Que o dinheiro público, no Brasil, flui com bastante desenvoltura pelos imensos ralos da administração pública qualquer imbecil sabe. As novidades ficam por conta dos métodos sempre renovados para a pratica das mesmas patifarias e alguns procedimentos sequer primam pela originalidade, os pífios de plantão apenas os reelaboram com mais sofisticação. Não é de hoje que venho dizendo que o BNDES é um dos principais covis de velhacarias de todas as ordens. Uma das coisas que o tal banco de fomento faz com exemplar competência é promover uma verdadeira orgia com os recursos públicos numa ação entre amigos (ou pulhas) descarada. Desta feita quem aponta “irregularidades” é a ONG Greenpeace a qual, aliás, tenho muitas restrições e de muitas naturezas. Contudo, denúncia é denúncia seja ela quem for o autor é preciso ser investigada. Segundo a entidade o BNDES, O Benevolente (e assim é com o nosso dinheiro), financia e lucra com o desmatamento da Amazônia coisa, por sinal, mais antiga que andar para frente. O banco estatal é o feliz e pimpão sócio de frigoríficos que têm como fornecedores fazendas que cultivam o péssimo hábito de derrubar florestas, mas crimes desta natureza não impediram que entre 2007 e 2009 o banco aportasse nas cinco maiores empresas do setor a bagatela de R$ 2,6 bilhões em troca de ações. E, já que falamos de carne, eis o nome de alguns “bois” nos quais a instituição possui uma fatia: Bertin (27%), Marfrig (14%) e JBS Friboi (14%).
O ministro do Meio-Ambiente Carlos Minc “Mouse” saiu em campo para bravatear que cortará benefícios para estas empresas e que o banco não financiaria frigoríficos que estivessem desmatando e o diabo a dois, três e quatro. Ora Ministro, dá um pulinho na esquina e veja se estou lá. A partir do momento que os pecuaristas se recusaram a assinar um acordo com o ministério deveriam ter sido colocados sob sua mira e o mais rigorosamente fiscalizados para evitar o desmatamento ou sancionar-lhes pesadas multas que, de fato, fossem pagas e não estas que costuma aplicar “para inglês ver”, pois, sabemos, ninguém pagará nem neste e muito menos nos próximos milênios. Quem faz enxame é abelha e também, como Sua Excelência, também voa e faz cera. Caso todas as empresas que possuem irregularidades ou praticam ilegalidades fossem alijadas do BNDES a instituição não precisaria existir e, assim, seus enormes ralos que drenam os recursos públicos seriam fechados. Ir para a mídia tentar transparecer que sua pasta é operante, competente, rigorosa no trato das questões a que se destina é, no mínimo, pretender subestimar a sociedade brasileira. A atuação do ministério do Meio-Ambiente mostra-se um completo desastre o que, por sinal, não é seu privilégio, pois, está acompanhada de toda administração federal petista. O comportamento do ministro é um tanto esdrúxulo. Afinal, mudou o Greenpeace ou mudou o Minc? Mas o BNDES, com certeza, não mudou. Continua lépido e fagueiro realizando negócios e negociatas.
CELSO BOTELHO
02.06.2009