terça-feira, 23 de junho de 2009

DESCULPA. FOI SEM QUERER!


O presidente Lula, O Ignorante, do alto de sua popularidade, arrogância, irresponsabilidade e permissividade forneceu a solução definitiva para esta nova onda de patifarias praticadas no Senado Federal: demite-se o cabloco(a) contratado irregularmente, pede-se desculpas à sociedade e muda-se as regras para a contratação. Não poderia equacionar de outra maneira em se tratando de quem é. Ora, ora, ora, D. Aurora (foi só para rimar) e eu que pensei já ter ouvido uma quantidade substancial de sandices durante minha vida. Esta é a ética tão cantada e decantada pelo Partido dos Trabalhadores? É. Pratica-se o delito e, em seguida, se desculpa. Isso é o sonho de todo delinqüente. O presidente poderia, pelo menos, ser hipócrita e dizer – como já o fez – “vamos apurar doa a quem doer” ou “cortar na própria carne” ou qualquer coisa semelhante, assim teríamos uma tênue ilusão de que o mandatário maior da nação não era conivente com a velhacaria. Em política não existem anjos, arcanjos ou santos. Todos são maiores de idade, vacinados e perfeitamente capazes, portanto, um pedido de desculpas por haverem praticado algum crime é, simplesmente, irracional, inconcebível, estapafúrdio.


Mas o presidente quando está inspirado para dizer bobagens (e sempre está) segura as orelhas! O ex-torneiro mecânico, ex-sindicalista, ex-deputado, atual presidente e candidato a ditador (tanto é que evita falar que as eleições de 2010 preveem sua sucessão) justifica toda esta sacanagem remetendo-a como prática usual nas últimas cinco décadas. Bem, partindo deste conceito, todas as modalidades de crimes deveriam ser inimputáveis a quem quer que fosse, posto que são praticadas há muito mais tempo e, portanto, reclamam o direito consuetudinário (da tradição). Só mesmo o sujeito possuindo apenas dois neurônios (se é que possui tal quantidade) poderia ter este tipo de raciocínio e explicitá-lo na maior cara-de-pau e, o mais grave, ocupando o cargo máximo desta maltratada República. Alega que existe uma “onda de denuncismo” se fosse assim poderíamos perfeitamente identificar sua origem e tomar as providencias para que cessassem. Mas quando todas as denuncias procedem e não resistem a mais ordinária das investigações então, meus caros, há muita coisa podre no reino da Dinamarca. Se as denuncias paralisam o legislativo a responsabilidade é exclusivamente dele visto que é fato corriqueiro que seus membros são notórios produtores de escândalos de todos os matizes. Mas, esta lambança dos “atos secretos” foi muito providencial para o governo petista porque apagou o crescente brilho de uma estrela em ascensão para desvendar alguns segredos da grande caixa preta que poderia ser a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobrás. O presidente ao dimensionar tal violação ao Estado Democrático de Direito como “coisa secundária” está legitimando a anarquia, a corrupção, o corporativismo e todas as bandalheiras praticadas.


O Lula, aquele que conheci há trinta anos atrás, tinha o senador José Sarney (PMDB-AP) em conta como um gatuno e hoje o defende abertamente. Mudou o Lula ou o velho cacique maranhense? Quem respondeu Lula está ab-so-lu-ta-men-te certo! O octogenário político continua a mesma raposa de sempre. O chefe de Estado e de governo brasileiro evocou o passado (sic) do senador para amparar todas as safadezas a ele atribuídas. Que passado? O de haver arruinado com a nação durante sua desastrosa passagem pela presidência da República? De haver enriquecido a olho nu ano após ano durante toda sua longa vida pública? De haver manipulado as instituições em benefício próprio ou de outrem? De haver transformado o Estado do Maranhão num feudo seu empobrecendo-o brutalmente? De haver, de uma maneira ou de outra, por o Estado a seu serviço? Mesmo que o referido senador tivesse tido uma vida plenamente santificada não seria justificativa para minimizar ou eximi-lo da responsabilidade por haver cometido um único delito que fosse. Para também não me rotularem de radical e outras baboseiras reconheço (talvez possa esmiuçar isto noutra ocasião com maior rigor crítico) a importância da habilidade com a qual o presidente Sarney conduziu aquele momento tão delicado que foi a transição do regime militar para o Estado de Direito tendo uma Constituição de exceção e outros instrumentos autoritários, as paixões encontravam-se à flor da pele tanto de um lado quanto do outro. Talvez encontre outros pontos a favor, porém, neste momento não interessa buscá-los. Nenhum cidadão, seja ele o mais humilde ou o mais importante, está isento ou acima da lei sob quaisquer alegações.


Posso até concordar com o presidente de que existem coisas certas, mas raios que me partam pagamos nossos impostos (somos os provedores do Estado), votamos nos nossos representantes e o que devemos esperar? Coisas erradas? Lógico que não. Candidataram-se e foram eleitos para administrar a coisa pública e isto deve ser feito com eficiência, transparência, honestidade. Os erros (leia-se delitos) são inadmissíveis. Ou devo crer que nossos governantes são estúpidos? Isso, definitivamente, não são. O presidente defende o Congresso Nacional no que a ele me uno no sentido de Instituição não ao flagelo que seus membros o relegaram. Quanto aos partidos... O presidente só pode estar brincando. Partido político no Brasil tem tanta serventia quanto um freezer na Antarctica.


CELSO BOTELHO

23.06.2009