quinta-feira, 23 de outubro de 2008

ENSAIO PARA A ESTATIZAÇÃO


Não bastasse a bagunça financeira planetária o governo petista, aproveitando a oportunidade, resolveu enveredar-se em novos e promissores esbulhos. De certo que os contribuintes irão pagar pelas patacoadas como, aliás, é de praxe. Fico, deveras, embasbacado com a capacidade de parir imbróglios deste governo, sempre a procurar chifre de boi na cabeça de jumento. A edição da Medida Provisória 443 que autoriza os bancos públicos a adquirirem bancos privados e cria uma empresa de participações acionárias da Caixa Econômica Federal (a Caixa Par) é, no mínimo, um sinal de que a tara estatizante do Partido dos Trabalhadores está cada vez mais libertina. Segundo o ministro da Fazenda Guido Mantega (manteiga, margarina ou banha de porco não faz diferença, tudo é viscoso) afirmou, reafirmou e triafirmou que o sistema bancário brasileiro é um dos mais sólidos do mundo. Sendo tal afirmação fato então para que a estapafúrdia MP 443 (cavalo na Zooteca)? Para que permitir que os pequenos bancos usem o compulsório? Porque alterar as regras para o redesconto com o aceite de qualquer ativo como garantia? Porque permitir o uso do compulsório para se comprar bancos médios? Para que o estímulo à Caixa e ao Banco do Brasil em comprar carteiras? Ora, ora, ora, tudo leva a crer que não há tanta solidez no sistema financeiro brasileiro ou, conforme disse, pode ser a oportunidade de lançar um balão de ensaio estatizante. Não é difícil crer que bancos vão mal das pernas. No passado recente tivemos o caso do Banco Nacional que apresentava uma boa performance nos balanços durante anos seguidos completamente maquiados, aditados pela KPMG e fiscalizados pelo Banco Central, O Carimbador Maluco que não fiscaliza rigorosamente nada. E olhem que o truque contábil praticado era de quinta categoria. Onde há fumaça por certo haverá fogo, tudo indica que seremos tungados uma vez mais.


A MP 443 é estatizante e, como tantas outras, confeccionadas por destrambelhados que não se dão sequer ao trabalho de submetê-las ao crivo jurídico sendo editadas com flagrante inconstitucionalidade. Para se criar a tal da Caixa Par (mais empregos para os aloprados e congêneres) será necessária uma autorização legislativa (Artigo 37, inciso XX, CF 1988) o que, certamente, já está no papo. Os senhores senadores que compõem esta legislatura podem ser o que quiserem (levianos, incompetentes, mercenários, fisiologistas, corporativas, etc.) exceto representantes intransigentes dos anseios da sociedade brasileira. De sorte que, a exemplo da Câmara dos Deputados, passa boi, passa boiada. Não haverá pretensão alguma de Suas Excelências de obstruir as ações do governo por mais desvairadas que sejam porque, simplesmente, não desejam assumir nenhum ônus posteriormente colocando suas “brilhantes” carreiras em risco. Além de pulhas são covardes.


Essas tais “medidas pontuais” apregoadas pelo presidente Lula, O Ignorante, não posso nem classificar de um “pacote a prazo” tal é a desordem instalada nas cabecinhas pensantes de seu atrapalhado governo. As declarações do ministro da Fazenda e do presidente do Banco Central no Congresso Nacional fazem-me lembrar de uma frase que li em algum lugar e cabe justinha na situação: “economista é aquele que não sabe do que está falando e convence que a culpa é sua por não entender o que está dizendo.” O governo ensaia uma estatização, porém, os prejuízos serão democraticamente repartidos com todos os brasileiros.


CELSO BOTELHO

23.10.2008