O ministro da Defesa Nelson Jobim, O Estrategista Esquecido, afirmou e reafirmou que a ABIN (Agência Brasileira de Informações) possui equipamento destinado a interceptar ligações telefônicas, as tais maletas. O chefe do Gabinete de Segurança Institucional o general Jorge Félix, O Ingênuo, de pronto negou para depois contradizer-se e assim o bate-boca instalou-se e as comadres começaram a contenda.
O ministro da Justiça Tarso, O Genro, correu esbaforido para desencravar um projeto de lei que trate da matéria e puna com rigor os infratores. Antes de ir para o Congresso Nacional deverá passar pelo crivo da ministra chefe do Gabinete Civil Dilma Roussef, mãe do PAC. Entre outras coisas prevendo a reclusão de até quatro anos para o bisbilhoteiro ilegal, mas pergunto, será que tal pena não poderá também ser revertida para pena alternativa a exemplo do que ocorreu com o ex-secretário geral do Partido dos Trabalhadores Silvio Pereira?
Mas o achincalhe ficou por conta do laudo oferecido pelos engenheiros do Exército que periciaram os dez aparelhos que lhes foram entregues. Concluíram de que tais geringonças só poderiam interceptar ligações telefônicas nelas acopladas outras geringonças. Pode até estar correto o laudo não fosse pelo pequeno detalhe de quem forneceu os dez equipamentos à perícia foi a própria ABIN que, por sinal, é o pivô do escândalo, ou melhor, do atentado à democracia. O delinqüente fornece as provas do delito à perícia e não piada sobre os patrícios de além-mar.
Neste momento não irei pedir a cabeça de ninguém, porém, entendendo que devo fazê-lo não me interessa se são sardinhas ou tubarões. No entanto, não vejo alternativa senão afastar-se mais gente envolvida no episódio que, a meu ver, são elementos detentores de poder suficiente para promoverem a obstrução e a destruição de qualquer índicio que os incrimine ou ao grupo ao qual estão ligados. Portanto, pouco me importa o estado de graça de Sua Excelência contanto que tome atitudes consistentes para que tudo seja investigado, esclarecido e, apurada as responsabilidades, puna-se de acordo com a lei sem esquecer-se de corrigir o sistema de inteligência brasileiro que ainda tem muito do ranço da ditadura.
CELSO BOTELHO
05.09.2008