sexta-feira, 24 de julho de 2009

PRIVILÉGIO É O ESCAMBAU!


A contratação de pessoas desqualificadas profissionalmente no âmbito governamental é um péssimo hábito há décadas que precisa ser combatido todos os dias. Apadrinhar parentes e aderentes, amigos, filhos e conhecidos dos amigos, aliados, pelegos, correligionários sem mandato eletivo, comparsas, capangas, baba-ovos, cabos eleitorais (hoje chamamos de assessores), empregadas, etc. é uma ferramenta largamente utilizada pelos politiqueiros a torto e a direito. Caso as empresas privadas lançassem mão da mesma prática com certeza não passariam de rústicas oficinas pré-medievais, quando muito. Porém, no espaço público promovem as mais alucinantes orgias com o dinheiro do contribuinte. Há algum tempo atrás o imortal José Sarney (Machado de Assis, 1839 - 1908, deve estar revolvendo-se de ódio no túmulo se puder saber no que transformaram a Academia Brasileira de Letras) declarou que escreveria (ou já estava escrevendo) sua biografia. Esse negócio de autobiografia é obsceno, as informações estarão distorcidas, floreadas, romantizadas, escamoteadas. O Zé jamais abriria capítulo para discorrer sobre suas incursões ao mundo do imoral, antético e ilícito. Iria satanizar a imprensa, os adversários políticos e os invejosos do sucesso político e financeiro do clã Sarney. Aliás, é bom que se diga que o talento literário do ex-presidente da República é muito questionado nas hostes intelectuais deste país. Ao tomarmos conhecimento das diversas modalidades de velhacarias atribuídas ao “distinto” senador nos últimos anos ficamos apreensivos ao estendê-las desde o início de sua vida pública e, principalmente, quando se sua passagem pela presidência do país. Não nos surpreenderia se alguém viesse a acusar o jurássico parlamentar de haver ateado fogo ao inferno e, em seguida, aberto uma fábrica de extintores.


A novidade não é só a contratação do namorado da neta do senador, nem a maneira pela qual se tornou integrante da corriola e sim por sua formação acadêmica, presunção que atinge aos píncaros e ignorância. Henrique Dias Bernardo, eis o nome do jovem mancebo namorador, é formado em Física pela Universidade de Brasília (Hummmm...). Jacarés que me abracem! O que um físico está fazendo no Congresso Nacional? Ensinando aos seus “nobres” membros a “Teoria da Relatividade” de Albert Einstein (1879-1955)? Matemática Quântica? Formação e expansão do Universo? Cacete! Cada coisa no seu lugar e um lugar para cada coisa, desconfio que seja isso uma verdade senão absoluta bem próxima em certos casos. O menino é extremamente presunçoso ao dizer que é um privilégio tê-lo como funcionário enaltecendo o fato de que é altamente competente, assíduo e trabalha todos os dias. Ora, quando se emprega alguém, mesmo apadrinhados e via “Atos Secretos”, espera-se que, no mínimo, tenha competência, assiduidade e produza. Moço ainda, 27 anos, deixou-se influenciar pelo velho senador que, por sua vez, o foi pelo presidente Lula, O Ignorante, afirmando que “não sabia” o modo pelo qual fora nomeado. Santa ignorância! O sujeito não prestou concurso público, não foi contratado por empresa terceirizada, não foi por aclamação, então de que maneira foi admitido? Alguém tão instruído como está cantando em prosa e verso deveria perguntar a si mesmo. Exibir sua formação acadêmica para tentar outorgar a sociedade vistosos diplomas de asno revela no menino uma imbecilidade monumental. Estratosférica para ficar mais a gosto de sua especialidade.


Empregar namorados de netas, na visão do senado, pode ser garantir a longevidade da dinastia Sarney. No ministério das Minas e Energias cujo titular é seu aliado o senador Edison Lobão (PMDB-MA), cidadão cujos conhecimentos energéticos se limitam em ligar e desligar interruptores, está, segundo consta, Luiz Gustavo Amorim estudante de direito, porém devidamente lotado na Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral percebendo a bagatela de R$ 2.518,42 que, por sinal, não tem nada a ver com seu curso. Tentaram encontrar o jovem em seu suposto local de trabalho, porém, ninguém o conhecida nem de vista nem de chapéu. Mas o menino não é nenhum plebeu (o que não o impede de ser o que se chamava de playboy, mas que possuo outra denominação mais apropriada para este tipo de gente), o futuro causídico é rebento do desembargador Leomar Amorim, recentemente eleito para conselheiro do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Só funciona desta maneira porque permitimos com nossa alienação e omissão e só irá parar a partir do momento no qual assumirmos nossas responsabilidades como cidadãos enxotando esses pulhas da vida pública.


CELSO BOTELHO

24.07.2009