O presidente está tão deslumbrado com a manobra do golpe do terceiro mandato que até confundiu-se com a duração de seu atual mandato, espichou-o para cinco anos. Em mais uma imagem, no mínimo, insólita Sua Excelência fez referência à eficiência com a qual se pautaram o sistema faraônico e imperial o que, deveras, berimbolou todo meu parco conhecimento sobre História. Busquei os livros desesperado por uma explicação. Tudo porque o presidente afirmou que “no tempo que você tinha o faraó, o imperador, as coisas aconteciam.” Em nenhum livro de História pude encontrar menção a um faraó sequer em todo continente americano desde a era dos dinossauros, portanto, bola fora. Quanto a imperador é sabido e conhecido o fato do Brasil ter tido dois, os Pedros de Alcântara. Porém, a que diabo está se referindo o presidente quando diz que as coisas aconteciam? Bem, o presidente finalizou dizendo ficar inquieto diante da morosidade, a menina dos olhos da famigerada burocracia brasileira. Arrisco sugerir ressuscitar o Ministério Extraordinário da Desburocratização (um a mais, um a menos pouca diferença faria na orgia) inventado pelo último presidente de quepe João Figueiredo (1979-1985). Pode ser que esteja fadado ao fracasso como foi no passado, porém, criaria algumas centenas de cargos para acomodar o exército petista de aloprados e congêneres.
A reação do ministro Celso Amorim foi educada esclarecendo com rapidez a possível causa para o atraso sem, contudo, justificar e creio que não poderia ou deveria ser diferente. No entanto, não sei se estou enganado, senti uma ponta de submissão que transcende a hierarquia. Talvez esteja imaginando-me na situação constrangedora na qual o presidente envolveu o ministro e, certamente, minha atitude seria radicalmente diversa. Na democracia podemos divergir, espernear, ironizar, satirizar, sentar o cacete no lombo de quem sai da linha, etc. Porém, tratarmos as pessoas, independente de qualquer aspecto, com um mínimo de urbanidade.
CELSO BOTELHO
16.10.2008