sábado, 26 de fevereiro de 2011

DEPUTADO FRANCISCO EVERARDO, CYPERUS ROTUNDUS


Certamente escrito da maneira acima talvez não choque tanto intelectuais, educadores e outros seres humanos preconceituosos que se arvoram de possuíram um diploma acadêmico e títulos que, segundo eles, os tornam especiais, iluminados e santificados. Para inicio de conversa estas pessoas só conseguem enxergar a conseqüência e não as causas para sua “indignação” quanto ao fato do Sr. Francisco Everardo ou simplesmente Tiririca ter sido eleito na última eleição o deputado federal mais votado do país. Posso dizer que essa “indignação” é mero fruto de suas arrogâncias, prepotências, mesquinharias, despeito e inveja. É interessante. Os educadores lamentam a indicação do palhaço Tiririca, deputado Francisco Everardo (PR-SP), para a Comissão de Educação e Cultura e poderia até estar de acordo quando a classificam como inadequada caso estivéssemos num país que primasse pelo zelo na Educação e Cultura ou em qualquer área. Foi-se a época que o palhaço era ladrão de mulher (como dizia a modinha), agora tem mandato federal como os demais. Mas, sejamos honestos, a Educação não passa de pura palhaçada no Brasil. Não vi nenhum desses "educadores" se levantarem contra as mais diversas e variadas formas de aberração na Educação ao longo dos anos. Pelo contrário, são capazes de conceber as mais idiotas propostas. Tivemos um coronel do Exército como ministro da Educação (Jarbas Passarinho, 1920-, no governo do general Médici, O Algoz, 1969-1974), um economista no governo FHC (1995-2002) Paulo Renato de Souza e um advogado no governo Lula (2003-2010) o controvertido Tarso Genro que atualmente continua pendurado no governo como ministro das Minas e Energia, mesmo só sabendo ligar e desligar um interruptor, se é que sabe. Não me lembro de nenhum “educador” protestar ou apresentar propostas educacionais fora da doutrina militar contra esculhambação educacional e cultural, além de todas as outras. Reconheço, porém, que alguns não fizeram porque não podiam (estavam mortos, presos ou exilados) e outros porque não quiseram (preferiram acomodar-se) e uns poucos que se aventuraram merecem nosso respeito. E estes não foram os únicos “inadequados” que ocuparam a pasta. A realidade é que nosso país “fervilha” de teóricos educacionais de meia pataca, em algumas áreas nem isso valem.

Em 2009 no ranking internacional de educação nosso país ficou entre os 12 piores em matemática, ciências e português, segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Ocupamos o 53º lugar num universo de sessenta e quatro países. Mas o MEC considera esse resultado satisfatório porque em 2000 os brasileiros se saíram mal em todas as áreas e em 2003 o país ficou em último lugar em matemática. O ministro Fernando Haddad concluiu na época que “os resultados poderiam ser piores”. Diante disso é inútil dizer qualquer coisa, sobre o ministro, sobre ministério ou sobre a política educacional brasileira. O relatório PISA da OCDE/2009 não deixa dúvidas de como é tratada a Educação no Brasil e esses “educadores” que lamentam o Tiririca na Comissão de Educação e Cultura o que andam fazendo para reverter este tenebroso quadro educacional? Atrás de holofotes, cargos ou quinze minutos de fama? O Congresso Nacional é o espelho da sociedade e nele estão inseridos todo tipo de cidadão. De notórios corruptos até artistas circenses, ex-jogadores de futebol, ex-BBB, dirigente esportivo, latifundiários, profissionais liberais, professores, empresários, cantores, bispos e ateus. Não devemos nos esquecer que o ex-presidente Lula, O Ignorante Desbocado, orgulhava-se de não possuir diploma acadêmico deixando bem claro que preferia assistir um capítulo das novela das oito à ler uma página de um livro, se bem que recentemente estivesse lendo “A Nova Toupeira: Os Caminhos da Esquerda Latino Americana” (Ed. Boitempo – São Paulo – 2009) de Emir Sader. Mesmo assim recebeu mais de uma dezena de títulos de “doutor honoris causa” e até o Prêmio Internacional Dom Quixote de La Mancha em 2008 por seu empenho na difusão da língua espanhola no Brasil (sic).

O problema não esta somente nas indicações, mas sim e, principalmente, na ausência de qualificação de uma maneira geral para se preencher qualquer cargo nas duas Casas legislativas. Essa carência passa forçosamente pela reforma política-partidária-eleitoral que é a mãe de todas as outras reformas e tudo indica que não será neste governo que acontecerá. Esse sistema eleitoral do qual dispomos viabiliza candidaturas exóticas, esdrúxulas e estapafúrdias, porém a responsabilidade é dos partidos (sic) e dos dirigentes (outro sic). Antes de questionarmos o registro delas é necessário detectarmos a quem interessam e beneficiam. Esses puxadores de voto conduzem à Câmara Federal parlamentares de todos os matizes e sem votos até para elegerem-se vereadores em seus municípios distorcendo qualquer vestígio de representatividade que ali possa haver por mero descuido. Mesmo com este sistema eleitoral os partidos, caso fossem sérios e partidos, se encarregariam de filtrar suas candidaturas. No entanto, não passam de uma associação para pleitear, defender, manter e ampliar privilégios pessoais e corporativos. Lamentar não soluciona nem serve de consolo, mas sim uma atuação contínua e consistente de toda a sociedade exigindo as transformações que se façam necessárias, uma vez que são imprescindíveis e inadiáveis. Talvez um palhaço de carreira possa nos surpreender pautando sua atuação com maior atenção para as questões educacionais. Os educadores ao em vez de lamentarem sua indicação deveriam fazer chegar até ele suas idéias, suas sugestões, suas críticas e suas observações. Seria mais proveitoso e elegante.

CELSO BOTELHO

25.02.2011