Essa conversa casuística de reeleição e prorrogação de mandatos não é moderninha. Para JK defendiam a reeleição que não decolou. Para João Figueiredo a prorrogação do mandato por mais dois anos que também não emplacou. José Sarney assumiu com seis anos, havia o compromisso de Tancredo Neves de reduzir para quatro e acabou brigando pelos cinco. FHC assumiu para cumprir quatro anos e articulou a implantação da reeleição pela primeira vez na República que culminou com a cassação de deputados acusados de vender seus votos favoráveis ao sociólogo. Lula foi eleito para um mandato de quatro anos com a possibilidade de uma reeleição (instituto, por sinal, que lhe causava ojeriza) e encasquetou com o raio do terceiro mandato o que, sem dúvida, não fará bem a ele ou ao país.
Quem reacende a fogueira é o ministro da Justiça Tarso, O Genro. Defende a unificação das eleições nacionais e municipais, mas para quando? Certamente já. E, sendo assim, não existe outro meio se não o de prorrogar mandatos. A posição (pública) do titular da Justiça é daquele cabloco que não é contra nem a favor, muito antes pelo contrário. Mas o ministro não autorizou ninguém em seu ministério de sondar (leia-se evangelizar) parlamentares. Ora, para este tipo de coisa não esperava que desse uma autorização por escrito. E, como seu Chefe, nega o patrocínio oficial para a velhacaria. Candidamente o ministro sugere mandatos de cinco anos, de presidente a prefeito, sem direito a reeleição. O que, aliás, deixa apto a nova e consecutiva disputa pela presidência da República do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva como se lá nunca houvesse estado. Imediatamente o deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP), integrante ativo da ANABOL (Associação Nacional dos Babas Ovo do Lula), mostrou o ar de suas garras declarando que proporá emenda constitucional prorrogando os atuais mandatos o que, aliás, não é nenhuma novidade. Novidade seria o nobre parlamentar propor a revogação do sistema republicano e a imediata adoção do sistema imperial dinástico coroando o presidente Lula com imperador vitalício. E (Deus nos livre!) se ousasse proposta tão absurda ficaria preocupado, pois, no Congresso Nacional passa boi, passa boiada não seria surpresa uma rês doente obter o selo de aprovada para consumo por que, afinal, a rês é pública.
CELSO BOTELHO
25.09.2008