sexta-feira, 24 de julho de 2009

ÁGUA E AZEITE


O cidadão Luiz Inácio Lula da Silva, como qualquer mortal, pode dizer a bobagem que quiser sem se importar com coisa alguma, pois não irá repercutir além do boteco. Porém o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, O Ignorante, não pode e não deve se dar ao luxo de dizer “abobrinhas”, mesmo porque a nação não é porta de fábrica para sindicalista fazer arruaça, incitar à desordem e promover confusão. E mais ainda, nossos ouvidos não são penicos. A única (e verdadeira) justificativa que o presidente pode apresentar para lançar-se de corpo e alma (mais de corpo, pois a alma já foi negociada) à defesa do senador José Sarney (PMDB-AP) é o seu projeto político pessoal de fazer, a todo e qualquer custo, seu sucessor, ou melhor, sucessora. Então podemos classificar como uma justificativa torpe. Que parâmetros éticos e morais esse homem tem? O presidente também pode desejar justificar seu apoio amplo, geral e irrestrito ao velho cacique desfraldando a surrada bandeira da governabilidade. Ora, nenhum presidente da República jamais conseguiu uma maioria, mesmo que espremida, para governar. Sempre foram necessários costurar-se acordos aliciando partidos e parlamentares. Compor um governo de coalização é uma coisa bem distinta de se acomodar em lotes partidos, deputados e senadores arrendando-lhes a máquina administrativa federal para dela servirem-se a seu bel prazer e recreação. A péssima tradição da máxima de São Francisco, deturpada para concretizarem-se acordos políticos espúrios, na vida pública brasileira precisa e deve ser extirpada. O presidente Lula, O Ignorante, é um de seus praticantes mais arraigados. Certamente que o presidente não deve ser omisso em assunto algum que diga respeito à nação, mas daí a interferir, ser indulgente, conivente é descambar para a promiscuidade.


O tamanho do crime para o senhor presidente independe daquilo que a legislação estabeleça. Desconfio que possua todo um arcabouço legal completamente afinado com seus interesses e necessidades politiqueiras. De fato, Sua Excelência tem toda a razão do maravilhoso Universo quando sentencia que “matar é uma coisa, roubar é outra coisa”, isto somente de acordo com o senil Código Penal Brasileiro, pois, essas ações que aparentam ser dessemelhantes são, na verdade, semelhantes, segundo nos ensina Sócrates (469-399 a.C.). Roubar pode implicar em matar e vice-versa. Para não sairmos do ambiente político devemos dizer que quando se rouba dinheiro público mata-se com requintes de crueldade. São menos hospitais, postos de saúde, leitos hospitalares, médicos, enfermeiros, medicamentos, equipamentos; são menores recursos destinados à educação e, assim, mata-se o desenvolvimento intelectual, a criatividade, a ascensão a um patamar de conscientização mais plena; são maiores as chances de sermos assassinados, seviciados, estuprados dentro de nossas próprias residências por conta de uma polícia mal preparada, mal remunerada e mal equipada; multiplicam-se grandemente as possibilidades de vermos nossos filhos, sobrinhos e amigos serem arregimentados para uma vida criminosa que acena com ganhos fáceis diante de um mercado regido por uma política econômica excludente; são bastante reduzidas as chances de viajarmos em segurança por nossas avenidas, ruas e estradas onde milhares de vidas são ceifadas; se mata as possibilidades do cidadão brasileiro viver uma vida com dignidade. Então presidente, nesta perspectiva, matar e roubar são exatamente a mesma coisa. Diferente é água e azeite.


Ainda na avaliação presidencial “abóbradesca” pedir emprego é uma coisa, relação de influência é outra e praticar lobby também se distingui das demais, mas quando se juntam é uma tremenda de uma sacanagem. Segundo as acusações, o presidente do Senado Federal as reunia com impecável garbo acudindo os seus, os filhos dos seus, os conhecidos e desconhecidos dos seus e outras patifarias. O Senado da República certamente, ó “abobridesco” mandatário número um, possui instrumento para investigação correta sobre as estripulias do senador José Sarney o diabo é que não possui membros qualificados para utilizar o instrumento. É de bom alvitre que se esclareça ao obtuso inquilino do Palácio do Planalto a cerca de sua dúvida sobre a necessidade de que qualquer denunciado precisa ser removido do cargo antes de ser investigado e julgado: entre outras coisas devemos considerar que uma denúncia infere suspeição e, principalmente sendo agente público, sua permanência implica em sérios riscos os quais não é preciso discorrer. Há que considerar-se também que a insistência do suspeito em não afastar-se do cargo, notadamente um cargo que detém tanto poder, nos remete a movimentações não republicanas que resultam na obstrução, ocultação, falsificação e destruição de provas, como já ocorrido no passado recente. Qualquer homem probo e responsável não hesitaria em defender o afastamento imediato do cargo, o direito de ampla defesa ao acusado e uma vez provada sua culpa a aplicação da punição prevista para o delito. Um presidente da República contumaz em extrapolar de suas funções para lançar-se na defesa do indefensável afrontando toda sociedade com o único fito de realizar um projeto político pessoal é apequenar o cargo e a nação. Devemos também dizer ao presidente que não se vende tudo como se fosse crime de pena de morte. Primeiro que no nosso país não tem esse tipo de punição na lei, segundo que ninguém quer matar nada ou alguém, exceto seu diabólico desejo de perpetuar-se no poder e terceiro não gostaria de vê-lo falando sobre a pena de morte, nem contra nem a favor, simplesmente porque tentará falar de coisa que foge à sua limitada apreensão intelectual.


CELSO BOTELHO

23.07.2009