo consta este senhor é visto lá em Paulo Afonso (BA) volta e meia e meia e volta com elevado grau etílico no organismo.







Segundo Negromonte desejam enfraquecer o governo “da presidento” Dilma Rousseff, mas como enfraquecer um governo que já nasceu fraco, medíocre e que não disse até agora ao que veio? Mas o intrépido ministro mandou abrir sindicância para apurar, o que significa não apurar coisa alguma. Não vai demitir ninguém para não prejulgar. Ora, me poupe. Funcionário ou agente público acusado de qualquer ilicitude tem que ser afastado imediatamente de suas funções, é o mínimo que se pode esperar de seu chefe imediato. Porém, no Brasil, os “chefes” estão tão comprometidos que se dispõe a aguardar até o Dia do Juízo Final para afastar notórios corruptos do governo e, algumas vezes, trazê-los até de volta como foi o caso do Palocci. Para completar o rosário de lamentações o ministro alega que está sendo vítima de “fogo amigo” (pelas barbas do Profeta, se os amigos lhe mandam fogo o não há de mandar-lhe os inimigos?) porque seu ministério é importante. Ora ministro cai na real (não no Real): seu ministério é tão importante quanto um freezer na Antártica, a República brasileira ficaria menos aviltada caso não existisse. No entanto, tem um orçamento de fazer babar qualquer corrupto e corruptor que se preze: para a Minha Casa, Minha Vida R$ 170 bilhões, saneamento básico R$ 50 bilhões e mobilidade urbana R$ 30 bilhões. Como diria o Silvio Santos: “é ou não é um bom dinheiro!”.








Ministro, onde há fumaça com certeza há fogo. Caso não tenha como explicar é de bom alvitre pedir licença, pegar o boné e ir tratar da vida. Insultar a imprensa, chorar em público e bravatear não fará com que as lambanças se desfaçam.



CELSO BOTELHO

26.11.2011