Gostaria de saber a quem o ministro da Fazenda Guido Mantega pensa que está enganando ao defender uma porcaria de um salário-mínimo de R$ 545,00? Seus argumentos oscilam entre os mais idiotas e estapafúrdios até aqueles profundamente ridículos e sem qualquer embasamento até para serem ridículos. Devo acrescentar que, apesar de ministro de Estado, não passa de um moço de recados, um office-boy de luxo e mesmo um capacho para os donos de interesses inconfessáveis, incontroláveis e indispensáveis à manutenção do “status quo” e que, aliás, são do conhecimento público. Homens como este senhor não trabalharia para mim nem para servir cafezinho (com todo apreço que tenho pelos profissionais que realizam esta tarefa) quanto mais para gerenciar a fazenda nacional. Que político não cultiva algumas virtudes (bom caráter, honestidade, lealdade, amor-próprio, etc.) indispensáveis aos seres humanos sabemos, mas até para a mentira deverá haver um limite suportável. Vejamos algumas alegações do tal ministro. “O governo não pode aumentar despesas”. Que despesa? Segundo me é dado a conhecer os segurados do INSS a partir do momento que passam a contribuir estão adquirindo uma apólice de seguro para estarem protegidos de alguma eventualidade (acidentes, doenças, morte) ou para ao término do tempo contratado resgatar a contribuição paga ao longo dos anos. Simples. Cabe ao INSS administrar estes recursos com competência e honestidade, coisa que não se deu exatamente por falta de competência e honestidade de sucessivos governos. Há também a agravante que a Constituição Federal de 1988 pôs todo mundo dentro do sistema quer tivessem contribuído ou não. Mas fazer caridade com o dinheiro alheio vem desde muito tempo. Até trinetos de Tiradentes (Joaquim José da Silva Xavier, 1746-1792) foram agraciados com aposentadorias pelo nefasto regime militar (1964-1985). Isso para não nos estendermos sobre as inúmeras mazelas, escândalos, roubalheiras, desperdícios, malversação e outras ilicitudes ali praticadas de maneira ampla, geral e irrestrita.
Segundo o ministro se o mínimo fosse de R$ 600,00 o “impacto” seria de R$ 16,5 bilhões ao ano. Ué, a Tia Dilmão não está alardeando que irá cortar R$ 18 bilhões das emendas parlamentares? Então é possível dar este reajuste e ainda sobra troco. Todo mundo sabe que tais emendas são uma picaretagem que não tem mais tamanho. Resolvido. Ou preciso enumerar aonde tem muito mais dinheiro para cobrir um reajuste digno para os trabalhadores, aposentados e pensionistas? A corrupção, o desperdício e a malversação dos dinheiros públicos consomem centenas de bilhões de reais, mas para isso não há disposição para o combate, não é?
Outra pérola do ministro “a sociedade espera que o governo cumpra os acordos feitos”. Antes de sugerir que esta criatura vá lamber sabão seria bom que reavivasse nossa memória e dissesse quando o governo brasileiro cumpriu qualquer acordo feito com a sociedade? Pelo contrário, é useiro e viseiro em roer a corda. Sequer se respeitam. Já o “distinto” deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), líder do seu partido, afirma que a base governista “está coesa” e possui argumentos para defender a excrescência de R$ 545,00. Bem, considerando o fisiologismo e a baixa densidade intelectual existente na Casa não será difícil convencer os mais renitentes que este valor é o ideal, possível e viável. Interessante é a posição do PSB (Partido Socialista Brasileiro) que, diga-se de passagem, não são nem partido nem socialistas e exatamente por isso são brasileiros. A deputada Ana Arraes (PSB-PE), líder do partido, fez o singelo apelo para que seus companheiros de legenda votassem com o governo, apesar de se sentirem “desconfortáveis”. Aonde já se viu político se sentir desconfortável quando está ferrando o povo? O ex-jogador de futebol Romário, figura mais famosa do PSB, estreante como deputado e Maria-Vai-Com-As-Outras disse que votaria no que a bancada determinasse e isto, para o seu limitado horizonte, será o “melhor para o trabalhador” (que belo sistema representativo temos). A Previdência Social no Brasil sempre foi uma “caixinha” a qual todos os governos se valeram para socorrê-los de suas agruras e agora não assume seu papel de péssimo gestor e apropriador indébito daqueles recursos transferindo para os trabalhadores, aposentados e pensionistas o elevado custo de sua incompetência e desonestidade.
Mas o primeiro lugar na modalidade cara de pau foi mesmo para “o presidenta” Tia Dilmão que fechou questão sobre o reajuste do salário-mínimo nos magérrimos R$ 545,00 sentenciando “terroristicamente” que isto “é uma questão de honra e sinaliza que os cortes nos gastos públicos não tem volta”. Tem coisa mais idiota e absurda? Tem. Mas esta ocupa lugar de destaque. Para cortar os gastos de sucessivos governos irresponsáveis, perdulários e incompetentes quem senão os trabalhadores, aposentados e pensionistas vitalícios bodes expiatórios?
Devo registrar também a fala do deputado-pelego presidente da Força Sindical Paulinho Pereira da Silva (PDT-SP) que os sindicalistas fariam “muito barulho”, naturalmente para abafar os gritos de seus interesses pessoais e corporativos e que “se (a base aliada) quiserem votar na marra, vão ter que usar o Exército para cercar o Congresso”. Que coisa. O governo não vota nada na marra porque sempre “negocia” com os mercenários ali existentes sempre dispostos a vender a própria mãe, caso apareça alguém que a queira. E o “glorioso” Exército Brasileiro vai cercar o Congresso Nacional para que deputado? Ah, já sei: treinar pontaria, aquele belo edifício serviria de alvo para os projéteis de canhão o que, por sinal, seria um belo trabalho prestado à sociedade, desde que todos os pulhas lá se encontrassem.
Por fim e finalizando os marqueteiros do governo não poderiam ter imaginado um slogan mais apropriado, pelo menos para este início de governo. Revela muito bem seu objetivo “PAÍS RICO É PAÍS SEM POBREZA” e nada mais eficaz para se acabar com a pobreza ou diminuí-la sensivelmente do que exterminar os pobres e, para tal, concorrem o salário-mínimo de R$ 545,00; o desmantelamento da assistência médica; a falta de segurança pública; o difícil acesso à educação e a sua deteriorização; o déficit habitacional, a supressão de leis trabalhistas conquistadas à duras penas; o desprezo pelos direitos adquiridos, enfim a exclusão implacável de todas as possibilidades que possam dar dignidade ao ser humano. Sabem de uma coisa? Essa gente me dá no nojo. Tchan!
CELSO BOTELHO
15.02.2011