terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

"ENTÃO MORRA, MINHA FILHA. MORRA"


Uma moradora de área de risco de Manaus cobrava do prefeito Amazonino Mendes (PTB-AM), que fora ao local após o desabamento de uma casa onde uma senhora e duas crianças perderam a vida, as providências que seriam tomadas pela prefeitura sendo informada pelo jurássico político que seria não permitindo a construção em áreas de risco. Indignada a moradora esclareceu que só moravam ali por não terem condições de possuir uma moradia digna ao que o prefeito respondeu em alto e bom som:

- “Então morra, minha filha. Morra”.

O episódio pode surpreender pelo flagrante e não por sua essência, pois é este realmente o pensamento de todo político com relação à população, notadamente as mais carentes as quais só prestam atenção durante as campanhas eleitorais para surrupiar-lhes o voto.

Vejamos quem é o Sr. Amazonino Mendes. Duas vezes governador, duas vezes prefeito e uma vez senador. Acusado de ser o principal articulador para a compra de votos para a emenda da reeleição de FHC (1995-98/1999-2002) pagando R$ 200 mil a cada deputado federal que votasse sim no esbulho. Estima-se que sua fortuna fique próxima a R$ 200 milhões. Mora numa suntuosa mansão com piscinas em cascata e dois lagos artificiais, a residência ocupa uma área de 2.500 m2 avaliada em mais de R$ 1,5 milhões. Possui dois iates e um jatinho Learjet. Segundo consta, quase nada está em seu nome. De acordo com denúncia feita pela revista “Veja” Amazonino Mendes, então governador, era o verdadeiro proprietário da Construtora Econcel e estaria ligado ao assassinato do empresário Samek Rosenski, dono da fábrica de relógios Cosmos, assassinado em São Paulo com um tiro na cabeça. A revista ainda acusa o atual prefeito de Manaus de fazer obras públicas em benefício próprio, sem intermediários. Sob o título de “Faroeste Amazônico” a revista “Isto É” publicou reportagem acusando o dito cujo politiqueiro de envolvimento com o narcotráfico na Região Norte. Em 2001 no evento chamado Ecosystem 1.0 realizado em Manaus foi acusado de gastar R$ 3,6 milhões sem licitação devido ao fato de que quem promoveu o evento foi o filho do então governador Amazonino Mendes. Em 2008 teve sua candidatura a prefeito questionada pela Ordem dos Advogados do Brasil e pelo Ministério Público Federal do Estado do Amazonas pelo fato de que respondia processos por crimes da Lei de Licitações, contra o sistema financeiro nacional e contra a ordem tributária (Ação Penal nº 2007.32.00.007742-0, 2ª Vara da Justiça Federal), porém venceu as eleições sendo cassado juntamente com seu vice por crimes de captação ilícita de sufrágio por conta da distribuição aleatória do vale-combustível e distribuição de material de propaganda eleitoral. Recorreu e uma liminar garantiu a sua posse. Em 2009 o TRE-AM decidiu mantê-los no cargo. O Ministério Público Estadual está recorrendo, mas o pulha continua no cargo. Por determinação da 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual e da Assembleia Legislativa do Estado a contas do ex-governador referentes aos exercícios de 2001 e 2002 devem ser desarquivadas e reavaliadas. A Procuradoria Geral Eleitoral (PGE), em Brasília, já emitiu parecer sugerindo a cassação dos diplomas de prefeito de Amazonino Mendes e de seu vice Carlos Sousa por compra de votos e abuso de pode econômico. O vereador José Ricardo Wendling (PT) acusa a prefeitura de ter pagado R$ 87 milhões a empresa Emparsanco para realizar obras nas vias públicas de “tapa-buracos” que, segundo o relatório elaborado pelo Tribunal de Contas do Estado, existem pagamentos por obras em ruas cuja metragem real é bem inferior aquela apresentada pela Prefeitura de Manaus e lista de irregularidades é enorme, segundo o vereador. O que se pode esperar deste rebotalho humano? Apenas desprezo, asco e aversão à população. São pessoas deste calibre que estão empoleiradas nos três poderes da República brasileira e enquanto não as retirarmos de lá, por bem ou por mal, fatos como este se repetirão até mais amiúde com o passar dos anos.


CELSO BOTELHO

22.02.2011