Agora a porca torceu o rabo. Dona Dilma Roussef, ex-guerrilheira, atual ministra da Casa Civil, mãe do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), pré-candidata à sucessão presidencial e pretensa mestra e doutoranda admitiu não haver concluído o curso incorrendo, portanto, nos singelos Artigos 297 e 299 do caquético Código Penal Brasileiro. A “notável” servidora pública apelou justificando que estava envolvida com o trabalho não havendo tempo hábil para apresentar a dissertação e não “cabulando as aulas”. Ora, posso aceitar que – de fato – houvesse muitos afazeres nos cargos que ocupava, porém, e esta pergunta não quer calar, será que todos aqueles que trabalham viram-se na mesma situação? Se for assim devemos recomendar ao ministério da Educação que se acabe com tal exigência após haver-se cumprido todos os créditos concedendo o título automaticamente. Admitindo que o trabalho a absorvesse sobremaneira e a impossibilitando de obter o título nada mais simples do que não fazer constá-los em seu currículo. Pronto e acabado, sem mistérios e todos seriam felizes para sempre. Agora a ministrar vai apurar a responsabilidade, isto é, eleger um Cristo para ser crucificado e saciar a multidão. No Senado Federal está muito em voga esta prática como se os senhores senadores fossem a personificação do que há de mais angelical. Pode-se apurar o quiser, corrigir a informação prestada pelo site da Casa Civil, fazer vaquinha para comprar uma peruca mais glamourosa para a ministra que não irá mudar o fato de que foi cometido o crime de falsidade ideológica (que paradoxo em se tratando de uma ex-guerrilheira) e, sendo assim, passível de punição. Ou será que seu Chefe insistirá que deva simplesmente “pedir desculpas” ou que “não é uma pessoa comum” como fez para o senador José Sarney (PMDB-AP)?
Para a ministra foi um erro, um equívoco, um lapso. Para qualquer mortal seria um crime? Então vai a sugestão que se remende um pouco mais o velho e caduco Código Penal prevendo as exceções (amigos, aliados, correligionários, aloprados, baba-ovos, banqueiros, empresários e outras categorias) desta forma a sociedade não teria porque reclamar da existência de dois pesos e duas medidas. Dona Dilma quase me levou às lágrimas ao declarar que fora jubilada sem que fosse comunicada. Tadinha! E eu que fui ensinado a cuidar dos meus próprios interesses ou popularmente, “correr atrás”. As desculpas não são esfarrapadas, estão completamente nuas. O currículo é da ministra e, portanto, toda e qualquer informação que ali conste é de sua total responsabilidade e não há como aceitar qualquer lengalenga.
Vamos ao mais importante neste episódio: o que acontecerá a ministra Dilma Roussef? Rigorosamente nada. Como diz uma canção popular “fica o dito pelo não dito e apague o que está escrito”. Simplesmente porque o Estado brasileiro ruiu faz tempo, vivemos sob escombros e é preciso reerguê-lo sob outras fundações mais sólidas com materiais mais resistentes que garantam sua durabilidade.
CELSO BOTELHO
07.07.2009
Em Tempo: Dona Dilma, que coisa feia essa de mostrar dedinho!